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Monografia - Direitos humanos.doc Resultado de lutas sociais incessantes por direitos, os Direitos Humanos como hoje se apresentam, associa-se a desenvolvimentos históricos, inicialmente na América do Norte e Europa. Ao longo do presente século, muitas foram as ações públicas e privadas voltadas para a afirmação deste momento. Foi entretanto com o advento do Tratado de Versalhes em 1919 que a idéia de um direito internacional inerente a todos os povos foi difundida internacionalmente. A Segunda Guerra Mundial foi responsável pela afirmação dos Direitos Humanos, com vistas a negar regimes totalitários e promover a prática de democracias voltadas ao respeito pelo homem. Outra noção pulverizada internacionalmente foi a de que todo indivíduo é dotado de faculdade de auto determinação que representa sua liberdade individual. Neste sentido valorizou-se o individualismo que percebe o homem enquanto ser social, independentemente de qualquer variável externa (política, social, religiosa, etc), ser dotado da subjetividade singular que deve ser respeitada. Para Celso Lafer, os “Direitos Humanos provém de uma elaboração no campo dos valores, derivada da percepção de um comum universal nas formas de conceber a vida em sociedade que ultrapassa as concepções tradicionais de interesses de soberania, pois diz respeito à questão da legitimidade”. � Durante a Guerra Fria foram firmadas grande número de instrumentos internacionais versando sobre Direitos Humanos. A aprovação internacional de vários países sobre estes textos levou à criação de um padrão internacional de legitimidade voltado para a luta contra regimes totalitários e governos de exceção. O reconhecimento internacional desses acordos, tratados e declarações e sua respectiva positivação dentro do rol de normas de cada país contribuiu para que as violações aos Direitos Humanos fosse incluída no elenco de crimes, o que possibilitou seu maior respeito e exercício. Ainda que haja, em um determinado país, retrocesso quanto ao exercício dos Direitos Humanos, a comunidade internacional está pronta a intervir diretamente (como por exemplo as forças de paz da ONU) ou através de pressões externas voltadas para a normalização e avanço do respeito aos Direitos Humanos. Resultante de construção histórica, movimentos sociais e conseqüente lutas, o avanço da legitimidade dos Direitos Humanos tem futuro dependente da continuação de movimentos e lutas capazes de assegurar sua permanência. Segundo Celso Lafer, os Direitos Humanos são um construído, uma invenção ligada à organização da comunidade política, e , dessa forma, é difícil, conseqüentemente atribuir uma dimensão permanente, não-variável e absoluta para direitos que se revelaram historicamente relativos.� Tratados, acordos, leis, declarações e compromissos não são e não foram suficientes para que o efetivo respeito ao ser humano enquanto ser dotado de direitos individuais e coletivos fosse uma constante entre os povos. A posição de vigília e de pronta atividade é fator fundamental para que se mantenha um padrão mínimo de respeito à dignidade humana. O presente trabalho divide-se em três capítulos: Direitos Humanos na Era Contemporânea , Democracia e Cidadania. O primeiro capítulo objetiva elucidar e demonstrar como os Direitos Humanos são vistos e percebidos na era contemporânea, quando suas características evoluem de um simples direito humano individual, para um direito humano mais amplo, que abrange interesses difusos, transindividuais e coletivos. O segundo capítulo versa sobre a Democracia e seu importante papel na efetivação do respeito aos Direitos Humanos, à medida em que proporciona, entre outros, o efetivo exercício da cidadania. O terceiro capítulo ressalta a importância do exercício da Cidadania como meio de se levar políticas públicas em direção ao respeito dos Direitos Humanos, bem como agir individualmente ou coletivamente dentro dos mecanismos jurídicos disponíveis objetivando tal respeito. Neste sentido, o reconhecimento de que além dos sujeitos individuais de direitos existe a figura do sujeito coletivo de direito que representa a juridicidade e necessidade de direitos de uma coletividade com características homogêneas , que buscam e demandam direitos, por vezes representados por organismos (ex: ONG’s) , torna-se fator repositório da emergente necessidade de reconhecimento e prática do pluralismo jurídico que percebe em vários ambientes sociais potentes fontes de direito. Neste sentido, esses sujeitos coletivos de direitos apresentam-se como porta vozes de minorias, excluídos e oprimidos. Características dos Direitos Humanos Contemporâneos A construção moderna dos Direitos Humanos, propiciada pela cumulação de tratados internacionais e pelo aprimoramento dos