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Semi-imputáveis-Menoridade-Embriaguez acidental completa - Ivan Santiago

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Enviado por Bernardo Pupe em

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Rio, 12 de maio de 2011 
Direito Penal I
Quanto aos semi-imputáveis
Trata-se de um juízo quanto ao grau com que a doença atinge a compreensão da ilicitude para o indivíduo. Seria uma fronteira entre a sanidade e a insanidade. O parágrafo único do artigo 26 diz respeito a esses casos. Nesse caso, o sujeito não é capaz ou incapaz de compreender a ilicitude – é parcialmente capaz. Esse conhecimento chegará ao juiz, mais uma vez, por meio do trabalho do perito. 
Não é excluída a imputabilidade dele e, por conseguinte a culpabilidade. Assim, existe crime e existe pena. O semi-imputável é um agente culpável, porém ele terá necessariamente uma atenuação da pena. Apesar de a lei prever que o juiz “pode”, essa é, porém uma obrigação (é um poder dever). O que torna obrigatório é o reconhecimento da semi-imputabilidade. O juiz é obrigado a reduzir – o quanto ele irá reduzir deve ser adequadamente justificado. O juiz pode inclusive ir além de somente a redução da pena. Isso consta do artigo 98 (deve-se fazer remissão do artigo 26 parágrafo único para o artigo 98). A redução de pena é fato, e, além disso, é possível que o juiz, caso considere necessário, venha a substituir a pena privativa de liberdade por uma medida de segurança. Uma vez substituída a pena, não se pode voltar atrás. O juiz não pode aplicar pena cominada com medida de segurança – será ou um ou outro, nunca as duas conjuntamente (o sistema que misturava era o sistema duplo-binário, que foi abolido em detrimento do sistema vicariante, que não admite a aplicação conjunta). 
Sobre a menoridade
Consta do artigo 27 CP. O menor de 18 anos é inimputável. O critério empregado é exclusivamente biológico, é um arbitramento do legislador. O critério da inimputabilidade, diferentemente, é bio-psicológico. Esse cidadão se encontra fora do direito penal. Esse mesmo dispositivo está previsto na Constituição como garantia fundamental do indivíduo e como cláusula pétrea. Assim, emendas constitucionais quanto a isso sequer deveriam ser discutidas. Isso não quer dizer, porém, que o menor não responderá por seus atos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (8069/90) considera esses atos como atos infracionais e prevê medida educativa (não é, porém, justiça criminal). A vara é a da infância e juventude.
Sobre a embriaguez acidental completa
Prevista no artigo 28 parágrafo 1º. É a embriaguez gerada por caso fortuito ou força maior que exclui a culpabilidade. Além disso, deve atingir a completude, retirando do indivíduo a capacidade de discernir a ilicitude. A embriaguez aqui citada é qualquer intoxicação aguda e transitória. Pode ser motivado por álcool ou por qualquer coisa de efeito análogo. Pode ser causada por um medicamento, algum vazamento de material de laboratório, etc. Se uma pessoa toma um remédio que amplia em muitas vezes o efeito de pouco álcool, trata-se também de uma hipótese de embriaguez acidental. O fato de ser completa consta da medicina legal, que faz uma gradação da embriaguez. Porém essa gradação não é muito precisa. Existiria a fase de euforia, de depressão e a comatosa. A embriaguez seria completa ao atingir a segunda fase. É muito impreciso porque dependendo da substância os efeitos são diversos e as pessoas também reagem diversamente. Também deve ser transitória – o que é algo difícil de comprovar.
O parágrafo 2º fala da embriaguez acidental incompleta. Ocorre o mesmo do semi-imputável. A pessoa é culpada por crime, porém a pena será reduzida, já que não existe total discernimento da ilicitude. 
As drogas possuem o mesmo resultado prático, porém possuem lei própria e também refletem na culpabilidade. Trata-se da lei de drogas, 11.343/2006. O seu artigo 45 tem uma disposição similar a do artigo 28 parágrafo 1º. É isento de pena o agente que atua mediante embriaguez por drogas acidental. O artigo 46 fala da redução da pena em caso de falta da plena capacidade de discernir o fato (nesse caso, seria incompleta). No artigo 45 há exclusão da culpabilidade, enquanto no artigo 46 a culpabilidade é reduzida. A dependência deve ser vista pericialmente. No caso da pessoa que se droga para realizar o crime não há exclusão da imputabilidade. Está no artigo 28 inciso II. A embriaguez voluntária ou culposa será mais explorada na próxima aula. Esse termo “voluntário ou culposa” não diz respeito ao crime que ele está cometendo, mas sim com a maneira com que a pessoa se embriaga. 
A pessoa alcoólatra pode ser, por vezes, incluída no artigo 26 caput. Existe o estado demencial por força de alcoolismo, ocorrendo inimputabilidade. 
A paixão, como exacerbação do sentimento, é duradoura. Em alguns casos do Código, a violenta emoção reduz pena (como no artigo 121 – homicídio privilegiado), mas nunca culpabilidade. Se uma patologia causa paixão, pode-se buscar encontrar uma solução por meio de artigo 26 CP. Nesse caso, se analisa não apenas pelo sintoma, mas sim pelo quadro no geral.

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