Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
T R A T A D O D E Fisiologia Médica Arthur C. Guyton, M.D.f Professor Emeritus Department of Physiology and Biophysics University of Mississippi Medical Center Jackson, Mississippi fin m em oriam John E. Hall, Ph.D. Professor and Chairman Department of Physiology and Biophysics University of Mississippi Medical Center Jackson, Mississippi 1 1 * E D I Ç Ã O ELSEVIÏ Aesculapius D o original: Textbook of M edicai Physiology. 11 th Edition ISBN 0-7216-0240-1 Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada pela Saunders - um selo editorial Elsevier ©2006, E lsevier Ltda. Todos os direitos reservados. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. N enhum a parte deste livro, poderá ser reproduzida ou transm itida sem autorização prévia por escrito da editora, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Capa Interface Designers Ltda. Editoração Eletrônica Futura Elsevier Editora Ltda. R. Sete de Setembro, 111 -1 6 ° andar 20050-006 Centro Rio de Janeiro RJ Telefone: (21) 3970-9300 Fax: (21) 2507-1991 E-mail: info@elsevier.com.br Escritório São Paulo R ua Quintana, 753/8° andar CEP 04569-011 Brooklin São Paulo SP Telefone: (11) 5105.8555 ISBN 978-85-352-1641-7 Edições anteriores, em inglês: 2006,2000,1996,1991,1986,1981,1976,1971,1966,1961,1956 NOTA O conhecimento e a prática nesse campo está em perm anente mudança. Os cuidados normais de segurança devem ser seguidos, mas. como as novas pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, alterações no tratam ento e terapia à base de drogas podem ser necessárias ou apropriadas. Os leitores são aconselhados a checar informações mais atuais dos produtos, fornecidas pelos fabrican tes de cada droga a ser administrada, para verificar a dose recom endada, o m étodo e a duração da administração e as contra-indicações. E responsabilidade do médico, com base na experiência e contando com o conhecimento do paciente, determ inar as dosagens e o m elhor tratam ento para cada um individualmente. Nem o editor nem o autor assume qualquer responsabilidade por eventual dano ou perda a pessoas ou a propriedade originada por esta publicação. O E D IT O R CIP-BRASIL CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ G998t Guyton, Arthur C., 1919-2003 Tratado de fisiologia médica / Arthur C. Guyton, John E. H all: tradução de Barbara de Alencar Martins... [et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2006 - 4- tiragem il. Tradução de:Textbook of medicai physiology. 1 lth ISBN 978-85-352-1641-7 1. Fisiologia humana. I. Hall, John E. (John Edward), 1946-. II.Título. ^oon tE rro ^ 06-1774. CDD612 CDU 612 A ilustração da capa foi obtida do catálogo Opus 1972, produzido por Virgil Cantini,Ph.D., com perm issão do artista e do M ansfield State Collefe, Mansfield. Pennsylvania. Créditos da abertura do capítulo: Capítulo 43, adaptação de © G etty Images 21000058038; Capítulo 44, adaptação de © G etty Images 21000044598; Capítulo 84, adaptação de © Corbis. Aesculapius Revisão Científica Charles Alfred Esbérard Doutor, Livre-Docente (Fisiologia) Uni-Rio Prof. Emérito (Fisiologia) da UFES Professor Titular (Fisiologia) da Faculdade de Medicina de Petrópolis Professor Titular (Farmacologia) da Universidade Federal Fluminense - Aposentado Professor Titular (Fisiologia) da Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio) - Aposentado José Cipolla Neto Pós-Doutorado em Neurociências na Universidade de Cambridge (Inglaterra), Universidade de Minnessota e National Institutes of Health (EUA) e Université Louis Pasteur, França Doutor em Ciências (Fisiologia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP) Diretor do Laboratório de Neurobiologia do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da USP Tradução Alcides Marinho Junior (Cap. 32) Professor T itular de Fisiologia do Curso de M edicina e Farm ácia da U niversidade Iguaçu (U N IG ) Alexandre Yianna Aldighieri Soares (Caps. 69 a 72) Especialista em Clínica M édica e Endocrinologia Andrea Delcorso (Caps. 1 a 3) T radutora form ada pela Pontifícia U niversidade C atólica de São Paulo (PUC-SP) Bárbara de Alencar Leão Martins (Caps. 67,68,75 e 78) M édica O ncologista Claudia Coana (Cap. 11) Tradutora Debora Sitnik (Caps. 9 e 10) R esidente em Clínica M édica - H ospital das Clínicas da Faculdade de M edicina da U niversidade de São Paulo (FM U SP) Diego Alfaro (Caps. 14 a 19,76 e 77) G raduado em M edicina pela U niversidade F ederal do R io de Janeiro (U F R J) e Pós-graduado em A cu p u n tu ra pelo Institu to de A cupuntura do R io de Janeiro Douglas Arthur Omena Futuro (Caps. 33 a 36,38,48 e 73) M édico Especialista em O rtopedia Fabiana Buassaly (Caps. 28,29,41,79 e índice) M édica V eterinária Hermínio de Mattos Filho (Cap. 27) Especialista em O ftalm ologia pela A ssociação M édica B rasileira, PU C -R J, Crem erj, M em bro T itular do C onselho Brasileiro de O ftalm ologia M em bro In ternacional da A cadem ia A m ericana de O ftalm ologia Aesculapius vi Leonardo Allevato Magalhães (Cap. 84) M estrando em Ciência da M otricidade H um ana na U niversidade C astelo B ranco Luísa Sá Barreto Pimentel (Cap. 45) M estranda em N eurofarm acologia pela U FR J Manoela D ’Almeida Sande (Caps. 4 a 6 e 25) T radutora Maria Inês Corrêa Nascimento (Caps. 30,31,39,40,62 a 65,81,82 e 83) B acharel em L etras (Tradução Bilíngüe) pela Pontifícia U niversidade C atólica do R io de Janeiro (P U C -R J) Michelle Gralle Botelho (Caps. 57 a 61) Especialista em D erm ato logia pela A ssociação M édica Brasileira R esidência em D erm ato logia pela U niversidade Federal do R io de Janeiro (U F R J) D ou to rado em Q uím ica Biológica pelo Institu to de B ioquím ica M édica da U F R J Nelson Gomes de Oliveira (Caps. 43 e 44) M édico do Trabalho A posen tado da Petrobras Raimundo Rodrigues Santos (Caps. 7,8,46 e 47) Especialista em N eurologia e N eurocirurgia M estre em M edicina pela U niversidade do E stado do R io de Janeiro (U E R J) Roberto Mogami (Caps. 26,37 e 42) Professor A djun to de R adiologia da U E R J M em bro T itular do Colégio B rasileiro de R adiologia M édico R adiologista do H ospital R aphael de Paula Souza/M S Sergio Rachman (Cap. 12) Especialista em Psiquiatria pela A ssociação M édica Brasileira M édico Psiquiatra do H ospita l do Servidor Público M unicipal de São Paulo Solange Castro Affeche (Caps. 53,54 e 80) Pós-D outorado em Fisiologia C elular e B iologia M olecular pela U niversité Louis Pasteur, F rança D ou to ra em Ciências (Fisiologia H um ana) pela USP Pesquisadora do L abora tó rio de Farm acologia do Institu to B utan tan , São Paulo Valdir de Souza Pinto (Caps. 20 a 24) M estre em Infectologia e Saúde Pública pela C oordenação dos Institu tos de Pesquisa da S ecretaria de E stad o da Saúde de São P au lo /Institu to de Infectologia Em ílio R ibas Vilma Ribeiro de Souza Varga (Caps. 13,49 a 52,55,56,66 e 74) G raduada em Ciências M édicas pela U niversidade E stadual de C am pinas (U nicam p) R esidência M édica em N eurologia Clínica no H ospital do Servidor Público E stadual de São Paulo Aesculapius A M i n h a F a m í l i a Por seu apoio incondicional, sua paciência, compreensão e am or A A r t h u r C . G u y t o n Por sua pesquisa criativa e inovadora Por sua dedicação à educação Por demonstrar alegria e gosto pela fisiologia E p o r servir como exemplo e inspiração Aesculapius Arthur C. Guv ton, M.D. 1919-2003 Aesculapius *«■ , I N M E M O R I A M A perda repentina do Dr. A rthur C. G uyton em um acidente de autom óvel no dia 3 de abril de 2003 chocou e entristeceu todos os privilegiados que o conheceram. A rthur Guyton foi um gigante no campo da fisiologia e da medicina, um líder entre os líderes, um m estre exemplar, um modelo de inspiração em todo o mundo. A rthur Clifton Guyton nasceu em Oxford, Mississippi, lilho do Dr. Billy S. Guyton, um especialista altam ente respeitável em oftalmologia e otorrinolaringolo gia, que mais tarde se tornou R eitor da University of Mississippi Medicai School, e de Kate Smallwood Guyton, um a professora de m atem ática e física, que foi um a mis sionária na China antes do casamento. D urante os anos de graduação, A rthur apre ciava o trabalho de seu pai na Guyton Clinic, jogando xadrez e trocando estórias com William Faulkner, e desenvolvendo veleiros (um deles, inclusive, foi vendido mais tarde ao próprio Faulkner). Guyton tam bém elaborou incontáveis dispositivos mecânicos e elétricos por toda a sua vida. Seu brilho logo veio à tona quando ele se form ou como o m elhor da turm a na University of Mississippi. Mais tarde, G uyton se destacou na H arvard Medicai School e iniciou seu estágio de pós-graduação em cirurgia no M assachusetts G eneral Hospital. Seu estágio na área de clínica médica foi interrom pido duas vezes “ um a para servir o exército durante a 2a G uerra M undial e outra, em 1946, por ter adquirido poliomielite durante o último ano de sua residência. Sofrendo de paralisia na perna direita, no braço esquerdo e em ambos os ombros, ele gastou nove meses em W arm Springs, Geórgia, em sua recuperação; nesse tempo, aplicou seu espírito inventor na elaboração da prim eira cadeira de rodas m otorizada, com andada por um a espécie de “controle-rem oto”, e ainda na criação de um elevador m otorizado para suspen der os pacientes, de suportes especiais para as pernas, e de outros dispositivos para auxiliar o deficiente físico. Por essas invenções ele recebeu um a Condecoração Pública Presidencial. Ele re tornou a Oxford, onde se dedicou ao ensino e à pesquisa na University of Mississippi School of Medicine e recebeu o título de Presidente do D epartm ent of Physiology em 1948. Em 1951, foi nom eado um dos dez hom ens mais notáveis do país. Q uando a University of Mississippi m udou sua M edicai School para Jackson em 1955, ele rapidam ente desenvolveu um dos program as de pesquisa cardiovascular mais prem iado do mundo. Sua vida notável como cientista, autor e pai dedicado encontra-se detalhada em um a biografia publicada no m om ento de sua “aposenta doria” em 1989.1 Um Grande Fisiologista. As contribuições de A rthur G uyton na área da pesquisa, que abrangem mais de 600 trabalhos e 40 livros, são fabulosas e o colocam entre os maiores fisiologistas da história. Sua pesquisa abrangeu virtualm ente todas as áreas da regulação cardiovascular e deu origem a muitos conceitos originais que, hoje em dia, constituem parte integral de nossa com preensão sobre os distúrbios cardiovas culares, como hipertensão, insuficiência cardíaca e edema. É difícil discutir a fisiolo gia cardiovascular sem incluir seus conceitos de débito cardíaco e re tom o venoso, pressão negativa do líquido intersticial e regulação do volume desse líquido e do edema, regulação do fluxo sangüíneo tecidual e auto-regulação do fluxo sangüíneo corpóreo total, natriurese renal por pressão, e regulação da pressão sangüínea a longo prazo. D e fato, os conceitos de Guyton sobre a regulação cardiovascular são encontrados em quase todos os grandes tratados de fisiologia. Esses conceitos tornaram-se tão familiares que, algumas vezes, sua origem é esquecida. Um dos legados científicos mais im portantes do Dr. Guyton foi a aplicação dos princípios de engenharia e análise de sistema na regulação cardiovascular. Ele empregou m étodos m atemáticos e gráficos para quantificar diversos aspectos da função circulatória, antes da ampla disponibilidade dos computadores. G uyton ela borou computadores analógicos e foi pioneiro na aplicação da análise de sistema, em grande escala,para projetar o sistema cardiovascular, antes do advento dos com pu tadores digitais. A m edida que esse modelo de com putadores se tornou disponível, os modelos cardiovasculares de Guyton expandiram-se drasticam ente, incluindo os rins e os líquidos corpóreos, os hormônios e o sistema nervoso autônom o, bem como as funções cardíacas e circulatórias.2 Guyton tam bém produziu a prim eira análise de sistema abrangente sobre a regulação da pressão sangüínea. Essa abordagem singu- ix Aesculapius X In Memoriam lar na área de pesquisa sobre fisiologia antecedeu o surgi m ento da engenharia biomédica ~ um campo que ele ajudou a estabelecer e prom over na fisiologia, direcio nando a disciplina como um a ciência mais quantitativa do que descritiva. E atribuído ao talento de A rthur Guyton o fato de seus conceitos sobre a regulação cardiovascular parecerem m uitas vezes heréticos à prim eira vista; no entanto, eles estim ularam pesquisadores do mundo todo a testá-los experim entalm ente. Hoje em dia, tais conceitos são am plam ente aceitos. Na verdade, muitos dos conceitos de G uyton a respeito da regulação cardiovascular são com ponentes integrantes do que é ensinado atualm ente em grande parte dos cursos de fisiologia médica. Eles conti nuam a ser a base das gerações dos fisiologistas cardio vasculares. Dr. Guyton recebeu mais de 80 títulos por diversas organizações científicas e civis e universidades em todo o mundo. A seguir, estão expostos alguns dos prêmios parti cularmente relevantes à pesquisa cardiovascular: o Wiggers Award da Am erican Physiological Society, o Ciba Award do Council for High Blood Pressure Research, o William Harvey Award da Am erican Society of H yperten sion, o Research Achievement Award da American H eart Association, e o M erck Sharp & Dohm e Award da In ter national Society of Hypertension. Em 1978, Guyton foi convidado pelo Royal College of Physicians em Londres a proferir uma palestra especial pelo 400° aniversário de William Harvey, o descobridor da circulação sangüínea. O am or do Dr. Guyton pela fisiologia foi maravilhosa m ente articulado em seu discurso de presidente à A m eri can Physiological Society em 19753, convenientem ente intitulado Physiology, a Beauty and a Phisolophy. Perm ita-m e citar apenas um trecho de seu discurso: A fisiologia é, na verdade, uma explicação da vida. Quem, seja um teólogo, um jurista, um doutor, um físico, sabe mais do que você, um fisiologista, sobre a vida? Que outro assunto é mais fascinante, mais excitante, ou mais belo do que a vida? Um Mestre Honroso e Exemplar. Em bora os dotes do Dr. Guyton na área da pesquisa sej am fabulosos, suas con tribuições como professor provavelm ente tiveram um impacto m uito maior. Guyton e sua admirável esposa R uth criaram dez filhos, que tiveram carreiras médicas notáveis “ um a façanha educacional marcante. O ito deles graduaram -se na H arvard Medical School, um em Duke M edical School, e o outro na U niversity of Miami Medical School após receber um título de PhD em H arvard. Um artigo publicado na revista Reader’s Digest em 1982 des tacou a extraordinária vida de sua família.4 O sucesso dos filhos de Guyton não ocorreu por acaso. A filosofia de educação do Dr. Guyton era “aprenda a fazer.” Seus filhos participaram de inúm eros projetos familiares, como a projeção e a construção de suas casas e do sistema de aquecimento, da piscina, da quadra de tênis, de veleiros, carrinhos de mão e carrinhos elétricos, bem com o de aparelhos domésticos e eletrônicos para sua em presa “ a Oxford Instrum ents Company. Os program as de televisão G ood Morning America e 20/20 descreveram o extraordinário am biente doméstico criado por A rthur e R uth G uyton para criarem sua família. A devoção por sua família é m aravilhosam ente expressa na dedicatória de seu Tratado de Fisiologia Médica5: A Meu pai, p or seus princípios intransigentes que guiaram minha vida M inha mãe, p or conduzir seus filhos à busca intelec tual M inha esposa, p or sua esplêndida dedicação à família Meus filhos, p or tornarem tudo digno e valioso Dr. G uyton foi m estre da University of Mississippi por mais de 50 anos. Em bora ele sem pre estivesse bastante ocupado com as responsabilidades inerentes a seu cargo, à pesquisa, à elaboração de artigos e à m inistração de aulas, ele sem pre se m ostrava disponível para falar com um aluno com dificuldades na matéria. E jam ais aceitava um convite para proferir um a palestra de prestígio se coincidisse com seus horários de aula. Sem dúvida, suas contribuições na educação tam bém estão alcançando as gerações de estudantes graduados em fisiologia e os parceiros de pós-doutorado. Guyton treinou mais de 150 cientistas, e pelo m enos 29 deles se tornaram presidentes de seus próprios departam entos e seis deles, presidentes da A m erican Physiological Society. G uyton passava segurança e confiança de suas habilida des aos estudantes e enfatizava sua crença de que “As pessoas mais bem-sucedidas no m undo da pesquisa são autodidatas.” Ele insistia que seus estagiários integrassem seus achados experim entais a um a am pla estru tura con ceituai, que incluía outros sistemas interativos. Essa abor dagem com um ente os levava a desenvolver um a análise quantitativa e um a m elhor com preensão dos sistemas fisiológicos específicos estudados por eles. N inguém foi mais prolífico em instruir líderes de fisiologia do que A rthur Guyton. O Tratado de Fisiologia Médica do Guyton, publicado pela prim eira vez em 1956, rapidam ente se tornou o livro de fisiologia médica mais vendido no mundo. Ele tinha o dom de transm itir idéias complexas de form a clara e in te ressante, o que tornava o estudo de fisiologia um a prática prazerosa. G uyton escreveu o livro para ensinar seus alunos, e não para im pressionar seus colegas de profissão. Sua popularidade entre os estudantes tornou seu tra tado de fisiologia o livro mais am plam ente em pregado na história. Só essa conquista foi suficiente para garantir seu legado. O Tratado de Fisiologia Médica começou com o anota ções de aulas expositivas no início dos anos 1950, quando o Dr. G uyton estava m inistrando seu curso de fisiologia para estudantes de m edicina na University of Mississippi. Ele percebeu que os estudantes estavam tendo dificulda des com os livros disponíveis e com eçaram a distribuir cópias dessas anotações. A o descrever sua experiência, Dr. G uyton afirmava que “M uitos livros de fisiologia médica têm se tornado discursivos, pois foram escritos principalm ente por professores de fisiologia para outros professores da mesma área, ou seja, em um a linguagem compreensível por outros profissionais de ensino, mas não para os estudantes de fisiologia médica.”6 Através de seu Tratado de Fisiologia Médica traduzido para 13 línguas, G uyton provavelm ente foi o autor que mais ensinou fisiologia ao mundo. A o contrário de muitos livros, que freqüentem ente possuem 20 autores ou mais, as prim eiras oito edições foram escritas inteiram ente pelo Dr. G uyton “ um feito inédito em quase toda a literatura Aesculapius In Memoriam x i médica. Pelas muitas contribuições na educação médica, Dr. Guyton recebeu o prêm io A braham Flexner Award (1996) da Association of Am erican Medicai Colleges (AAM C). De acordo com a AAM C, A rthur Guyton “...promoveu um impacto incomparável na educação médica nos últimos 50 anos.” Ele tam bém é hom enageado todo ano pela The Am erican Physiological Society com o prêmio A rthur C. Guyton Teaching Award. Um Modelo Inspirador. As realizações do Dr. Guyton estenderam-se além da ciência, medicina e educação. Ele foi um modelo de inspiração tanto para a vida como para a ciência. Ninguém foi mais influente e inspirador em minha carreira científica do que o Dr. Guyton. Ele ensinou aos seus alunos m uito mais do que fisiologia “ ele nos ensinou vida, não tanto pelo que ele dizia, mas por sua coragem indescritível e dedicação aos mais altos padrões. Guyton tinha um a capacidade peculiar de m otivar as pessoas com seu espírito indomável. Em bora ele tenha sido gravem ente acom etido por poliomielite, seus com panheiros de trabalho jamais o consideravam um defi ciente físico. Nós nos ocupávamos tentando acom panhá- lo! Sua m ente brilhante, sua devoção incansável à ciência, educação e família, e sua personalidade cativavam alunos e estagiários, colegas de profissão, políticos, empresários, e quase todas as pessoas que o conheciam. Ele não sucum biria aos efeitos da poliomielite. Sua coragem nos desa fiou e inspirou. G uyton esperava e exigia o m elhor das pessoas. Celebremos a grandiosa vida de A rthur Guyton, reco nhecendo um a enorm e dívida de nossa parte. E le nos con cedeu um a abordagem criativa e inovadora à pesquisa e muitos conceitos científicos recentes. Guyton forneceu um meio de com preensão da fisiologia a inúmeros estu dantes em todo o m undo e contribuiu para que muitos de nós ingressassem em notáveis carreiras no campo da pesquisa. Ele inspirava praticam ente a todos “ com sua dedicação ao ensino, sua capacidade singular em trazer à tona o melhor daqueles que o cercavam, sua personali dade cordial e generosa, e sua intrepidez. Sentimos muito a sua falta, mas ele perm anecerá em nossas memórias como um exemplo de brilhantism o do m elhor da humanidade. A rthur Guyton foi um herói real para o m undo e seu legado é eterno. Referências 1. Brinson C, Quinn J: Arthur C. Guyton—His Life, His Family, His Achievements. Jackson, MS, Hederman Bro thers Press, 1989. 2. Guyton AC, ColemanTG, Granger HJ: Circulation: overall regulation. Ann Rev Physiol 34:13^16,1972. 3. Guyton AC: Past-President’s Address. Physiology, a Beauty and a Philosophy. The Physiologist 8:495-501,1975. 4. Bode R: A Doctor Who’s Dad to Seven Doctors—So Far! Readers’ Digest, December, 1982,pp. 141-145. 5. Guyton AC:Textbook of Medical Physiology. Philadelphia, Saunders, 1956. 6. Guyton AC: An author’s philosophy of physiology text book writing. Adv Physiol Ed 19: sl-s5 ,1998. JO H N E. H A LL Jackson, Mississippi Aesculapius Aesculapius P R E F Á C I O A prim eira edição do Tratado de Fisiologia Médica foi escrita por A rthur C. Guyton há quase 50 anos. Ao contrário de muitos livros médicos importantes, que freqüentem ente apresentam 20 autores ou mais, as primeiras oito edições desse tratado foram to tal m ente escritas pelo Dr. Guyton, com o surgimento de um a nova edição em um intervalo de aproximada m ente 40 anos. Com o passar dos anos, o livro do Dr. Guyton tornou-se am plam ente utilizado em todo o mundo, sendo traduzido para 13 línguas. A principal razão do sucesso exemplar da obra de Guyton estava em sua extraordinária capacidade de explicar princípios fisiológicos complexos em um a linguagem totalm ente compreensível pelos estudan tes O principal objetivo do autor em cada edição era instruir os estudantes de fisio lo g ia^ não im pressionar seus colegas de profissão. Seu estilo de escrita sem pre m an tinha o tom de um professor falando diretam ente com seus próprios alunos. Tive o privilégio de trabalhar com o Dr. Guyton por quase 30 anos e a honra de ajudá-lo na 9a e na 10a edições. Com relação à 11a edição, tive a mesma m eta que as edições anteriores ' explicar, em um a linguagem compreensível pelos estudantes, como os diferentes tecidos, órgãos e células do corpo hum ano atuam conjuntam ente para a m anutenção da vida. Essa tarefa representou um grande e em polgante desafio, já que nosso conhecim ento rápido e crescente a respeito da fisiologia conti nua a elucidar novos mistérios das funções corpóreas. Foram desenvolvidas muitas técnicas recentes para o aprendizado da fisiologia molecular e celular. Conseguimos apresentar mais princípios da fisiologia na term inologia das ciências m oleculares e físicas, do que m eram ente um a série de fenômenos biológicos isolados e inex plicáveis. Essa m udança é bem-vinda, mas tam bém torna a revisão de cada capítulo uma necessidade. Nesta edição, tentei m anter a mesma organização uniform izada que se m ostrou útil aos estudantes no passado e garantir um a abrangência suficiente ao livro a ponto de os estudantes desej arem utilizá-lo no futuro, como base para suas carreiras profis sionais. Espero que esse livro transm ita a grandiosidade do corpo hum ano e de suas funções diversas e ainda estimule os alunos a estudarem a fisiologia por toda sua car reira. A fisiologia corresponde ao elo entre as ciências básicas e a medicina. O grande encanto da fisiologia está em sua integração das funções individuais de todos os dife rentes tecidos, órgãos e células do corpo em um todo funcional, o corpo humano. Na verdade, o corpo hum ano é muito mais do que a soma de suas partes, mas a vida depende, sobretudo, de sua funcionalidade total, não apenas da atuação de partes corpóreas isoladas das outras. Isso nos traz um a im portante questão: Como são coordenados os órgãos e os sis temas isolados para m anter o funcionam ento adequado de todo o corpo? Feliz mente, nossos corpos são dotados de um a vasta rede de controles por feedback, que alcançam os equilíbrios necessários, sem os quais não seríamos capazes de sobre viver. O term o homeostasia é em pregado pelos fisiologistas para descrever esse alto nível de controle corporal interno. Em estados patológicos, os equilíbrios funcionais são muitas vezes gravem ente interrompidos, prejudicando a homeostasia. A lém disso, até quando um único distúrbio atinge o seu limite, todo o corpo perde sua capa cidade de sobrevivência. U m a das metas deste livro, portanto, é enfatizar a eficácia e a perfeição dos mecanismos de hom eostasia do corpo, bem como apresentar suas funções anormais em processos patológicos. Uma outra m eta é ser o mais objetivo e exato possível. Algumas sugestões e críti cas de muitos fisiologistas, estudantes e clínicos em todo o m undo foram pesquisa das e utilizadas para avaliar a precisão real e efetiva, bem como a harm onia do livro. Mesmo assim, há probabilidade de erro na seleção de muitas informações. Assim como os fisiologistas reconhecem a im portância do feedback para o funcionam ento adequado do corpo humano, o feedback/re torno dos leitores é igualm ente im por tante para a melhoria progressiva de um livro de fisiologia. As diversas pessoas que já me ajudaram, envio meus sinceros votos de agradecimento. Uma breve explicação a respeito de alguns aspectos da 11a edição se faz necessária. Em bora muitos dos capítulos tenham sido revisados incluindo novos xiii Aesculapius xiv Prefácio princípios de fisiologia, o livro foi rigorosam ente m onito rado quanto à limitação de seu volume, para que ele possa ser utilizado com eficiência nos cursos de fisiologia volta dos aos estudantes de medicina e aos profissionais da área da saúde. M uitas das figuras tam bém foram reproduzidas e, atualm ente, estão em cores. A lém disso, foram selecio nadas novas referências, principalm ente por sua descri ção a respeito dos princípios fisiológicos, pela qualidade de suas próprias referências, e por sua fácil acessibilidade. Q uero expressar meus sinceros agradecimentos a muitos outros colaboradores na preparação deste livro, inclusive meus colegas do D epartm ent of Physiology & Biophysics da University of Mississippi M edicai Center, que fornece ram sugestões valiosas. Por fim, tenho uma enorme dívida com o Dr. A rthur Guyton, por uma notável carreira na fisiologia, por seu companheirismo e amizade, pelo grande privilégio de cola borar com a elaboração do Tratado de Fisiologia Médica, e pela inspiração conferida a todos que o conheceram. JO H N E. H A L L Jackson, Mississippi Aesculapius S U M Á R I O U N I D A D E I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral C A P I T U L O 1 Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do “Meio Interno” 3 As Células como Unidades Vivas do Corpo 3 Fluido Extracelular - O “Meio Interno” 3 Mecanismos “Homeostáticos” dos Principais Sistemas Funcionais 4 Homeostasia 4 Sistema de Transporte e Mistura de Fluido Extracelular - O Sistema Circulatório do Sangue 4 Origem dos Nutrientes no Fluido Extracelular 5 Remoção dos Produtos Finais do Metabolismo 5 Regulação das Funções Corporais 5 Reprodução Sistemas de Controle do Corpo 6 Exemplos de Mecanismos de Controle 6 Características dos Sistemas de Controle 7 Resumo - Automaticidade do Corpo 9 C A P Í T U L O 2 A Célula e Suas Funções 11 Organização da Célula 11 Estrutura Física da Célula 12 Estruturas Membranosas da Célula 12 O Citoplasma e Suas Organelas Núcleo 7 Membrana Nuclear 17 Nucléolos e Formação de Ribossomos 8 Comparação da Célula Animal com Formas Pré-celulares de Vida 18 Sistemas Funcionais da Célula 19 Ingestão pela Célula-Endocitose 19 Digestão de Substâncias Estranhas, Pinocitóticas e Fagocíticas dentro da Célula - Função dos Lisossomos 20 Síntese e Formação de Estruturas Celulares pelo Retículo Endoplasmático e Complexo de Golgi 20 Extração de Energia dos Nutrientes - Função da Mitocôndria 22 Locomoção das Células 24 Movimento Amebóide 24 Cílios e Movimento Ciliares 24 C A P Í T U L O 3 Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular 27 Genes no Núcleo Celular 27 Código Genético 29 O Código do DNA no Núcleo Celular é Transfe rido para um Código de RNA no Citoplasma Celular - O Processo de Transcrição 30 Síntese de RNA 30 Montagem da Cadeia de RNA com os Nucleotídeos Ativados Usando a Fita de DNA como Molde - O Processo de “Transcrição” 31 RNA Mensageiro - Os Códons 31 RNA de Transferência - Os Anticódons 32 RNA Ribossômico 33 Formação de Proteínas nos Ribossomos - O Processo de “Transdução” 33 Síntese de Outras Substâncias na Célula 35 Controle da Função do Gene e da Atividade Bioquímica nas Células 35 Regulação Genética 35 Controle da Função Intracelular pela Regulação Enzimática 36 O Sistema Genético - DNA também Controla a Reprodução Celular 37 A Reprodução Celular começa com a Replicação do DNA 37 Cromossomos e Suas Replicações 38 Mitose Celular 38 Controle do Crescimento e da Reprodução Celular 39 Diferenciação Celular 40 Apoptose - Morte Programada das Células 40 Câncer 40 U N I D