mecanismos de monitoramento e promoção, implicou o surgimento de características próprias que iluminam sua compreensão, direcionando a interpretação de suas normas no sentido de sua máxima eficácia. Num primeiro momento, valorizou-se o sujeito individual de direito, dentro de um positivismo jurídico que busca observar e atender a todas as demandas por direitos de uma maioria, encontrando no Poder Judiciário o mediador da conflituosidade social. A noção de que os direitos são inerentes a cada pessoa, pelo simples fato de sua existência, decorre do fundamento jusnaturalista racional adotado pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos. Assim é que o Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, logo no primeiro parágrafo, reconhece que a “dignidade inerente a todos os membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz do mundo. Esta noção, leva-nos a crença de que o sistema normativo dos direitos humanos renova-se sempre que a noção de “dignidade inerente a todos os membros da família humana” mudar, uma vez que a elaboração de normas tem em mente consolidar a dignidade fundamental do ser humano que é fonte dos seus direitos positivados. Conseqüentemente, a formulação positivada destes Direitos Humanos deve ser mutável, à medida em que os conceitos de dignidade dos seres humanos individuais ou coletivos altera-se com o passar do tempo, sempre dentro do contexto sócio-cultural e econômico ao qual está inserido. Assim, ainda que os tratados internacionais tenham conteúdo obrigatório, gerando direitos aos seus beneficiários , nada impede uma nova formulação, seja pela sua inclusão em algum texto legal futuro, seja por via da interpretação das expressões empregadas. Vê-se então o surgimento de novos direitos, cuja titularidade extrapola os limites individuais, para alcançar grupos determinados ou mesmo a humanidade toda. A concepção universal dos Direitos Humanos decorre da idéia de inerência, a significar que estes direitos pertencem a todos os membros da espécie humana, sem qualquer distinção fundadas em atributos inerentes aos seres humanos ou da posição social que ocupam. No dizer de José Geraldo de Souza Júnior � , a declaração Universal “foi o esforço de generalização dos Direitos Humanos por impulso de fatores supranacionais e universalizantes : a liberdade, a justiça e a paz”. Passados trinta anos, quando da Segunda Conferência Internacional dos Direitos Humanos (Viena, 1993), prevaleceu a concepção segundo a qual: “A natureza universal desses direitos e liberdades não pode ser questionada “. No mesmo sentido, o item quinto da Declaração originada daquela conferência dispõe que as peculiaridades regionais e nacionais, os contextos histórico, cultural e religioso, ainda que importantes, não servem de obstáculo à obrigação estatal de promover e proteger todos os Direitos Humanos e liberdades fundamentais. Esta universalização entretanto deve ser limitada a determinados campos, como observa Norberto Babbio, para quem a universalidade não se aplicaria aos direitos sociais e nem mesmo aos direitos políticos, sendo válida apenas no caso das liberdades negativas. Realmente, ao se retornar à formulação da universalidade contida na Declaração Universal dos Direitos Humanos (“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos...”), verifica-se que o modelo com o qual se trabalha é o do liberalismo, para o qual o sentido da igualdade consistia na uniforme abstenção do Estado diante da esfera individual de todo e cada ser humano, aqui desprovido de um sentido concreto da existência, tido como mera formulação racional genérica e abstrata. Segundo Babbio, no dizer de José Geraldo � , “não se trata, portanto, apenas de um ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, mas de um programa para assegurar por medidas progressivas de ordem nacional e internacional seu reconhecimento e aplicação efetivos” e para que se obtenha esta efetividade, é necessário que os meios voltados à sua obtenção estejam adequados às realidades sociais, culturais e econômicas das sociedades que buscam a efetivação do seu exercício, ou seja, a universalização, antes de ser fórmula pronta a ser aplicada, é objetivo geral maior que deve adequar-se à realidade local. A universalidade dos direitos sociais pode ser entendida no contexto mais amplo da dignidade humana, a que toda pessoa tem direito. Desta forma, ainda que aqueles direitos digam respeito somente a certos grupos sociais, isso se deve ao fato de se almejar a garantia efetiva, e para todas as pessoas, de um nível de vida condizente com aquele princípio moral universal. Em conseqüência, “a promoção dos direitos econômicos, sociais e culturais, com a adoção de políticas voltadas a determinados setores da sociedade – atualmente denominados “grupos vulneráveis” - é