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Vibrio 
Prof. Beatriz Meurer Moreira 
• Família Vibrionaceae: gênero Vibrio 
• Gênero Plesiomonas 
• já foi classificado na família Vibrionaceae 
• atualmente na família Enterobacteriaceae 
(taxonomia ainda não resolvida) 
• Família Aeromonadaceae 
Grupo de bastonetes Gram-negativos, 
anaeróbios facultativos (fermentadores) 
e oxidase positivos 
O gênero Vibrio 
 
Em 2008 - 83 espécies 
• Águas marítimas temperadas costeiras de moderada 
salinidade 
• Colonizam peixes, invertebrados marinhos 
• Associados ao plâncton e algas 
• Formam biofilme em superfícies bióticas e abióticas 
(facilita persistência no ambiente) 
O gênero Vibrio 
 
• Pequeno tempo de replicação (8-12 min) 
• Facilita a colonização – um grande número de 
células pode ocupar um nicho em curto período 
 
• Sistema de Quorum Sensing 
• Regulação para diferentes respostas a stress 
ambiental, regulação da produção de biofilme e 
virulência 
Nature Reviews Microbiol. 4:697, 2006 
O gênero Vibrio 
Livres no ambiente aquático 
 Vibrio fischeri: 
• coloniza a lula = bioluminescência 
Em humanos 
• Vibrio cholerae 
• cólera – doença de notificação 
compulsória imediata no Brasil 
• Vibrio parahaemolyticus 
• gastrenterite - frutos do mar 
• Vibrio vulnificus 
• sepse em hospedeiro susceptível, 
elevada letalidade 
Vibrio cholerae: cólera 
 
Doença exclusiva de humanos 
Transmissão: 
- ingestão de água ou de alimentos contaminados 
(transmissão fecal-oral) 
- ou de frutos do mar colonizados naturalmente 
 
Variações do antígeno O: 200 sorogrupos 
 Principais epidemias: O1 e O139 
 biotipos: clássico 
e El Tor 
Vibrio cholerae: cólera 
 
 Sorogrupo O1 biotipos clássico e El Tor 
Pandemias 
Figura de domínio público: Images 
from the History of Medicine and 
Wikimedia Commons 
Cólera: 
eventos 
históricos 
Alguns surtos 
• 131.943 casos em 52 países, 2.272 
mortes (grande sub-notificação) 
• mortalidade 1,72% (chegando a 5-40% 
em grupos vulneráveis vivendo em áreas 
de risco) 
• 58% dos casos na África 
 
 
Cólera no mundo, 2005 (OMS) 
Cólera no mundo. OMS, 2005. 
Cólera no Haiti 
O país mais pobre do hemisfério Oeste 
• Epidemia de cólera atual: 
• Casos em todos as 10 regiões administrativas do país 
• ~217.000 doentes, ~50% hospitalizados, > 4.000 
mortes 
• Letalidade: ~2% 
• Sugestão da Organização Pan-Americana da Saúde: 
iniciar vacina 
• Iniciar abordagens para provisão de água limpa 
CÓLERA 
 
No. de bactérias para produzir infecção: 
 > 1.000/ml em alimentos e > 100.000/ml na água 
 
Sobrevivência em alimentos: 
 até 5 dias na temperatura ambiente (15-40 °C) 
 até 10 dias entre 5-10°C 
 
Após a infecção - V. cholerae é eliminado nas fezes por 
7-14 dias 
CÓLERA: patogenia 
 
Ingestão → multiplicação intensa no intestino delgado 
(alcalino), principalmente em duodeno e jejuno. 
 
 - 90% dos casos: infecção assintomática ou 
 diarréia de pequena intensidade 
 
 -10%: após incubação (2 h até 5 dias) - diarréia 
 aquosa com evolução rápida (horas) para 
 desidratação 
CÓLERA: patogenia 
 
Principais fatores de virulência: 
 
1.Toxina colérica (TC), que causa diarréia aquosa 
intensa 
Codificada em genes ctxAB como parte de um fago 
 
Ativa o CFTR – “cystic fibrosis transmembrane 
conductance regulator” – regulador de condutância 
transmembrana da fibrose cística 
 
Diarréia aquosa 
CÓLERA: patogenia 
 
Principais fatores de virulência: 
 
2. Pilus co-regulado com a toxina (PCT) 
 
Codificado na ilha de patogenicidade VPI-1 
 permite colonização do intestino delgado 
 favorece agregação entre as células bacterianas 
dificultando eliminação por movimentos do intestino 
 
- CT e TCP são predominantemente associados com 
cepas de O1 e O139 
• Hidratação oral ou venosa 
• Antibióticos: casos mais graves 
– Diminuem a duração da doença. 
– Para amostras do Haiti: doxiciclina (não 
administrar a grávidas), azitromicina, 
ciprofloxacino 
Tratamento 
Vibrio cholerae: diagnóstico microbiológico 
 
Meio seletivo-indicador:- Tiossulfato Citrato Bile Sacarose, 
 TCBS 
 
• Elevadas concentrações de tiossulfato e citrato + pH alcalino 
→ inibição de Enterobacteriaceae 
 
• Bile e colato: inibição de enterococos 
 
• A maioria das enterobactérias que 
 possam crescer não metabolizam 
 sacarose 
 
• Com a metabolização da sacarose e 
formação de ácidos: indicador azul 
de bromotimol muda de cor para amarelo 
CÓLERA - Prevenção 
 
Medidas de tratamento do esgoto e água 
 
V. cholerae - fervura 1 minuto 
 
Tratamento da água: OMS - 6 mg de cloro para cada 
litro de água. 
 