A D E I I Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo C A P I T U L O 4 O Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular A Barreira Lipídica da Membrana Celular e as Proteínas de IVansporte da Membrana Celular 45 Difusão 46 Difusão Através da Membrana Celular 46 Difusão pelos Canais Protéicos e as “Comportas” Desses Canais 47 Difusão Facilitada 47 Fatores que Afetam a Velocidade Efetiva da Difusão 50 Osmose Através de Membranas Seletivamente Permeáveis - “Difusão Efetiva” de Água 51 “Transporte Ativo” de Substâncias Através das Membranas 52 Transporte Ativo Primário 53 Transporte Ativo Secundário - Co-transporte e Contratransporte 54 Transporte Ativo Através das Camadas Celulares 55 C A P Í T U L O 5 Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação 57 Física Básica dos Potenciais de Membrana 57 Potenciais de Membrana Causados pela Difusão 57 Medida do Potencial de Membrana 58 XV Aesculapius xvi Sumário Potencial de Repouso das Membranas dos Nervos 59 Origem do Potencial de Repouso Normal da Membrana 60 Potencial de Ação dos Nervos 61 Os Canais de Sódio e Potássio Regulados pela Voltagem 62 Os Papéis de Outros íons no Potencial de Ação 64 Resumo dos Eventos Causadores do Potencial de Ação 64 Início do Potencial de Ação 65 Propagação do Potencial de Ação 65 Restabelecimento dos Gradientes lônicos do Sódio e do Potássio após o Término do Potencial de Ação - A Importância do Metabolismo Energético 66 O Platô em Alguns Potenciais de Ação 66 Ritmicidade de Alguns Tecidos Excitáveis - Descarga Repetitiva 67 Características Especiais da Transmissão dos Sinais nos Troncos Nervosos 68 Excitação - O Processo de Geração do Potencial de Ação 69 “Período Refratário” Após o Potencial de Ação, durante o Qual um Novo Estímulo Não Pode Ser Evocado 70 Inibição da Excitabilidade - “Estabilizadores” e Anestésicos Locais 70 Registro dos Potenciais de Membrana e dos Potenciais de Ação 70 C A P Í T U L O 6 Contração do Músculo Esquelético 72 Anatomia Fisiológica do Músculo Esquelético 72 Fibra do Músculo Esquelético 72 Mecanismo Geral da Contração Muscular 74 Mecanismo Molecular da Contração Muscular 74 Características Moleculares dos Filamentos Contráteis 75 Efeito do Grau de Sobreposição dos Filamentos de Actina e de Miosina sobre o Desenvolvimento de Tensão pela Contração Muscular 77 Relação entre a Velocidade de Contração e a Carga 78 Energética da Contração Muscular 78 Rendimento do Trabalho durante a Contração Muscular 78 Fontes de Energia para a Contração Muscular 79 Características da Contração do Músculo como um Todo 80 Mecânica da Contração do Músculo Esquelético , 81 Remodelação do Músculo para se Ajustar à sua Função 82 Rigidez Cadavérica (Rigor Mortis) 83 C A P I T U L O 7 Excitação do Músculo Esquelético: Transmissão Neuromuscular e Acoplamento Excitação-Contração Transmissão dos Impulsos das Terminações Nervosas para as Fibras Musculares Esqueléticas: A Junção Neuromuscular Secreção de Acetilcolina pelos Terminais Nervosos Biologia Molecular da Formação e a Liberação da Acetilcolina Drogas que Reforçam ou Bloqueiam a Transmissão na Junção Neuromuscular Miastenia Gravis Potencial de Ação Muscular Propagação do Potencial de Ação para o Interior da Fibra Muscular por Meio dos “Túbulos Transversos” Acoplamento Excitação-Contração Túbulo Transverso - Sistema Retículo Sarcoplasmático Liberação dos íons Cálcio pelo Retículo Sarcoplasmático C A P Í T U L O 8 Contração e Excitação do Músculo Liso Contração dos Músculos Lisos Tipos de Músculo Liso Mecanismo Contrátil no Músculç Liso Regulação da Contração pelos íons Cálcio Controles Nervoso e Hormonal da Contração do Músculo Liso Junções Neuromusculares do Músculo Liso Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação no Músculo Liso Efeito dos Fatores Teciduais Locais e dos Hormônios para Causar Contração do Músculo Liso Sem Potenciais de Ação Fonte dos íons Cálcio Provocam Contração (1) através da Membrana Celular e (2) a partir do Retículo Sarcoplasmático U N I D A D r O Coração I I I C A P I T U L O 9 O Músculo Cardíaco; O Coração como uma Bomba e a Função das Valvas Cardíacas Fisiologia do Músculo Cardíaco Anatomia Fisiológica do Músculo Cardíaco Potenciais de Ação no Músculo Cardíaco O Ciclo Cardíaco Diástole e Sístole Relação do Eletrocardiograma com o Ciclo Cardíaco Função dos Átrios como Bombas de Escorva Função dos Ventrículos como Bombas Funcionamento das Valvas Curva da Pressão Aórtica 85 85 85 88 88 89 89 89 89 89 90 92 92 92 93 95 95 95 96 98 99 103 103 103 104 106 106 107 107 108 109 109 Sumário xvii Relação entre os Sons Cardíacos e o Bombeamento Cardíaco 109 Produção de Trabalho pelo Coração 110 Análise Gráfica do Bombeamento Ventricular 110 Energia Química Necessária para a Contração Cardíaca: O Uso de Oxigênio pelo Coração 111 Regulação do Bombeamento Cardíaco 111 Regulação Intrínseca do Bombeamento Cardíaco - O Mecanismo de Frank-Starling 111 Efeito dos íons Potássio e Cálcio no Funcionamento Cardíaco 113 Efeito da Temperatura no Funcionamento Cardíaco 114 O Aumento da Pressão Arterial (até Certo Limite) Não Reduz o Débito Cardíaco 114 C A P I T U L O 1 0 116Excitação Rítmica do Coração O Sistema Excitatório e Condutor Especializado do Coração Nodo Sinusal (Sinoatrial) As Vias Internodais e a Transmissão do Impulso Cardíaco pelos Átrios O Nodo Atrioventricular e o Retardo na Condução do Impulso dos Átrios para os Ventrículos Transmissão Rápida no Sistema de Purkinje Ventricular Transmissão do Impulso Cardíaco pelo Músculo Ventricular Resumo da Dispersão do Impulso Cardíaco ao Longo do Coração Controle da Excitação e da Condução no Coração 120 O Nodo Sinusal como Marca-passo Cardíaco 120 O Papel das Fibras de Purkinje na Sincronia da Contração do Músculo Ventricular 121 Controle da Ritmicidade Cardíaca e Condução de Impulsos pelos Nervos Cardíacos: Os Nervos Simpáticos e Parassimpáticos 121 116 116 118 118 119 119 120 C A P I T U L O 1 1 123 123 O Eletrocardiograma Normal Características do Eletrocardiograma Normal Ondas de Despolarização Versus Ondas de Repolarização 123 Relação entre a Contração Atrial e a Ventricular e as Ondas do Eletrocardiograma 125 Calibração da Voltagem e do Tempo do Eletrocardiograma 125 Métodos para o Registro de Eletrocardiogramas 126 Aparelho para Registro com Pena Inscritora 126 O Fluxo da Corrente em Redor do Coração Durante o Ciclo Cardíaco 126 Registro de Potenciais Elétricos de uma Massa de Músculo Cardíaco Sincicial Parcialmente Despolarizada 126 O Fluxo das Correntes Elétricas no Tórax ao Redor do Coração 126 Derivações Eletrocardiográficas 127 As Três Derivações dos Membros Bipolares 127 As Derivações Torácicas (Derivações Precordiais) 129 As Derivações Unipolares Aumentadas 129 C A P I T U L O 1 2 Interpretação Eletrocardiográfica das Anormalidades do Músculo Cardíaco e do Fluxo Sangüíneo Coronariano: Análise Yetorial Princípios da Análise Vetorial dos Eletrocardiogramas Uso de Vetores para Representar Potenciais Elétricos A Direção de um Vetor é Definida em Termos de Graus Eixo para Cada Derivação Bipolar Padrão e Cada Derivação Unipolar dos Membros Análise Vetorial dos Potenciais Registrados em Diferentes Derivações Análise Vetorial do Eletrocardiograma Normal Vetores que Ocorrem a Intervalos Sucessivos Durante a Despolarização dos Ventrículos - O Complexo QRS Eletrocardiograma Durante a Repolarização - A Onda T Despolarização dos Átrios - A Onda P Vetorcardiograma Eixo Elétrico Médio do QRS Ventricular - E Seu Significado Determinação do Eixo Elétrico pelas Derivações Eletrocardiográficas Padronizadas Condições Ventriculares Anormais Que Causam Desvio de Eixo Condições Que Causam Voltagens Anormais do Complexo QRS Voltagem Aumentada nas Derivações Bipolares Padronizadas dos Membros Voltagem Diminuída do Eletrocardiograma Padrões Prolongados e Bizarros do Complexo QRS Complexo QRS Prolongado como Resultado de Hipertrofia ou Dilatação Cardíaca Complexo QRS Prolongado Decorrente de Bloqueio do Sistema de Purkinje Condições Que Causam Complexos QRS Bizarros Corente de Lesão Efeito da Corrente de Lesão no Complexo QRS O Ponto J - O Potencial de Referência Zero para Analisar Corrente de Lesão Isquemia Coronariana como Causa do Potencial de Lesão Anormalidades da Onda T Efeito da Condução Lenta da Onda de Despolarização nas Características da Onda T Despolarização Encurtada em Porções do Músculo Ventricular como Causa de Anormalidades da Onda T C A P Í T U L O 1 3 Arritmias Cardíacas e Sua Interpretação Eletrocardiográfica Ritmos Sinusais Anormais Taquicardia Bradicardia Arritmia Sinusal 131 131 131 131 131 133 134 134 134 136 136 137 137 138 140 140 140 141 141 141 141 141 141 142 143 145 145 145 147 147 147 147 148 Aesculapius xviii Sumário Ritmos Anormais Que Decorrem de Bloqueio dos Sinais Cardíacos nas Vias de Condução Intracardíacas 148 Bloqueio Sinoatrial 148 Bloqueio Atrioventricular 148 Bloqueio Atrioventricular Incompleto 149 Bloqueio Intraventricular Incompleto - Alternância Elétrica 150 Contrações Prematuras 150 Contrações Prematuras Atriais 150 Contrações Prematuras do Nodo A-V ou no Feixe A-V 150 Contrações Prematuras Ventriculares 151 Taquicardia Paroxística 151 Taquicardia Paroxística Atrial 152 Taquicardia Paroxística Ventricular 152 Fibrilação Ventricular 152 Fenómenos de Reentrada - “Movimentos Circulares”, a Base para a Fibrilação Ventricular 153 Mecanismo de Reação em Cadeia na Fibrilação 153 Eletrocardiograma na Fibrilação Ventricular 154 Desfibrilação dos Ventrículos por Eletrochoque 154 Bombeamento Manual do Coração (Ressuscitação Cardiorrespiratória) como Auxiliar da Desfibrilação 155 Fibrilação Atrial 155 Flutter Atrial 156 Parada Cardíaca 156 U N I D A D t I V A Circulação C A P I T U L O 1 4 Visão Geral da Circulação; Física Médica da Pressão, Fluxo e Resistência 161 Características Físicas da Circulação 161 Teoria Básica da Função Circulatória 163 Inter-relações Entre Pressão, Fluxo e Resistência 164 Fluxo Sangüíneo 164 Pressão Sangüínea 166 Resistência ao Fluxo Sangüíneo 167 Efeitos da Pressão sobre a Resistência Vascular e Fluxo Sangüíneo Tecidual 170 C A P Í T U L O 1 5 Distensibilidade Vascular e Funções dos Sistemas Arterial e Venoso 171 Distensibilidade Vascular 171 Complacência Vascular (ou Capacitância Vascular) 171 Curvas de Volume-Pressão das Circulações Arterial e Venosa 172 Complacência Tardia (Estresse-Relaxamento) dos Vasos 172 Pulsações da Pressão Arterial 173 Transmissão dos Pulsos de Pressão para as Artérias Periféricas 174 Métodos Clínicos para as Medidas das Pressões Sistólica e Diastólica 175 Veias e Suas Funções 176 Pressões Venosas - Pressão Atrial Direita (Pressão Venosa Central) e Pressões Venosas Periféricas 176 Função de Reservatório de Sangue das Veias 179 C A P Í T U L O 1 6 A Microcirculação e o Sistema Linfático: Trocas Capilares, Líquido Intersticial e Fluxo de Linfa Estrutura da Microcirculação e do Sistema Capilar Fluxo de Sangue nos Capilares - Vasomotilidade Função Média do Sistema Capilar Ttoca de Água, Nutrientes e Outras Substâncias entre o Sangue e o Líquido Intersticial Difusão através da Membrana Capilar O Interstício e o Líquido Intersticial A Filtração de Líquido pelos Capilares é Determinada por Pressões Osmóticas e Hidrostáticas e Coloidais e pelo Coeficiente de Filtração Capilar Pressão Hidrostática Capilar Pressão Hidrostática do Líquido Intersticial Pressão Coloidosmótica do Plasma Pressão do Líquido Intersticial Coloidosmótica Trocas de Líquido através da Membrana Capilar 189 Equilíbrio de Starling para a Troca Capilar 189 Sistema Linfático 190 Canais Linfáticos do Corpo 190 Formação da Linfa 191 Intensidade do Fluxo Linfático 192 O Papel do Sistema Linfático no Controle da Concentração de Proteína, Volume e Pressão do Líquido Intersticial 193 C A P Í T U L O 1 7 Controle Local e Humoral do Fluxo Sangüíneo pelos Tecidos 195 Controle Local do Fluxo Sangüíneo em Resposta às Necessidades Teciduais 195 Mecanismos de Controle do Fluxo Sangüíneo 196 Controle Agudo do Fluxo Sangüíneo Local 196 Regulação do Fluxo Sangüíneo a Longo Prazo 200 Desenvolvimento de Circulação Colateral - Um Fenômeno a Longo Prazo da Regulação Local do Fluxo Sangüíneo 201 Controle Humoral da Circulação 201 Agentes Vasoconstritores 201 Agentes Vasodilatadores 202 Controle Vascular por íons e Outros Fatores Químicos 202 C A P Í T U L O 1 8 Regulação Nervosa da Circulação e o Controle Rápido da Pressão Arterial 204 Regulação Nervosa da Circulação 204 Sistema Nervoso Autônomo 204 181 181 182 183 183 183 184 185 186 187 188 188 Aesculapius Sumário xix O Papel do Sistema Nervoso no Controle Rápido da Pressão Arterial 208 Aumento na Pressão Arterial durante o Exercício Muscular e Outras Formas de Estresse 208 Mecanismos Reflexos para a Manutenção da Pressão Arterial Normal 209 Resposta Isquêmica do Sistema Nervoso Central - Controle da Pressão Arterial pelo Centro Vasomotor do Cérebro em Resposta à Diminuição do Fluxo Sangüíneo Cerebral 212 Aspectos Especiais do Controle Nervoso da Pressão Arterial 213 Papel dos Nervos e Músculos Esqueléticos no Aumento do Débito Cardíaco e da Pressão Arterial 213 Ondas Respiratórias na Pressão Arterial 214 Ondas “Vasomotoras” da Pressão Arterial - Oscilação dos Sistemas de Controle Reflexo da Pressão 214 C A P Í T U L O 1 9 O Papel Dominante dos Rins na Regulação a Longo Prazo da Pressão Arterial e na Hipertensão: O Sistema Integrado de Controle da Pressão 216 Sistema Rim-Líquidos Corporais para o Controle da Pressão Arterial 216 Quantificação da Diurese de Pressão como Base para o Controle da Pressão Arterial 217 A Hipertensão Crônica (Pressão Sangüínea Alta) é Causada pelo Déficit de Excreção Renal de Líquido 220 O Sistema Renina-Angiotensina: Seu Papel no Controle da Pressão e na Hipertensão 223 Componentes do Sistema Renina-Angiotensina 223 Tipos de Hipertensão nos Quais Ocorre Participação da Angiotensina: Hipertensão Causada por Tumor Secretor de Renina ou por Infusão de Angiotensina II 226 Outros Tipos de Hipertensão Causados por Combinações de Sobrecarga de Volume e de Vasoconstrição 227 “Hipertensão Primária (Essencial)” 228 Resumo do Sistema Integrado e Multifacetado para a Regulação da Pressão Arterial 230 C A P Í T U L O 2 0 Débito Cardíaco, Retorno Venoso e Suas Regulações 232 Valores Normais para o Débito Cardíaco em Repouso e durante a Atividade 232 Controle do Débito Cardíaco pelo Retorno Venoso - Papel do Mecanismo de Frank-Starling do Coração 232 A Regulação do Débito Cardíaco é a Soma das Regulações do Fluxo Sangüíneo em Todos os Tecidos Locais do Corpo - O Metabolismo Tecidual Regula a Maior Parte do Fluxo Sangüíneo Local 233 O Coração Tem Limites para o Débito Cardíaco que Pode Produzir 234 Qual é o Papel do Sistema Nervoso no Controle do Débito Cardíaco? 235 Débitos Cardíacos Patologicam ente Altos e Baixos 236 Débito Cardíaco Aumentado Causado pela Redução da Resistência Periférica Total 236 Débito Cardíaco Baixo 237 Uma Análise mais Quantitativa da Regulação do Débito Cardíaco 237 Curvas de Débito Cardíaco Utilizadas na Análise Quantitativa 237 Curvas do Retorno Venoso 238 Análise do Débito Cardíaco e da Pressão Atrial Direita Utilizando, Simultaneamente, as Curvas do Débito Cardíaco e do Retorno Venoso 241 Métodos de Medida do Débito Cardíaco 243 Débito Pulsátil do Coração Medido por Fluxômetro Eletromagnético ou Ultra-Sônico 243 Medida do Débito Cardíaco Utilizando o Princípio do Oxigênio de Fick 244 Método de Diluição de Indicador para a Medida do Débito Cardíaco 244 C A P Í T U L O 2 1 Fluxo Sangüíneo pelos Músculos e o Débito Cardíaco durante o Exercício; a Circulação Coronária e a Cardiopatia Isquêmica 246 Fluxo Sangüíneo pelo Músculo Esquelético e a Regulação do Fluxo Sangüíneo durante o Exercício 246 Freqüência do Fluxo Sangüíneo pelos Músculos 246 Controle do Fluxo Sangüíneo pelos Músculos Esqueléticos 247 Reajustes Circulatórios Corpóreos Totais durante o Exercício 247 Circulação Coronária 249 Anatomia Fisiológica do Aporte Sangüíneo Coronário 249 Fluxo Sangüíneo Coronário Normal 249 Controle do Fluxo Sangüíneo Coronário 250 Aspectos Especiais do Metabolismo do Músculo Cardíaco 251 Cardiopatia Isquêmica 252 Causas de Morte após a Oclusão Coronária Aguda 253 Estágios da Recuperação do Infarto Agudo do Miocárdio 254 Função do Coração após Recuperação de Infarto do Miocárdio 255 Dor na Coronariopatia 255 Tratamento Cirúrgico da Doença Coronária 256 C A P Í T U L O 2 2 Insuficiência Cardíaca 258 Dinâmica da Circulação na Insuficiência Cardíaca 258 Efeitos Agudos da Insuficiência Cardíaca Moderada 258 Aesculapius X X Sumário Estágio Crônico da Insuficiência - A Retenção de Líquidos Ajuda a Compensar o Débito Cardíaco Resumo das Alterações que Ocorrem após Insuficiência Cardíaca Aguda - “Insuficiência Cardíaca Compensada” Dinâmica da Insuficiência Cardíaca Grave - Insuficiência Cardíaca Descompensada Insuficiência Cardíaca Esquerda Unilateral 262 Insuficiência Cardíaca de Baixo Débito - Choque Cardiogênico 262 Edema em Pacientes com Insuficiência Cardíaca Reserva Cardíaca Método Gráfico Quantitativo de Análise da Insuficiência Cardíaca 259 260 260 263 264 C A P I T U L O 2 3 Valvas e Bulhas Cardíacas; Dinâmica dos Defeitos Cardíacos Valvulares e Congênitos Bulhas Cardíacos Bulhas Cardíacas Normais Lesões Valvulares Dinâmica Circulatória Anormal nas Valvulopatias Dinâmica da Circulação na Estenose Aórtica e na Regurgitação Aórtica Dinâmica da Estenose Mitral e da Regurgitação Mitral Dinâmica Circulatória durante o Exercício em Pacientes com Lesões Valvulares Dinâmica Circulatória Anormal nos Defeitos Cardíacos Congênitos Persistência do Canal Arterial - Uma Derivação Esquerda-Direita Tetralogia de Fallot - Uma Derivação Direita-Esquerda Causas das Anomalias Congênitas Utilização da Circulação Extracorpórea durante Cirurgias Cardíacas Hipertrofia Cardíaca nas Cardiopatias Valvulares e Congênitas C A P Í T U L O 2 4 Choque Circulatório e Fisiologia do Seu Tratamento Causas Fisiológicas do Choque Choque Circulatório Causado pela Diminuição do Débito Cardíaco Choque Circulatório que Ocorre sem Diminuição do Débito Cardíaco O Que Acontece com a Pressão Arterial no Choque Circulatório? Deterioração Tecidual é o Resultado Final do Choque Circulatório, Independente da Causa Estágios do Choque Choque Causado por Hipovolemia - Choque Hemorrágico Relação do Volume do Sangramento com o Débito Cardíaco e a Pressão Arterial Choque Hemorrágico Progressivo e Não-progressivo 265 269 269 269 271 272 272 273 273 274 274 274 276 276 276 278 278 278 278 279 279 279 279 279 280 Choque Irreversível Choque Hipovolêmico Causado pela Perda de Plasma Choque Hipovolêmico Causado por Traumatismo Choque Neurogênico - Aumento da Capacidade Vascular Choque Anafilático e Choque Histamínico Choque Séptico Fisiologia do Tratamento do Choque Terapia de Reposição Tratamento do Choque com Fármacos Simpatomiméticos - Algumas Vezes Úteis, Outras Vezes Não Outras Terapias Parada Circulatória Efeito da Parada Circulatória sobre o Cérebro U N I D A D E V Os Líquidos Corpóreos e os Rins C A P I T U L O 2 5 Os Compartimentos dos Líquidos Corporais: Líquidos Extracelular e Intracelular; Líquido Intersticial e Edema Entrada e Saída de Líquidos São Equilibradas em Condições Estáveis Ganho Diário de Água Perda Diária de Água do Corpo Compartimentos de Líquidos Corporais Compartimento de Líquido Intracelular Compartimento de Líquido Extracelular Volume Sangüíneo Constituintes dos Líquidos Extracelular e Intracelular As Composições lônicas do Plasma e do Líquido Intersticial São Similares Constituintes Importantes do Líquido Intracelular Medição dos Volumes dos Líquidos nos Diferentes Compartimentos do Corpo - O Princípio Indicador-Diluição Determinação do Volume de Diferentes Compartimentos de Líquidos Corpóreos Regulação da Troca de Líquidos e Equilíbrio Osmótico Entre os Líquidos Intracelular e Extracelular Princípios Básicos da Osmose e da Pressão Osmótica Um Equilíbrio Osmótico é Mantido entre os Líquidos Intracelular e Extracelular Volume e Osmolalidade dos Líquidos Extracelular e Intracelular em Estados Anormais Efeito da Adição de Solução Salina ao Líquido Extracelular Glicose e Outras Soluções Administradas com Objetivo Nutricional Anormalidades Clínicas na Regulação do Volume dos Líquidos: Hiponatremia e Hipernatremia 284 285 285 285 286 286 286 284 287 287 287 287 291 291 291 291 292 293 293 293 293 293 295 295 295 296 296 298 299 299 301 301 Aesculapius Sumário xxi Causas de Hiponatremia: Excesso de Água ou Perda de Sódio 301 Causas de Hipernatremia: Perda de Água ou Excesso de Sódio 302 Edema: Excesso de Líquido nos Tecidos 302 Edema Intracelular 302 Edema Extracelular 302 Resumo das Causas de Edema Extracelular 303 Fatores de Segurança que Normalmente Previnem o Edema 304 Resumo dos Fatores de Proteção Que Previnem o Edema 305 Líquidos nos “Espaços em Potencial” do Corpo 305 C A P Í T U L O 2 6 Formação de Urina pelos Rins: I. Filtração Glomerular, Fluxo Sangüíneo Renal e seus Controles 307 Múltiplas Funções dos Rins na Homeostase 307 Anatomia Fisiológica dos Rins 308 Organização Geral dos Rins e do Trato Urinário 308 Suprimento Sangüíneo Renal 309 O Néfron é a Unidade Funcional do Rim 310 Micção 311 Anatomia Fisiológica e Conexões Nervosas da Bexiga 311 Inervação da Bexiga 312 Transporte da Urina do Rim à Bexiga através dos Ureteres 312 Enchimento da Bexiga e Tônus da Parede Vesical; o Cistometrograma 312 Reflexo da Micção 313 Facilitação ou Inibição da Micção pelo Cérebro 313 Anormalidades da Micção 313 A Formação da Urina Resulta da Filtração Glomerular, Reabsorção Tubular e Secreção Tubular 314 Filtração, Reabsorção e Secreção de Diferentes Substâncias 315 Filtração Glomerular - O Primeiro Passo na Formação da Urina 316 Composição do Filtrado Glomerular 316 A TFG Corresponde a cerca de 20% do Fluxo Plasmático Renal 316 Membrana Capilar Glomerular 316 Determinantes da TFG 317 O Aumento no Coeficiente de Filtração Capilar Glomerular Eleva a TFG 318 A Pressão Hidrostática Aumentada na Cápsula de Bowman Diminui a TFG 318 A Pressão Coloidosmótica Capilar Aumentada Reduz a TFG 318 A Pressão Hidrostática Glomerular Aumentada Eleva a TFG 319 Fluxo Sangüíneo Renal 320 Fluxo Sangüíneo Renal e Consumo de Oxigênio 320 Determinantes do Fluxo Sangüíneo Renal 320 O Fluxo Sangüíneo nos Vasa Recta da Medula Renal é Muito Baixo, Comparado ao Fluxo no Córtex Renal 321 Controle Fisiológico da Filtração Glomerular e Fluxo Sangüíneo Renal 321 A Ativação do Sistema Nervoso Simpático Diminui a TFG 321 Controle Hormonal e Autacóide da Circulação Renal Auto-regulação da TFG e Fluxo Sangüíneo Renal A Importância da Auto-regulação da TFG na Prevenção de Alterações Extremas na Excreção Renal Papel do Feeafoac/cTubuloglomerular na Auto-regulação da TFG Auto-regulação Miogênica do Fluxo Sangüíneo Renal e TFG Outros Fatores que Aumentam o Fluxo Sangüíneo Renal e a TFG: Alta Ingestão Protéica e Glicose Sangüínea Aumentada C A P Í T U L O 2 7 Formação de Urina pelos Rins: II. Processamento Tiibular do Filtrado Glomerular Reabsorção e Secreção pelos Túbulos Renais A Reabsorção Tubular é Seletiva e Quantitativamente Grande A Reabsorção Tubular Inclui Mecanismos Passivos e Ativos Transporte Ativo A Reabsorção Passiva de Água por Osmose Está Acoplada Principalmente à Reabsorção de Sódio Reabsorção de Cloreto, Uréia e de Outros Solutos por Difusão Passiva Reabsorção e Secreção ao Longo de Porções Diferentes do Néfron Reabsorção Tubular Proximal Transporte de Soluto e Água na Alça de Henle Túbulo Distai Túbulo Distai Final e Túbulo Coletor Cortical Dueto Coletor Medular Resumo das Concentrações de Diferentes Solutos nos Diferentes Segmentos Tubulares Regulação da Reabsorção Tubular Equilíbrio Glomerulotubular - A Habilidade dos Túbulos em Aumentar a Taxa de Reabsorção em Resposta à Carga Tubular Áumentada Forças Físicas do Líquido Capilar Peritubular e Intersticial Renal Efeito da Pressão Arterial sobre o Débito Urinário - Os Mecanismos de Natriurese Pressórica e Diurese Pressórica Controle Hormonal da Reabsorção Tubular A Ativação do Sistema Nervoso Simpático Aumenta a Reabsorção de Sódio Uso de Métodos de Depuração para Quantificar a Função Renal A Depuração de Inulina Pode Ser Usada para Estimar a TFG A Depuração de Creatinina e a Concentração Plasmática de Creatinina Podem Ser Usadas para Estimar a TFG A Depuração de PAH Pode Ser Usada para Estimar o Fluxo Plasmático Renal 322 323 323 323 325 325 327 327 327 328 328 332 332 333 333 334 336 336 337 338 339 339 339 341 342 343 343 344 344 345 Aesculapius XXII Sumário A Fração de Filtração é Calculada a partir da TFG Dividida pelo Fluxo Plasmático Renal 346 Cálculo da Reabsorção ou Secreção Tubular a partir de Depurações Renais 346 C A P Í T U L O 2 8 Regulação da Osmolaridade e da Concentração de Sódio do Líquido Extracelular 348 Os Rins Excretam o Excesso de Água pela Produção de uma Urina Diluída 348 O Hormônio Antidiurético Controla a Concentração Urinária 348 Mecanismos Renais para a Excreção de uma Urina Diluída 349 Os Rins Conservam Água Excretando Urina Concentrada 350 Volume Urinário Obrigatório 350 Requerimentos para a Excreção de uma Urina Concentrada - Níveis Elevados do ADH e Medula Renal Hiperosmótica 350 O Mecanismo de Contracorrente Gera um Interstício Medular Renal Hiperosmótico 351 Papel do Túbulo Distai e dos Duetos Coletores na Excreção de Urina Concentrada 352 A Uréia contribui para um Interstício Medular Renal Hiperosmótico e para a Formação de Urina Concentrada 353 A Troca por Contracorrente nos Vasa Recta Mantém a Hiperosmolaridade da Medula Renal 354 Resumo do Mecanismo de Concentração Urinária e Alterações na Osmolaridade em Diferentes Segmentos dos Túbulos 355 Quantificação da Concentração e Diluição de Urina pelos Rins: “Água Livre” e Depurações Osmolares 357 Distúrbios da Capacidade de Concentração Urinária 357 Controle da Osmolaridade e da Concentração de Sódio do Líquido Extracelular 358 Estimativa da Osmolaridade Plasmática a partir da Concentração de Sódio no Plasma 358 Sistema de Feedback Osmorreceptor-ADH 358 Síntese de ADH pelos Núcleos Supra-ópticos e Paraventriculares do Hipotálamo e Liberação de ADH pela Glândula Hipófise Posterior 359 Estimulação Reflexa Cardiovascular da Liberação do ADH pela Queda na Pressão Arterial e/ou no Volume Sangüíneo 360 Importância Quantitativa dos Reflexos Cardiovasculares e da Osmolaridade na Estimulação da Secreção de ADH 360 Outros Estímulos para a Secreção de ADH 360 O Papel da Sede no Controle da Osmolaridade e da Concentração de Sódio do Líquido Extracelular 361 Centros da Sede no Sistema Nervoso Central 361 Estímulos para a Sede 361 Limiar para o Estímulo Osmolar da Ingestão de Água 362 Respostas Integradás dos Mecanismos Osmorreceptor-ADH e da Sede no Controle da Osmolaridade e da Concentração de Sódio do Líquido Extracelular 362 Papel da Angiotensina II e da Aldosterona no Controle da Osmolaridade do Líquido Extracelular e da Concentração do Sódio 362 Mecanismo de Apetite pelo Sal para o Controle do Volume e da Concentração de Sódio no Líquido Extracelular 363 C A P Í T U L O 2 9 Regulação Renal de Potássio, Cálcio, Fosfato e Magnésio; Integração dos Mecanismos Renais para o Controle dos Volumes do Sangue e do Líquido Extracelular 365 Regulação da Excreção e Concentração de Potássio no Líquido Extracelular 365 Regulação da Distribuição Interna de Potássio 366 Visão Geral da Excreção Renal de Potássio 367 Secreção de Potássio pelas Células Principais dos Túbulos Coletores Corticais Distais Finais 367 Resumo dos Fatores Responsáveis que Regulam a Secreção de Potássio: Concentração Plasmática de Potássio, Aldosterona, Taxa de Fluxo Tubular e Concentração do íon Hidrogênio 368 Controle da Excreção Renal de Cálcio e da Concentração de íon Cálcio Extracelular 371 Controle da Excreção de Cálcio pelos Rins 372 Regulação da Excreção Renal de Fosfato 372 Controle da Excreção Renal de Magnésio e da Concentração do íon Magnésio Extracelular 373 Integração dos Mecanismos Renais para o Controle do Líquido Extracelular 373 A Excreção de Sódio É Precisamente Equiparada à Ingestão Sob Condições Estáveis 373 Controle da Excreção do Sódio por Alteração nas Taxas de Filtração Glomerular ou Reabsorção Tubular de Sódio 374 A Importância da Natriurese por Pressão e da Diurese por Pressão na Manutenção do Equilíbrio de Sódio e Água no Corpo 374 Natriurese e Diurese por Pressão como Componentes Essenciais do Feedback Rim-Líquidos Corpóreos para a Regulação do Volume dos Líquidos Corpóreos e da Pressão Arterial 375 Precisão da Regulação dos Volumes de Sangue e do Líquido Extracelular 376 Distribuição do Líquido Extracelular entre os Espaços Intersticiais e o Sistema Vascular 376 Fatores Nervosos e Hormonais Responsáveis pelo Aumento na Eficácia do Controle do Rim-Líquidos Corpóreos por Feedback 377 Controle da Excreção Renal pelo Sistema Nervoso Simpático: Reflexos dos Barorreceptores Arteriais e dos Reflexos dos Receptores de Estiramento de Baixa Pressão 377 O Papel da Angiotensina II no Controle da Excreção Renal 377 Aesculapius Sumário XXll l O Papel da Aldosterona no Controle da Excreção Renal 378 O Papel do ADH no Controle da Excreção Renal de Água 379 O Papel do Peptídio Natriurético Atrial no Controle da Excreção Renal 378 Respostas Integradas às Alterações na Ingestão de Sódio 380 Condições que Causam Grandes Aumentos dos Volumes de Sangue e de Líquido Extracelular 380 Aumento dos Volumes de Sangue e de Líquido Extracelular Causados por Cardiopatias 380 Aumento do Volume Sangüíneo Causado por uma Capacidade de Circulação Elevada 380 Condições que Causam Grandes Aumentos do Volume de Líquido Extracelular mas com Volume Sangüíneo Normal 381 Síndrome Nefrótica - Perda das Proteínas Plasmáticas na Urina e Retenção de Sódio pelos Rins 381 Cirrose Hepática - Síntese Diminuída de Proteínas Plasmáticas pelo Fígado e Retenção de Sódio pelos Rins 381 C A P Í T U L O , 3 0 Regulação do Equilíbrio Ácido-Base 383 A Concentração do íon Hidrogênio é Precisamente Regulada 383 Ácidos e Bases - Definições e Significados 383 Defesas contra Mudanças na Concentração do íon Hidrogênio: Tampões, Pulmões e Rins 384 Tamponamento de íons Hidrogênio nos Líquidos Corporais 385 Sistema-Tampão do Bicarbonato 385 Tamponamento de íons Hidrogênio nos Líquidos Corporais 385 Sistema-Tampão do Bicarbonato 385 Dinâmica Quantitativa do Sistema-Tampão' de Bicarbonato 385 Sistema-Tampão do Fosfato 387 Proteínas: Importantes Tampões Intracelulares 387 Princípio Isoídrico: Todos os Tampões em uma Solução Comum Estão em Equilíbrio com a Mesma Concentração de íons Hidrogênio 388 Regulação Respiratória do Equilíbrio Ácido-Base 388 A Experiração Pulmonar de C 02 Equilibra a Formação Metabólica de C 02 388 O Aumento da Ventilação Alveolar Diminui a Concentração de lons Hidrogênio do Líquido Extracelular e Aumenta o pH 388 O Aumento da Concentração de íon Hidrogênio Estimula a Ventilação Alveolar 389 Controle Renal do Equilíbrio Ácido-Base 390 Secreção de íons Hidrogênio e Reabsorção de íons Bicarbonato pelos Túbulos Renais 390 Os íons Hidrogênio São Secretados por Transporte Ativo Secundário nos Segmentos Tubulares Iniciais . 