condição necessária para o respeito pleno da universalidade dos Direitos Humanos, os quais não se realizam integralmente sem a adoção das medidas previstas nos documentos que compõe o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Não há mais como pensar em respeito aos direitos humanos sem que o Estado tome as providências que lhe compete, em vista a assegurar a elevação das condições de vida ao que se convencionou chamar de padrão mínimo de dignidade humana”. A Declaração e Programa de Ação adotada pela Conferência Mundial sobre Direitos Humanos (Viena,1993), em seu item quinto afirma que : “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis , interdependentes e inter-relacionados”. A indivisibilidade, então, está ligada ao objetivo maior do sistema internacional de Direitos Humanos, a promoção e garantia da dignidade do ser humano. Ao se afirmar que os direitos humanos são indivisíveis , significa dizer que não existe meio- termo; só há vida verdadeiramente digna se todos os direitos previstos no Direito Internacional dos Direitos Humanos estiverem sendo respeitados, sejam civis e políticos, sejam econômicos, sociais e culturais. Trata-se de uma característica do conjunto das normas e não de cada direito individualmente considerado. Como diz Dalmo de Abreu Dallari, “Não existe respeito à pessoa humana e ao direito de ser pessoa se não for respeitada, em todos os momentos, em todos os lugares e em todas as situações a integridade física, psíquica e moral da pessoa. E não há qualquer justificativa para que umas pessoas sejam mais respeitadas do que as outras”.� Há portanto, uma interdependência, entre os direitos, uma vez que não se pode falar em eficácia plena de um direito sem a realização simultânea de todos os outros, visto que o exercício de um direito específico pode depender do respeito e promoção de diversos outros, mesmo que de classes distintas. Tomamos como exemplo o direito de moradia. Para sua concretização no mundo contemporâneo, não basta a atividade estatal ou sua inércia, uma vez que as necessidades objetivas dos seres humanos implicam em se construírem habitações nos grandes centros urbanos, para os desabrigados, bem como distribuir glebas de terra nos meios rurais, permitindo que a população possa exercer seu direito de ter uma habitação digna. Além do Estado criar as condições para as pessoas gozem este direito, faz-se necessário que as pessoas disponham de meios materiais que as permitam exercer seus direitos através de ações estatais voltadas à realização dos direitos sociais. Assim, as “famílias de Direitos Humanos” anteriormente aludidas destoam-se da classe social ou grupo social dos sem terra, os quais figuram como grupos não isolados com interesses comuns. José Afonso da Silva � avança sobre tal conceito, relacionando-o ao modelo democrático instituído pela Constituição Federal de 1988. Assim, os direitos e garantias previstos no artigo 5º da Carta Política – de natureza preponderantemente civil e política - “estão contaminados de dimensão social”, o que opera a transição “de uma democracia de conteúdo basicamente político-formal , para a democracia de conteúdo social, se não de tendência socializante. Quanto mais precisos e eficazes se tornem os direitos econômicos, sociais e culturais, mais se inclina do liberalismo para o socialismo”. E acrescenta: “O certo é que a Constituição assumiu, na sua essência, a doutrina segundo a qual há de verificar-se a integração harmônica entre todas as categorias dos direitos fundamentais do homem sob o influxo precisamente dos direitos sociais, que não poderiam ser tidos como categoria convergente”. Novamente fica evidente que os direitos sociais, voltados à criação de condições mais igualitárias de vida, são condição de verdadeira eficácia das liberdades clássicas e vice-versa. Daí porque Paulo Bonavides associa tais direitos ao que chama de globalização dos direitos fundamentais, que se contrapõe à globalização política neoliberal . Diz o autor: “A globalização política na esfera da normatividade jurídica introduz os direitos de quarta geração, que aliás, correspondem à derradeira fase de institucionalização do Estado social. São direitos de quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Deles depende a concretização da sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima universalidade , para a qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de convivência. � Além da universalidade e interdependência, os Direitos Humanos contemporâneos apresentam outra característica a transnacionalidade, bem resumida por Dalmo Dallari , para quem “Os direitos fundamentais da pessoa humana são reconhecidos e protegidos em todos os Estados, embora existam algumas variações quanto à enumeração desses direitos, bem como quanto à forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da nacionalidade ou cidadania, sendo assegurados a qualquer pessoa”. � Assim, o homem é detentor dos Direitos Humanos onde quer que esteja. Tal acertiva é respeitada até mesmo pelos países que vêem o Direito emanado do Estado e não como a corrente jusnaturalista o preceituar: o direito é emanado do homem, independente de qualquer circunstância externa ao seu ser. Porém, apesar de se forçar a tendência para o respeito aos direitos humanos, vários “acidentes” e desrespeitos são cometidos, como o vazamento radiativo em Chernobyl, o massacre aos menores na Candelária, o efeito estufa provocado pelo desmatamento e etc. Democracia As chamadas “sociedades democráticas” são, na verdade, herdeiras da tradição política liberal. Esta tradição está na base dos primeiros movimentos em favor dos Direitos Humanos e conforma, mesmo, a “primeira geração” daqueles direitos, de natureza civil e política. A democracia, tal como a conhecemos neste final de século é o resultado histórico e complexo de lutas sociais incessantes voltadas à emancipação do homem. Ela é a expressão mais acabada de uma sociedade histórica e seus pressupostos são, efetivamente, aqueles que podem configurar qualquer perspectiva transcendente em direção a uma sociedade digna. Nossas relações com o ideal democrático, todavia, não deixam de revelar um conjunto de ambigüidades que devem merecer um exame mais detido. Ao que tudo indica, não somos uma sociedade que tenha pelo ideal democrático uma genuína paixão. Mesmo no discurso e na prática da esquerda contemporânea, é possível identificar um certo mal-estar diante da democracia. Aliado a isso, some-se a incongruência entre os discursos e as ações, ou seja, a aceleração do ideal democrático permite que se verifique em deslocamento na disputa política contemporânea, onde observa-se mais atentamente a correspondência entre discursos e ações, conseqüência da maior conscientização de cidadania que percebemos avançar juntamente com as mutações mundiais. A democracia, expressa uma síntese política de toda a primeira geração dos Direitos Humanos e, neste sentido, é ela mesma um valor universalizante. Qualquer tentativa de constituição de um regime político mais avançado do que aquele que nos é oferecido pela tradição liberal haverá de, necessariamente, recolher e alargar seus próprios pressupostos; vale dizer: haverá de desenvolvê-los e não negá-los. Ocorre que a plataforma atualizada dos Direitos Humanos integra, também, os chamados direitos “ de Segunda e terceira geração”, respectivamente e de forma simplificada os direitos sociais e os direitos dos povos. Neste particular, temos, ainda, um largo caminho a percorrer. Necessário também, para a efetivação dos Direitos Humanos, é o exercício da democracia, uma vez que a violência contra os sem-terra, ou o assassinato do índio Galdino apontam para uma distância entre o Estado Democrático de Direito e a realidade vivenciada por setores excluídos da sociedade. É preciso travar insistentemente uma disputa na sociedade em favor dos Direitos Humanos e, às vezes, travar esta disputa contra posições majoritariamente aceitas por ela e que sustentam práticas violentas ou preconceitos. O discurso em favor dos Direitos Humanos não é “pragmático”. Trata-se, de uma das construções mais racionais já oferecidas à sociedade, o que nos confere imensas possibilidades no debate público. O fundamental é saber que a sociedade brasileira não irá superar o autoritarismo impregnado em sua cultura, nem suas desigualdades, sem a disposição de travar o “o bom combate” em favor do modelo de civilização que nos define. Segundo José Geraldo de Souza Júnior � , os direitos humanos são resultantes de lutas sociais concretas, de processos histórico-sociais dinamizados por conflitos e interesses que se contradizem, numa experiência de sujeitos capazes de agir e de refletir sobre a sua ação e sobre a validade ética de seu agir, num aprendizado constante, no qual, dito hegelianamente, o homem deixa de ser “o que apenas é, pois ele precisa tornar-se em homem, realizando em sua vida a síntese das contradições que o constituem inicialmente”. O Exercício da Cidadania A cidadania, sob o aspecto político, está relacionada à idéia de organização do estado, uma vez que o estado, para que existam os cidadãos, deve organizar-se de forma democrática, ou seja, a organização estatal deve ser o resultado da vontade de seus membros na sua totalidade, ou pelo menos na sua maioria. Desta forma, cidadania e participação política são inseparáveis. “No regime democrático, o cidadão participa das decisões e conseqüentemente , as respeita, após terem sido tomadas”. � Sob o aspecto jurídico a cidadania representa o resultado do exercício dos direitos políticos, ou seja, é o