Vacinação: 
-vacinas orais: eficácia em torno de 85%, imunidade 
por cerca de 3 anos. 
-medida complementar para controle de grandes 
surtos. Necessidade de 2 doses dificulta utilização. 
Aeromonas e Plesiomonas 
• Encontradas em ambientes aquáticos, 
pescado, solo, águas de recreação 
• Aeromonas sp e Plesiomonas 
shigelloides: infecções entéricas ou 
extraintestinais após o consumo de 
água ou alimentos contaminados. 
 
Aeromonas e Plesiomonas 
• Diarréia (especialmente em crianças e idosos) 
autolimitada 
• Celulite ou infecção de feridas em manipuladores 
de alimentos ou profissionais de sistemas de 
aquicultura 
• Indivíduos imunodeprimidos ou portadores de 
distúrbios hepatobiliares: pode ocorrer sepse e 
óbito 
• Tratamento: reposição hidroeletrolítica e 
antibioticoterapia em casos mais graves 
 
Aeromonas e 
Plesiomonas: 
86 amostras de 
mexilhões em 19 
pontos do Rio de 
Janeiro, 2000 
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 24: 562, 2004 
Três bactérias especiais 
Chlamydia Rickettsia Mycoplasma 
Parede celular Presente Presente Ausente 
Geração de ATP Ausente Parcial Presente 
Habitat Intracelular intracelular Vida livre 
Chlamydia 
 Pequeno bacilo com parede do tipo de Gram negativo: possui 
LPS diferente dos G- (↓ atividade endotóxica) 
 Proteína de membrana externa: MOMP (major outer membrane protein) 
 Variações na MOMP: sorovariantes associadas a ≠s 
manifestações clínicas 
 
Solomon, Clin. Microb. Rev. 17:982,2004 
Chlamydia 
 Não sintetiza ATP: vida intracelular obrigatória 
 Infecta células eucarióticas 
 Sobrevive por tempo limitado fora da célula hospedeira 
 
 
Chlamydia 
 Vida na célula eucariótica: “partícula reticulada” ou “partícula 
de inclusão” – metabolicamente ativa, multiplica-se por divisão 
binária 
 Para permitir a saída das células infectadas: forma extracelular 
“corpúsculo elementar” inerte, esférica, metabolicamente 
inativa 
 quando ocorre infecção se liga a receptores por meio de 
pontes de heparina, é endocitada e se diferencia em partícula 
de inclusão 
 
Chlamydia trachomatis: ciclo em cultura de célula 48-72h 
 www.chlamydiae.com 
corpúsculo 
elementar 
partícula de 
inclusão 
Chlamydia trachomatis 
Koneman. Color Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 
Conjuntivite, Giemsa 
Secreção ocular : célula epitelial 
contendo partícula de inclusão 
destacada 
Imunofluorescência - cervicite 
Secreção do cérvice uterino 
Corante de fundo: azul de Evans 
(fluorescência vermelha) 
Partícula de inclusão: amarelo 
partícula de 
inclusão 
Classificação da família Chlamydiaceae 
• Chlamydia trachomatis 
• Chlamydia psittaci patógenos humanos 
• Chlamydia pneumoniae 
 
A maioria das infecções: moderadas
ou sem manifestações clínicas 
– dificuldade de detecção, contribuição para transmissão e 
ocorrência de sequelas a longo prazo 
 
Chlamydia 
Espécie Doença aguda Seqüela/ doença crônica 
C. trachomatis 
 sorovares A-C Conjuntivite Tracoma 
 sorovares D-K Uretrite, cervicite, 
conjuntivite e 
pneumonia neonatal 
Proctite, epididimo-orquite, 
doença inflamatória pélvica, 
gravidez ectópica, infertilidade 
 sorovares L1, 
 L2, L3 
Linfogranuloma 
venéreo 
C. pneumoniae Faringite, sinusite, 
bronquite, pneumonia 
comunitária 
Doença cardio-vascular? asma? 
C. psittaci 
 aves, bovinos, 
 ovinos 
Pneumonia atípica, 
endocardite 
Chlamydia trachomatis 
 
Infecções genitais 
 
Importância reconhecida em 1980s-1990s 
OMS – 89 milhões de casos de infecção genital por ano; 4 milhões 
nos EUA, ficando 50.000 com infertilidade 
 