391 Os íons Bicarbonato Filtrados São Reabsorvidos pela Interação com íons Hidrogênio nos Túbulos , 391 Secreção Ativa Primária de íons Hidrogênio nas Células Intercaladas do Final dos Túbulos Distais e Coletores 392 Combinação de Excesso de íons Hidrogênio com Tampões de Fosfato e Amónia no Túbulo - Um Mecanismo para Gerar “Novos” íons Bicarbonato 392 O Sistema-Tampão de Fosfato Transporta o Excesso de íons Hidrogênio para a Urina e Gera Novo Bicarbonato 393 Excreção de íons Hidrogênio em Excesso e Geração de Novo Bicarbonato pelo Sistema-Tampão de Amónia 393 Quantificando a Excreção Ácido-Base Renal 394 Regulação da Secreção Tubular Renal de íons Hidrogênio 395 Correção Renal da Acidose - Maior Excreção de íons Hidrogênio e Adição de íons Bicarbonato ao Líquido Extracelular 396 A Acidose Diminui a Proporção de HC03'/H+ no Líquido Tubular Renal 396 Correção Renal da Alcalose - Diminuição da Secreção Tubular de íons Hidrogênio e Aumento da Excreção de íons Bicarbonato 396 A Alcalose Aumenta a Proporção de HC03VH+ no Líquido Tubular Renal 396 Causas Clínicas dos Distúrbios Acidobásicos 397 A Acidose Respiratória é Causada por Ventilação Diminuída e PC02 Áumentada 397 A Alcalose Respiratória é Causada por Ventilação Aumentada e PC02 Diminuída 397 A Acidose Metabólica Resulta de Menor Concentração de Bicarbonato no Líquido Extracelular 397 A Alcalose Metabólica é Causada pela Maior Concentração de Bicarbonato no Líquido Extracelular 398 Tratamento da Acidose ou da Alcalose 398 Medidas Clínicas de Análise dos Distúrbios Acidobásicos 398 Distúrbios Acidobásicos Complexos e Uso de Nomograma Acidobásico para o Diagnóstico 399 O Uso do Hiato Aniônico (Anion Gap) para Diagnosticar Distúrbios Acidobásicos 400 C A P I T U L O 3 1 Doenças Renais e Diuréticos 402 Diuréticos e seus Mecanismos de Ação 402 Os Diuréticos Osmóticos Diminuem a Reabsorção de Água por Aumentarem a Pressão Osmótica do Líquido Tubular 402 Diuréticos de “Alça” Reduzem a Reabsorção Ativa de Sódio-Cloreto-Potássio na Alça Ascendente Espessa de Henle 403 Os Diuréticos Tiazídicos Inibem a Reabsorção de Sódio-Cloreto no Túbulo Distai Inicial 404 Os Inibidores da Anidrase Carbônica Bloqueiam a Reabsorção de Sódio-Bicarbonato nos Túbulos Proximais 404 Aesculapius xxiv Sumário Os Inibidores Competitivos da Aldosterona Diminuem a Reabsorção de Sódio e a Secreção de Potássio pelo Túbulo Coletor Cortical 404 Os Diuréticos que Bloqueiam os Canais de Sódio nos Túbulos Coletores Diminuem a Reabsorção de Sódio 404 Doenças Renais 404 Insuficiência Renal Aguda 404 Insuficiência Renal Aguda Pré-renal Causada por Menor Fluxo Sangüíneo para o Rim 405 Insuficiência Renal Aguda Intra-Renal Causada por Anormalidades no Interior do Rim 405 Insuficiência Renal Aguda Pós-renal Causada por Anormalidades do Trato Urinário Inferior 406 Efeitos Fisiológicos da Insuficiência Renal Aguda 406 Insuficiência Renal Crônica: Uma Redução Irreversível no Número de Néfrons Funcionais 406 O Círculo Vicioso da Insuficiência Renal Crônica Leva à Doença Renal Terminal 407 Lesão da Vasculatura Renal como Causa de Insuficiência Renal Crônica 408 Lesão dos Glomérulos como Causa de Insuficiência Renal Crônica - Glomerulonefrite 408 Lesão do Interstício Renal como Causa de Insuficiência Renal Crônica - Pielonefrite 409 Síndrome Nefrótica - Excreção de Proteína na Urina devida ao Aumento na Permeabilidade Glomerular 409 A Função do Néfron na Insuficiência Renal Crônica 409 Efeitos da Insuficiência Renal sobre os Líquidos Corpóreos - Uremia 411 Hipertensão e Doença Renal 412 Distúrbios Tubulares Específicos 413 Tratamento da Insuficiência Renal por Diálise com um Rim Artificial 414 U N I D A D E V I Células Sangüíneas, Imunidade e Coagulação Sangüínea C A P I T U L O 3 2 Hemácias, Anemia e Policitemia 419 Hemácias (Eritrócitos) 419 Produção de Hemácias 420 Formação da Hemoglobina 424 Metabolismo do Ferro 425 Meia-Vida e Destruição das Hemácias 426 Anemias 426 Efeitos da Anemia sobre o Sistema Circulatório 427 Policitemia 427 Efeito da Policitemia sobre o Funcionamento do Sistema Circulatório 428 C A P Í T U L O 3 3 Resistência do Corpo à Infecção: I. Leucócitos, Granulócitos, Sistema Monocítico-Macrofágico e Inflamação 429 Leucócitos (Glóbulos Brancos) 429 Características Gerais dos Leucócitos 429 Gênese dos Leucócitos Tempo de Vida dos Leucócitos Os Neutrófilos e Macrófagos Fazem a Defesa contra as Infecções Fagocitose O Sistema Celular Monocítico-Macrofágico (Sistema Reticuloendotelial) Inflamação: O Papel dos Neutrófilos e Macrófagos Inflamação Respostas dos Macrófagos e Neutrófilos durante a Inflamação Eosinófilos Basófilos Leucopenia As Leucemias Efeitos da Leucemia sobre o Corpo C A P Í T U L O 3 4 Resistência do Corpo à Infecção: II. Imunidade e Alergia Imunidade Inata Imunidade Adquirida (Adaptativa) Tipos Básicos de Imunidade Adquirida Ambos os Tipos de Imunidade Adquirida São Desencadeados por Antígenos Os Linfócitos São Responsáveis pela Imunidade Adquirida Pré-processamento dos Linfócitos T e B Linfócitos T e Anticorpos dos Linfócitos B Reagem de Modo Extremamente Específicos - O Papel dos Clones de Linfócitos Origem dos Diversos Clones de Linfócitos Atributos Específicos do Sistema dos Linfócitos B - A Imunidade Humoral e os Anticorpos Atributos Especiais do Sistema dos Linfócitos T - Células T Ativadas e Imunidade Mediada por Células Vários Tipos de Células T e Suas Diferentes Funções Tolerância do Sistema de Imunidade Adquirida aos Tecidos da Própria Pessoa - O Papel do Pré-processamento no Timo e na Medula Óssea Imunização pela Injeção de Antígenos Imunidade Passiva Alergia e Hipersensibilidade Alergia Causada por Células T Ativadas: Alergia de Ação Retardada Alergias no Indivíduo “Alérgico” Que Tem Excesso de Anticorpos IgE C A P Í T U L O 3 5 Tipos Sangüíneos; Transfusão; Transplante de Tecidos e de Órgãos A Antigenicidade Causa Reações Imunes do Sangue Tipos Sangüíneos ABO Antígenos A e B - Aglutinogênios Aglutininas Processo da Aglutinação nas Reações de Transfusão Tipagem Sangüínea 430 431 431 431 432 434 434 434 436 436 436 437 437 439 439 439 440 440 440 440 442 442 443 446 446 448 448 449 449 449 449 451 451 451 451 452 452 453 Aesculapius Sumário XXV Tipos Sangüíneos Rh 453 Resposta Imune Rh 453 Reações de Transfusão Resultantes de Tipos Sangüíneos Não-compatíveis 454 Transplante de Tecidos e de Órgãos 455 Tentativas de Superar as Reações Imunes no Tecido Transplantado 455 C A P Í T U L O 3 6 Hemostasia e Coagulação Sangüínea 457 Eventos na Hemostasia 457 Constrição Vascular 457 Formação do Tampão Plaquetário 457 Coagulação Sangüínea no Vaso Lesado 458 Organização Fibrosa ou Dissolução do Coágulo Sangüíneo 458 Mecanismo da Coagulação Sangüínea 459 Conversão de Protrombina em Trombina 459 Conversão do Fibrinogênio em Fibrina - Formação do Coágulo 460 Círculo Vicioso de Formação do Coágulo 460 Desencadeamento da Coagulação: Formação do Ativador da Protrombina 461 Prevenção da Coagulação Sangüínea no Sistema Vascular Normal - Anticoagulantes Intravasculares 463 Lise dos Coágulos Sangüíneos - Plasmina 464 Condições que Causam Sangramento Excessivo nos Seres Humanos 464 Diminuição de Protrombina, Fator VII, Fator IX e Fator X Causada pela Deficiência de Vitamina K 464 Hemofilia 465 Trombocitopenia 465 Condições Ttomboembólicas no Ser Humano 465 Trombose Venosa Femoral e Embolia Pulmonar Maciça 466 Coagulação Intravascular Disseminada 466 Anticoagulantes para Uso Clínico 466 Heparina como Anticoagulante Intravenoso 466 Cumarínicos como Anticoagulantes 466 Prevenção da Coagulação Sangüínea Fora do Corpo 466 Testes de Coagulação Sangüínea 467 Tempo de Sangramento 467 Tempo de Coagulação 467 Tempo de Protrombina 467 U N I D A D Respiração V I I 3 7C A P I T U L O Ventilação Pulmonar Mecânica da Ventilação Pulmonar Músculos que Produzem a Expansão e a Contração Pulmonares Movimento do Ar para Dentro e para Fora dos Pulmões e as Pressões que Causam o Movimento Efeito da Caixa Torácica na Expansibilidade Pulmonar 471 471 471 472 474 Volumes e Capacidades Pulmonares 475 Registro das Mudanças no Volume Pulmonar - Espirometria 475 Abreviações e Símbolos Usados nos Estudos de Função Pulmonar 476 Determinação da Capacidade Residual Funcional, Volume Residual e Capacidade Pulmonar Total - Método de Diluição do Hélio 476 A Ventilação-Minuto é Igual à Freqüência Respiratória Vezes Volume Corrente 477 Ventilação Alveolar 477 “Espaço Morto” e seu Efeito na Ventilação Alveolar 477 Taxa de Ventilação Alveolar 478 Funções das Vias Respiratórias 478 Traquéia, Brônquios e Bronquíolos 478 Funções Respiratórias Normais do Nariz 480 Vocalização 481 C A P Í T U L O 3 8 Circulação Pulmonar, Edema Pulmonar, Líquido Pleural 483 Anatomia Fisiológica do Sistema Circulatório Pulmonar 483 Pressões no Sistema Pulmonar 483 Volume Sangüíneo dos Pulmões 484 O Fluxo de Sangue através dos Pulmões e sua Distribuição 485 Efeito dos Gradientes de Pressão Hidrostática nos Pulmões sobre o Fluxo Sangüíneo Regional Pulmonar 485 Zonas 1, 2 e 3 de Fluxo Sangüíneo Pulmonar 485 Efeito do Aumento do Débito Cardíaco sobre o Fluxo Sangüíneo Pulmonar e Pressão Arterial Pulmonar durante o Exercício Intenso 486 Função da Circulação Pulmonar Quando a Pressão Atrial Esquerda se Eleva como Resultado de uma Insuficiência Cardíaca Esquerda 487 Dinâmica do Capilar Pulmonar 487 Troca de Líquidos nos Capilares Pulmonares e Dinâmica dos Líquidos no Interstício Pulmonar 487 Edema Pulmonar 488 Líquido na Cavidade Pleural 489 C A P Í T U L O 3 9 Princípios Físicos da Troca Gasosa; Difusão de Oxigênio e Dióxido de Carbono através da Membrana Respiratória 491 Física da Difusão Gasosa e Pressões Parciais dos Gases 491 Base Molecular da Difusão Gasosa 491 Pressões Gasosas em uma Mistura de Gases - “Pressões Parciais” de Gases Individuais 491 Pressão dos Gases Dissolvidos na Água e nos Tecidos _ 492 Pressão de Vapor da Água 492 Difusão de Gases Através dos Líquidos - A Diferença de Pressão Causa a Difusão Resultante 493 Aesculapius X X V i Sumário Difusão dos Gases através dos Tecidos 493 Composição do Ar Alveolar - Sua Relação com o Ar Atmosférico 493 Taxa em que o Ar Alveolar é Renovado pelo Ar Atmosférico 494 Concentração de Oxigênio e Pressão Parcial nos Alvéolos 494 Concentração e Pressão Parcial do C 02 nos Alvéolos 495 Ar Expirado 495 Difusão de Gases através da Membrana Respiratória 496 Fatores que Afetam a Taxa de Difusão Gasosa através da Membrana Respiratória 498 Capacidade de Difusão da Membrana Respiratória 498 Efeito da Razão Ventilação-Perfusão na Concentração de Gás Alveolar 499 Diagrama de VA/Q Po2-Pco2, 500 Conceito de “Desvio Fisiológico” (Quando VA/Q Está Abaixo do Normal) 500 Conceito do “Espaço Morto Fisiológico” (Quando VA/Q Estiver Acima do Normal) 500 Anormalidades da Relação Ventilação-Perfusão 501 C A P Í T U L O 4 0 Transporte de Oxigênio e Dióxido de Carbono no Sangue e nos Líquidos Teciduais 502 Transporte de Oxigênio dos Pulmões para os Tecidos Corporais 502 Difusão do Oxigênio dos Alvéolos para o Sangue Capilar Pulmonar 502 Transporte de Oxigênio no Sangue Arterial 503 Difusão de Oxigênio dos Capilares Pulmonares para o Líquido Tecidual 503 Difusão de Oxigênio dos Capilares Periféricos para as Células Teciduais 504 Difusão de Dióxido de Carbono das Células Teciduais Periféricas para os Capilares e dos Capilares Pulmonares para os Alvéolos 504 O Papel da Hemoglobina no Transporte de Oxigênio 505 Combinação Reversível de Oxigênio com Hemoglobina 505 Efeito “Tampão" da Hemoglobina na P02 Tecidual 507 Fatores que Desviam a Curva de Dissociação de Oxigênio-Hemoglobina - Sua Importância no Transporte do Oxigênio 507 Utilização Metabólica do Oxigênio Pelas Células 508 Transporte de Oxigênio em Estado Dissolvido 509 Combinação de Hemoglobina com Monóxido de Carbono - Deslocamento do Oxigênio 509 Transporte de Dióxido de Carbono no Sangue 510 Formas Químicas nas Quais o Dióxido de Carbono é Transportado 510 Curva de Dissociação do Dióxido de Carbono 511 Quando o Oxigênio se Liga à Hemoglobina, o Dióxido de Carbono é Liberado (Efeito Haldane) Aumentando o Transporte de Co2 511 Mudança na Acidez do Sangue durante o Transporte de Dióxido de Carbono 512 Relação de Troca Respiratória 512 C A P I T U L O 4 1 Regulação da Respiração Centro Respiratório Grupo Respiratório Dorsal de Neurônios - Seu Controle na Inspiração e no Ritmo Respiratório Limitação do Período da Inspiração e Aumento da Freqüência Respiratória por um Centro Pneumotáxico Grupo Respiratório Ventral de Neurônios - Funções Tanto na Inspiração como na Expiração Sinais de Insuflação Pulmonar Limitam a Inspiração - O Reflexo de Insuflação de Hering-Breuer Controle da Atividade Global do Centro Respiratório Controle Químico da Respiração Controle Químico Direto da Atividade do Centro Respiratório pelo Dióxido de Carbono e pelos íons de Hidrogênio Sistema Quimiorreceptor Periférico para o Controle da Atividade Respiratória - O Papel do Oxigênio no Controle Respiratório Ventilação Alveolar pela Baixa P02 Arterial em Caso de Manutenção na Normalidade nas Concentrações Arteriais do Dióxido de Carbono e dos íons de Hidrogênio Estimulação Ainda Maior da Respiração pela Inalação Crônica de Baixos Níveis de Oxigênio - O Fenômeno de “Aclimatização” Efeitos Mistos da PC02, do pH e da P 02 sobre a Ventilação Alveolar Regulação da Respiração Durante o Exercício Físico Outros Fatores Influenciam a Respiração Respiração Periódica Apnéia do Sono C A P Í T U L O 4 2 Insuficiência Respiratória - Fisiopatologia, Diagnóstico, Terapia com Oxigênio Métodos Úteis no Estudo das Anormalidades Respiratórias Estudo dos Gases e do pH Sangüíneos Medida do Fluxo Expiratório Máximo Capacidade Vital Expiratória Forçada e Volume Expiratório Forçado Peculiaridades Fisiológicas de Anormalidades Pulmonares Específicas Enfisema Pulmonar Crônico Pneumonia Atelectasia Asma Tuberculose Hipoxia e Terapia com Oxigênio Terapia com Oxigênio em Diferentes Tipos de Hipoxia Cianose Hipercapnia Dispnéia Respiração Artificial 514 514 514 514 515 515 516 516 516 518 519 519 519 520 521 522 522 524 524 524 525 526 526 526 527 528 529 530 530 530 531 531 532 532 Aesculapius Sumário XXVÜ U N I D A D E V I I I Fisiologia em Aviação, Espaço Aéreo e Mergulho em Alto Mar C A P I T U L O 4 3 Fisiologia em Aviação, Altas Altitudes e Espacial 537 Efeitos da Baixa Pressão de Oxigênio sobre o Corpo 537 P02 Alveolar em Diferentes Altitudes 538 0 Efeito de Respirar Oxigênio Puro sobre a P02 Alveolar em Diferentes Altitudes 538 Efeitos Agudos da Hipoxia 538 Aclimatação à Baixa P02 ' 539 Aclimatação Natural dos Seres Humanos Nativos que Vivem em Altas Altitudes 540 Capacidade de Trabalho Reduzida em Altas Altitudes e o Efeito Positivo da Aclimatação 540 Doença Aguda das Montanhas e Edema Pulmonar de Alta Altitude 540 Doença Crônica das Montanhas 541 Efeitos das Forças de Aceleração sobre o Corpo em Fisiologia Aeroespacial 541 Forças de Aceleração Centrífuga 541 Efeitos de Forças de Aceleração Linear sobre o Corpo 542 “Clima Artificial” na Espaçonave Vedada 543 Imponderabilidade no Espaço 543 C A P Í T U L O 4 4 Fisiologia de Mergulho Marítimo Profundo e Outras Condições Hiperbáricas 545 Efeitos de Altas Pressões Parciais de Gases Individuais sobre o Organismo 545 Narcose por Nitrogênio em Altas Pressões de Nitrogênio 545 Toxicidade do Oxigênio em Altas Pressões 546 Toxicidade pelo Dióxido de Carbono a Grandes Profundezas no Mar 547 Descompressão do Mergulhador após Exposição Excessiva a Alta Pressão 547 Mergulho Autônomo (com Scuba: Self contained Underwater Breathing Apparatus) 549 Problemas Fisiológicos Especiais em Submarinos 550 Oxigenoterapia Hiperbárica 550 U N I D A D E I X O Sistema Nervoso: A. Princípios Gerais e Fisiologia Sensorial C A P I T U L O 4 5 Organização do Sistema Nervoso Central, Funções Básicas das Sinapses e “Substâncias Neurotransmissoras” 555 Plano Geral do Sistema Nervoso 555 Neurônio do Sistema Nervoso Central: A Unidade Funcional Básica Divisão Sensorial do Sistema Nervoso - Os Receptores Sensoriais Divisão Motora do Sistema Nervoso - Os Efetores Processamento de Informações - Função “Integrativa” do Sistema Nervoso Armazenamento da Informação - Memória Principais Níveis Funcionais do Sistema Nervoso Central Nível da Medula Espinhal Nível Cerebral Inferior ou Subcortical Nível Cerebral Superior ou Cortical Comparação do Sistema Nervoso com um Computador Sinapses do Sistema Nervoso Central Tipos de Sinapses - Químicas e Elétricas Anatomia Fisiológica da Sinapse Substâncias Químicas que Funcionam como Transmissores Sinápticos Eventos Elétricos durante a Excitação Neuronal Eventos Elétricos durante a Inibição Neuronal Funções Especiais dos Dendritos na Excitação Neuronal Relação entre Estado de Excitação do Neurônio e Freqüência Disparo Algumas Características Especiais da Transmissão Sináptica C A P I T U L O 4 6 Receptores Sensoriais e Circuitos Neuronais para o Processamento das Informações Tipos de Receptores Sensoriais e os Estímulos Sensoriais que Eles Detectam Sensibilidade Diferencial dos Receptores TVansdução dos Estímulos Sensoriais em Impulsos Nervosos Correntes Elétricas Locais nas Terminações Nervosas - Potenciais Receptores Adaptação dos Receptores Fibras Nervosas que Transmitem Diferentes Tipos de Sinais e sua Classificação Fisiológica Transmissão de Sinais de Diferentes Intensidades nos Tratos Nervosos - Somação Espacial e Temporal Transmissão e Processamento dos Sinais em Agrupamentos Neuronais Transmissão de Sinais através de Agrupamentos Neuronais Prolongamento de um Sinal por um Agrupamento Neuronal - “Pós-descarga” Instabilidade e Estabilidade de Circuitos Neuronais Circuitos Inibitórios como um Mecanismo para a Estabilização da Função do Sistema Nervoso Fadiga Sináptica como uma Maneira de Estabilizar o Sistema Nervoso 555 555 556 556 557 557 557 558 558 558 559 559 559 562 564 566 568 569 570 572 572 572 573 573 575 576 577 578 579 581 583 583 583 Aesculapius xxviii Sumário C A P I T U L O 4 7 Sensações Somáticas: I. Organização Geral, as Sensações de Tato e de Posição Corporal 585 CLASSIFICAÇÃO DAS SENSAÇÕES SOMÁTICAS 585 Detecção e Transmissão das Sensações Táteis 585 Detecção da Vibração 587 CÓCEGAS E PRURIDO 587 Vias Sensoriais para a Transmissão dos Sinais Somáticos até o Sistema Nervoso Central 587 Sistema da Coluna Dorsal-Lemnisco Medial 588 Sistema Ântero-lateral 588 Transmissão no Sistema da Coluna Dorsal-Lemnisco Medial 588 Anatomia no Sistema da Coluna Dorsal-Lemnisco Medial 588 Çórtex Somatossensorial 589 Áreas de Associação Somatossensoriais 592 Características Gerais da Transmissão e da Análise do Sinal no Sistema da Coluna Dorsal-Lemnisco Medial 592 Interpretação da Intensidade do Estímulo Sensorial 593 Avaliação da Intensidade do Estímulo 594 Sensações de Posição 594 Transmissão dos Sinais Sensoriais Menos Críticos na Via Ântero-lateral 595 Anatomia da Via Ântero-lateral 595 Alguns Aspectos Especiais da Função Somatossensorial 596 Função do Tálamo na Sensação Somática 596 Controle Cortical da Sensibilidade Sensorial - Sinais “Corticífugos” 597 Campos Segmentares de Sensação - Os Dermátomos 597 C A P Í T U L O 4 8 Sensações Somáticas: II. Dor, Cefaléia e Sensações Térmicas 598 Tipos de Dor e Suas Qualidades - Dor Rápida e Dor Lenta 598 Receptores para Dor e Sua Estimulação 598 Velocidade da Lesão Tecidual como um Estímulo para a Dor 599 Vias Duplas para a Transmissão dos Sinais Dolorosos ao Sistema Nervoso Central 600 Vias Duplas para a Dor na Medula Espinhal e no Tronco Cerebral - O Trato Neoespinotalâmico e o Trato Paleoespinotalâmico 600 Sistema de Supressão da Dor (“Analgesia”) no Encéfalo e na Medula Espinhal 602 Sistema Opióide Encefálico - Endorfinas e Encefalinas 602 Inibição da Transmissão da Dor por Sinais Sensoriais Táteis Simultâneos 603 Tratamento da Dor por Estimulação Elétrica 603 Dor Referida 603 Dor Visceral 603 Causas da Dor Visceral Verdadeira 604 “Dor Parietal” Causada por Doença Visceral Localização da Dor Visceral - Vias de Transmissão da Dor “Visceral” e da Dor “Parietal” Algumas Anormalidades Clínicas da Dor e Outras Sensações Somáticas Hiperalgesia Herpes Zoster (Cobreiro) Tique Doloroso Síndrome de Brown-Séquard Cefaléia Cefaléia de Origem Intracraniana Tipos de Cefaléia Extracraniana Sensações Térmicas Receptores Térmicos e Sua Excitação Transmissão dos Sinais Térmicos no Sistema Nervoso U N I D A D E X O Sistema Nervoso: B. Os Orgãos Especiais dos Sentidos C A P I T U L O 4 9 O Olho: I. Óptica da Visão Princípios Físicos da Óptica Refração da Luz Aplicação dos Princípios Refrativos às Lentes Distância Focal de uma Lente Formação de uma Imagem por uma Lente Convexa Medida do Poder Refrativo de uma Lente - “Dioptria” Óptica do Olho O Olho como Câmera Mecanismo de “Acomodação” Diâmetro Pupilar Erros de Refração Acuidade Visual Determinação da Distância de um Objeto em Relação ao Olho - ‘‘Percepção de Profundidade” Oftalmoscópio Sistema de Líquidos do Olho - Líquido Intra-ocular Formação do Humor Aquoso pelo Corpo Ciliar Saída do Humor Aquoso do Olho Pressão Intra-Ocular C A P Í T U L O 5 0 O Olho: II. Função Receptora e Neural da Retina Anatomia e Função dos Elementos Estruturais da Retina Fotoquímica da Visão Ciclo Visual da Rodopsina-Retinal e Excitação dos Bastonetes Regulação Automática da Sensibilidade da Retina - Adaptação à Luz e ao Escuro Visão Colorida Mecanismo Tricomático de Detecção de Cores Cegueira para Cores 6 0 4 604 605 605 605 605 606 606 606 607 607 607 609 613 613 613 613 615 616 616 617 617 617 618 619 621 621 622 623 623 623 624 626 626 628 629 631 632 632 633 Aesculapius Sumário J i ( l Função Neural da Retina 633 Circuito Neural da Retina 633 Células Ganglionares e Fibras do Nervo Óptico 636 Excitação das Células Ganglionares 637 C A P Í T U L O 5 1 O Olho: III. Neurofisiologia Central da Visão 640 Vias Visuais 640 Função do Núcleo Geniculado Dorsolateral do Tálamo 640 Organização e Função do Córtex Visual 641 Estrutura em Camadas do Córtex Visual Primário 642 Duas Vias Principais para Análise de Informação Visual - (1) A Via Rápida para “Posição” e “Movimento”; (2) A Via Colorida Precisa 643 Padrões Neuronais de Estimulação durante Análise da Imagem Visual 643 Detecção de Cores 644 Efeito da Remoção do Córtex Visual Primário 644 Campos Visuais; Perimetria 644 Movimentos Oculares e Seu Controle 645 Movimentos de Fixação dos Olhos 645 “Fusão” das Imagens Visuais dos Dois Olhos 647 Controle Autônomo da Acomodação e da Abertura Pupilar 648 Controle da Acomodação (Focalização dos Olhos) 649 Controle do Diâmetro Pupilar 649 C A P Í T U L O 5 2 O Sentido da Audição 651 Membrana Timpânica e o Sistema Ossicular 651 A Condução Sonora da Membrana Timpânica para a Cóclea 651 Transmissão do Som Através do Osso 652 Cóclea 652 Anatomia Funcional da Cóclea 652 Transmissão de Ondas Sonoras na Cóclea - “Propagação das Ondas”654 Função do Órgão de Corti 655 Determinação da Freqüência do Som - O Princípio do “Lugar” 656 Determinação da Intensidade 656 Mecanismos Auditivos Centrais 657 Vias Nervosas Auditivas 657 Função do Córtex Cerebral na Audição 658 Determinação da Direção da Qual Vem o Som 660 Sinais Centrífugos do Sistema Nervoso Central para os Centros Auditivos Inferiores 660 Anormalidades da Audição 660 Tipos de Surdez 660 C A P Í T U L O 5 3 Os Sentidos Químicos - Gustação e Olfação 663 Sentido da Gustação 663 Sensações Primárias da Gustação 663 Botão Gustatório e sua Função 664 Transmissão dos Sinais Gustatórios para o Sistema Nervoso Central 665 Preferência de Gosto e Controle da Dieta 666 Sentido da Olfação Membrana Olfatória Estimulação das Células Olfatórias Transmissão dos Sinais Olfatórios para o Sistema Nervoso Central U N I D A D E X I O Sistema Nervoso: C. Neurofisiologia Motora e Integrativa C A P I T U L O 5 4 Funções Motoras da Medula Espinhal; os Reflexos Espinhais Organização das Funções Motoras da Medula Espinhal Receptores Sensoriais Musculares - Fusos Musculares e Órgãos Tendinosos de Golgi - E Suas Funções no Controle Muscular Função Receptora do Fuso Muscular Reflexo de Estiramento Muscular Função do Fuso Muscular na Atividade Motora Voluntária Aplicações Clínicas do Reflexo de Estiramento Reflexo Tendinoso de Golgi Função dos Fusos Musculares e dos Órgãos Tendinosos de Golgi em Associação com o Controle Motor pelos Centros Encefálicos Superiores Reflexo Flexor e Reflexo de Retirada Reflexo Extensor Cruzado Inibição Recíproca e Inervação Recíproca Reflexos Posturais e Locomoção Reflexos Posturais e Locomotores da Medula Espinhal Reflexo de Coçar Reflexos Espinhais que Provocam Espasmo Muscular Reflexos Autônomos da Medula Espinhal Transecção da Medula Espinhal e Choque Espinhal C A P Í T U L O 5 5 Controle Cortical e do Tronco Cerebral sobre a Função Motora CÓRTEX MOTOR E TRATO CORTICOESPINHAL Córtex Motor Primário Área Pré-motora Área Motora Suplementar Algumas Áreas Especializadas de Controle Motor Encontradas no Córtex Motor Humano Transmissão de Sinais do Córtex Motor para os Músculos Vias de Fibras Aferentes ao Córtex Motor O Núcleo Rubro como uma Via Alternativa para Transmitir Sinais Corticais para a Medula Espinhal Sistema “Extrapiramidal” Excitação das Áreas de Controle Motor da Medula Espinhal pelo Córtex Motor Primário e o Núcleo Rubro 667 667 667 668 673 673 675 675 676 678 678 679 680 680 681 681 682 682 683 683 683 684 685 685 685 686 686 686 687 688 688 689 689 Aesculapius Sumário Papel do TVonco Cerebral no Controle da Função Motora 691 Sustentação do Corpo contra Gravidade - Papéis dos Núcleos Reticulares e Vestibulares 691 Sensações Vestibulares e Manutenção do Equilíbrio 692 Sistema Vestibular 692 Função do Utrículo e do Sáculo na Manutenção do Equilíbrio Estático 694 Detecção de Rotação da Cabeça pelos Duetos Semicirculares 695 Mecanismos Vestibulares para Estabilizar os Olhos 696 Outros Fatores Relacionados ao Equilíbrio 696 Funções dos Núcleos do Tronco Cerebral no Controle de Movimentos Estereotipados e Subconscientes 697 C A P Í T U L O 5 6 Contribuições do Cerebelo e dos Núcleos da Base para o Controle Motor Global 698 O Cerebelo e suas Funções Motoras 698 Áreas Anatômicas Funcionais do Cerebelo 699 Circuitos Neuronais do Cerebelo 700 Função do Cerebelo no Controle Motor Global 703 Anormalidades Clínicas do Cerebelo 706 Gânglios da Base - Suas Funções Motoras 707 Função dos Gânglios da Base para Executar Padrões de Atividade Motora - Os Circuitos do Putâmen 708 Papel dos Gânglios da Base para o Controle Cognitivo de Seqüências de Padrões Motores - O Circuito do Caudado 709 Função dos Gânglios da Base para Mudar a Temporização e para Graduar a Intensidade dos Movimentos 709 Funções de Substâncias Neurotransmissoras Específicas no Sistema de Gânglios da Base 710 Síndromes Clínicas Decorrentes de Lesão dos Gânglios da Base 711 Integração Entre as Partes do Sistema Total de Controle Motor 712 Nível Espinhal 712 Nível Rombencefálico 712 Nível do Córtex Motor 712 O Que nos Impulsiona para a Ação? 713 C A P Í T U L O 5 7 Córtex Cerebral, Funções Intelectuais do Cérebro, Aprendizado e Memória 714 Anatomia Fisiológica do Córtex Cerebral 714 Funções de Áreas Corticais Específicas 715 Areas Associativas 716 Função Interpretativa Abrangente da Região Póstero-superior do Lobo Temporal - “Área de Wernicke” (Área Interpretativa Geral) 718 Funções do Córtex Parieto-occipitotemporal no Hemisfério Não-dominante 719 Funções Intelectuais Superiores das Áreas Associativas Pré-frontais 719 Função do Cérebro na Comunicação - a Linguagem Aferente e a Linguagem Eferente Função do Corpo Caloso e da Comissura Anterior para Transmitir Pensamentos, Memórias, Treinamento e Outras Informações entre os Dois Hemisférios Cerebrais Pensamentos, Consciência e Memória Memória - Papéis da Facilitação Sináptica e Inibição Sináptica Memória a Curto Prazo Memória de Prazo Intermediário Memória de Longo Prazo Consolidação da Memória C A P Í T U L O 5 8 Mecanismos Comportamentais e Motivacionais do Cérebro - O Sistema Límbico e o Hipotálamo Sistemas de Ativação e Motivação do Cérebro Controle da Atividade Cerebral por Sinais Excitatórios Contínuos do Tronco Cerebral Controle Neuro-hormonal da Atividade Cerebral Sistema