cidadão que tem aptidão de escrever tais direitos. No plano internacional, este cidadão com aptidão de escrever direitos funde-se à noção de nacionalidade, ou seja, é um sujeito de direito de um determinado estado com o direito à proteção e o dever de fidelidade ao seu país e aos princípios. A participação democrática conduz o cidadão ao exercício de seus direitos e deveres perante ao estado. A democracia pura e direta é uma utopia face ao porte das sociedades contemporâneas . Porém, o exercício direto da cidadania através de mecanismos como por exemplo o plebiscito é possível, mesmo em sociedades contemporâneas complexas. O usual é a democracia representativa onde o cidadão elege o seu representante político para falar e agir em seu nome através do exercício de cargos executivos e legislativos. Este sistema representativo democrático, porém passa por crise de identidade neste final de século, uma vez que os cidadãos apresentam certo cansaço quanto ao modo dos partidos políticos e dos políticos fazerem política, a qual, muitas vezes apresenta homogeneidade de discursos, mesmo em partidos opostos, e ao mesmo tempo, discursos distantes e/ou opostos das práticas. Desta forma, a garantia de que aquilo que se fala e aquilo que será feito fica relegado ao plano das incertezas. As eleições, cada dia, têm-se tornado um grande negócio, uma disputa de espaço na mídia a qual apresenta os candidatos como produtos de excelência prontos para o consumo. Desta forma, evidente toma-se que os aparatos que possibilitam uma melhor performance diante da mídia são de expressivo custo financeiro, ganhando neste aspecto aquele que puder mais economicamente e se apresentar melhor. O cidadão então poderia ser encarado como um consumidor de candidatos, visto que a soma total dos votos de cada um poderia ser o resultado de jingles mais bonitos ou de shows de cantores das paradas de sucesso que são promovidos pelos candidatos e/ou seus partidos. A alternativa para acabar com essa miséria política do fim do século é a possibilidade de participação social no Estado em outros momentos que não sejam somente os restritos aos períodos de pleitos políticos. A cidadania requer exercício ativo e permanente, quando o eleitor supera sua limitação individual de participação no Estado através de ações coletivas capazes de neutralizar grupos de pressões políticas e econômicas. Estas ações coletivas podem ser exercidas por grupos de pressão sem estrutura formal, e neste caso recebe o nome de “lobby” quando detêm força econômica. No plano internacional, em 1945, várias entidades tiveram influência na formação de princípios protetores de direitos fundamentais, quando do advento da Conferência Internacional de São Francisco. O nascimento da ONU e o apoio dos citados grupos que permitiam a efetivação dos Direitos Humanos fez surgir a noção de Organizações Não Governamentais (ONG) voltadas para a proteção dos Direitos Humanos. Atualmente, questões que envolvam direito à mulher, às crianças, meio-ambiente , proteção a testemunhas, etc, estão diretamente ligados à presença de ONG’s , que trabalham de forma mais ativa do que determinadas representações diplomáticas, garantindo a evolução de mecanismos protetivos internacionais. Ao longo dos anos, formou-se uma grande “comunidade” de ONG’s que agem mundo afora , com objetivos que não contradizem necessariamente os dos governos, mas de certo, põe em cheque o monopólio de instituições baseadas na formulação de políticas públicas. No Brasil, a partir de 1985 com o fim do regime militar, intensificou-se a atuação destas ONG’s. A abertura lenta e gradual não revelou a substituição dos personagens da política oficial, como por exemplo o vice-presidente Marco Maciel que perdura no poder desde a ditadura até hoje. A busca de espaço político pelos cidadãos deu-se mais intensamente fora das instituições políticas estabelecidas, impulsionando a sociedade civil em direção de auto organização voltada para a negação do autoritarismo , efetivo estabelecimento da democracia, exercício da cidadania e dos Direitos Humanos. A constituinte de 1987/88 registrou intensa atuação de ONG’s que pretendiam positivar na carta magna a defesa e observância de direitos como por exemplo os direitos dos povos indígenas, dos consumidores, dos trabalhadores, direitos e garantias individuais e coletivas dos cidadãos, etc. Outro marco da atuação das ONG’s no Brasil foi a Conferência das Nações Unidas Sobre O Meio Ambiente e Desenvolvimento ocorrida na cidade do Rio de Janeiro em 1992. Nesta oportunidade, organizações firmaram estreito laço com outras organizações internacionais, recebendo apoio e reconhecimento internacional para os problemas ambientais do país. A idéia de que as Organizações Não Governamentais são o marco para a participação cidadã