A DST mais comum nos países industrializados 
50-70% das infecções são assintomáticas – pacientes são fonte 
permanente de infecção 
 - Uretrite 
 - Doença inflamatória pélvica – dor, infertilidade 
 - Recém-nato – conjuntivite e pneumonia 
 - Facilita transmissão do HIV 
Programas de controle – diagnóstico precoce, rastreamento, 
notificação de parceiros, tratamento eficaz 
Manifestações clínicas 
 
Em mulheres 
• Secreção endocervical 
mucopurulenta, sangramento 
• 75% são assintomáticas 
Homem 
 Uretrite “não gonocócica” 
 Secreção uretral esbranquiçada ou amarelada 
Diagnóstico 
• Cultura 
– método mais específico, não disponível em laboratórios clínicos 
• Detecção de antígenos (IF ou ELISA) 
– detecta LPS ou proteínas de membrana externa 
– Pouco sensíveis, especialmente em amostras contendo poucos 
microrganismos, como nos assitomáticos 
• Sorologia: não discrimina infecção atual vs passada 
• PCR: sensível e específico 
Tratamento 
• O mais cedo possível: azitromicina (1g) em dose 
única 
• Prevenir transmissão 
Chlamydia trachomatis - Tracoma 
 
Doença associada à pobreza 
OMS: causa de 15% dos casos de cegueira no mundo 
Agente descoberto em 1907 – observação de “corpúsculos de 
inclusão” no olho afetado 
1957: o primeiro isolamento do agente a partir de olhos humanos 
infectados em ovos embrionados, supondo-se ser um vírus 
 
Sorotipos A, B, Ba e C.- infecções frequentes e persistentes → 
cicatrização e cegueira em pacientes que não conseguem produzir 
resposta imune adequada 
Chlamydia pneumoniae – presença de Ac em cerca de 40-60% da 
população de adultos 
–10% de todas as pneumonias comunitárias 
Infecção de moderada a grave (idosos) 
Disseminado de uma pessoa a outra 
Incubação de 7-21 dias 
 
Associação com aterosclerose? 
 
Inflamação vascular tem papel na etiologia da doença aterosclerótica 
. 
 
 
Chlamydia psittaci infecta mamíferos e aves. 
Infecção no homem: psitacose – pneumonia, ocasionalmente 
doença sistêmica (doença profissional). 
Uretrite não gonocócica e doença perinatal (conjuntivite) – 
 
Exposição às excretas de pássaros, 
sorotipos D,E,F,G.......K. 
Mycoplasma 
• Menores seres de vida livre - 0,15 a 0,5 mm - genoma 0,5 a 0,8 Mbp. 
• Distribuição ubiquitária – plantas, animais e humanos, mais de 150 espécies 
conhecidas. 
• Não possui parede celular, membrana com colesterol. 
• São filtráveis, pleomórficos, não se coram pelo Gram. 
• Resistentes a b-lactâmicos. 
• Mycoplasma pneumoniae – liga-se células epiteliais do trato respiratório, pneumonia, 
ocorre com mais frequência em crianças e adolescentes. 
– Pneumonias comunitárias: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Chlamydia 
pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae. 
• Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma hominis – uretrite, doença perinatal, doença 
inflamatória pélvica, DST 
• Diagnóstico – sorologia ou isolamento em meio rico bifásico, incubação por 30 dias 
(soro, extrato de leveduras, arginina, glicose, penicilina e anfotericina), métodos 
moleculares. 
• Tratamento – eritromicina e tetraciclina. 
Rickettsia 
• Coco-bacilo Gram negativo, possui LPS, atividade endotóxica. 
• Intracelular estrito, não sintetiza todo o ATP necessário, induzem 
fagocitose por células não-fagocitárias, se multiplica no 
citoplasma. 
• Ciclo de vida: artrópode (carrapato, piolho, pulga) e mamífero. 
• Riquetsioses – bacteremia, rash cutâneo, petéquias, lesões 
vasculares em vários órgãos (rim, coração, baço, fígado, SNC, 
etc), colapso vascular periférico, choque. 
Rickettsia 
• Grupo Febre Maculosa 
o Rickettsia rickettsii (riquétsia mais invasiva) – febre 
maculosa das Montanhas Rochosas, ocorre em toda a 
América, do Canadá ao Brasil, 
o parede celular com duas proteínas de superfície OmpA 
(adesina) e OmpB (reação cruzada com outras riquetsias), 
transmitida por carrapato (infecção transovariana), inoculação 
na derme 
Rickettsia 
• Diagnóstico – Laboratório de Biosegurança nível 3, 
imunofluorescência (biopsia), ELISA, métodos 
moleculares, isolamento em cultura de células ou ovos 
embrionados 
• Tratamento – doxiciclina, cloranfenicol. 
 
 
 
 
Espécie 
 
Doença Transmissor Reservatório 
Rickettsia 
prowaseki 
tifo epidêmico piolho homem 
 
Rickettsia typhi tifo endêmico pulga rato 
 
Coxiella 
burmetii 
febre Q contato c/ 
animais e poeira 
 
gado, carrapato 
etc 
 
Rickesttsia 
rickettsii 
febre maculosa carrapato roedores 
 
Características das principais riquetsioses

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