Límbico Anatomia Funcional do Sistema Límbico; Posição-chave do Hipotálamo Hipotálamo, a Principal Região para Controle do Sistema Límbico Controle das Funções Vegetativas e Endócrinas pelo Hipotálamo Funções Comportamentais do Hipotálamo e Estruturas Límbicas Associadas Funções de “Recompensa” e “Punição” do Sistema Límbico A Importância da Recompensa e da Punição no Comportamento Funções Específicas de Outras Partes do Sistema Límbico Funções do Hipocampo Funções da Amígdala Função do Córtex Límbico C A P Í T U L O 5 9 Estados de Atividade Cerebral - Sono, Ondas Cerebrais, Epilepsia, Psicoses Sono Sono de Ondas Lentas Sono REM (Sono Paradoxal, Sono Dessincronizado) Teorias Básicas do Sono Efeitos Fisiológicos do Sono Ondas Cerebrais Origem das Ondas Cerebrais O Efeito de Diferentes Níveis de Atividade Cerebral na Freqüência do EEG Mudanças no EEG nos Diferentes Estágios de Vigília e Sono Epilepsia Epilepsia Tipo Grande Mal Epilepsia Tipo Pequeno Mal Epilepsia Focal 720 722 723 723 724 724 725 725 728 728 728 730 731 731 732 733 734 735 736 736 736 737 738 739 739 739 740 740 741 741 742 743 743 743 743 744 744 Aesculapius Sumário Comportamento Psicótico e Demência - Papéis de Sistemas Neurotransmissores Específicos 745 Depressão e Psicose Maníaco-depressiva - Atividade Diminuída dos Sistemas de Neurotransmissores Envolvendo a Norepinefrina e a Serotonina 745 Esquizofrenia - Função Possivelmente Exagerada de Parte do Sistema Dopaminérgico 745 Doença de Alzheimer - Placas Amilóides e Memória Deprimida 746 C A P Í T U L O 6 0 O Sistema Nervoso Autônomo e a Medula Adrenal 748 Organização Geral do Sistema Nervoso Autônomo 748 Anatomia Fisiológica do Sistema Nervoso Simpático 748 Neurônios Simpáticos Pré e Pós-ganglionares 748 Anatomia Fisiológica do Sistema Nervoso Parassimpático 750 Características Básicas das Funções Simpática e Parassimpática 750 Fibras Colinérgicas e Adrenérgicas - Secreção deAcetilcolina ou Norepinefrina 750 Receptores nos Órgãos Efetores 752 Ações Excitatórias e Inibitórias da Estimulação Simpática e Parassimpática 753 Efeitos da Estimulação Sjmpática ou Parassimpática em Órgãos Específicos 753 Função das Medulas Adrenais 755 Relação entre a Freqüência de Estimulação e o Grau dos Efeitos Simpáticos e Parassimpáticos 756 “Tônus” Simpático e Parassimpático 756 Supersensibilidade de Desnervação dos Órgãos Simpáticos e Parassimpáticos após Desnervação 756 Reflexos Autônomos 757 Estimulação de Órgãos Discretos em Algumas Circunstâncias e Estimulação em Massa em Outras Circunstâncias pelos Sistemas Simpático e Parassimpático 757 Resposta de “Alarme” ou “Estresse” do Sistema Nervoso Simpático 758 Controle Bulbar, Pontino e Mesencefálico do Sistema Nervoso Autônomo 758 Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo , 759 Drogas que Atuam em Órgãos Efetores Adrenérgicos - Drogas Simpatomiméticas 759 Drogas que Agem nos Orgãos Efetores Colinérgicos 759 Drogas que Estimulam ou Bloqueiam os Neurônios Simpáticos e Parassimpáticos Pós-ganglionares 759 C A P I T U L O 6 1 Fluxo Sangüíneo Cerebral, Líquido Cefalorraquidiano e Metabolismo Cerebral Fluxo Sangüíneo Cerebral Taxa Normal do Fluxo Sangüíneo Cerebral Regulação do Fluxo Sangüíneo Cerebral Microcirculação Cerebral Um “Acidente Vascular Cerebral” Ocorre Quando os Vasos Sangüíneos Cerebrais São Obstruídos 761 761 761 761 763 763 Sistema de Líquido Cefalorraquidiano Função Mecanoprotetora do Líquido Cefalorraquidiano Formação, Fluxo e Absorção do Líquido Cefalorraquidiano Pressão do Líquido Cefalorraquidiano Obstrução do Fluxo do Líquido Cefalorraquidiano Pode Causar Hidrocefalia Barreiras Hematoliquórica e Hematoencefálica Edema Cerebral Metabolismo Cerebral U N I D A D E X I Fisiologia Gastrointestinal C A P I T U L O 6 2 Princípios Gerais da Função Gastrointestinal - Motilidade, Controle Nervoso e Circulação Sangüínea Princípios Gerais da Motilidade Gastrointestinal Anatomia Fisiológica da Parede Gastrointestinal Controle Neural da Função Gastrointestinal - Sistema Nervoso Entérico Diferenças entre os Plexos Mioentérico e Submucoso Tipos de Neurotransmissores Secretados por Neurônios Entéricos Controle Hormonal da Motilidade Gastrointestinal Tipos Funcionais de Movimentos no Trato Gastrointestinal Movimentos Propulsivos - Peristalse Movimentos de Mistura Fluxo Sangüíneo Gastrointestinal - “Circulação Esplâncnica” Anatomia da Circulação Sangüínea Gastrointestinal Efeito da Atividade Intestinal e Fatores Metabólicos no Fluxo Sangüíneo Gastrointestinal Controle Nervoso do Fluxo Sangüíneo Gastrointestinal C A P Í T U L O 6 3 Propulsão e Mistura dos Alimentos no Trato Alimentar Ingestão de Alimentos Mastigação Deglutição Funções Motoras do Estômago A Função de Armazenagem do Estômago Mistura e Propulsão do Alimento no Estômago - O Ritmo Elétrico Básico da Parede Gástrica Esvaziamento do Estômago Regulação do Esvaziamento Estomacal Movimentos do Intestino Delgado Contrações de Mistura (Contrações de Segmentação) Movimentos Propulsivos Função da Válvula lleocecal Movimentos do Cólon Defecação l l l t 763 763 764 765 766 766 766 767 771 771 771 773 774 775 776 776 776 777 777 778 778 779 781 781 781 782 784 784 784 785 785 786 786 787 788 788 789 Aesculapius XXXll Sumário Outros Reflexos Autônomos que Afetam a Atividade Intestinal 790 C A P I T U L O 6 4 Funções Secretoras do Trato Alimentar 791 Princípios Gerais da Secreção no Trato Alimentar 791 Tipos Anatômicos de Glândulas 791 Mecanismos Básicos de Estimulação das Glândulas do Trato Alimentar 791 Mecanismo Básico de Secreção pelas Células Glandulares 791 Propriedades Lubrificantes e Protetoras e Importância do Muco no Trato Gastrointestinal 793 Secreção de Saliva 793 Regulação Nervosa da Secreção Salivar 794 Secreção Esofágica 795 Secreção Gástrica 794 Características das Secreções Gástricas 794 Glândulas Pilóricas - Secreção de Muco e Gastrina 797 Células Mucosas Superficiais , 797 Estimulação da Secreção de Ácido pelo Estômago 797 Regulação da Secreção de Pepsinogênio 798 Fases da Secreção Gástrica 798 Inibição da Secreção Gástrica por Outros Fatores Intestinais Pós-estomacais 798 Composição Química da Gastrina e de Outros Hormônios Gastrointestinais 799 Secreção Pancreática 799 Enzimas Digestivas Pancreáticas 799 Secreção de íons Bicarbonato 800 Regulação da Secreção Pancreática 800 Secreção da Bile pelo Fígado; Funções da Árvore Biliar 802 Anatomia Fisiológica da Secreção Biliar 802 Função dos Sais Biliares na Digestão e Absorção de Gordura 804 Secreção Hepática de Colesterol e Formação de Cálculos Biliares 804 Secreções do Intestino Delgado 805 Secreção de Muco pelas Glândulas de Brunner no Duodeno 805 Secreção de Sucos Digestivos Intestinais pelas Criptas de Lieberkühn 805 Regulação da Secreção do Intestino Delgado - Estímulos Locais 806 Secreções do Intestino Grosso 806 C A P Í T U L O 6 5 Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 808 Digestão de Diversos Alimentos por Hidrólise 808 Digestão de Carboidratos 809 Digestão de Proteínas 810 Digestão de Gorduras 811 Princípios Básicos da Absorção Gastrointestinal 812 Bases Anatômicas da Absorção 812 Absorção no Intestino Delgado 813 Absorção e Água 814 Absorção de lons 814 Absorção de Nutrientes 815 Absorção no Intestino Grosso: Formação de Fezes 817 C A P I T U L O 6 6 Fisiologia dos Distúrbios Gastrointestinais Distúrbios da Deglutição e do Esôfago Distúrbios do Estômago Úlcera Péptica r Causas Específicas de Úlcera Péptica no Ser Humano Distúrbios do Intestino Delgado Digestão Anormal do Alimento no Intestino Delgado - Insuficiência Pancreática Má-absorção pela Mucosa do Intestino Delgado - Espru Distúrbios do Intestino Grosso Constipação Diarréia Paralisia da Defecação nos Traumatismos da Medula Espinhal Distúrbios Gerais do Trato Gastrointestinal Vômitos Náuseas Obstrução Gastrointestinal U N I D A D E X I I Metabolismo e Termorregulação C A P I T U L O 6 7 Metabolismo dos Carboidratos e Formação do Trifosfato de Adenosina Liberação de Energia dos Alimentos e o Conceito de “Energia Livre” Papel do Ttifosfato de Adenosina no Metabolismo Papel Central da Glicose no Metabolismo dos Carboidratos Transporte da Glicose através da Membrana Celular Facilitação do Transporte da Glicose pela Insulina ■ Fosforilação da Glicose Armazenagem do Glicogênio no Fígado e no Músculo Glicogênese - O Processo de Formação de Glicogênio Remoção do Glicogênio Armazenado - Glicogenólise Liberação de Energia da Molécula de Glicose pela Via Glicolítica Glicólise e a Fo/mação de Ácido Pirúvico Conversão do Ácido Pirúvico em Acetil Coenzima A ' Ciclo do Ácido Cítrico (Ciclo de Krebs) Formação de Grandes Quantidades de ATP por meio da Oxidação do Hidrogênio (o Processo de Fosforilação Oxidativa) Mecanismo Quimiosmótico da Mitocôndria para Formação do ATP Resumo da Formação de ATP durante a Quebra da Glicose Controle da Liberação de Energia a Partir do Glicogênio Armazenado Quando o Organismo Necessita de Energia Adicional: Efeito das Concentrações Celulares do ATP e ADP sobre o Controle da Taxa de Glicólise 819 819 819 820 821 821 821 822 822 822 822 823 823 823 824 824 I 829 829 829 830 831 831 831 831 832 832 832 833 833 833 835 835 836 836 Aesculapius r Sumário XXXll l Liberação Anaeróbica de Energia - “Glicólise Anaeróbica” 836 Liberação de Energia da Glicose pela Via da Pentose Fosfato 837 Conversão da Glicose em Glicogênio ou Lipídios 838 Formação de Carboidratos a partir de Proteínas e Lipídios - “Gliconeogênese” 838 Glicose Sangüínea 839 C A P Í T U L O 6 8 Metabolismo dos Lipídios 840 TVansporte de Lipídios nos Líquidos Corporais 840 Transporte de Triglicerídios e Outros Lipídios do Trato Gastrointestinal pela Linfa - Os Quilomícrons 840 Remoção dos Quilomícrons do Sangue 841 “Ácidos Graxos Livres” São Transportados no Sangue em Combinação com a Albumina 841 Lipoproteínas - Sua Função Especial no Transporte de Colesterol e Fosfolipídios 841 Depósitos de Gordura 842 Tecido Adiposo 842 Lipídios Hepáticos 842 Uso de Triglicerídios como Fonte de Energia: Formação do Trifosfato de Adenosina , 842 Formação de Ácido Acetoacético no Fígado e Seu Transporte no Sangue 844 Síntese de Triglicerídios a Partir dos Carboidratos 844 Síntese de Triglicerídios a Partir de Proteínas 845 Regulação da Liberação de Energia dos Triglicerídios 846 Obesidade 846 Fosfolipídios e Colesterol 846 Fosfolipídios 846 Colesterol 847 Funções Estruturais Celulares de Fosfolipídios e Colesterol - Especialmente para Membranas 848 Aterosclerose 848 Causas Básicas de Aterosclerose - O Papel do Colesterol e das Lipoproteínas 850 Outros Fatores de Risco Importantes da Aterosclerose 850 Prevenção da Aterosclerose 850 C A P Í T U L O 6 9 Metabolismo das Proteínas 852 Propriedades Básicas 852 Aminoácidos 852 Transporte e Armazenamento dos Aminoácidos 854 Aminoácidos do Sangue 854 Armazenamento de Aminoácidos como Proteínas nas Células 854 Papéis Funcionais das Proteínas Plasmáticas 855 Aminoácidos Essenciais e Não-essenciais 855 Uso de Proteínas Como Energia 856 Degradação Obrigatória das Proteínas 857 Regulação Hormonal do Metabolismo Protéico 857 C A P Í T U L ^ O 7 0 O Fígado como um Órgão 859 Anatomia e Fisiologia do Fígado 859 Os Sistemas Vascular e Linfático do Fígado 859 O Fluxo Sangüíneo Através do Fígado a Partir da Veia Porta e da Artéria Hepática 860 O Fígado Funciona como um Reservatório de Sangue 860 O Fígado Possui um Fluxo Linfático Muito Alto 860 Regulação da Massa Hepática - Regeneração 860 O Sistema Macrofágico Hepático cumpre uma Função de Depuração do Sangue 861 Funções Metabólicas do Fígado 861 Metabolismo dos Carboidratos 861 Metabolismo Lipídico 861 Metabolismo Protéico 862 Outras Funções Metabólicas do Fígado 862 Dosagem da Bilirrubina Biliar como um Instrumento Diagnóstico Clínico 862 Icterícia - Excesso de Bilirrubina no Líquido Extracelular 863 C A P Í T U L O 7 1 Equilíbrios Dietéticos; Regulação da Alimentação; Obesidade e Inanição; Vitaminas e Minerais 865 Em Condições Estáveis, a Ingestão e o Gasto Energético Estão em Equilíbrio 865 Equilíbrios Dietéticos 865 A Energia Disponível nos Alimentos 865 Métodos para a Determinação da Utilização Metabólica das Proteínas, Carboidratos e Gorduras 866 Regulação da Ingestão Alimentar e do Armazenamento de Energia 865 Centros Neurais Regulam a Ingestão de Alimentos 867 Fatores que Regulam a Quantidade de Alimentos Ingeridos 870 Obesidade 872 Atividade Física Reduzida Diminuída e Regulação Anormal da Ingestão como Causas da Obesidade 872 Tratamento da Obesidade 873 Inanição, Anorexia e Caquexia 874 Inanição 874 Vitaminas 875 Vitamina A 875 Tiamina (Vitamina B1) 875 Niacina 876 Riboflavina (Vitamina B2) 876 Vitamina B12 , 876 Ácido Fólico (Ácido Pteroilglutâmico) 877 Piridoxina (Vitamina B6) 877 Ácido Pantotênico 877 Ácido Acórbico (Vitamina C) 877 Vitamina D 878 Vitamina E 878 Vitamina K 878 Metabolismo Mineral 878 C A P Í T U L O 7 2 Energética Celular e Taxa Metabólica 881 O Trifosfato de Adenosina (ATP) Atua no Metabolismo como “Moeda Metabólica” 881 A Fosfocreatina Funciona como um Depósito Acessório de Armazenamento Energético e como um “Tampão do ATP” 882 Energia Anaeróbica Versus Aeróbica 882 Resumo da Utilização de Energia pelas Células 883 Controle da Liberação Energética na Célula 884 Taxa Metabólica 884 Aesculapius xxxiv Sumário Aferição da Taxa Metabólica Corporal Total 885 Metabolismo Energético - Fatores que Influenciam o Débito Energético 885 Necessidades Energéticas Globais para as Atividades Diárias 885 Taxa Metabólica Basal (TMB) - O Gasto Energético Mínimo para a Existência do Corpo 886 Energia Usada nas Atividades Físicas 887 Energia Utilizada no Processamento dos Alimentos - Efeito Termogênico dos Alimentos 887 Energia Utilizada na Termogênese Não Provocada por Calafrios - Papel da Estimulação Simpática 887 C A P Í T U L O 7 3 Temperatura Corporal, Regulação da Temperatura e Febre 889 Temperaturas Corporais Normais 889 A Temperatura Corporal é Controlada pelo Equilíbrio entre a Produção e a Perda de Calor 889 Produção de Calor 889 Perda de Calor 890 Regulação da Temperatura Corporal - O Papel do Hipotálamo 894 Mecanismos Efetores Neuronais que Diminuem ou Aumentam a Temperatura Corporal 895 Conceito de um "Ponto de Ajuste" para o Controle da Temperatura 896 Controle Comportamental da Temperatura Corporal 897 Reflexos Cutâneos Locais Causados pela Temperatura 896 Anormalidades da Regulação da Temperatura Corporal 898 Febre 898 Exposição do Corpo ao Frio Extremo 900 U N I D A D E X I V Endocrinologia e Reprodução C A P I T U L O 7 4 Introdução à Endocrinologia 905 Coordenação das Funções Corporais por Mensageiros Químicos 905 Estrutura Química e Síntese de Hormônios 906 Secreção Hormonal, Transporte e Depuração de Hormônios do Sangue 908 Controle por Feedback da Secreção Hormonal 909 Transporte de Hormônios no Sangue 909 "Depuração” de Hormônios do Sangue 909 Mecanismos de Ação dos Hormônios 910 Receptores Hormonais e Sua Ativação 910 Sinalização Intracelular Após Ativação do Receptor Hormonal 910 Mecanismos de Segundo Mensageiro para Mediar Funções Hormonais Intracelulares 912 Hormônios que Atuam Principalmente sobre a Maquinaria Genética da Célula 915 Medida das Concentrações de Hormônios no Sangue 915 Radioimunoensaio 915 Ensaio Imunoabsorvente Ligado à Enzima (ELISA) 916 C A P I T U L O 7 5 Hormônios Hipofisários e Seu Controle pelo Hipotálamo A Hipófise e Sua Relação com o Hipotálamo O Hipotálamo Controla a Secreção Hipofisária Vasos Sangüíneos Portais Hipotalâmico-Hipofisários da Hipófise Anterior Funções Fisiológicas do Hormônio do Crescimento Hormônio do Crescimento Promove o Crescimento de Diversos Tecidos do Organismo O Hormônio do Crescimento Apresenta Diversos Efeitos Metabólicos O Hormônio do Crescimento Estimula o Crescimento das Cartilagens e dos Ossos O Hormônio do Crescimento Exerce Grande Parte de Seus Efeitos Através de Substâncias Intermediárias Chamadas de “Somatomedinas” (Também Chamadas de “Fatores de Crescimento Semelhantes à Insulina") Regulação da Secreção do Hormônio do Crescimento Anormalidades da Secreção do Hormônio do Crescimento Hipófise Posterior e Sua Relação com o Hipotálamo Estruturas Químicas do ADH e da Ocítocina Funções Fisiológicas do ADH Hormônio Ocitócico C A P Í T U L O 7 6 Hormônios Metabólicos da Tireóide Síntese e Secreção dos Hormônios Metabólicos Tireoideanos O lodo Necessário para a Formação de Tlroxina Bomba de lodeto (Captação do lodo) Tireoglobulina e a Bioquímica da Formação de Tiroxina e Triiodotironina Liberação de Tiroxina e Triiodotironina pela Tireóide Transporte de Tiroxina e Triiodotironina para os Tecidos Efeitos Fisiológicos dos Hormônios Tireoideanos Os Hormônios Tireoideanos Aumentam a Transcrição de um Grande Número de Genes Os Hormônios Tireoideanos Aumentam a Atividade Metabólica Celular Efeito do Hormônio Tireoideano sobre o Crescimento Efeitos do Hormônio Tireoideano sobre Mecanismos Corporais Específicos Regulação da Secreção de Hormônio Tireoidiano A Secreção de TSH pela Hipófise Anterior é Regulada pelo Hormônio Liberador de Tireotropina do Hipotálamo Efeito de Feedback do Hormônio Tireoidiano na para Reduzir a Secreção de TSH pela Hipófise Anterior Substâncias Antitireoideanas Doenças da Tireóide Hipertireoidismo Sintomas do Hipertireoidismo Hipotireoidismo Cretinismo 918 918 919 920 921 922 922 922 923 924 926 927 928 928 929 931 931 931 932 932 933 934 934 934 934 936 936 938 938 939 939 940 940 940 941 942 Aesculapius Sumário XXXV C A P Í T U L O 7 7 Hormônios Adrenocorticais Síntese e Secreção dos Hormônios Adrenocorticais Funções dos Mineralocorticóides-Aldosterona Efeitos Renais e Circulatórios da Aldosterona AAIdosterona Estimula o Transporte de Sódio e Potássio nas Glândulas Sudoríparas e Salivares e nas Células Epiteliais Intestinais Mecanismo Celular de Ação da Aldosterona Possíveis Ações Não-genômicas da Aldosterona e Outros Hormônios Esteróides Regulação de Secreção da Aldosterona Funções dos Glicocorticóides Efeitos do Cortisol sobre o Metabolismo de Carboidratos Efeitos do Cortisol sobre o Metabolismo de Proteínas Efeitos do Cortisol sobre o Metabolismo de Lipídios O Cortisol é Importante na Resistência ao Estresse e à Inflamação Outros Efeitos do Cortisol Mecanismo de Ação Celular do Cortisol Regulação da Secreção de Cortisol pelo Hormônio Adrenocorticotrópico da Hipófise Androgênios Adrenais Anormalidades da Secreção Adrenocortical Hipoadrenalismo - Doença de Addison Hiperadrenalismo - Síndrome de Cushing Aldosteronismo Primário (Síndrome de Conn) Síndrome Adrenogenital C A P Í T U L O 7 8 Insulina, Glucagon e Diabetes Melito A Insulina e Seus Efeitos Metabólicos Efeito da Insulina sobre o Metabolismo dos Carboidratos O Efeito da Insulina no Metabolismo das Gorduras O Efeito da Insulina no Metabolismo das Proteínas e no Crescimento Mecanismos da Secreção de Insulina Controle da Secreção de Insulina Outros Fatores que Estimulam a Secreção de Insulina O Papel da Insulina (e de Outros Hormônios) na “Comutação” Entre o Metabolismo de Carboidratos e o Metabolismo de Lipídios O Glucagon e Suas Funções Efeitos sobre o Metabolismo da Glicose Regulação da Secreção de Glucagon A Somatostatina Inibe a Secreção de Glucagon e de Insulina Resumo da Regulação da Glicose Sangüínea Diabetes Melito Diabetes Tipo I - Ausência de Produção de Insulina pelas Células Beta do Pâncreas Diabetes Tipo II - Resistência aos Efeitos Metabólicos da Insulina Fisiologia do Diagnóstico de Diabetes Melito Tratamento do Diabetes Insulinoma - Hiperinsulinismo C A P Í T U L O 7 9 Paratormônio, Calcitonina, Metabolismo de Cálcio e Fosfato, Vitamina D, Ossos e Dentes Visão Geral da Regulação de Cálcio e Fosfato no Líquido Extracelular e no Plasma 978 Cálcio no Plasma e no Líquido Intersticial 978 Fosfato Inorgânico nos Líquidos Extracelulares 979 Efeitos Fisiológicos Não-ósseos de Alterações nas Concentrações de Cálcio e Fosfato nos Líquidos Corpóreos 979 Absorção e Excreção de Cálcio e Fosfato 980 Osso e Sua Relação Com o Cálcio e o Fosfato Extracelulares 980 Precipitação e Absorção de Cálcio e Fosfato no Osso - Equilíbrio com os Líquidos Extracelulares 981 Intercâmbio de Cálcio Entre o Osso e o Líquido Extracelular 982 Deposição e Absorção de Osso - Remodelagem Óssea 982 Vitamina D 983 Ações da Vitamina D 985 Paratormônio 985 Efeito do Paratormônio sobre as Concentrações de Cálcio e Fosfato no Líquido Extracelular 986 Controle da Secreção Paratireóide pela Concentração do Cálcio lônico 988 Calcitonina 988 Resumo do Controle da Concentração do Cálcio lônico 989 Fisiopatologia do Paratormônio, da Vitamina D e da Osteopatia 990 Hiperparatireoidismo Primário 990 Hiperpatireoidismo Secundário 991 Raquitismo - Deficiência de Vitamina D 991 Osteoporose - Matriz Óssea Reduzida 991 Fisiologia dos Dentes 992 Função das Diferentes Partes dos Dentes 992 Dentição 993 Intercâmbio Mineral nos Dentes 993 Anormalidades Dentárias 994 C A P Í T U L O 8 0 Funções Reprodutivas e Hormonais Masculinas (e Função da Glândula Pineal) 996 Anatomia Fisiológica dos Órgãos Sexuais Masculinos 996 Espermatogênese 996 Etapas da Espermatogênese 996 Função das Vesículas Seminais 999 Função da Próstata 999 Sêmen 999 Espermatogênese Anormal e Fertilidade Masculina 1001 Ato Sexual Masculino 1001 Estímulo Neuronal para o Desempenho do Ato Sexual Masculino 1001 Fases do Ato Sexual Masculino 1002 Testosterona e Outros Hormônios Sexuais Masculinos 1003 Secreção, Metabolismo e Química dos Hormônios Sexuais Masculinos 1003 Funções da Testosterona 1004 Mecanismo Intracelular Básico de Ação da Testosterona 1006 Controle das Funções Sexuais Masculinas pelos Hormônios da Hipófise 1006 Anormalidades da Função Sexual Masculina 1008 Próstata e suas Anormalidades 1008 Hipogonadismo no Homem 1008 Tumores Testiculares e Hipergonadismo no Homem 1009 944 944 947 948 949 950 950 950 950 951 952 952 952 954 954 955 957 957 957 958 959 959 961 961 963 965 966 967 968 969 969 970 970 971 971 971 972 972 974 975 976 976 978 Aesculapius xxxvi Sumário Glândula Pineal - Sua Função no Controle da Fertilidade Sazonal em Alguns Animais 1009 C A P Í T U L O 8 1 Fisiologia Feminina da Gravidez e Hormônios Femininos 1011 Anatomia Fisiológica dos Órgãos Sexuais Femininos 1011 Sistema Hormonal Feminino 1011 Ciclo Ovariano Mensal; Função dos Hormônios Gonadotrópicos 1012 Hormônios Gonadotrópicos e Seus Efeitos nos Ovários 1012 Crescimento do Folículo Ovariano - a Fase “Folicular” do Ciclo Ovariano 1013 Corpo Lúteo - Fase “Lútea” do Ciclo Ovariano 1014 Resumo 1015 Funções dos Hormônios Ovarianos - Estradiol e Progesterona 1016 Química dos Hormônios Sexuais 1016 Funções dos Estrogênios - Seus Efeitos sobre as Características Sexuais Femininas Primárias e Secundárias 1017 Funções da Progesterona 1018 Ciclo Endometrial Mensal e Menstruação 1018 Regulação do Ritmo Mensal Feminino - Interação Entre os Hormônios Ovarianos e Hipotalâmico-Hipofisários 1019 Oscilação do Sistema Hipotalâmico- Hipofisário-Ovariano por Feedback 1021 Puberdade e Menarca 1021 Menopausa 1022 Anormalidades da Secreção pelos Ovários 1023 O Ato Sexual Feminino 1023 Fertilidade Feminina 1024 C A P Í T U L O 8 2 Gestação e Lactação 1027 Maturação e Fertilização do Óvulo 1027 O Transporte do Óvulo Fertilizado na Trompa de Falópio , 1028 Implantação do Blastocisto no Útero 1029 Nutrição Inicial do Embrião 1029 Funçao da Placenta 1029 Desenvolvimento e Anatomia Fisiológica da Placenta 1029 Fatores Hormonais na Gravidez 1031 Gonadotropina Coriônica Humana e Seu Efeito sobre a Persistência do Corpo Lúteo e Ausência da Menstruação 1032 Secreção de Estrogênios pela Placenta 1032 Secreção de Progesterona pela Placenta 1033 Somatomamotropina Coriônica Humana 1033 Outros Fatores Hormonais na Gravidez 1034 Resposta do Corpo Materno à Gestação 1034 Mudanças no Sistema Circulatório Materno Durante a Gravidez 1035 Parto 1036 Aumento da Excitabilidade Uterina Próximo ao Parto 1036 O Início do Trabalho de Parto - Um Mecanismo de Feedback Positivo para o seu Desenvolvimento 1037 Contrações Musculares Abdominais Durante o Trabalho de Parto 1037 Mecanismos de Parto 1037 Separação e Expulsão da Placenta 1038 Dores ao Trabalho de Parto 1038 Involução do Útero Depois do Parto 1038 Lactação 1038 Desenvolvimento das Mamas 1038 Início da Lactação - A Função da Prolactina 1039 Processo de Ejeção (ou a “Descida”) na Secreção de Leite - A Função da Ocitocina 1040 Composição do Leite e Drenagem Metabólica na Mãe Causada pela Lactação 1041 C A P Í T U L O 8 3 Fisiologia Fetal e Neonatal 1042 Crescimento e Desenvolvimento Funcional do Feto 1042 Desenvolvimento dos Sistemas de Órgãos 1042 Ajustes do Bebê à Vida Extra-uterina 1044 O Início da Respiração 1044 Reajustes Circulatórios ao Nascimento 1045 Nutrição do Recém-nascido 1047 Problemas Funcionais Especiais do Recém-nascido 1047 Sistema Respiratório 1047 Circulação 1047 Balanço Hídrico, Balanço Ácido-base e Função Renal 1048 Função Hepática 1048 Digestão, Absorção e Metabolismo de Alimentos Energéticos; e Nutrição 1048 Imunidade 1049 Problemas Endócrinos 1049 Problemas Especiais da Prematuridade 1050 Desenvolvimento Imaturo do Bebê Prematuro 1050 Instabilidade dos Sistemas de Controle Homeostático no Bebê Prematuro 1050 Risco de Cegueira Causada por Excesso de Terapia com Oxigênio no Bebê Prematuro 1051 Crescimento e Desenvolvimento da Criança 1051 Crescimento Comportamental 1052 U N I D A D E X V Fisiologia do Esporte C A P Í T U L O 8 4 Fisiologia do Esporte 1055 Músculos em Exercício 1055 Força, Potência e Resistência Musculares 1055 Sistemas Metabólicos Musculares Durante o Exercício 1056 Sistema da Fosfocreatina-creatina 1057 Nutrientes Utilizados Durante a Atividade Muscular 1059 Efeito do Treinamento Atlético nos Músculos e no Desempenho Muscular 1060 Respiração no Exercício 1061 Sistema Cardiovascular no Exercício 1062 Calor Corporal no Exercício 1065 Líquidos Corporais e Sal no Exercício 1065 Drogas e Atletas 1065 A Forma Física Prolonga a Vida 1066 índice 1067 Aesculapius U N I D A D E I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral 1. Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do “Meio Interno” 2. A Célula e Suas Funções 3. Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular Aesculapius C A P Í T U L O 1 Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do “Meio Interno” O objetivo da fisiologia é explicar os fatores físicos e químicos que são responsáveis pela origem, desenvol vimento e progressão da vida. Cada tipo de vida, desde um simples vírus até a m aior árvore ou o complicado ser humano, possui suas próprias características fun cionais. Portanto, o vasto campo da fisiologia pode ser dividido em fisiologia virai, fisiologia bacteriana, fisio logia celular; fisiologia vegetal, fisiologia humana e diversas outras subdivisões. Fisiologia Humana. Na fisiologia humana, buscamos explicar as características e os mecanismos específicos do corpo hum ano que fazem dele um ser vivo. O próprio fato de nos m anterm os vivos está quase além de nosso controle, porque a fome nos faz procurar por alim ento e porque o medo nos faz buscar refúgio. Sensações de frio nos fazem procurar calor. O utras forças nos levam a buscar o companheirismo e a reprodução. Assim, o ser hum ano é realm ente um autôm ato, e o fato de sermos seres com sensações, sentim entos e culturas é parte desta seqüência autom ática de vida; estes atributos especiais nos perm item existir sob condições am plam ente variáveis. As Células como Unidades Vivas do Corpo A unidade viva básica do organismo é a célula. Cada órgão é um agregado de muitas células diferentes, mantidas juntas por.estruturas de suporte intercelular. Cada tipo de célula está especialm ente adaptado para realizar um a ou algumas funções determ inadas. Por exemplo, as hemácias, que totalizam 25 trilhões em cada ser hum ano, transportam oxigênio dos pulm ões para os tecidos. E m bora as hem á cias sejam as células mais abundantes do que qualquer outro tipo de célula no corpo, há cerca de 75 trilhões de células de outros tipos que realizam funções dife rentes das hemácias. O corpo inteiro, portanto , contém cerca de 100 trilhões de células. Em bora as diversas células do corpo sejam acentuadam ente diferentes umas das outras, todas elas possuem certas características básicas comuns. Por exemplo, em todas as células, o oxigênio reage com carboidratos, gorduras e proteínas para libe rar a energia necessária para a função da célula. Os mecanismos químicos gerais de transform ação de nutrientes em energia são basicam ente os mesmos em todas as células, e todas as células liberam produtos finais de suas reações químicas nos flui dos circundantes. Quase todas as células tam bém têm a capacidade de reproduzir células adicionais de seu próprio tipo. Felizmente, quando células de um determ inado tipo são destruí das por um a ou outra causa, as células restantes do mesmo tipo norm alm ente geram novas células para a reposição. Fluido Extracelular — O “Meio Interno” Cerca de 60% do corpo hum ano adulto é fluido, principalm ente de um a solução aquosa de íons e outras substâncias. Em bora a m aior parte deste fluido estej a dentro das células e seja chamado de fluido intracelular, cerca de um terço se encontra nos 3 Aesculapius 4 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral espaços fora das células e é chamado de fluido extracelu- lar. Este fluido extracelular está em movimento constante por todo o corpo. Ele é rapidam ente transportado no san gue circulante, e trocas por difusão, através das paredes dos capilares, se dão entre o sangue e os fluidos teciduais. No fluido extracelular estão os íons e nutrientes neces sários para que as células se m antenham vivas. Dessa form a, todas as células vivem essencialmente no mesmo am biente — o fluido extracelular. Por este motivo, o fluido extracelular é tam bém chamado de meio interno do corpo, ou o milieu intérieur, um term o introduzido há mais de 100 anos pelo grande fisiologista francês do século XIX, Claude Bernard. As células podem viver, crescer e realizar suas funções especiais enquanto as concentrações adequadas de oxigê nio, glicose, íons, aminoácidos, lipídios e outros constituin tes estiverem disponíveis neste am biente interno. Diferenças entre os Fluidos Extracelular e Intracelular. O fluido extracelular contém grandes quantidades de sódio, cloreto e íons bicarbonato mais os nutrientes para as célu las, como oxigênio, glicose, ácidos graxos e aminoácidos. Também contém dióxido de carbono, que é transportado das células para os pulmões para ser excretado, além de outros produtos de excreção celulares, que são transpor tados para os rins para eliminação. O fluido intracelular difere significativamente do fluido extracelular; especificamente, ele contém grandes quantidades de potássio, magnésio e íons fosfato, em vez do sódio e íons cloreto que são encontrados no fluido extracelular. Mecanismos especiais para o transporte de íons através das m em branas celulares m antêm as diferen ças de concentração iônicas entre os fluidos extracelula- res e intracelulares. Estes processos de transporte serão discutidos no Capítulo 4. Mecanismos “Homeostáticos” dos Principais Sistemas Funcionais Homeostasía O term o homeostasia é usado pelos fisiologistas para defi nir a manutenção de condições quase constantes no meio interno. Todos os órgãos e tecidos do corpo hum ano reali zam funções que contribuem para m anter estas condições constantes. Por exemplo, os pulmões provêem oxigênio ao fluido extracelular para repor o oxigênio utilizado pelas células, os rins mantêm as concentrações de íons constan tes, e o sistema gastrointestinal fornece nutrientes. U m a grande parte deste texto trata da m aneira pela qual cada órgão ou tecido contribui para a homeostasia. Para com eçar esta discussão, os diferentes sistemas fun cionais do corpo e suas contribuições para a homeostasia são esboçados neste capítulo; depois, delinearemos b re vem ente a teoria básica dos sistemas de controle do orga nismo que perm item que os sistemas funcionais operem em suporte um do outro. Sistema de Transporte e Mistura de Fluido Extracelular — O Sistema Circulatório do Sangue O fluido extracelular é transportado através de todas as partes do corpo em dois estágios. O prim eiro estágio é a m ovimentação de sangue pelo corpo nos vasos sangüí neos, e o segundo é a m ovim entação de fluido entre os capilares sangüíneos e os espaços intercelulares entre as células dos tecidos. A Figura 1-1 m ostra a circulação sangüínea esquem a ticamente. Todo o sangue na circulação atravessa o cir cuito circulatório inteiro em média um a vez a cada m inuto quando o corpo está em repouso e até seis vezes por m inuto quando a pessoa está extrem am ente ativa. Q uando o sangue passa pelos capilares sangüíneos, tam bém ocorre troca contínua de fluido extracelular en tre a parte plasmática do sangue e o fluido intersticial que Pulm ões Figura 1-1 Organização geral do sistema circulatório. Aesculapius Capítulo 1 Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do “Meio Interno 5 Arteríola Figura 1-2 Difusão de fluido e de constituintes dissolvidos através das paredes dos capilares e através dos espaços intersticiais. preenche os espaços intercelulares. Este processo é mos trado na Figura 1-2. As paredes dos capilares são perm eá veis à maioria das moléculas no plasma do sangue, com exceção das grandes moléculas de proteína plasmática. Portanto, grandes quantidades de fluido e de seus consti tuintes dissolvidos difundem-se em ambas as direções entre o sangue e os espaços dos tecidos, como m ostrado pelas setas. Este processo de difusão é causado pelo movi mento cinético das moléculas no plasma e no fluido intersticial. Isto é, o fluido e as moléculas dissolvidas estão em movimento contínuo em todas as direções dentro do plasma e do fluido nos espaços intercelulares, e tam bém através dos poros dos capilares. Poucas células estão loca lizadas a mais de 50 m icrômetros de um capilar, o que assegura a difusão de qualquer substância dos capilares para as células em poucos segundos. Assim, o fluido extra- celular em toda parte do corpo — tanto no plasma quanto no fluido intersticial — está continuam ente sendo mistu rado, m antendo quase com pleta hom ogeneidade do fluido extracelular no corpo. Origem dos Nutrientes no Fluido Extracelular Sistema Respiratório. A Figura 1-1 m ostra que a cada vez que o sangue passa pelo corpo, ele tam bém flui através dos pulmões. O sangue captura nos alvéolos o oxigênio necessário para as células. A m em brana entre os alvéolos e o lúmen dos capilares pulmonares, a membrana alveo lar, tem apenas 0,4 a 2,0 m icrômetros de espessura, e o oxi gênio se difunde por movimento molecular através dos poros desta m em brana para o sangue da mesma maneira que a água e os íons se difundem através das paredes dos capilares dos tecidos. Trato Gastrointestinal. Um a grande parte do sangue bom beado pelo coração tam bém flui através das paredes do trato gastrointestinal. Aqui, diferentes nutrientes dissol vidos, incluindo carboidratos, ácidos graxos e aminoáci- dos, são absorvidos do alim ento ingerido para o fluido extracelular no sangue. Fígado e Outros Órgãos que Realizam Funções Primordial mente Metabólicas. Nem todas as substâncias absorvidas pelo trato gastrointestinal podem ser usadas na form a absorvida pelas células. O fígado altera quim icam ente muitas dessas substâncias para formas mais utilizáveis, e outros tecidos do corpo — células adiposas, m ucosa gas trointestinal, rins e glândulas endócrinas — contribuem para modificar as substâncias absorvidas ou as arm aze nam até que sejam necessárias. Sistema Músculo-esquelético. Às vezes, nos perguntam os: Como o sistema músculo-esquelético se enquadra nas funções hom eostáticas do corpo? A resposta é óbvia e simples: Se não existissem os músculos, o corpo não p ode ria se mover para o local adequado no devido tem po para ob ter os alimentos necessários para a nutrição. O sistema músculo-esquelético tam bém proporciona m obilidade para proteção contra am bientes adversos, sem a qual todo o organismo, com seus mecanismos homeostáticos, pode ria ser destruído instantaneam ente. Remoção dos Produtos Finais do Metabolismo Remoção do Dióxido de Carbono pelos Pulmões. Ao mesmo tem po em que o sangue capta o oxigênio nos pulmões, o dióxido de carbono é liberado do sangue para os alvéolos pulmonares; o m ovimento respiratório do ar para dentro e para fora dos pulmões carrega o dióxido de carbono para a atmosfera. O dióxido de carbono é o mais abundante de todos os produtos finais do metabolismo. Rins. A passagem do sangue pelos rins remove do plasma a maior parte das outras substâncias, além do dióxido de carbono, que não são necessárias para as células. Estas substâncias incluem diferentes produtos finais do m etabo lismo celular, tais como a uréia e o ácido úrico; também incluem excessos de íons e água dos alimentos que podem ter se acumulado no fluido extracelular. Os rins realizam sua função prim eiram ente por filtrar grandes quantidades de plasma através dos glomérulos para os túbulos e depois reabsorve para o sangue aquelas substâncias necessárias ao corpo, tais como glicose, ami- noácidos, quantidades adequadas de água e muitos dos íons. A maioria das outras substâncias que não são neces sárias para o organismo, principalm ente os produtos metabólicos finais como a uréia, é pouco reabsorvida e passa pelos túbulos renais para a urina. Regulação das Funções Corporais Sistema Nervoso. O sistema nervoso é composto de três partes principais: a parte de aferência sensorial, o sistema nervoso central (ou parte integrativa) e a parte de eferência motora. Os receptores sensoriais detectam o estado do corpo ou o estado do meio ambiente. Por exemplo, os Aesculapius 6 Unidade I Inlruduçao à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral receptores na peie informam o organismo quando um objeto toca a pele em qualquer ponto. Os olhos são órgãos sensoriais que dão a imagem visual do ambiente. Os ouvi dos tam bém são órgãos sensoriais. O sistema nervoso cen tral é composto do cérebro e da m edula espinhal. O cérebro pode arm azenar informações, gerar pensam en tos, criar ambição e determ inar as reações do organismo em resposta às sensações. Os sinais apropriados são então transm itidos através da eferência m otora do sistema n er voso para executar os desígnios da pessoa. Um grande segmento do sistema nervoso é chamado de sistema autônomo. E le opera em um nível subcons ciente e controla muitas funções dos órgãos internos, incluindo o nível de atividade de bom beam ento pelo coração, movimentos do trato gastrointestinal e secreção de muitas das glândulas do corpo. Sistema Hormonal de Regulação. H á no corpo oito principais glândulas endócrinas que secretam substân cias químicas cham adas horm ônios. Os horm ônios são transportados no fluido extracelular para todas as p ar tes do corpo para participar da regulação da função celular. Por exemplo, o horm ônio da tireó ide aum enta as taxas da m aioria das reações químicas em todas as células, assim contribuindo para estabelecer o ritm o da atividade corporal. A insulina controla o m etabolism o da glicose; horm ônios adrenocorticóides controlam o m etabolism o dos íons sódio. íons potássio e de p ro te í nas; e o horm ônio para tireó ideo controla o cálcio e o fosfato dos ossos. Assim, os horm ônios são um sistema de regulação que com plem enta o sistem a nervoso. O sistem a nervoso regula principalm ente as atividades m usculares e secretórias do organism o, enquan to o sis tem a horm onal regula m uitas funções metabólicas. Reprodução Às vezes a reprodução não é considerada uma função homcostática. Entretanto, ela realm ente contribui para a hom eostasia através da geração de novos seres em substi tuição dos que estão morrendo. Isto pode parecer um uso pouco rigoroso do term o homeostasia, mas ilustra, em ultima análise, que essencialmente todas as estruturas do corpo são organizadas para m anter a autom aticidade e a continuidade da vida. Sistemas de Controle do Corpo O corpo hum ano possui milhares de sistemas de controle. O mais intrincado deles é o sistema de controle genético que opera em todas as células para o controle da função intracelular, bem como da função extracelular. Este assunto é discutido no Capítulo 3. Muitos outros sistemas de controle operam dentro dos órgãos para controlar funções de partes individuais des tes; outros ainda operam por todo o corpo para controlar as inter-relações entre os órgãos. Por exemplo, o sistema respiratório, operando em associação com o sistema ner voso, regula a concentração de dióxido dc carbono no fluido extracelular. O fígado e o pâncreas regulam a con centração de glicose no fluido extracelular, e os rins regu lam as concentrações dc hidrogênio, sódio, potássio, fosfato e dc outros íons no fluido extracelular. Exemplos de Mecanismos de Controle Regulação das Concentrações de Oxigênio e Dióxido de Car bono no Fluido Extracelular. Pelo fato de o oxigênio ser uma das principais substâncias necessárias para as rea ções químicas nas células, o organismo dispõe de um mecanismo de controle especial para m anter a concentra ção de oxigênio quase constante no fluido extracelular. Esse mecanismo depende principalm ente das caracterís ticas químicas da hemoglobina, que está presente em todas as hemácias. A hemoglobina combina-se com o oxi gênio na passagem do sangue pelos pulmões. Q uando o sangue passa pelos capilares dos tecidos, a hemoglobina, devido à sua alta afinidade química pelo oxigênio, não o libera ao fluido tecidual se já houver oxigênio dem ais no local. Mas se a concentração dc oxigênio estiver baixa demais, uma quantidade suficiente é liberada para resta belecer uma concentração adequada. Portanto, a regula ção da concentração de oxigênio nos tecidos depende principalm ente das características químicas da própria hemoglobina. E sta regulação é cham ada de função de tamponamento do oxigênio pela hemoglobina. A co ncen tração de d ióxido de carb o n o no flu id o , ex trace lu lar é regu lada dc form a m uito d ife ren te . O dióxido de carb o n o é o principal p ro d u to final das reações oxidativas nas células. Se to d o o d ióxido de carbono fo rm ado nas células se acum ulasse con tinua- dam ente nos fluidos teciduais, a ação de m assa do p ró p rio d ióxido de carbono rap id am en te d e te ria tod as as reaçõ es de co n v ersão de en e rg ia nas células. Porém , um a co n cen tração m ais a lta que o no rm al de d ióx ido de ca rb o n o no sangue excita o centro resp ira tó rio , fazendo com que a pessoa resp ire ráp ida e p ro fu n d a m ente. Isto au m en ta a exp iração de d ióxido de c a r bono e, p o rtan to , rem ove o excesso do gás do sangue e dos fluidos teciduais. E ste processo con tinua a té que a co ncen tração volte ao norm al. Regulação da Pressão Sangüínea Arterial. V ários sistemas contribuem para a regulação da pressão sangüínea arte rial. Um deles, o sistema barorreceptor, é um simples e excelente exem plo de um m ecanism o de controle de ação rápida. Nas paredes da região de bifurcação das artérias carótidas, no pescoço, e tam bém no arco da aorta, no tórax, encontram -se vários receptores nervo sos, cham ados barorreceptores, que são estim ulados pelo estiram ento da parede arterial. Q uando a pressão arterial sobe demais, os barorreceptores enviam salvas de impulsos nervosos para o tronco cerebral. A qui, estes impulsos inibem o centro vasom otor, o q u a l,p o r sua vez, diminui o núm ero de im pulsos transm itidos deste cen tro ,através do sistema nervoso sim pático, para o coração e vasos sangüíneos. A redução desses impulsos ocasiona a dim inuição da atividade de bom beam ento do coração e tam bém a dilatação dos vasos sangüíneos periféricos, perm itindo aum ento do fluxo sangüíneo nos vasos. Aesculapius Capítulo 1 Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do “Meio Interno ” 7 Am bos os efeitos dim inuem a pressão arterial, trazendo- a de volta ao valor normal. Inversamente, um a pressão arterial abaixo do normal reduz o estímulo dos receptores de estiram ento, perm i tindo ao centro vasom otor uma atividade mais alta, cau sando assim vasoconstrição e aum ento do bom beam ento cardíaco, com elevação da pressão arterial de volta ao normal. Faixas Normais e Características Físicas de Im portantes Constituintes do Fluido Extracelular A Tabela 1-1 relaciona os constituintes e características físicas mais im portantes do fluido extracelular e seus valores normais, faixas normais e limites máximos to lera dos sem causar óbito. Observe a estreiteza da faixa no r mal de cada um. Valores fora dessas faixas são geralm ente causados por doenças. Mais im portantes são os limites além dos quais as anor malidades podem causar a morte. Por exemplo, um au mento da tem peratura corpórea de apenas 11° F (7o C) acima da norm al pode levar a um ciclo vicioso de aum ento do metabolismo celular que destrói as células. Observe também a estreita faixa de equilíbrio acidobásico no corpo, com um valor norm al de pH de 7,4 e valores letais com apenas 0,5 unidade de pH acima ou abaixo do nor mal. O utro im portante fator é a concentração de íons potássio, pois quando esta cai para menos de um terço da normal, o indivíduo provavelm ente sofre paralisia em conseqüência da incapacidade dos nervos de conduzir impulsos. A lternativam ente, se a concentração de íons potássio aum entar para duas ou mais vezes em relação à normal, o músculo cardíaco provavelm ente será grave mente deprimido. Também, quando a concentração de íons cálcio cai abaixo da m etade da normal, o indivíduo provavelmente tem um a contração tetânica dos músculos do corpo por causa da geração espontânea de um excesso de impulsos nervosos nos nervos periféricos. Q uando a concentração de glicose cai abaixo da m etade da normal, o indivíduo geralm ente desenvolve um a irritabilidade mental extrem a e, às vezes, até mesmo convulsões. Esses exemplos devem dar um a idéia da necessidade e da extrema im portância do grande núm ero de sistemas de controle que m antêm o corpo funcionando na saúde; a ausência de qualquer um desses controles pode resultar em sério m au funcionam ento do corpo ou em morte. Características dos Sistemas de Controle Os exemplos m encionados anteriorm ente de m ecanis mos de controle hom eostáticos são apenas alguns dos milhares que existem no corpo, todos os quais com certas características em comum. Estas características são expli cadas nesta seção. Natureza de Feedback Negativo da Maioria dos Sistemas de Controle A maioria dos sistemas de controle do organism o age por feedback negativo, o que pode ser bem explicado pela revi são de alguns dos sistemas de controle hom eostáticos m en cionados anteriormente. Na regulação da concentração de dióxido de carbono, um a alta concentração do gás no fluido extracelular aum enta a ventilação pulmonar. Isto, po r sua vez, diminui a concentração de dióxido de carbono no fluido extracelular, pois os pulmões eliminam m aiores quantidades de dióxido de carbono do organismo. Em outras palavras, a alta concentração de dióxido de carbono inicia eventos que diminuem a concentração até a normal, o que é negativo ao estímulo inicial. Inversamente, a queda na concentração de dióxido de carbono causa um feedback para aum entar a concentração. Esta resposta também é negativa em relação ao estímulo inicial. Nos mecanismos de regulação da pressão arterial, a pressão alta causa um a série de reações que promovem a redução da pressão, ou um a pressão baixa faz com que um a série de reações prom ova a elevação da pressão. Em ambos os casos, estes efeitos são negativos em relação ao estím ulo inicial. Portanto, em geral, se algum fator se torna excessivo ou deficiente, um sistema de controle inicia um feedback negativo, que consiste em um a série de alterações que recuperam o valor médio do fator, m antendo, assim, a homeostasia. “Ganho” de um Sistema de Controle. O grau de eficiência com o qual um sistem a de contro le m antém constantes Constituintes importantes e Características Físicas do Fluido Extracelular Valor Normal Faixa Normal Limite Aproximado Não-ietal em Curto Prazo Unidade Oxigênio 40 35-45 10-1.000 mmHg Dióxido de carbono , 40 35-45 5-80 mmHg fon sódio 142 138-146 115-175 mmol/L fon potássio 4,2 3.8-5.0 1.5-9,0 mmol/L ion cálcio 1.2 1,0-1.4 0.5-2,0 mmol/L lon cloreto 108 103-112 70-130 mmol/L íon bicarbonato 28 24-32 8-45 mmol/L Glicose 85 75-95 20-1.500 mg/dL Temperatura corpórea 98,4(37,0) 98-98,8 (37,0) 65-110(18.3-43,3) "F (°C) Acido-base 7.4 1.3-7J5 ó,9-8.0 pH Aesc ulapius 8 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral as condições é determ inado pelo ganho do feedback negativo. Por exem plo, vamos assum ir que um grande volum e de sangue seja transfundido em um a pessoa cujo sistem a de controle de pressão pelo barorrecep to r não esteja funcionando, e a pressão arterial sobe do nível norm al, de 100 mmHg, para 175 mmHg. Então, suponham os que o mesm o volum e de sangue seja in je tado na m esm a pessoa quando o sistem a baro rrecep to r estiver funcionando, e, desta vez, a pressão sobe apenas 25 mmHg. Assim, o sistem a de controle por feedback causou um a “correção” d e -50 mm Hg — ou seja, de 175 m m H g para 125 mmHg. Perm anece um aum ento de pressão de +25 mmHg, cham ado de “e rro ”, o que signi fica que o sistem a de controle não é 100% eficaz na p re venção da alteração. O ganho do sistem a é, então, calculado pela seguinte fórm ula: Correção G anho = Erro Portanto, no exemplo do sistema barorreceptor, a corre ção é de -50 mmHg e o erro rem anescente é de +25 mm Hg. Assim, o ganho do sistema barorreceptor de uma pes soa para o controle da pressão arterial é -50 divididos por +25, ou -2. O u seja, um distúrbio que aum enta ou diminui a pressão arterial o faz em apenas um terço do que ocor reria se este sistema de controle não estivesse presente. Os ganhos de alguns outros sistemas de controle fisio lógicos são muito maiores do que o do sistema barorrecep tor. Por exemplo, o ganho do sistema que controla a tem peratura interna do corpo quando uma pessoa é exposta a um clima m oderadam ente frio é de aproxim ada m en te-33. Portanto, o sistema de controle de tem peratura é muito mais eficiente do que o sistema barorreceptor de controle da pressão. O Feedback Positivo Pode, Às Vezes, Causar Ciclos Viciosos e Morte Podemos perguntar: por que essencialmente todos os sis temas de controle do organismo operam por feedback negativo ao invés de por feedback positivo? Se conside rarmos a natureza do feedback positivo, im ediatam ente percebemos que o feedback positivo não leva à estabili dade, e sim à instabilidade e, geralmente, à morte. A Figura 1-3 mostra um exemplo no qual pode ocorrer a morte por feedback positivo. Esta figura representa a efi cácia do bombeamento cardíaco, mostrando que o coração de um ser humano saudável bombeia cerca de 5 litros de sangue por minuto. Se a pessoa subitamente perde 2 litros de sangue, a quantidade de sangue no corpo cai para um nível muito baixo, insuficiente para que o coração bombeie eficientemente. Em conseqüência, a pressão arterial cai, e o fluxo de sangue para o músculo cardíaco através dos vasos coronários diminui. Isto resulta em enfraquecimento do coração, diminuindo ainda mais o bombeamento, com mais diminuição do fluxo sangüíneo coronário, e ainda mais enfraquecimento do coração; o ciclo se repete várias vezes até que ocorre a morte. Observe que cada ciclo no feedback resulta em mais enfraquecimento do coração. Em outras palavras, o estímulo inicial causa mais do mesmo, que é o feedback positivo. Horas Figura 1-3 Recuperação do bombeamento cardíaco causado por feedback negativo, após a remoção de um litro de sangue da circulação. A morte é causada por feedback positivo quando dois litros de san gue são removidos. O feedback positivo é mais conhecido como “ciclo vicioso”, mas um feedback positivo m oderado pode ser superado pelos mecanismos de controle de feedback negativo do corpo, e o ciclo vicioso não se desenvolve. Por exemplo, se a pessoa do exem plo m encionado an terio r m ente tivesse sangrado apenas um litro em vez de dois litros, os mecanismos norm ais de feedback negativo para controle do débito cardíaco e da pressão arterial supera riam o feedback positivo e a pessoa se recuperaria, con forme m ostra a curva pontilhada da Figura 1-3. 0 Feedback Positivo Pode, Às Vezes, Ser Útil. E m alguns casos, o corpo usa o feedback positivo em seu favor. A coa gulação sangüínea é um exem plo de uso valioso do feed back positivo. Q uando um vaso sangüíneo se rom pe e um coágulo começa a se formar, múltiplas enzimas cham adas de fatores de coagulação são ativadas dentro do próprio coágulo. Algumas dessas enzimas agem sobre outras enzi mas inativas no sangue im ediatam ente adjacente, cau sando, assim, mais coagulação sangüínea. Este processo continua até que o orifício no vaso seja fechado e o san- gram ento cesse. O casionalm ente, este mecanismo pode sair do controle e causar a form ação de coágulos indese- jados. Na verdade, é isto que inicia a maioria dos ataques cardíacos agudos, que são causados por um coágulo que começa na superfície interna de uma placa ateroscleró- tica em um a artéria coronária e cresce até a obstrução da artéria. O parto é outro caso em que o feedback positivo de sem penha um papel valioso. Q uando as contrações u teri nas se tornam suficientem ente fortes para que a cabeça do bebê comece a em purrar o colo uterino, o alongam ento do colo envia sinais através do músculo uterino para o corpo do útero, causando contrações ainda mais fortes. Aesculapius ■ Capítulo 1 Assim, as contrações uterinas alongam o colo, e este alon gamento causa contrações mais intensas. Q uando este processo se torna suficientemente poderoso, o bebê nas ce. Se não forem suficientemente poderosas, as contra ções cessam, e somente após alguns dias elas recomeçam. Outro uso im portante do feedback positivo é para a geração de sinais nervosos. Q uando a m em brana de uma fibra nervosa é estimulada, ocorre um ligeiro vazamento de íons sódio através dos canais de sódio, na m em brana do nervo, para o interior da fibra. Os íons sódio que entram na fibra mudam, então, o potencial da m em brana, o que, por sua vez, causa maior abertura dos canais, mais altera ção de potencial e m aior abertura ainda dos canais, e assim por diante. Assim, um leve vazam ento se torna uma explosão de sódio que entra na fibra nervosa, criando o potencial de ação do nervo. Este potencial de àção, por sua vez, faz com que a corrente elétrica flua ao longo da fibra, tanto no exterior quanto no interior dela, dando iní cio a outros potenciais de ação. Este processo continua ininterruptam ente até que o sinal nervoso chegue ao final da fibra. Nos casos em que o feedback positivo é útil, o próprio feedback positivo é parte de um processo geral de feed back negativo. Por exemplo, no caso de coagulação san güínea, o processo de coagulação por feedback positivo é um processo de feedback negativo para a m anutenção do volume norm al de sangue. Também, o feedback positivo que causa sinais nervosos perm ite que os nervos partici pem de milhares de sistemas de controle nervosos de feedback negativo. I Tipos Mais Complexos de Sistemas de Controle — Controle Adaptativo Mais ad ian te neste livro, quando estiverm os estudando o sistem a nervoso, verem os que este sistem a contém grande núm ero de m ecanism os de controle in terconec- tados. A lguns são sim ples sistem as de feedback, parec i dos com aqueles que já foram discutidos. M uitos não o são. Por exem plo, alguns m ovim entos do corpo ocor rem tão rap idam ente que não há tem po suficiente para que os sinais nervosos percorram todo o cam inho da periferia do corpo até o cérebro e en tão novam ente voltem à periferia para con tro lar o m ovim ento. Por tanto, o cérebro usa um princípio cham ado de controle por feed-forw ard p a ra provocar as necessárias co n tra ções m usculares. Isto é, os sinais nervosos sensoriais das partes que se movem inform am o cérebro se o m ovim ento é realizado corretam ente . Se não, o cérebro corrige os sinais de feed-forw ard que envia aos m úscu los na próxim a vez que o m ovim ento for necessário. Se m aiores correções forem ainda necessárias, elas serão feitas nos m ovim entos subseqüentes. Isto é cham ado de controle adaptativo. O contro le adaptativo, de certa forma, é um feedback negativo retardado . Dessa forma, pode-se perceber o quanto podem ser complexos os sistemas corporais de controle de feedback. A vida de um a pessoa depende de todos eles. Portanto, uma grande parte deste livro é dedicada à discussão des tes mecanismos vitais. Resumo — Automaticidade do Corpo A finalidade deste capítulo foi a de destacar, em prim eiro lugar, a organização geral do corpo e, em segundo lugar, os meios pelos quais as diferentes partes do corpo operam em harmonia. Em suma, o corpo é, na verdade, uma socie dade de cerca de 100 trilhões de células organizadas em estruturas funcionais distintas, algumas das quais são cha madas de órgãos. Cada estru tura funcional contribui com sua parcela para a m anutenção das condições hom eostá- ticas no fluido extracelular, que é cham ado de meio in terno. E nquanto as condições norm ais forem m antidas neste meio interno, as células do corpo continuam vi vendo e funcionando adequadam ente. C ada célula se beneficia da homeostasia e contribui com sua parcela para a m anutenção da homeostasia. E sta in teração recí proca proporciona a autom aticidade contínua do corpo até que um ou mais sistemas funcionais percam sua capa cidade de contribuir com sua parcela de função. Q uando isso acontece, todas as células do corpo sofrem. U m a dis função extrem a leva à morte; um a disfunção m oderada leva a uma doença. Referências Adolph EF: Physiological adaptations: hypertrophies and superfunctions. Ara Sei 60:608,1972. Bernard C: Lectures on the Phenomena of Life Common to Animals and Plants. Springfield, IL: Charles C Thomas, 1974. Cabanac M: Regulation and the ponderostat. Int J Obes Relat Metab Disord 25(Suppl 5):S7,2001. Cannon WB: The Wisdom of the Body. New York: WW Norton, 1932. Conn PM, Goodman HM: Handbook of Physiology: Cellular Endocrinology. Bethesda: American Physiological Society, 1997. Csete ME, Doyle JC: Reverse engineering of biological com plexity. Science 295:1664,2002. Danzler WH (ed): Handbook of Physiology, Sec 13: Compar ative Physiology. Bethesda: American Physiological Society, 1997. Dickinson MH,Farley CT,Full RJ,et al:How animals move: an integrative view. Science 288:100,2000. Garland T Jr, Carter PA: Evolutionary physiology. Annu Rev Physiol 56:579,1994. Gelehrter TD, Collins FS: Principles of Medical Genetics.Bal- timore: Williams & Wilkins, 1995. Guyton AC: Arterial Pressure and Hypertension. Philadel phia: WB Saunders, 1980. Guyton AC, Jones CE, Coleman TG: Cardiac Output and Its Regulation. Philadelphia: WB Saunders, 1973. Guyton AC, Taylor AE, Granger HJ: Dynamics and Control of the Body Fluids. Philadelphia: WB Saunders, 1975. Hoffman JF, Jamieson JD: Handbook of Physiology: Cell Physiology. Bethesda: American Physiological Society, 1997. Krahe R, Gabbiani F: Burst firing in sensory systems. Nat Rev Neurosci 5:13,2004. Lewin B: Genes VII. New York: Oxford Uni versity Press,2000. Masoro EJ (ed): Handbook of Physiology, Sec 11: Aging. Bethesda: American Physiological Society, 1995. Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do “Meio Interno ” Aesculapius 1 0 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Milhorn HT: The Application of Control Theory to Physiological Systems. Philadelphia: WB Saunders, 1966. Orgel LE:The origin of life on the earth. Sei Am 271:76,1994. Smith HW: From Fish to Philosopher. New York: Doubleday, 1961. Thomson RC: Biomaterials Regulating Cell Function and Tissue Development. Warrendale, PA: Materials Research Society, 1998. Tjian R: Molecular machines that control genes. Sci Am 272:54,1995. Aesculapius C A P I T U L O A Célula e Suas Funções Cada um a das 100 trilhões de células de um ser hum ano é um a estrutura viva que pode sobreviver por meses ou vários anos, desde que os fluidos que as circundam con tenham os nutrientes adequados. Para com preender a função dos órgãos e outras estruturas do corpo, é essen cial que prim eiro entendam os a organização básica da célula e as funções das partes que a compõem. Organização da Célula Uma célula típica, observada na microscopia óptica, é m ostrada na Fig. 2-1. Suas duas principais partes são o núcleo e o citoplasma. O núcleo é separado do citoplasma por uma membrana nuclear, e o citoplasma é separado dos fluidos circundantes por uma membrana celular, tam bém cham ada de membrana plasmática. As diferentes substâncias que form am a célula são coletivam ente cham adas de protoplasma. O protoplasm a é composto preponderantem ente de cinco substâncias básicas: água, eletrólitos, proteínas, lipídios e carboidratos. Água. O principal meio fluido da célula é a água, que está presente na m aioria das células, exceto nas células de gordura, em uma concentração de 70% a 85%. M uitas das espécies químicas celulares são dissolvidas na água. O utras ficam suspensas nela, como partículas sólidas. Ocorrem reações químicas entre os produtos químicos dis solvidos ou nas superfícies das partículas suspensas ou das membranas. íons. Os íons mais im portantes na célula são potássio, magnésio, fosfato, sulfato, bicarbonato, e, em m enores quantidades, sódio, cloreto e cálcio. Estes serão discuti dos mais detalhadam ente no Capítulo 4, que considera as inter-relações entre os flui dos intracelular e extracelular. Os íons são os com ponentes inorgânicos para as reações celulares. Eles são neces sários tam bém para a operação de alguns dos mecanismos de controle celular. Por exemplo, íons que agem na m em brana celular são necessários para a transmissão de impulsos eletroquímicos em nervos e fibras musculares. Proteínas. D epois da água, as substâncias mais abundantes na m aioria das células são as proteínas, que norm alm ente constituem de 10% a 20% da massa celular. Estas podem ser divididas em dois tipos: proteínas estruturais e proteínas funcionais. As proteínas estruturais estão presentes na célula principalmente na forma de lon gos filamentos que, em si, são polímeros de muitas moléculas individuais de proteínas. Tais filamentos intracelulares formam microtúbulos e estes form am os “citoesquele- tos” de organelas celulares, como cílios, axônios de neurônios, fusos mitóticos de célu las em mitose, e uma rede de finos tubos filamentares que m antêm as partes do citoplasma e do nucleoplasma em seus respectivos espaços. Extracelularm ente, as proteínas fibrilares são encontradas principalmente nas fibras de colágeno e elastina do tecido conjuntivo e nas paredes dos vasos sangüíneos, nos tendões, nos ligamentos, e em outras estruturas. As proteínas funcionais são um tipo de proteína totalm ente diferente, norm al mente compostas de combinações de umas poucas moléculas na form a tubular-glo- 11 Aesculapius 12 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Membrana celular Nucléolo Membrana nuclear Citoplasma Nucleo- plasma Núcleo Figura 2-1 Estrutura da célula vista por m icroscopia óptica. pode ser despolim erizado e rapidam ente utilizado para suprir as necessidades energéticas das células. Estrutura Física da Célula A célula não é sim plesm ente um saco de fluido, enzimas e substâncias químicas; ela tam bém contém estru turas físicas altam ente organizadas, cham adas de organelas intracelulares. A natureza física de cada organela é tão im portante quanto os constituintes químicos da célula para a função celular. Por exemplo, sem um a das organe las, a mitocôndria, mais de 95% da liberação de energia dos nutrientes na célula cessaria im ediatam ente. A s o r ganelas mais im portantes e outras estruturas da célula são m ostradas na Figura 2-2. bular. Estas proteínas são principalm ente as enzimas da célula e, ao contrário das proteínas fibrilares, geralm ente são móveis no fluido celular. M uitas delas aderem às estruturas m em branosas dentro da célula. As enzimas entram em contato direto com outras substâncias no fluido celular e dessa forma catalisam reações químicas específi cas intracelulares. Por exemplo, as reações químicas que clivam a glicose em compostos e depois os combinam com oxigênio para form ar dióxido de carbono e água, pro vendo sim ultaneam ente energia para a função celular, são todas catalisadas por uma série de enzimas protéicas. Lipídios. Lipídios são vários tipos de substâncias agrupa das por suas propriedades comuns de solubilidade em sol ventes de gordura. Os lipídios especialmente im portantes são os fosfolipídios e o colesterol, que, juntos, constituem cerca de 2% do total da massa celular. A significância dos fosfolipídios e do colesterol é que eles são solúveis princi palm ente em água e, portanto, são usados para form ar a m em brana celular e as m em branas intracelulares que separam os diferentes com partim entos da célula. Além dos fosfolipídios e do colesterol, algumas células contêm grandes quantidades de triglicerídios, tam bém chamados de gordura neutra. Nos adipócitos, os triglicerí dios geralm ente são responsáveis por até 95% da massa celular. A gordura arm azenada nessas células representa a principal reserva de nutrientes energéticos do corpo, que posteriorm ente pode ser usada para fornecer energia em qualquer parte do corpo conforme necessário. Carboidratos. Os carboidratos possuem pouca função es trutural na célula, exceto como partes das moléculas de glicoproteínas, mas desem penham o papel principal na nutrição da célula. A maioria das células hum anas não m antém grandes reservas de carboidratos; a quantidade geralm ente fica em torno de 1 % de sua massa total, mas aum enta para até 3% nas células m usculares e, even tualm ente, até 6% nas células hepáticas. E n tre tan to , o carboidrato , na form a de glicose dissolvida, está sem pre presente no fluido extracelular, prontam ente disponível para as células.Também, uma pequena quantidade de car boidrato é sem pre arm azenada nas células na forma de glicogênio, que é um polím ero insolúvel da glicose e que Estruturas Membranosas da Célula A maioria das organelas da célula é delim itada por m em branas compostas prim ariam ente de lipídios e de pro teí nas. Essas m em branas incluem a membrana celular, a membrana nuclear, a membrana do retículo endoplasmá- tico, e as membranas da mitocôndria, dos lisossomos e do complexo de Golgi. Os lipídios das membranas constituem uma barreira que impede o movimento de água e substâncias hidrossolúveis de um compartimento da célula para outro, pois a água não é solúvel em lipídios. Entretanto, moléculas de proteína na membrana geralmente penetram completamente a m em brana, formando vias especializadas, geralmente organiza das em poros para a passagem de substâncias específicas através da membrana.Também, muitas outras proteínas de membrana são enzimas que catalisam uma série de diferen tes reações químicas, que são discutidas aqui e nos capítulos subseqüentes. Membrana Celular A m em brana celular (tam bém cham ada de m em brana plasmática), que envolve a célula, é uma estru tura fina, flexível e elástica, de 7,5 a 10 nanôm etros de espessura. E composta quase totalm ente de proteínas e lipídios. A com posição aproxim ada é a seguinte: proteínas: 55% ; fosfo lipídios, 25% ; colesterol, 13%; outros lipídios, 4% ; e\ carboidratos, 3%. A Barreira Lipídica da Membrana Celular Impede a Penetra ção de Agua. A Figura 2-3 m ostra a estrutura da m em brana celular. Sua estrutura básica é uma bicamada lipídica, que é um filme fino, form ado por uma dupla camada de lipídios — cada camada com espessura de apenas um a m olécula — que é contínua sobre toda a superfície da célula. Dispersas neste filme lipídico estão grandes moléculas de proteína globulares. A dupla camada lipídica básica é com posta de m olécu las de fosfolipídios. Um a extrem idade da molécula de fos- folipídio é solúvel em água; isto é, é hidrofílica. A outra extrem idade é solúvel apenas em lipídios; isto é, é hidrofó- Aesculapius Capítulo 2 A Célula e Suas Funções 13 Cromossomos e DNA Figura 2-2 Reconstrução de uma célula típica, mostrando as organe- ias internas no citoplasma e no núcleo. endoplasmático endoplasmático granular liso (agranular) bica. A extremidade do fosfolipídio com fosfato é hidrofí- lica, e a extremidade com ácido graxo é hidrofóbica. Pelo fato de as partes hidrofóbicas das moléculas de fosfolipídio serem repelidas pela água, mas se atraírem mutuamente, elas espontaneam ente se arranjam no cen tro da mem brana, conforme m ostra a Figura 2-3. As par tes hidrofílicas com fosfato constituem as duas superfícies da membrana celular completa, em contato com a água intracelular, na superfície interna da m em brana, e com a água extracelular, na superfície externa. A camada lipídica no meio da m em brana é im perm eá vel às substâncias hidrossolúveis comuns, como íons, gli cose e uréia. Inversamente, as substâncias lipossolúveis, como oxigênio, dióxido de carbono e álcool, podem pene trar nesta parte da m em brana com facilidade. As m oléculas de co lestero l na m em brana tam bém possuem n atu reza lipídica, pois seu núcleo esteró ide é altam ente lipossolúvel. Essas m oléculas, em certo sentido, estão dissolvidas na bicam ada da m em brana. Elas contribuem principalm ente para a determ inação do grau de perm eabilidade (ou im perm eabilidade) da dupla cam ada a constituintes hidrossolúveis dos fluidos corpóreos. O colesterol controla m uito a fluidez da m em brana. Proteínas da Membrana Celular. A Figura 2-3 tam bém m os tra massas globulares flutuando na bicam ada lipídica. Estas são proteínas de m em brana, m uitas das quais são glicoproteínas. Dois tipos de proteínas ocorrem : as proteí nas integrais, que se estendem por toda a m em brana, e as proteínas periféricas, que estão ancoradas à superfície da m em brana e não a penetram . Muitas das proteínas integrais form am canais (ou p o ros) através dos quais as moléculas de água e substâncias hidrossolúveis, principalm ente os íons, podem se difundir entre os fluidos extracelular e intracelular. Esses canais form ados por proteínas tam bém apresentam proprieda des seletivas, perm itindo a difusão preferencial de algu mas substâncias com relação a outras. Outras proteínas integrais agem como proteínas carre gadoras para o transporte de substâncias que, do contrá rio, não poderiam penetrar a dupla camada lipídica. As vezes, estas podem até transportar substâncias na direção Aesculapius 14 Unidade I Introdução á Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Carboidrato Fluido exiracelular Proteína integral £ V r T TT r* r T \ Proteína integral ■ Bicamada / lipídica / Proteína periférica Fluido intracelular Citoplasma Figura 2-3 Estrutura da membrana celular, mostrando que ela é composta principalmente de uma bicamada lipídica de moléculas de fosfolipí- dio, mas com grandes números de moléculas de proteína projetando- se na membrana. Também, carboi- dratos estão ligados às moléculas de proteína no exterior da mem brana, e moléculas de proteína adicionais encontram-se no inte rior. (Redesenhada de Lodish HF, Rothman JE: The assembly of cell membranes. Sci Am 240:48,1979. Copyright George V. Kevin.) oposta à sua direção natural de difusão, o que é chamado de “transporte ativo”. Outras, ainda, agem como enzimas. Proteínas integrais da m em brana tam bém podem ser vir como receptores para substâncias químicas hidrosso- lúveis, tais como hormônios peptídios, que não penetram facilmente a m em brana celular. A interação dos recepto res de m em brana celular com ligantes específicos, que se ligam ao receptor, causa alterações estruturais na pro teína receptora. Isto, por sua vez, estimula a atividade enzimática da parte intracelular da proteína ou induz interações entre o receptor e proteínas do citoplasma que agem como segundos mensageiros, transmitindo, assim, o sinal da parte extracelular do receptor para o interior da célula. D esta m aneira, as proteínas integrais atravessan do a m em brana celular constituem um modo de transm i tir informações sobre o am biente para o interior da célula. As moléculas de proteínas periféricas são freqüente m ente ligadas às proteínas integrais. Estas proteínas peri féricas funcionam quase sem pre como enzimas ou como controladores do transporte de substâncias através dos “poros” da m em brana celular. Carboidratos da Membrana — 0 “Glicocálice” Celular. Os carboidratos na mem brana ocorrem quase invariavel m ente em combinação com proteínas ou lipídios na forma de glicoproteínas ou glicolipídios. Na verdade, muitas das proteínas integrais são glicoproteínas, e cerca de um dé cimo das moléculas de lipídio da membrana é de glicolipí dios. As porções “glico” dessas moléculas quase invaria velmente se estendem para fora da célula, na superfície externa da m em brana celular. M uitos outros compostos de carboidrato, chamados de proteoglicanos — que são principalmente carboidratos ligados a cernes pequenos de proteínas — estão frouxam ente ligados tam bém à superfí cie externa da célula. Dessa forma, toda a superfície ex terna da célula geralm ente possui um revestim ento frouxo de carboidrato, chamado de glicocálice. Os domínios de carboidratos, ligados à superfície ex terna da célula, exercem várias im portantes funções: (1) Muitos deles têm carga elétrica negativa, o que dá à m aio ria das células um a superfície negativam ente carregada que repele ânions. (2) O glicocálice de algumas células se une ao glicocálice de outras, assim prendendo as células umas às outras. (3) M uitos dos carboidratos agem como receptores para ligação de hormônios, tais com o a insu lina; quando a ligação se dá, a combinação ativa as pro te í nas internas acopladas que, por sua vez, ativam uma cascata de enzimas intracelulares. (4) Alguns dom ínios de carboidratos se envolvem em reações imunes, conforme discutido no Capítulo 34. O Citoplasma e Suas Organelas O citoplasma contém partículas dispersas, minúsculas e grandes, e organelas. A parte fluida e transparen te do ci toplasma, na qual as partículas são dispersas, é cham ada Aesculapius Capítulo 2 A Célula e Suas Funções 15 de citosoi, este contém principalm ente proteínas dissolvi das, eletrólitos e glicose. Dispersos no citoplasma encontram -se os glóbulos de gordura neutra, grânulos de glicogênio, ribossomos, vesí culas secretórias, e cinco organelas especialm ente im por tantes: o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi, a mitocôndria, os lisossomos e os peroxissomos. Retículo Endoplasmático A Figura 2-2 m ostra um a rede de estruturas vesiculares, tubulares e achatadas, no citoplasma; é o retículo endo plasmático. Os túbulos e vesículas se interconectam . Suas paredes tam bém são constituídas de m em branas com du pla camada lipídica, com grandes quantidades de p ro teí nas, similares às da mem brana celular. A área total dessas estruturas em algumas células — por exemplo, nas células hepáticas — pode ser até 30 ou 40 vezes a área da m em brana celular. A estrutura detalhada de um a pequena porção do retí culo endoplasmático é m ostrada na Figura 2-4. O espaço interno dos túbulos e vesículas é preenchido com matriz endoplasmática,um meio aquoso que é diferente do fluido do citosoi externo ao retículo endoplasmático. Microgra- fias eletrônicas mostram que o espaço interno do retículo endoplasmático é conectado com o espaço entre as duas superfícies da m em brana nuclear. As substâncias formadas em algumas partes da célula entram no espaço do retículo endoplasmático e são então conduzidas para outras partes da célula. Também, a vasta área de superfície desse retículo e os múltiplos sistemas de enzima anexados às suas membranas fornecem a maquina ria para uma grande parte das funções metabólicas da célula. Ribossomos e Retículo Endoplasmático Granular. A ncora dos na superfície externa de muitas partes do retículo en- doplasmático estão numerosas partículas granulares e minúsculas, chamadas de ribossomos. O nde os ribossomos estão presentes, o retículo é cham ado de retículo endoplas mático granular. Os ribossomos são com postos de uma m istura de RN A e de proteínas, e funcionam na síntese de novas moléculas de proteínas na célula, conform e discu tido mais adiante neste capítulo e no C apítulo 3. Retículo Endoplasmático Agranular. Parte do retículo en doplasmático não contém ribossomos. E sta parte é cha m ada de retículo endoplasmático agranular, ou liso. O retículo agranular serve para a síntese de substâncias lipí- dicas e para outros processos das células, prom ovidos pelas enzimas intra-reticulares. Complexo de Golgi O com plexo de Golgi, m ostrado na Figura 2-5, está in ti m am ente relacionado com o retículo endoplasm ático . E le possui m em branas parecidas com as do re tícu lo endoplasm ático agranular. N orm alm ente é com posto de quatro ou mais camadas de vesículas fechadas, finas e achatadas, em pilhadas e dispostas na vizinhança e em um dos lados do núcleo. Esse complexo ocorre destaca- dam ente em células secretórias, localizado no pólo da célula po r onde se dá a secreção. O complexo de Golgi funciona em associação ao re tí culo endoplasmático. Conforme mostra a Figura 2-5, pequenas “vesículas de transporte” (tam bém cham adas de vesículas do retículo endoplasmático, ou vesículas R E ) des tacam-se do retículo endoplasmático e logo depois se fun dem com o complexo de Golgi. As substâncias contidas nas vesículas R E são transportadas do retículo endoplasm á tico para o complexo de Golgi. As substâncias transporta das são então processadas no complexo de Golgi para formar lisossomos, vesículas secretórias e outros com po nentes citoplasmáticos que serão discutidos mais adiante neste capítulo. Estrutura do retículo endoplasmático. (Modificada de DeRobertis EDP, Saez FA, DeRobertis EMF: Cell Biology, 6th. ed. Philadelphia: WB Saunders, 1975.) Vesículas de Golgi * - » * . • Complexo de Gol Vesículas RE Retículo endoplasmático i-igura 2-5 Complexo de Golgi típico e sua relação com o retículo endoplasm á tico (RE) e com o núcleo. Aesculapius 16 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Lisossomos Os lisossomos, m ostrados na Figura 2-2, são organelas vesiculares que se form am separando-se do complexo de Golgi e depois se dispersando pelo citoplasma. Os lisos somos constituem um sistema digestivo intracelular que perm ite que a célula digira (1) estruturas celulares danifi cadas, (2) partículas de alimentos que foram ingeridos pela célula, e (3) materiais indesejados, tais como bacté rias. O lisossomo é muito diferente nos diversos tipos de células, mas geralmente possui um diâm etro entre 250 e 750 nanômetros. E cercado por um a m em brana com dupla camada lipídica e contém grande núm ero de peque nos grânulos, de 5 a 8 nanôm etros de diâm etro, que são agregados protéicos com até 40 diferentes enzimas da classe das hidrolases (digestivas). U m a enzima hidrolítica é capaz de quebrar um composto orgânico em duas ou mais partes, com binando o hidrogênio de um a molécula de água com um a parte do composto hidroxila da m olé cula de água,com a outra parte do composto. Assim, a pro teína é hidrolisada para form ar aminoácidos, o glicogênio é hidrolisado para form ar a glicose, e os lipídios são hidro- lisados para form ar ácidos graxos e glicerol. Com um ente, a m em brana que circunda o lisossomo evita que as enzimas hidrolíticas contidas nele entrem em contato com outras substâncias na célula e, portanto, p re vine as suas ações digestivas. E ntretanto, algumas condi ções da célula rom pem as m em branas de alguns dos lisossomos, perm itindo a liberação das enzimas digesti vas. Estas enzimas, então, clivam as substâncias orgânicas com as quais elas entram em contato em moléculas pe quenas, altam ente difundíveis, tais como aminoácidos e glicose. Algumas das funções mais específicas dos lisosso mos serão discutidas mais adiante, no capítulo. Grânulos secretários Figura 2-6 Grânulos secretórios (vesículas secretórias) em células acinares do pâncreas. Membrana externa Membrana interna Cristas Matriz Câmara externa Enzimas de fosforilaçâo oxidativa Peroxissomos Os peroxissom os são fisicam ente parecidos com os lisos somos, mas d iferentes em dois aspectos im portantes. Primeiro, acredita-se que eles sejam formados por auto-repli- cação (ou talvez por “b ro tam en to” do retículo endoplas- m ático liso) e não pelo com plexo de Golgi. Em segundo lugar, eles contêm oxidases em vez de hidrolases. D iver sas oxidases são capazes de com binar oxigênio com íons hidrogênio derivados de diferentes substâncias quím i cas intracelulares para form ar o peróxido de hidrogênio (H 20 2). O peróxido de hidrogênio é um a substância alta m ente oxidante e é usado em com binação com a cata- lase, outra oxidase presente em grandes quantidades nos peroxissomos, para oxidar m uitas substâncias que pode riam de outra form a ser tóxicas para a célula. Por exem plo, cerca de m etade do álcool que um a pessoa bebe é elim inada pelos peroxissomos das células hepáticas desta maneira. Vesículas Secretórias U m a das im portantes funções de várias células é a secre ção de substâncias químicas específicas. Q uase todas essas substâncias secretadas são formadas pelo sistema retículo endoplasm ático — complexo de Golgi e são en tão liberadas pelo complexo de Golgi no citoplasma, na forma de vesículas de arm azenam ento, chamadas de vesí culas secretórias ou grânulos secretórios. A Figura 2-6 m ostra vesículas secretórias típicas nas células acinares Figura 2-7 Estruturadam itocôndria. (Modificada de DeRobertis EDP, Saez FA, DeRobertis EMF: Cell Biology, 6th ed. Philadelphia: WB Saunders, 1975.) pancreáticas; estas vesículas arm azenam proteínas que são proenzimas (enzimas que ainda não foram ativadas). As proenzim as são secretadas posteriorm ente através da m em brana celular apical no dueto pancreático e daí para o duodeno, onde se tornam ativas e realizam funções digestivas sobre o alim ento no tra to intestinal. Mitocôndria As mitocôndrias, mostradas nas Figuras 2-2 e 2-7, são cha madas de “casa de força” da célula. Sem elas, as células se riam incapazes de extrair energia suficiente dos nutrientes, e essencialmente todas as funções celulares cessariam. As m itocôndrias estão presentes em todas as áreas citoplasmáticas de cada célula, mas o núm ero total por célula varia de menos de cem até vários milhares, depen dendo da quantidade de energia necessária para a célula. A lém disso, as m itocôndrias estão concentradas nas p o r ções da célula que utilizam a m aior parte do seu m etabo lismo energético. Também variam em tam anho e forma. Aesculapius Capítulo 2 A Célula e Suas Funções 17 Algumas têm apenas algumas centenas de nanôm etros de diâmetro e forma globular, enquanto outras são alonga das — e chegam a 1 micrôm etro de diâm etro e 7 micrôme- tros de comprimento; outras, ainda, são ramificadas e filamentares. A estrutura básica da mitocôndria, m ostrada na Figura 2-7, é composta principalm ente de duas membranas, cada uma formada por bicam ada lipídica e proteínas: uma membrana externa e um a membrana interna. Diversas do bras da m em brana interna form am as cristas nas quais estão as enzimas oxidativas. A lém disso, a cavidade in terna da mitocôndria é preenchida por uma matriz que contém grandes quantidades de enzimas dissolvidas, ne cessárias para a extração de energia dos nutrientes. Essas enzimas operam em associação às enzimas oxidativas nas membranas, oxidando os nutrientes, form ando dióxido de carbono e água e, ao mesmo tempo, liberando energia. A energia liberada é usada para sintetizar a substância de “alta energia”, cham ada de trifosfato de adenosina (ATP ). O ATP é então transportado para fora da m ito côndria e se difunde pela célula para liberar sua própria energia onde ela for necessária para realizar as funções celulares. Os detalhes químicos da formação de ATP pela mitocôndria são fornecidos no Capítulo 67, mas algumas das funções básicas do ATP na célula são apresentadas mais adiante neste capítulo. As m itocôndrias são auto-replicantes, o que significa que uma m itocôndria pode form ar um a segunda, um a terceira, e assim por diante, onde, na célula, houver ne cessidade de maiores quantidades de ATP. D e fato, a m i tocôndria contém D N A similar ao encontrado no núcleo da célula. No Capítulo 3 veremos que o D N A é a substân cia química básica do núcleo que controla a replicação da célula. O D N A da m itocôndria desem penha um papel similar, controlando a replicação da própria mitocôndria. Filamentos e Estruturas Tubulares da Célula As proteínas fibrilares da célula estão geralm ente organi zadas em filamentos ou túbulos. As moléculas precurso ras de proteína são sintetizadas pelos ribossomos no citoplasma. As moléculas precursoras então se polimeri- zam para form ar filamentos. Como um exemplo, grandes quantidades de filamentos de actina geralm ente ocorrem I na zona mais externa do citoplasma, cham ada de ecto- \ plasma, e form am um suporte elástico para a m em brana celular. Também, em células musculares, os filamentos de actina e miosina são organizados em uma m áquina con- tráctil especial que é a base da contração muscular, como discutiremos detalhadam ente no Capítulo 6. Um tipo especial de filam ento rígido, composto de m o léculas de tubulina polimerizadas, é usado em todas as células para construir estruturas tubulares m uito fortes, os microtúbulos. A Figura 2-8 m ostra microtúbulos típi cos que foram isolados do flagelo de um espermatozóide. Outro exemplo de m icrotúbulo é a estrutura esquelé tica tubular no centro de cada cílio que se projeta do cito plasma da célula para a ponta do cílio. Essa estrutura será discutida posteriorm ente neste capítulo e é ilustrada na Figura 2-17. Também, tanto os centríolos quanto o fuso mitótico da célula em m itose são compostos de m icrotú bulos rígidos. A função prim ária dos microtúbulos, portanto, é for mar um citoesqueleto, proporcionando estruturas rígidas para certas partes de células. Figura 2-8 Microtúbulos separados do flagelo de um esperm atozóide. (De Wolstenholme GEW, O’Connor M, e The publisher, JA Churchill, 1967. Figura 4, página314. Copyright Novartis Foundation, antiga C iba Foundation.) Núcleo O núcleo é o centro de controle da célula. R esum ida mente, o núcleo contém grandes quantidades de D N A , que são os genes. Os genes determ inam as características das proteínas da célula, incluindo as proteínas estruturais, como tam bém as enzimas intracelulares, que controlam as atividades citoplasmáticas e nucleares. Os genes tam bém controlam e prom ovem a rep rodu ção da própria célula. Os genes prim eiro se replicam para form ar dois conjuntos idênticos de genes; depois, a célula se divide por um processo especial, cham ado de mitose, para form ar duas células-filhas, e cada um a das quais recebe um dos dois conjuntos de genes.Todas essas ativi dades do núcleo serão detalhadam ente consideradas no próxim o capítulo. Infelizmente, a aparência do núcleo sob m icroscópio não fornece muitas pistas sobre os m ecanism os pelos quais o núcleo realiza suas atividades de controle. A Figura 2-9 m ostra a aparência do núcleo na interfase (o período entre as mitoses) ao m icroscópio óptico, reve lando a coloração escura da cromatina dispersa pelo nu- cleoplasma. D urante a mitose, a crom atina se organiza na forma de cromossomos altam ente estruturados, que podem então ser identificados pelo m icroscópio óptico, conforme ilustrado no próxim o capítulo. Membrana Nuclear A membrana nuclear, tam bém cham ada de envelope n u clear, é na verdade constituída por duas m em branas, cada um a com a bicam ada lipídica delim itando um espaço entre elas. A m em brana externa é contínua com o retículo endoplasmático do citoplasm a celular, e o espaço entre as duas m em branas nucleares é contínuo com o espaço interno do retículo endoplasm ático, como m ostrado na Figura 2-9. Aesculapius 18 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Poros Nucleopfasma ‘‘ S ] i Retículo endoplasmático Nuctéolos — Envelope nuclear - membranas externa e interna o 15nm — Pequeno vírus 150 nm — Vírus grande 350 nm— Ríquétsia Bactéria de 1 |im Céluía Cromatina (DNA) Citoplasma Figura 2-9 Estrutura do núcleo. 