coletiva no Estado não impede a observação atenta de algumas entidades que se auto denominam ONG’s em defesa dos Direitos Humanos mas que na cruel realidade estão disfarçadas para alcançarem objetivos escusos. Assim, entidades que exportam pneus recauchutados podem não estar preocupados (como dizem) em reciclar recursos, mas voltados à destinação de lixo industrial para além de suas fronteiras. Ao reconhecer a legitimidade das ONG’s para representar em juízo interesses coletivos e difusos, o estado entregou-lhes um poderoso instrumento de ação no âmbito civil, e com o advento da Constituição Federal de 1988 que ampliou a aplicação da ação civil pública, as ONG’s passaram a estar legitimadas para proporem ações dos remédios constitucionais na defesa de qualquer interesse difuso ou coletivo. Conclusão A explosão demográfica ocorrida nas últimas décadas, a falta de política administrativo-social adequada e concreta geraram grandes conglomerados na periferia das cidades brasileiras com a formação de verdadeiros bolsões de pobreza, onde pessoas das mais variadas regiões e costumes se misturam. Essa situação gera tensão permanente nos habitantes que vivem a incerteza de se conseguir trabalho e mesmo de sobreviver, o que, aliado à deficiência de estrutura básica urbana pela falta de habitação, saneamento, educação, é fator que caracteriza violência contra a cidadania, a chamada violência estrutural, atingindo principalmente grupos específicos, como as crianças abandonadas e pobres. Já a chamada violência específica que aparece com os homicídios e seqüestros, por exemplo, é mais visível e por isso chama mais atenção. A violência estrutural, geradora inclusive de grande maioria dos casos de violência específica, acaba não sendo efetivamente detectada. Mas, por ser permanente, cada vez mais suas conseqüências aumentam. Por esse motivo, nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, onde há muita pobreza, ocorrem os maiores índices e violência e afronta aos Direitos Humanos, caracterizadas, de um lado, pela violência estrutural do Estado em relação à população carente e , de outro, pela ação de alguns próprios agentes na repressão à criminalidade, que dificulta até a delimitação do que é ação legal ou abusiva, de forma que, quanto maior for a violência estrutural, maior será o desrespeito aos direitos humanos. A ONU emitiu relatório contemplando ao Brasil lugar de destaque entre as 85 nações que mais desrespeitam os Direitos Humanos, agressivamente relatando a existência de torturas, execuções sumárias, arbitrárias, extrajudiciais e outras ofensas à vida e dignidade das pessoas, em que as crianças ocupam lugar de destaque como vítimas usuais de violência policial. Em certo aspecto o relatório comete exageros, mas não se pode contudo negar-lhe credibilidade em alguns aspectos. Durante o governo militar muitos desrespeitos foram cometidos e a democracia posta à margem do poder. A Constituição de 1988 positivou a intenção do país em dar ênfase especial aos Direitos Humanos, estabelecendo como hediondos determinados crimes como a tortura, o terrorismo, a discriminação racial, ou somente tipificando outros atos atentadores aos Direitos Humanos como crime. Quanto ao controle estatal fiscalizador da aplicação de tal mentalidade protetora dos Direitos Humanos, o Estado falhou, permanecendo na vazia retórica. Quando policiais militares de vários estados entraram em greve e provocaram graves conflitos, abriu-se no âmbito dos governos federal e estaduais vasta discussão sobre a necessidade de reorganizar o sistema de segurança pública. Uma vez encerrada a inaceitável sublevação policial, caiu uma pedra sobre o assunto. Sabe-se que em alguns estados, a exemplo de Alagoas, a polícia foi atraída para certo gênero de conúbio com políticos. São associações destinadas a garantir o funcionamento de quadrilhas especializadas em negócios delituosos, no extermínio de adversários incômodos, na eliminação de testemunhas e na proteção de contraventores notórios. A crise na segurança pública do Rio de Janeiro e São Paulo é de tal ordem que há uma fronteira cinzenta entre os agentes da lei e a marginalidade, na qual é impossível distinguir os policiais dos bandidos. E, como é óbvio, a conseqüência notória de semelhante desordem é o estado permanente de ofensa aos Direitos Humanos. Outro cenário onde as garantias essenciais das pessoas são desrespeitadas de forma brutal é o sistema penitenciário. Os presos, de regra, são enjaulados em celas onde não dispõem cada qual de mais de um metro quadrado para movimentar-se e estão sujeitos a disciplinas infamantes. O relatório da ONU é, em certa medida, parcial e injusto. Mas deve ser acolhido como advertência útil à adoção de ações menos retóricas e mais concretas para defesa dos Direitos Humanos. Devemos observar ainda que, ante essa situação, também a chamada rica da população acaba sendo atingida em seus Direitos Humanos, pois se caracteriza como tal o direito de se viver em segurança. Portanto, os Direitos Humanos de todos, pobres e ricos, são aviltados pela violência estrutural, existente principalmente nos países m desenvolvimento, restando lembrar que em nossa Constituição existem vários dispositivos que, se aplicados efetivamente, poderão diminuir a pobreza, propiciar mais educação e igualdade social e, conseqüentemente , mais respeito aos Direitos Humanos de todos nós. Esta crise entre o direito oficialmente instituído e formalmente vigente proporciona o surgimento de uma normatividade emergente das relações sociais para-estatais, provoca a necessidade de se compreender novas condições sociais e teóricas prontas a redirecionar o conhecimento e aplicação do direito, bem como a atuação da máquina estatal e jurídica. Neste sentido destaca-se a importância da atuação de ONG’s como verdadeiros sujeitos coletivos de direito que buscam a defesa e conformação entre norma e prática. Paralelamente a isto, outros importantes impulsos são dados no sentido de se praticarem o respeito e exercício dos Direitos Humanos através de iniciativas isoladas, porém de grande importância, como por exemplo o Movimento de Juizes Alternativos e a Associação de Juizes para a Democracia que, no dizer de Bistro Stefanova , agem “no sentido de revitalizar o Poder Judiciário como agente político ativo na construção de uma nova ordem legal adequada aos tempos pós-modernos, nos quais o Direito e Justiça são objeto de permanente luta, discussão e contextualização”.� Este movimento, voltado ao respeito do direito e dignidade humanos, objetivando a efetivação dos Direitos Humanos, busca na Constituição Federal de 1988 a fundamentação de sentenças prolatadas que por vezes vão de encontro à norma menor. Assim, uma vez que a nossa Constituição, chamada pelo Ulisses Guimarães de “cidadã” , recepciona no rol dos Direitos do Homem, prevendo incondicionalmente a defesa e tutela da dignidade do ser humano e de sua cidadania, nada mais justo do que exercitar tais prescrições, o que é objetivado pelo movimento de direito alternativo. Outro importante impulso é dado no sentido de se formarem profissionais de direito com mentalidade aberta o suficiente para perceberem a realidade na qual estão inseridos e conformá-la com os ideais democráticos e humanos voltados à emancipação do homem. Contribui para isto o ensino da cadeira de Sociologia Jurídica nas Faculdades de Direito. Visando levar o acadêmico ao conhecimento do Direito e da realidade social, política e moral que o produz a Sociologia Jurídica desvenda elementos novos de apreensão e compreensão do Direito, objetivando afastar juristas e acadêmicos de noções e definições preestabelecidas ou do senso comum teórico que moldou uma concepção jurídica que na atualidade encontra-se distante e apartada das mutações das realidades sociais, políticas, morais, econômicas, dentro de uma realidade mundial em acelerada movimentação e transformação. Da mesma forma, o ensino da Sociologia Jurídica traz à luz das discussões e percepções a emergência de novos movimentos sociais e de novos sujeitos coletivos de direitos que demandam “reconhecimento das condições sociais de sua existência como circunstâncias injustas do cotidiano”.� Assim, surgem como novos sujeitos coletivos, os sem-terra , os sem-teto, os homossexuais, os trabalhadores, etc, que buscam na normatividade reconhecimento e recepção à litigiosidade emergente de suas relações, ou simplesmente o reconhecimento de seus direitos enquanto seres humanos e cidadãos merecedores de respeito e proteção legal. Neste sentido destaca-se a importância da atuação das ONG’s como organismos voltados (em sua maioria) à defesa destes direitos, apresentando-se também como novos sujeitos coletivos de direitos, que na definição de Eder Sader, é “uma coletividade onde se elabora uma identidade e se organizam práticas mediante as quais seus membros pretendem defender seus interesses e expressar suas vontades, constituindo-se nessas lutas”. O reconhecimento dos novos sujeitos coletivos de direitos que emergiram das relações sociais pós-modernas travam lutas políticas e de aspirações sociais e jurídicas concretas em um espaço social que até então não os observam. E é no campo da Sociologia Jurídica que este reconhecimento é feito, quando a sociedade é encarada como sujeito coletivo da transformação social, “conquistando instrumentos de uma democracia que lhe permita organizar e controlar a ação do Estado, colocando-o a seu serviço”. � Boaventura de Sousa Santos em defesa de que chamou de Pluralismo Jurídico observou que há diferentes modos de produção do poder social de onde