5 -1 0 (im + Figura 2-10 Comparação dos tamanhos de organismos pré-celulares com o de uma célula média do corpo humano. A m em brana nuclear é vazada por vários milhares de poros nucleares. G randes complexos de moléculas de proteínas estão ancorados às bordas dos poros, de forma que a área central de cada poro tem apenas cerca de 9 nanôm etros de diâmetro. Este tam anho é suficiente m ente grande para perm itir que moléculas de peso mole cular de até 44.000 passem através deles com razoável facilidade. Nuciéolos e Formação de Ribossomos Os núcleos da maioria das células contêm um a ou mais estruturas com afinidade pelos corantes usados na mi- croscopia, chamadas de nuciéolos. O nucléolo, diferente m ente da maioria das outras organelas discutidas aqui, não tem um a m em brana delimitadora. Ele é simples m ente um acúmulo de grandes quantidades de RN A e proteínas dos tipos encontrados nos ribossomos. O nucléolo fica consideravelm ente m aior quando a célula está ativam ente sintetizando proteínas. A formação dos nuciéolos (e dos ribossomos no cito plasma fora do núcleo) começa no núcleo. Primeiro, genes específicos de DNA nos cromossomos causam a síntese de RNA. Um pouco deste é arm azenado nos nuciéolos, mas a m aior parte é transportada para o citoplasma a tra vés dos poros nucleares. No citoplasma, o RNA, em con junto com proteínas específicas, constitui ribossomos “m aduros” que desem penham um papel essencial na for mação de proteínas citoplasmáticas, como discutiremos mais profundam ente no Capítulo 3. Comparação da Célula Animal com Formas Pré-celulares de Vida Muitos pensam que a célula é o nível mais inferior de vida. Porém, a célula é um organismo muito complicado, que se desenvolveu por centenas de milhões de anos, depois que a prim eira form a de vida, um organismo similar aos vírus atuais, apareceu na Terra. A Figura 2-10 m ostra os tam a nhos relativos de (1) o m enor vírus conhecido, (2) um vírus grande, (3) um a riquétsia, (4) um a bactéria, e (5) uma célula nucleada, indicando que a célula possui um diâm e tro de aproxim adam ente 1.000 vezes o do m enor vírus e, portanto, um volume de cerca de um bilhão de vezes o do m enor vírus. C orrespondentem ente, as funções e a orga nização anatôm ica da célula são tam bém muito mais com plexas do que as do vírus. O constituinte essencial que confere vida ao pequeno vírus é um ácido nucléico em bebido em um a capa de p ro teína. E ste ácido nucléico é com posto dos mesm os cons tituintes do ácido nucléico básico (D N A ou RNA) encontrados nas células de mamíferos, e ele é capaz de se auto-reproduzir sob condições adequadas. Assim, o vírus propaga sua linhagem de geração para geração, e é, p o r tanto, um a estrutura viva da mesma form a que a célula e o ser hum ano são estruturas vivas. Com a evolução da vida, outras substâncias químicas, além do ácido nucléico e das proteínas, se to rnaram p ar tes integrantes do organismo, e funções especializadas com eçaram a se desenvolver em diferentes partes do vírus. Formou-se um a m em brana ao redor do vírus e, den tro da m em brana, apareceu um a m atriz de fluido. Subs tâncias químicas especializadas se desenvolveram no fluido para realizar funções especiais; m uitas enzimas protéicas pareciam ser capazes de catalisar reações quí micas e, portanto, determ inar as atividades do organismo. Em estágios ainda mais recentes da vida, especial m ente nos estágios riquetsiais e bacterianos, desenvolve ram-se organelas dentro do organismo, representando estruturas físicas com agregados químicos que realizam funções mais eficientem ente do que as mesmas substân cias químicas dispersas na m atriz fluida. Finalmente, na célula nucleada, desenvolveram -se o r ganelas ainda mais complexas, sendo a mais im portante delas o próprio núcleo. O núcleo distingue esse tipo de célula de todas as form as inferiores de vida; o núcleo pro porciona um centro de controle para todas as atividades celulares e assegura reprodução exata de novas células, geração após geração, cada nova célula com exatam ente a mesma estrutura de sua progenitora. Aesculapius Sistemas Funcionais da Célula Capítulo 2 A Célula e Suas Funções 19 No restante deste capítulo, discutiremos diversos siste mas funcionais representativos da célula, que fazem dela um organismo vivo. Clatrina Proteínas Receptores Cavidades revestidas Ingestão pela Célula — Endocitose Para uma célula viver, crescer e se reproduzir, ela tem de obter nutrientes e outras substâncias dos fluidos ao seu redor. A maioria das substâncias passa através da m em brana celular por difusão e transporte ativo. A difusão envolve o transporte através da m em brana causado pelo movimento aleatório das moléculas da subs tância; as substâncias se movem através dos poros da membrana celular ou, no caso de substâncias lipossolú- veis, através da matriz lipídica da membrana. O transporte ativo envolve o carregam ento de uma substância através da m em brana por uma estrutura pro- téica física que transpassa a membrana. Esses mecanismos de transporte ativo, tão im portantes para a função celular, serão apresentados detalhadam ente no Capítulo 4. Partículas m uito grandes entram na célula por meio de uma função especializada da m em brana celular, chamada de endocitose. As principais formas de endocitose são a pinocitose e a fagocitose. Pinocitose significa a ingestão de minúsculas partículas que formam vesículas de fluido e de partículas extracelulares no interior do citoplasma celu lar. Fagocitose significa a ingestão de grandes partículas, tais como bactérias, células totais, ou partes de tecido degenerado. Pinocitose. A pinocitose ocorre continuam ente nas mem branas celulares da maioria das células, mas é especial mente rápida em algumas delas. Por exemplo, ela ocorre tão rapidamente em macrófagos que cerca de 3 % da mem brana total do macrófago é engolfada, na forma de vesícu las, a cada minuto. Mesmo assim, as vesículas pinocitóticas são tão pequenas — norm alm ente de apenas 100 a 200 nanômetros de diâm etro — que a maioria delas pode ser vista apenas ao microscópio eletrônico. A pinocitose é o único meio pelo qual a maioria das grandes macromoléculas, tal como a m aior parte das moléculas de proteína, pode entrar nas células. A taxa de formação de vesículas pinocitóticas é norm alm ente au mentada quando essas macromoléculas aderem à m em brana celular. A Figura 2-11 dem onstra os passos sucessivos da pinocitose de três moléculas de pro teína que aderem à membrana. Essas moléculas norm alm ente se ligam a re ceptores de proteínas, na superfície da m em brana, que são específicos para o tipo de proteína que será adquirido. Os receptores geralm ente estão concentrados em pequenas concavidades na superfície externa da m em brana celular, chamadas de cavidades revestidas. Na face interna da membrana celular, abaixo dessas cavidades, há um a m a lha de proteína fibrilar, chamada de clatrina, bem como outras proteínas, talvez incluindo filamentos contráteis de actina e miosina. Se moléculas de proteína se unem aos receptores, as propriedades de superfície da m em brana local se alteram de tal forma que ocorre invaginação, e as A B Actina e miosina Dissolução da clatrina A W s ÍWmu A D Figura 2-11 Mecanismo da pinocitose. proteínas fibrilares ao redor da abertura da cavidade em invaginação fazem com que suas bordas se fechem sobre as proteínas ligadas aos receptores engolfando também um a pequena quantidade de fluido extracelular. Im edia tam ente, a parte invaginada da m em brana se destaca da superfície da célula, form ando um a vesícula pinocitótica dentro do citoplasma da célula. O que faz com que a m em brana celular passe pelas deform ações necessárias para form ar as vesículas pinoci tóticas perm anece essencialm ente um mistério. E ste pro cesso requer energia da célula, que é suprida pelo ATP. Também requer a presença de íons cálcio no fluido extra celular, os quais provavelm ente reagem com filamentos de proteína contráteis abaixo das cavidades revestidas para fornecer a força para destacar as vesículas da m em brana celular. Fagocitose. A fagocitose ocorre de form a m uito parecida com a pinocitose, mas envolve partículas grandes, em vez de moléculas. A penas certas células têm a capacidade da fagocitose, mais notavelm ente os macrófagos dos tecidos e alguns leucócitos. A fagocitose se inicia quando um a partícula tal como um a bactéria, um a célula m orta, ou um resto de tecido se une aos receptores na superfície do fagócito. No caso das bactérias, cada um a geralm ente já está ligada a um anti corpo específico, e é o anticorpo que se liga aos receptores do fagócito, arrastando a bactéria com ele. Essa interm e diação de anticorpos é cham ada de opsonização, e é dis cutida nos Capítulos 33 e 34. A fagocitose ocorre segundo os seguintes passos: 1. Os receptores da m em brana celular se unem aos ligan- tes da superfície da partícula. 2. As bordas da m em brana ao redor dos pontos de liga ção evaginam em um a fração de segundos para envol ver a partícula inteira; então, progressivamente, mais e mais receptores da m em brana se unem aos ligantes da partícula. Tudo isso ocorre repentinam ente, como um zíper, para form ar um a vesícula fagocítica fechada. Aesculapius 20 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral 3. Actina e outras fibrilas contráteis no citoplasma envol vem a vesícula fagocítica e se contraem ao redor de sua borda externa, em purrando a vesícula para dentro. 4. As proteínas contráteis então fecham a abertura da vesícula tão com pletam ente que a mesma se separa da m em brana celular, deixando a vesícula no interior da célula, da mesma m aneira que as vesículas pinocitóti- cas são formadas. Digestão de Substâncias Estranhas, Pinocitóticas e Fagocíticas dentro da Célula — Função dos Lisossomos Quase im ediatam ente após o aparecim ento de um a vesí cula pinocitótica ou fagocítica dentro de um a célula, um ou mais lisossomos se ligam à vesícula e esvaziam suas hidrolases ácidas no interior da vesícula, conforme mos tra a Figura 2-12. Assim, um a vesícula digestiva é formada no citoplasma da célula, na qual as hidrolases vesiculares começam a hidrolisar as proteínas, carboidratos, lipídios e outras substâncias da vesícula. Os produtos da digestão são pequenas moléculas de aminoácidos, glicose, fosfatos, e outros, que podem se difundir através da m em brana da vesícula para o citoplasma. O que sobra da vesícula diges tiva, cham ado de corpo residual, representa substâncias indigeríveis. Na m aior parte dos casos, esse corpo residual é finalm ente excretado pela m em brana celular através de um processo chamado de exocitose, que é essencialmente o oposto da endocitose. Dessa forma, as vesículas pinocitóticas e fagocíticas contendo lisossomos podem ser chamadas de órgãos di gestivos das células. Regressão dos Tecidos e Autólise das Células. Certos teci dos corporais podem regredir, em certas condições, a um tam anho menor. Por exemplo, isto ocorre com o útero Vesícula digestiva • • -----------------------------Corpo residual / I V Excreção Figura 2-12 Digestão de substâncias nas vesículas pinocitóticas ou fagocíticas por enzimas derivadas dos lisossomos. depois da gravidez, nos músculos durante longos perío dos de inatividade, e nas glândulas m am árias ao final da lactação. Os lisossomos são responsáveis por grande parte dessa regressão. O mecanismo pelo qual a falta de atividade em um tecido faz com que os lisossomos aum en tem sua atividade é desconhecido. O utro papel especial dos lisossomos é a rem oção das células danificadas ou partes danificadas das células dos tecidos. D anos celulares — causados por calor, frio, tra u ma, produtos químicos ou qualquer outro fator — indu zem os lisossomos à ruptura. As hidrolases liberadas im ediatam ente começam a digerir as substâncias orgâni cas adj acentes. Se o dano é leve, apenas um a parte da célula é removida, seguida de seu reparo. Se o dano for grave, toda a célula é digerida, um processo cham ado de autólise. D esta maneira, a célula é com pletam ente removida, e uma nova célula, do mesmo tipo, é norm alm ente form ada por reprodução mitótica de um a célula adjacente, em substi tuição à antiga. Os lisossomos tam bém contêm agentes bactericidas que podem m atar bactérias fagocitadas antes que elas possam causar danos celulares. Esses agentes incluem: (1) lisozima, que dissolve a m em brana celular da bactéria; (2) lisoferrina, que liga o ferro e outras substâncias antes que possam prom over o crescim ento bacteriano; e (3) ácido a um pH de aproxim adam ente 5,0, que ativa as hidrolases e inativa os sistemas metabólicos das bactérias. Síntese e Formação de Estruturas Celulares pelo Retículo Endoplasmático e Complexo de Golgi Funções Específicas do Retículo Endoplasmático A extensão do retículo endoplasm ático e do complexo de Golgi nas células secretórias já foi destacada. Estas estru turas são formadas principalm ente por m em branas com dupla cam ada de lipídios similar à m em brana celular, e suas paredes são revestidas por enzimas protéicas que catalisam a síntese de m uitas substâncias necessárias para a célula. A maioria das sínteses começa no retículo endoplas mático. Os produtos form ados nele são en tão transferidos para o complexo de Golgi, onde são novam ente processa dos antes de serem liberados no citoplasma. Mas, prim ei ram ente, discutamos os produtos específicos que são sintetizados nas partes específicas do retículo endoplas mático e do complexo de Golgi. As Proteínas São Formadas pelo Retículo Endoplasmático Granular. A porção granular do retículo endoplasm ático é caracterizada por grandes núm eros de ribossom os ancorados às superfícies externas da m em brana do re tí culo endoplasm ático. Conform e discutido no C apítulo 3, as moléculas de proteína são sintetizadas dentro das estruturas dos ribossomos. Os ribossom os lançam algu mas das m oléculas de proteína sintetizadas d iretam ente no citosol, mas tam bém transferem m uitas mais através da parede do retículo endoplasm ático para o in terior das vesículas e túbulos endoplasm áticos,isto é ,p a ra a matriz endoplasmática. Aesculapius Capítulo 2 A Célula e Suas Funções 21 Síntese de Lipídios pelo Retículo Endoplasmático Liso. O retículo endoplasmático tam bém sintetiza lipídios, espe cialmente os fosfolipídios e o colesterol. Estes são rapida mente incorporados à dupla camada lipídica do próprio retículo endoplasmático, fazendo com que ele cresça. Isto ocorre principalmente na parte lisa do retículo endoplas mático. Para que o retículo endoplasmático não cresça desm e didamente, pequenas vesículas, chamadas de vesículas RE ou vesículas de transporte, continuam ente se desta cam do retículo liso; a maioria dessas vesículas migra rap i damente para o complexo de Golgi. Outras Funções do Retículo Endoplasmático. O utras fun ções significativas do retículo endoplasmático, especial mente do retículo liso, incluem as seguintes: 1. Ele fornece as enzimas que controlam a quebra do gli- cogênio quando há dem anda de energia. 2. Ele fornece um grande núm ero de enzimas que são capazes de desintoxicar o organismo de substâncias, tais como drogas, que poderiam danificar as células. A desintoxicação se dá através de coagulação, oxidação, hidrólise, conjugação com ácido glicurônico, e de ou tras maneiras. Funções Específicas do Complexo de Golgi Funções Sintéticas do Complexo de Golgi. Em bora a princi pal função do complexo de Golgi seja o processam ento adicional de substâncias já form adas no retículo endo plasmático, ele tam bém tem a capacidade de sintetizar certos carboidratos que não são form ados no retículo endoplasmático. Isto é particularm ente verdadeiro na formação de grandes polímeros de sacarídeos ligados a pequenas quantidades de proteína; os mais im portantes deles são o ácido hialurônico e o sulfato de condroitina. Algumas das diversas funções do ácido hialurônico e do sulfato de condroitina no corpo são as seguintes: (1) eles são os principais com ponentes dos proteoglicanos secretados no muco e em outras secreções glandulares; (2) eles são os principais componentes da matriz no ex te rior das células, nos espaços intersticiais, agindo como um preenchimento entre as fibras de colágeno e as células; e (3) eles são os principais com ponentes da m atriz orgânica tanto das cartilagens quanto dos ossos. Processamento de Secreções Endoplasmáticas pelo Com plexo de Golgi — Formação de Vesículas. A Figura 2-13 resume as principais funções do retículo endoplasm ático e do complexo de Golgi. A m edida que as substâncias são formadas no retículo endoplasmático, especialm ente as proteínas, elas são transportadas nos túbulos para as p ar tes do retículo endoplasmático liso mais próximas do complexo de Golgi. Neste ponto, pequenas vesículas de transporte, compostas de pequenos envelopes de retículo endoplasmático liso, continuam ente se destacam e se difundem para a camada mais profunda do complexo de Golgi. Nas vesículas estão as proteínas sintetizadas e ou tros produtos do retículo endoplasmático. As vesículas de transporte rapidam ente se fundem com o complexo de Golgi e esvaziam as substâncias con tidas nelas nos espaços vesiculares do complexo de Golgi. Aqui, porções adicionais de carboidratos são acrescenta das às secreções. U m a outra im portante função do com- Formação Formação Vesículas Ríbossomos de proteína de lipídio Lisossomos secretórias endoplasmático endoplasmático de Golgi granular liso Figura 2-13 Formação de proteínas, lipídios e vesículas celulares pelo retículo endoplasmático e pelo complexo de Golgi. plexo de Golgi é com pactar as secreções do retículo en doplasm ático em pacotes altam ente concentrados. A m edida que as secreções passam para as cam adas mais ex ternas do complexo de Golgi, a com pactação e o proces sam ento continuam . Por fim, tanto vesículas grandes quanto pequenas continuam se destacando do complexo de Golgi, carregando com elas as substâncias secretórias compactadas, e, por sua vez, as vesículas se difundem por toda a célula. Para dar um a idéia da velocidade desses processos: quando um a célula glandular é exposta a aminoácidos radioativos, moléculas de proteína radioativas recém-for- madas podem ser detectadas no retículo endoplasm ático granular dentro de 3 a 5 minutos. Em 20 minutos, proteí nas recém -form adas já estão presentes no complexo de Golgi, e, no prazo de um a ou duas horas, as proteínas radioativas são secretadas pela célula. Tipos de Vesículas Formadas pelo Complexo de Golgi — Vesículas Secretórias e Lisossomos. Em um a célula inten sam ente secretora, as vesículas form adas pelo complexo de Golgi são principalm ente vesículas secretórias con tendo substâncias protéicas para serem secretadas atra vés da superfície da m em brana celular. Essas vesículas secretórias prim eiram ente se difundem para a mem brana celular, depois se fundem com a mesma e esvaziam suas substâncias para o exterior pelo mecanismo chamado de exocitose. A exocitose, na m aior parte dos casos, é estimu lada pela entrada de íons cálcio na célula; os íons cálcio interagem com a m em brana vesicular, de forma ainda não bem com preendida, e causam sua fusão com a m embrana celular, seguida da exocitose — isto é, a abertura da vesí cula no exterior e extrusão dos conteúdos. Algumas vesículas, entretanto, são destinadas ao uso intracelular. Aesculapius 22 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Uso das Vesículas Intracelulares para Repor as Membranas Celulares. Algumas das vesículas intracelulares formadas pelo complexo de Golgi se fundem com a m em brana celu lar ou com as mem branas de estruturas intracelulares, tais como as m itocôndrias ou mesmo o retículo endoplasmá- tico. Isto aum enta a área dessas m em branas e dessa forma repõe as mem branas conforme elas vão sendo consumi das. Por exemplo, a m em brana celular perde muito de seus com ponentes cada vez que ela forma uma vesícula pinocitótica ou fagocítica, e as mem branas vesiculares do complexo de Golgi continuam ente repõem a m em brana celular. Em suma, o sistema m em branoso do retículo endo- plasmático e do complexo de Golgi representa um órgão altamente metabólico, capaz de form ar novas estruturas intracelulares, bem como substâncias a serem secretadas pela célula. Extração de Energia dos Nutrientes — Função da Mitocôndria As principais substâncias das quais a célula extrai ener gia são os nutrientes que reagem quim icam ente com o oxigênio — carboidratos, gorduras e proteínas. No corpo hum ano, essencialmente todos os carboidratos são con vertidos a glicose pelo tra to digestivo e pelo fígado antes de alcançarem outras células do corpo. Da mesma forma, as proteínas são convertidas em aminoácidos, e as gordu ras em ácidos graxos.A Figura 2-14 m ostra o oxigênio e os alim entos — glicose, ácidos graxos e aminoácidos — todos eles entrando na célula. Na célula, os alimentos rea gem quimicamente com o oxigênio, sob a influência de enzimas que controlam as reações e canalizam a energia liberada para a direção apropriada. Os detalhes de todas Glicose Ácidos graxos Aminoácidos 2ADP 2ATP 31 N ■< Ácido pirúvico Ácido acetoacé- J 36 ADP Membrana — celular Figura 2-14 Formação de trifosfato de adenosina (ATP) na célula, mostrando que a maior parie do ATP ê formada nas mitocôndrias, ADP. difos- fato de adenosina. essas funções digestivas e m etabólicas são fornecidos nos Capítulos 62 a 72. Resum idam ente, quase todas essas reações oxidativas ocorrem na m itocôndria, e a energia que é liberada é usada para form ar o com posto de alta energia, o ATP. O ATP, e não os nutrientes originais, é usado pela célula para energizar quase todas as reações m etabólicas intracelula res subseqüentes. Características Funcionais do ATP NH, HC N 'N ' , 0 . A denina O C H o - 0 O H P I I O- O Fosfato O 0 II P 1 o- O- „ H C / \ T V / i H C — C H I OH OH Ribose Trifosfato de A denosina O ATP é um nucleotídio composto de (1) base nitrogenada, adenina,(2) açúcar pentos e,ribose e (3) três radicais fosfato. Os últimos dois radicais fosfato são conectados com o res tante da molécula pelas chamadas ligações fosfato de alta energia, que são representadas na fórmula acima pelo sím bolo ~. Sob as condições físicas e químicas do corpo, cada uma dessas ligações de alta energia contém cerca de 12.000 calorias de energia por mol de ATP, o que é muitas vezes m aior do que a energia arm azenada em uma ligação quí mica média; daí a origem do term o ligação de alta energia. A ligação fosfato de alta energia é bastante lábil, de forma que pode ser cindida sempre que a energia for necessária para prom over outras reações intracelulares. Q uando o ATP libera sua energia, um radical de ácido fosfórico se separa, form ando o difosfato de ade nosina (ADP) . Essa energia liberada é usada para en e r gizar p raticam ente todas as ou tras funções da célula, como, por exem plo, a síntese de substâncias e a con tra ção muscular. Para reconstituir o ATP celular que foi consumido, a energia derivada dos nutrientes celulares é usada para recom binar o A D P e o ácido fosfórico, form ando de novo o ATP, e todo o processo se repete indefinidam ente. Por essas características, o ATP é cham ado de moeda de ener gia da célula, pois ele pode ser gasto e se refazer continua mente, em períodos de apenas alguns minutos. Processos Químicos na Formação de A TP — 0 Papel da Mito côndria. A m edida que entra na célula, a glicose é subm e tida a enzimas no citoplasma que a convertem a ácido pirúvico (um processo cham ado de glicólise). U m a pe quena quantidade de A D P é transform ada em ATP pela energia liberada duran te essa conversão, mas essa quanti dade é responsável por menos de 5% do m etabolism o energético total da célula. Aesculapius Capítulo 2 A Célula e Suas Funções 23 De longe, a principal fração do ATP form ado na célula, cerca de 95 %, o é pela mitocôndria. O ácido pirúvico deri vado dos carboidratos, ácidos graxos dos lipídios, e ami- noácidos das proteínas são convertidos no composto acetil-CoA na matriz da mitocôndria. Esse composto, por sua vez, é processado (para fins de extração de sua ener gia) por outra série de enzimas na matriz da mitocôndria; essa seqüência de reações químicas é cham ada de ciclo do ácido cítrico ou ciclo de Krebs. Essas reações químicas são tão importantes que serão explicadas detalhadam ente no Capítulo 67. No ciclo de ácido cítrico, a acetil-CoA é clivada em suas partes componentes, átomos de hidrogênio e dióxido de carbono. O dióxido de carbono se difunde para fora da mitocôndria e eventualm ente para fora da célula; por fim, é excretado do corpo através dos pulmões. Os átomos de hidrogênio, inversamente, são altam ente reativos e se combinam instantaneam ente com o oxigênio que se difundiu para a m itocôndria. Esta libera uma enorme quantidade de energia, que é usada pela m itocôn dria para converter grandes quantidades de A D P em ATP. Essas reações são complexas, requerendo a partici pação de grandes núm eros de enzimas protéicas que estão nas dobras da membrana interna da m itocôndria, e se projetam para a matriz mitocondrial. O evento inicial é a remoção de um elétron do átom o de hidrogênio, o que o converte a íon hidrogênio. O evento final é a combinação dos íons hidrogênio com o oxigênio para form ar água, com liberação de enorm es quantidades de energia para grandes proteínas globulares, cham adas de ATP-sinte- tase, que se proj etam das dobras das m em branas mitocon- driais. Por fim, a enzima ATP-sintetase usa a energia dos íons hidrogênio para converter A D P a ATP. O ATP re- cém-formado é transportado para fora da m itocôndria, para todas as partes do citoplasma e do nucleoplasma da célula, onde sua energia é usada para múltiplas funções celulares. Esse processo geral de form ação de ATP é chamado de mecanismo quimiosmótico. Os detalhes químicos e físicos desse mecanismo são apresentados no Capítulo 67, e m ui tas das funções m etabólicas do A TP no corpo são apre sentadas em detalhes nos Capítulos 67 a 71. Usos do ATP na Função Celular. A energia do ATP é usada para promover três grandes categorias de funções celula res: (1) transporte de substâncias através das mem branas da célula, (2) síntese de componentes químicos pela célula, e (3) função mecânica. Esses usos do ATP são ilustrados pelos exemplos da Figura 2-15: (1) para fornecer energia para o transporte de sódio através da m em brana celular, (2) para promover a síntese de proteínas pelos ribosso- mos, e (3) para suprir a energia necessária para a contra ção muscular. Além do transporte de sódio pela m em brana, a ener gia do ATP é necessária para o transporte de íons potás sio, íons cálcio, íons magnésio, íons fosfato, íons cloreto, íons urato, íons hidrogênio e de muitos outros íons e de diversas substâncias orgânicas pela mem brana. O trans porte pela m em brana é tão im portante para a função celular que algumas células — as células tubulares renais, por exemplo — usam até 80% do ATP que form am so mente para essa finalidade. î I ATP------------- ►- ADP Contração muscular Figura 2-15 Uso de trifosfato de adenosina (ATP) (formado na m itocôndria) para fornecer energia para três principais funções celulares: transporte na membrana, síntese protéica e contração muscular. ADP, difos- fato de adenosina. Além de sintetizar proteínas, as células sintetizam fos- folipídios, colesterol, purinas, pirimidinas e um a série de outras substâncias. A síntese de quase todos os compostos químicos requer energia. Por exemplo, um a única m olé cula de proteína pode ser com posta de vários m ilhares de aminoácidos, unidos uns aos outros por ligações peptídi- cas; a form ação de cada um a dessas ligações requer a energia derivada do rom pim ento de quatro ligações de alta energia; assim, diversos milhares de moléculas de ATP têm de liberar energia para cada molécula de pro teína form ada. D e fato, algumas células usam até 75% de todo o ATP form ado nelas sim plesm ente para sintetizar novos compostos químicos, especialm ente moléculas de proteína; isto é especialm ente verdadeiro durante a fase de crescim ento das células. O últim o dos principais usos do ATP é fornecer ener gia para células especiais realizarem trabalho mecânico. Veremos no Capítulo 6 que cada contração de um a fibra muscular requer um gasto de enorm es quantidades de energia do ATP. O utras células realizam trabalho mecâ nico de outras formas, especialm ente por movimentos ciliares e amebóides, que são descritos mais adiante neste capítulo. A fonte de energia para todos esses tipos de tra balhos mecânicos é o ATP. Em sum a, o ATP está sem pre disponível para liberar sua energia rap idam ente e quase explosivam ente onde quer seja necessário na célula. Para repo r o ATP usado pela célula, reações quím icas m uito mais lentas que bram carboidratos, gorduras e proteínas e usam a ener gia derivada desses para form ar ATP novam ente. Mais de 95 % desse ATP é form ado nas m itocôndrias; po r isso as m itocôndrias são cham adas de “casas de força” da célula. Aesculapius 24 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Locomoção das Células D e longe, o tipo mais im portan te de m ovim ento que ocorre no corpo é o das células m usculares nos m úsculos do esqueleto , cardíacos e lisos, que constituem quase 50% de to d a a m assa corpórea. A s funções especializadas des sas células são discutidas nos C apítulos 6 a 9. D ois outros tipos de m ovim entos — a locom oção am ebóide e o m o vi m ento ciliar — ocorrem em outras células. Movimento Amebóide O m ovim ento am ebóide é o m ovim ento de um a célula in teira com relação às suas adjacências, tal com o o m ovi m ento dos leucócitos nos tecidos. E le recebe este nom e pelo fato de as am ebas se m overem desta m aneira; as am e bas constitu íram um excelente m odelo p a ra o estudo deste fenôm eno. T ipicam ente, a locom oção am ebóide com eça com a p ro jeção de um pseudópodo po r um a ex trem idade da célula. O pseudópodo se p ro je ta