originam-se normas e relações sociais. “O pluralismo jurídico é assim reconhecido a partir de quatro espaços de poder básicos: o espaço doméstico, onde as questões de gênero configuram conflitos por mais igualdade; o espaço da produção, no qual o conflito de classes representa a juridicização da relação capital/trabalho, vista sempre como uma questão da liberdade contratual, lugar proibido ao exercício da política; o espaço da cidadania, no qual o Estado atua de fato como poder regulador e o espaço da mundialidade . No interior desses espaços é que se constituem as subjetividades. As identidades são fruto da vivência de diferentes experiências individuais e coletivas, em torno de interesses e carências, em conflitos pela garantia da igualdade e do respeito às diferenças, simultaneamente. Assim, diante de tal pluralidade não se poderia dar prioridade na construção de novas sociabilidades emancipatórias a uma das subjetividades formadas nesses espaços, sem que outras permanecessem ocultas”.� Especialmente no espaço da cidadania, o reconhecimento do sujeito coletivo de direito como capaz de criar direitos e participar da direção da sociedade e do Estado o emancipa como sujeito de direito dentro de um novo modo de produção social, político e jurídico. Assim para Boaventura de Sousa Santos, existe uma situação de pluralismo jurídico sempre que no mesmo espaço geopolítico vigoram, oficialmente ou não, mais de uma ordem jurídica. Esta pluralidade normativa pode Ter uma fundamentação econômica, rácica, profissional ou outra; pode corresponder a um período de ruptura social como, por exemplo, num período de transformação revolucionária; ou pode ainda resultar, como nas favelas, da conformação específica do conflito de classes numa área determinada da reprodução social.� O exercício ativo da cidadania define efetivação deste pluralismo jurídico, à medida em que classes ou grupos excluídos e oprimidos, representados ou não por Organizações Não Governamentais, através de ações coletivas e de representações sociais praticam suas liberdades com vistas a postularem a observância para seus Direitos Humanos. Desta forma, a implantação do pluralismo jurídico enquanto possibilidade de efetivo exercício da cidadania individual ou coletiva, proporcionará o avanço democrático do estado, o qual, percebendo e acolhendo as carências e solicitação de seus cidadãos poderá de efetivamente agir no sentido de que os desrespeitos aos Direitos Humanos inicialmente citados sejam postos nas páginas da história como experiências negativas de um tempo nebuloso. Entretanto, esta utopia depende inicialmente de reformulação interna pessoal do homem, que é o início de toda emanação prática e psicológica das ações cometidas, seja contra ou a favor do respeito aos Direitos Humanos. Posteriormente, a vontade política dos Estados faz-se ponto fundamental para que, aquilo que a Sociologia Jurídica detecta seja posto em prática de forma efetiva. Para tanto, os movimentos sociais de pressão são fatores que recebem destaque especial no sentido de forçar ações Estatais e pára-estatais em respeito, resguardo e efetivação dos Direitos Humanos. Neste sentido, ressaltamos a importância das lutas sociais voltadas à manutenção e novas conquistas humanitárias, principalmente neste momento de globalização, em que o econômico tende a superar o humano. Entendendo-se todos os direitos humanos como estreitamente interligados e interdependentes , é possível denunciar como intolerável e desumana a situação de milhões de brasileiros, vítimas do desrespeito contumaz a tais postulados: são milhões de pessoas que vivem em estado de carência total ou miséria absoluta; de famílias vegetando em favelas, mocambos e palafitas; de posseiros e de “bóia-frias” ; de migrantes e de analfabetos. Por outro lado , são milhares de ocupantes urbanos e rurais ferozmente reprimidos com atitudes policialescas arbitrárias e anti-sociais ; é grande o número de encarregados e detidos vítimas de atrocidades e tratamento desumano; são muitos os trabalhadores rechaçados e amordaçados em suas reivindicações. Para modificação das estruturas injustas e seus mecanismos de sustentação vigentes, urge a tomada de consciência e posição coletivas. Neste aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, a constatação dessa realidade levará, por certo, cada cidadão e renovar sua profissão de fé nos Direitos Humanos e assumir compromisso peremptório de não renunciar às lutas pela causa da humanidade. Bibliografia APOSTOLOVA, Bistro Stefanova, Poder Judiciário: do Moderno ao Contemporâneo, Antônio Fabris Editor, Porto Alegre BOBBIO , Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. BONAVIDES , Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 1996. 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