para fora do corpo celu lar, e se adere ao tecido adjacente. O res tan te da célula é, então , puxado em d ireção ao pseudópodo. A Figura 2-16 dem onstra esse processo, m ostrando um a célula a longada em cuja ex trem idade d ireita há a projeção de um pseudó podo. A m em brana dessa ex trem idade da célula está con tinuam en te se m ovendo p ara d iante, e a m em brana na ex trem idade esquerda a segue, à m edida que a célula se move. Mecanismo da Locomoção Amebóide. A Figura 2-16 m ostra o princípio geral do m ovim ento am ebóide. B asicam ente, e le resu lta da form ação contínua de nova m em brana celu lar na ex trem idade do pseudópodo e da absorção con tí nua da m em brana nas partes m édias e traseiras da célula. Tam bém , dois ou tros efeitos são essenciais para o m ovi m en to de avanço da célula. O prim eiro efeito é a adesão do pseudópodo aos tecidos circundantes, de form a a se fixar, en q u an to o restan te do corpo celu lar é puxado para frente, em direção ao pon to de adesão. E sta adesão é efe tu ad a p o r receptores protéicos que se alinham no in terio r das vesículas exocitóticas. Q uando as vesículas se to rnam parte da m em brana do pseudópodo, elas se abrem ex pondo o in terio r, e os recep tores expostos aderem aos ligantes dos tecidos circundantes. Movimento da célula Endocitose Tecido adjacente ■ Ligação a receptores Figura 2-16 Movimento amebóide de uma célula. N a ex trem idade oposta da célula, os recep to res se sol tam de seus ligantes e form am novas vesículas endocitó ti- cas. E n tão , d en tro da célula, essas vesículas se m ovem em d ireção à ex trem idade do pseudópodo, onde são usadas p ara fo rm ar m em brana nova na região. O segundo efeito essencial para a locom oção é o supri m ento de energia necessária p ara puxar o corpo celu lar em direção ao pseudópodo. E xperiências sugerem o seguinte com o explicação: no citoplasm a de todas as células encon tra-se quan tidade de m oderada a g rande da p ro te ína actina. M uito da actina está na form a de m oléculas isoladas que não servem ao m ovim en to ;en tre tan to ,estas se polim e- rizam para form ar um a rede de filam entos, e a m alha se contrai quando as actinas in teragem com a m iosina, um a p ro te ína que se liga à actina. Todo o processo é energizado pelo com posto de alta energia, o ATP. Isto é o que acontece no pseudópodo de um a célula em m ovim ento, na qual a m alha de filam entos de actina se form a de novo no p seudó podo em expansão. Tam bém ocorre con tração no ecto- plasm a do corpo celular, onde um a m alha p reex isten te de actina está presen te sob a m em brana celular. Tipos de Células Que Apresentam Locomoção Amebóide. A s células m ais com uns com locom oção am ebóide no corpo hum ano são os leucócitos, quando se m ovem do sangue em d ireção aos tecidos, na form a de m acrófagos de tecido. O u tros tipos de células tam bém podem se m over p o r loco m oção am ebóide sob certas circunstâncias. Por exem plo, os fibroblastos se m ovem p ara um a área danificada p ara a judar a rep a ra r o dano, e m esm o as células germ inativas da pele, em bora em geral sejam com pletam en te sésseis, m ovem -se em direção a um a área de co rte p a ra re p a ra r a lesão. Finalm ente, a locom oção celu lar é especialm ente im portan te no desenvolvim ento do em brião e do feto após a fertilização de um óvulo. Por exem plo, as células em brionárias gera lm en te m igram p a ra longe de seus locais de origem até novas áreas, d u ran te o desenvolv i m en to de estru tu ras especiais. Controle da Locomoção Amebóide — Quimiotaxia. O inicia dor mais im portan te da locom oção am ebó ide é o processo cham ado de quim iotaxia. E le resu lta do surg im ento de certas substâncias quím icas nos tecidos. Q ualquer subs tância quím ica que faz com que a quim iotaxia o co rra é cham ada de substância quim io tá tica .A m aioria das células com locom oção am ebóide se m ove em d ireção à fon te de um a substância qu im io tática — isto é, de um a área de m enor concentração em direção a um a á rea de m aio r con cen tração — o que é cham ado de quim iotaxia positiva. A lgum as células se distanciam da fonte, o que é cham ado de quim iotaxia negativa. M as com o a quim iotaxia con tro la a d ireção da locom o ção am ebóide? E m b o ra a resposta não seja com pleta, sabe-se que o lado da célula m ais exposto à substância q u i m iotática desenvolve alterações na m em brana que cau sam a p ro jeção pseudopódica. Cílios e Movimentos Ciliares U m segundo tipo de m ovim ento celular, o m ovim en to ciliar, é um m ovim ento tipo batim en to dos cílios nas superfícies das células. Isto ocorre em apenas dois locais do corpo hum ano: nas superfícies das vias aéreas do sis tem a resp ira tó rio e na superfície in te rn a das trom pas u te rinas (trom pas de Falópio) do tra to reprodutivo . N a cavidade nasal e nas vias aéreas inferiores, o m ovim ento de batim en to dos cílios faz com que a cam ada de m uco se m ova a um a velocidade de ap rox im adam ente 1 cm /m in Aesculapius Capítulo 2 A Célula Figura 2-17 Estrutura e função dos cílios. (Modificada de Satir P: Cilia. Sei Am 204:108, 1961. Copyright Donald Garber: Executor do estado de BunjiTagawa.) em direção à faringe, desta form a lim pando continuam en te essas vias do m uco e de partículas a e la aderidas. Nas trom pas uterinas, os cílios causam o m ovim ento lento de fluido do óstio da trom pa u terina para a cavidade uterina; este m ovim ento de fluido tran spo rta o óvulo do ovário para o útero. Com o m ostra a Figura 2-17, um cílio tem a aparência de um pêlo com pon ta afiada,re to ou curvo, que se p ro je ta em 2 a 4 m icrôm etros da superfície da célula. G eralm ente muitos cílios se p ro je tam de um a única célula — po r exem plo, há até 200 cílios na superfície de cada célula epitelial nas vias respiratórias. O cílio é recoberto po r um p ro lon gam ento da m em brana celular, e é susten tado por 11 microtúbulos — nove túbulos duplos localizados na p eri feria do cílio, e dois túbulos simples do cen tro — com o é mostrado na secção transversal, na Figura 2-17. C ada cílio cresce de um a estru tu ra que se localiza im ediatam ente abaixo da m em brana celular, cham ada de corpo basal do cílio. O flagelo do esperma é parecido com um cílio; na ver dade, ele tem pra ticam en te o m esm o tipo de estru tu ra e mesmo tipo de m ecanism o contrátil. O flagelo, en tre tan to , é mais longo e se m ove em ondas quase sinusoidais em vez de movim entos de batim ento. No inserto na Figura 2-17, m ostra-se o m ovim ento do cílio. O cílio se m ove para fren te com batim entos súbitos e rápidos, de 10 a 20 vezes p o r segundo, encurvando-se acen- tuadam en te no p on to de inserção da superfície celular. E ntão , ele se m ove p a ra trás len tam ente, p a ra a posição inicial. O m ovim ento ráp ido de im pulso p ara fren te , de batim ento , em purra o flu ido ad jacen te à célula na direção em que o cílio se m ove; o m ovim ento lento , de arrasto , p ara trás, não tem quase nenhum efeito no m ovim ento do fluido. C onseqüentem ente, o flu ido é con tinuam en te im pulsionado na d ireção do b a tim en to ráp ido p ara a frente. C om o a m aioria das células ciliadas possui g rande núm ero de cílios em suas superfícies e com o todos os cílios são o rien tados na m esm a direção, esta é um a m aneira eficaz de m over os fluidos nas superfícies. Mecanismo do Movimento Ciliar. E m b o ra nem todos os aspectos do m ovim ento ciliar este jam esclarecidos, o que sabem os de fato é o seguinte: p rim eiro , os nove túbulos duplos e os dois túbulos sim ples estão ligados uns aos o u tros p o r um com plexo de ligam entos cruzados de p ro te í nas; este com plexo de túbulos e ligam entos cruzados é cham ado de axonem a. Segundo, m esm o após a rem oção da m em brana e da destru ição de ou tros e lem en tos do cílio p reservando o axonem a, o cílio pode ainda b a te r sob con dições adequadas.Terceiro, há duas condições necessárias p ara o batim ento contínuo do axonem a após a rem oção de ou tras estru turas do cílio: (1) a d isponibilidade de A T P e (2) condições iônicas apropriadas, especialm ente concen trações apropriadas de m agnésio e cálcio. Q uarto , d u ran te o m ovim ento do cílio p a ra fren te , os túbu los duplos na bo rda frontal do cílio deslizam p ara fo ra , em direção à p o n ta do cílio, enquan to os da b o rd a tra se ira perm anecem no lugar. Q uinto, m últip los braços da p ro te ín a dineína, que possui atividade enzim ática de A TPase, se p ro je tam de cada túbulo duplo em direção a túbu lo dup lo adj acente. D adas essas inform ações básicas, de term inou-se que a liberação de energia do A T P em co n ta to com os braços de d ineína faz com que as cabeças destes b raços se “deslo qu em ” rap idam ente ao longo da superfície do túbu lo du plo adjacente. Se nos túbulos fron tais o m ovim ento é de ex tensão enquanto os túbulos trase iros p erm anecem es ta cionários, ocorrerá inclinação do cílio. O m odo pelo qual a con tração dos cílios é con tro lada não é com preendido. Os cílios de algum as células g en e ti cam ente anorm ais não contêm os dois túbu los sim ples centrais, e estes cílios não batem . P ortan to , supõe-se que algum sinal, talvez um sinal eletroquím ico, seja tran sm i tido ao longo desses dois túbu los cen tra is p a ra a tivar os braços de dineína. e Suas Funções 25 Referências A lberts B, Johnson A , Lewis J, e t al: M olecu lar B iology of the Cell. New York: G arland Science, 2002. B onifacino JS, G lick B S:T he m echanism s o f vesicle budding and fusion. Cell 116:153,2004. C alakos N, Scheller R H : Synaptic vesicle biogenesis, docking, and fusion: a m olecular descrip tion . Physiol R ev 76:1,1996. D an ia l NN, K orsm eyer SJ: Cell death : critical con tro l points. Cell 116:205,2004. D eutsch C :T he birth o f a channel. N euron 40:265,2003. D röge W: Free radicals in the physiological contro l o f cell function. Physiol R ev 82:47,2002. D uchen M R: R oles o f m itochondria in health and disease. D iabetes 53(Suppl 1):S96,2004. E did in M: Lipids on th e fron tier: a cen tury o f cell-m em brane bilayers. N at R ev M ol Cell Biol 4:414,2003. Aesculapius 26 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Gerbi SA, Borovjagin AV, Lange TS: The nucleolus: a site of ribonucleoprotein maturation. CurrOpin Cell Biol 15:318,2003. Hamill OP, Martinac B: Molecular basis of mechanotransduc- tion in living cells. Physiol Rev 81:685,2001. Lange K: Role of microvillar cell surfaces in the regulation of glucose uptake and organization of energy metabolism. Am J Physiol Cell Physiol 282:C1,2002. Mattaj IW: Sorting out the nuclear envelope from the endo plasmic reticulum. Nat Rev Mol Cell Biol 5:65,2004. Maxfield FR, McGrawTE: Endocytic recycling. Nat Rev Mol Cell Biol 5:121,2004. Mazzanti M, Bustamante JO, Oberleithner H: Electrical dimension of the nuclear envelope. Physiol Rev 81:1,2001. Perrios M: Nuclear Structure and Function. San Diego: Acad emic Press, 1998. Ridley AJ, Schwartz MA, Burridge K, et al: Cell migration: integrating signals from front to back. Science 302:1704, 2003. Scholey JM: Intraflagellar transport. Annu Rev Cell Dev Biol 19:423,2003. Schwab A: Function and spatial distribution of ion channels and transporters in cell migration. Am J Physiol Renal Physiol 280:F739,2001. Vereb G, Szollosi J, Matko J, et al: Dynamic, yet structured: the cell membrane three decades after the Singer-Nicolson model. Proc Natl Acad Sci U S A 100:8053,2003. Aesculapius u o Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular Quase todos sabem que os genes, localizados nos núcleos de todas as células do corpo, controlam a here ditariedade dos pais para os filhos, mas a maioria das pessoas não percebe que estes mesmos genes também controlam a função de todas as células do corpo. Os genes controlam a função celular determ inando quais substâncias são sintetizadas dentro da célula — quais estruturas, quais enzimas, quais substâncias químicas. A Figura 3-1 m ostra o esquem a geral do controle genético. Cada gene, que é um ácido nucléico chamado ácido desoxirribonucléico (D NA), controla autom atica mente a formação de outro ácido nucléico, o ácido ribonucléico (R N A ); o RNA, dis seminado na célula, controla a form ação de uma proteína específica. Como há mais de 30.000 genes diferentes em cada célula, é teoricam ente possível form ar um número muito grande de diferentes proteínas celulares. Algumas das proteínas celulares são proteínas estruturais que, em associação com vários lipídios e carboidratos, form am as estruturas das diversas organelas intrace lulares, discutidas no Capítulo 2. A vasta maioria das proteínas, entretanto, são enzi mas que catalisam as diferentes reações químicas nas células. Por exemplo, as enzimas promovem todas as reações oxidativas que fornecem energia para a célula e a síntese de todas as substâncias químicas da célula, tais como lipídios, glicogênio e trifosfato de adenosina (ATP). Genes no Núcleo Celular No núcleo celular, um grande núm ero de genes está ligado, extrem idade com extre midade, nas moléculas extrem am ente longas de DNA, com estrutura de dupla hélice e com pesos moleculares medidos em bilhões. Um segmento m uito curto de tal molé cula é m ostrado na Figura 3-2. Esta molécula é constituída de vários compostos quí micos ligados em um padrão regular; detalhes serão explicados nos próximos parágrafos. BIOCOS Básicos de Construção do DNA. A Figura 3-3 mostra os com ponentes químicos básicos envolvidos na form ação do DNA. Estes incluem: (1) ácido fosfórico, (2) um açúcar chamado desoxirribose e (3) quatro bases nitrogenadas (duas purinas, a ade- nina eaguanina, e duas pirimidinas, a timina e a citosina). O ácido fosfórico e a deso xirribose formam as duas fitas helicoidais que são o esqueleto da molécula de DNA; as bases nitrogenadas ficam entre as duas fitas, conectando-as, como ilustrado na Figura 3-6. Nucleotídeos. O prim eiro estágio na form ação do DNA é a combinação de uma molécula de ácido fosfórico, um a molécula de desoxirribose e um a das quatro bases para formar um nucleotídeo acídico. Q uatro nucleotídeos distintos são, portanto, formados, um para cada um a das quatro bases: os ácidos desoxiadenílico, desoxitimi- dílico, desoxiguanílico e desoxicitidílico. A Figura 3-4 mostra a estrutura química do ácido desoxiadenílico, e a Figura 3-5 m ostra os símbolos para os quatro nucleotídeos que formam o DNA. Organização dos Nucleotídeos para Formar Duas Fitas de DNA frouxamente Ligadas entre Si. A Figura 3-6 m ostra a m aneira pela qual múltiplos nucleotídeos se ligam para for- 27 Aesculapius 28 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Gene {DNA) I Formação do RNA I Formação de proteína X \ Estrutura celular Enzimas celulares X X Função celular Figura 3-2 A estrutura em hélice de dupla fita do gene. As fitas externas são compostas de ácido fosfórico e do açúcar desoxirribose. As molé culas internas que conectam os dois filamentos da hélice são as bases purirta e pirimidina; estas determinam o "código" do gene. Figura 3-1 Esquema geral para o controle da função celular pelos genes Acido fosfórico O H— O — P— O — H O A Desoxirribose Bases H H H » I| | 0 ^ ç _ 0 _ H H— O— C—C A > " ° c H H I HH O I H H— C \ N / N .C—H H —C \ N / Adenina -C/ 'V N— H I Guanina Purinas H ow 0 = C \ - V / / \ Timina H - i - H H \ N = C / \ o = c c \ / /N— C / \ H H Citosina Pirimidinas N — H — H Figura 3-3 Os blocos básicos de construção do DNA. Aesculapius Capítulo 3 Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular 29 H- Adenina H— C Fosfato O \ N- H H C—H \ / '" 'C H Desoxirribose H - O - P - O - C —C f I \ C - H ? H / !i H i H H ? H Figura 3-4 Ácido desoxiadenílico, um dos nucleotideos que formam o DNA. 1 1 A I I 1 T | —P— D— — P— D— Ácido desoxiadenílico ■ Ácido desoxitim idílico ■ G 1 i ic1 — P— D— —P— D— Ácido desoxiguanílico Ácido desoxicitídílico Figura 3-5 Símbolos dos quatro nucleotideos que se combinam para formar o DNA. Cada nucleotídeo contém ácido fosfórico (P), desoxirribose (D) e uma das quatro bases de nucleotideos: A. adenina; T, timina; G, guanina, ou C, citosina. -d—a - d —a — d —a i 9 0 0 I I I ! ! I 1 I I C C G I -P — D — P — D — P — D Figura 3-6 ■ d -a—d - a — d —a- l I I V O V I I I I [ I T C T I -P — D—P— D— P — D- d—a — d—a — d— a —d I I 0 1 1 1 I I 1 I I I ! I G A A I I -P — D —P — D— P — D — Organização dos nucleotideos desoxirri bose em uma dupla fita de DNA. mar duas fitas de DNA. As duas fitas são,por sua vez, frou xamente ligadas entre si por ligações cruzadas fracas, ilus tradas na Figura 3-6 pelas linhas pontilhadas centrais. Observe que o esqueleto de cada filam ento de D N A é composto de moléculas de ácido fosfórico e de desoxirri bose alternadas. As bases purínicas e pirimidínicas estão aderidas lateralm ente às laterais das moléculas de deso xirribose. Por meio de pontes de hidrogênio (linhas trace jadas) entre as bases, as duas fitas de D N A são m antidas juntas. Mas observe o seguinte: 1. A base purínica adenina de um filamento sempre se une à base pirimidínica timina do outro filamento, e 2. A base purínica guanina sempre se une a um a base piri midínica cito,sina. Dessa forma, na Figura 3-6, a seqüência de pares com plementares de bases é CG, CG, GC,TA, CG,TA, GC, AT e AT. Como as pontes de hidrogênio são ligações re la ti vamente fracas, as duas fitas podem separar-se facil m ente, e o fazem m uitas vezes no curso de suas funções na célula. Para se ter a estrutura tridim ensional do D N A da Figura 3-6, devem-se tom ar as duas extrem idades das ca deias e torcê-las em um a hélice. D ez pares de nucleoti deos com põem cada volta com pleta da hélice na molécula de DNA, como mostra a Figura 3-2. Código G enético A im portância do D N A está em sua capacidade de con trolar a form ação de proteínas na célula. E le o faz através do cham ado código genético. Q uando as duas fitas de moléculas de D N A são separadas, as bases purina e piri- midina se projetam de cada lado da fita de DNA, como m ostrado no alto da Figura 3-7. São estas bases que for mam o código genético. Aesculapius 30 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Fita de DNA —a - d - a - d —a - d - a —d - a - d - a —d —□ —d—a —d - a - d - I o í 0 I D f V C C G U C U G I I I I I ! I P - R - P - R —P - R — P - R - P — R—P— R— P— R Molécula de RNA J 1 \ ► \ \ Trjfosfato \ RNA-polimerase Figura 3-7 Combinação de nucleotídeos da ribose com uma fita de DNA para formar uma moiécula de RN A que carrega o código genético do gene para o citoplasma. A enzima RNA-polimerase move-se ao longo dafita de DNAeformaamolécula de RNA. C C G I I I P— R—P— R—P— R- Prolina ' U C U t I P - R - P - R - P - R Serina G A A I P - R - P - R - P - R - Ácido glutâmico Figura 3-8 Parte de uma molécula de RNA, mostrando três “códons" de RNA— CCG. UCU e GAA— que con trolam a inserção dos aminoácidos prolina. serina e ácido glutâmico, respectivamente, à cadeia de RNA em formação. O código genético consiste em sucessivos “trípletos” de bases — isto é, cada três bases sucessivas é uma palavra do código. Os trípletos sucessivos controlam a seqüência de aminoácidos em um a molécula de proteína que é sin tetizada na célula. Observe na Figura 3-6 a fita superior de DNA: lendo-se da esquerda para a direita, tem-se o código genético GGC, AG A, CTT; os trípletos são separa dos pelas setas. Seguindo-se este código genético nas Figuras 3-7 e 3-8, vê-se que estes três trípletos são respec tivam ente responsáveis pela inserção sucessiva dos três aminoácidos — prolina, serina e ácido glutâmico — em uma molécula de proteína em formação. O Código do DNA no Núcleo Celular é Transferido para um Código de RNA no Citoplasma Celular — O Processo de Transcrição Pelo fato de o D N A estar localizado no núcleo da célula, enquanto a maioria das funções da célula é realizada no citoplasma, deve haver alguma m aneira pela qual os genes do núcleo controlem as reações químicas do cito plasma. Esta envolve a interm ediação de outro tipo de ácido nucléico, o RNA, cuja formação é controlada pelo DNA do núcleo. Como m ostra a Figura 3-7, o código é transferido para o RNA; este processo é chamado de transcrição. O RN A , por sua vez, se difunde do núcleo, através dos poros nucleares, para o com partim ento cito- plasmático, onde controla a síntese de proteínas. Síntese de RNA D urante a síntese de RNA, as duas fitas da m olécula de D N A se separam tem porariam ente; um a das fitas é usada como molde para a síntese de um a molécula de RNA. Os trípletos de código no D N A são transcritos para trípletos de código complementar (chamados códons) no RNA; estes códons, por sua vez, controlarão a seqüência de am i noácidos em um a proteína a ser sintetizada no citoplasma celular. Blocos Básicos de Construção de RNA. Os blocos básicos de construção do R N A são praticam ente os mesmos dos de DNA, exceto por duas diferenças. A prim eira é que o açú car desoxirribose não é usado na form ação do RN A . Em seu lugar, está outro açúcar, de composição ligeiram ente diferente, a ribose, contendo um íon hidroxila extra ligado à estrutura do anel de ribose. A segunda é que a tim ina é substituída por outra pirimidina, a uracila. Formação dos Nucleotídeos de RNA. Os blocos básicos de construção de R N A form am nucleotídeos de R N A , exata m ente como descrito anteriorm ente para o DNA. Aqui, novam ente, quatro nucleotídeos distintos são usados na formação do RNA. Estes nucleotídeos contêm as bases adenina, guanina, citosina e uracila. Observe que estas são Aesculapius Ir Capítulo 3 Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular 31 as mesmas bases do DNA, exceto pela uracila no RN A e timina no DNA. “Ativação” dos Nucleotídeos de RNA. O próxim o passo na síntese do R N A é a “ativação” dos nucleotídeos de R N A por uma enzima, a RNA-polimerase. Isto ocorre pela adição a cada nucleotídeo de dois radicais de fosfato extra, para form ar trifosfatos (m ostrados na Figura 3-7 pelos dois nucleotídeos de RNA na extrem idade à direita durante a form ação da cadeia de RN A ). Estes últimos dois fosfatos combinam-se com o nucleotídeo por ligações fosfato de alta energia, derivadas do ATP da célula. O resultado deste processo de ativação é que grandes quantidades de energia do ATP estão disponíveis em cada nucleotídeo, e esta energia é usada para prom over as reações químicas que adicionam cada novo nucleotí deo ao final da cadeia de RNA. c. Q uando a RN A -polim erase atinge o fim de um ge ne de D N A , ela encontra um a nova seqüência de nucleotídeos de D N A cham ada de seqüência de terminação de cadeia', esta faz com que a polime- rase e a recém -form ada cadeia de R N A se separem da fita de DNA. A polim erase, então, pode ser reu tilizada sucessivam ente para form ar outras cadeias de RNA. d. Conform e o novo filam ento de RN A é formado, as fracas pontes de hidrogênio com a fita de D N A se rom pem , pois o D N A tem um a grande afinidade para se religar à fita com plem entar de DNA. Assim, a cadeia de R N A se solta do D N A e é liberada no nucleoplasma. Dessa form a, o código que está presente no filam ento de D N A é transm itido de form a complementar para a cadeia de RNA. As bases de nucleotídeos de ribose sem pre se com binam com as bases de desoxirribose como se segue: Montagem da Cadeia de RNA com os Nucleotídeos Ativados Usando a Fita de DNA como Molde — O Processo de “Transcrição” A montagem da molécula de R N A se dá da m aneira m os trada na Figura 3-7, sob a influência de um a enzima, a RNA-polimerase. Esta é um a proteína grande que tem muitas das propriedades funcionais necessárias para a formação da molécula de RNA. São elas: 1. Na fita de DNA, no início de cada gene, há um a seqüência de nucleotídeos cham ada de prom otor. A RNA-polimerase tem um a estru tura com plem entar apropriada, que reconhece este prom otor e se liga a ele. Este é o passo essencial para se iniciar a form ação da molécula de RNA. 2. Após ligar-se ao prom otor, a R N A -polim erase causa o desenrolam ento de cerca de duas voltas da hélice de DNA e a separação, na região desenrolada, das duas fitas. 3. Então, a polim erase se move ao longo da fita de DNA, desenrolando tem porariam ente e separando as duas fitas de D N A a cada estágio de seu movimento. C on forme cada estágio do m ovimento, a polim erase ad i ciona um novo nucleotídeo ativado ao final da cadeia de RNA em form ação, segundo os seguintes passos: a. Prim eiram ente, ela estabelece um a ponte de hidrogênio entre a base seguinte no filam ento de DNA e a base de um nucleotídeo de RNA. b. Então, um por vez, a polimerase cliva dois dos três fosfatos de cada um dos nucleotídeos de RNA, libe rando grandes quantidades de energia das ligações de fosfato; esta energia é usada para form ar a liga ção covalente entre o fosfato restante, no nucleotí deo, e a ribose no final da cadeia de R N A em formação. Base no DNA guanina __ citosina __ adenina __ timina ___ Base no RNA citosina guanina uracila adenina Três Tipos Diferentes de RNA .Existem três tipos diferentes de RNA, e cada um deles desem penha um papel indepen dente e diferente na form ação de proteínas: 1. R N A mensageiro, que leva o código genético para o citoplasma, para controlar o tipo de proteína formada. 2. R N A de transferência, que transporta os aminoácidos ativados para os ribossomos; os aminoácidos serão uti lizados na m ontagem da molécula de proteína. 3. R N A ribossômico, que, com cerca de 75 proteínas diferentes, form a os ribossomos, as estru turas físicas e químicas nas quais as m oléculas de p ro te ína são formadas. RNA Mensageiro — Os Códons As m oléculas de R N A mensageiro são fitas únicas de R N A longas, localizadas no citoplasm a. E stas m olécu las são com postas de várias centenas a vários m ilhares de nucleotídeos de R N A em fitas não pareadas, e con têm códons que são exatam ente com plem entares aos tríp letos de código dos genes de D N A . A Figura 3-8 m ostra um pequeno segm ento de um a m olécula de R N A m ensageiro. Seus códons são CCG, U C U e G A A . E stes são os códons para os am inoácidos prolina, serina e ácido glutâmico. A transcrição desses códons da m olé cula de D N A para a m olécula de R N A é dem onstrada na Figura 3-7. Códons de RNA para os Diferentes Aminoácidos. A Tabela 3 1 lista os códons de RN A para os 20 aminoácidos que for mam as moléculas de proteína. O bserve que a maioria dos Aesculapius 32 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral aminoácidos é representada por mais de um códon; um dos codons corresponde ao sinal “comece a fabricar a m olécula de pro teína”, e três codons representam a m en sagem “pare de fabricar a molécula de proteína”. Na Tabela 3-1, estes dois tipos de codons são chamados IC, que significa “códon de iniciação de cadeia”, e TC, que sig nifica “codons de terminação de cadeia”. RNA de Transferência — Os Anticódons O utro tipo de RN A que desem penha um papel essencial na síntese de proteínas é o R N A de transferência, pois ele transfere as moléculas de aminoácidos para as moléculas de proteínas que estão em processo de síntese. Cada tipo de RN A de transferência combina-se especificamente com um dos 20 aminoácidos que serão incorporados às proteínas. O RN A de transferência, portanto, age como um carregador para transportar um tipo específico de aminoácido para os ribossomos, onde as moléculas de proteína estão se formando. Nos ribossomos, cada tipo específico de RNA de transferência reconhece um deter m inado códon no RNA mensageiro (descrito adiante) e entrega o aminoácido no local adequado da cadeia da molécula de proteína em formação. O RN A de transferência, com apenas cerca de 80 nu- cleotídeos, é uma molécula relativam ente pequena em com paração com o RN A mensageiro. Ele é um a cadeia de nucleotídeos com dobras que lhe dão uma aparência de folha de trevo, parecida com o m ostrado na Figura 3-9. Em uma extrem idade da molécula há sempre um ácido adení- lico; o aminoácido transportado liga-se a um grupo hidro- xila da ribose no ácido adenílico. Como a função do RN A de transferência é trazer um aminoácido específico a uma cadeia de proteína em for mação, é essencial que cada tipo de RN A de transferência tenha especificidade para um determ inado códon no Tabela 3-1 Codons de RNA para Aminoácidos e para Iniciar e Parar Aminoácido RNA Codons Alanina GOJ GCC GCA GCG Arginina CGU CGC CGA CGG AGA AGG Asparagina AAU AAC Acido aspártico GAU GAC Cisteina UGU UGC Ácido gutámico GA A C.AG Glutamina CAA CAO Glicina GGU GGC GCA GGG Histidina CAU CAC Isoleucina AUU AUC AUA Leucina CUU CUC CUA CUG UUA UUG Lisina AAA AAG Mctionina AUG Fenilalanina uuu UUC Prolina CCTJ ccc CCA CCG Serina UCU ucc UCA UCG AGC AGU Treonina ACU ACC ACA ACG Tríptofano UGG Tirosina UAU UAC Valina GUU GUC GUA GUG Iniciar (IC) AUG Parar (TC) UAA UAG UGA 1C iniciação dc caddaiTC lerminaçjiculc cadcia. RNA mensageiro. O código específico no R N A de trans ferência, que perm ite que ele reconheça um códon espe cífico, é novam ente um trípleto de bases de nucleotídeos, que é cham ado de anticódon. E le se localiza aproxim ada m ente no meio da molécula de R N A de transferência (m ostrado na parte inferior da configuração em form a de trevo, na Figura 3-9). D urante a form ação da m olécula de proteína, as bases de anticódon combinam-se frouxa m ente por pontes de hidrogênio com as bases do códon do Proteína em formação Alanina Cisteina Histidina Alanina Fenilalanina RNA de transferência Códon de iniciação anina ^ k ína - y na Serína Prolína AUG[GCC|UGU|CAU|GCC|UUU|UCCjCCC|AAA|CAG|GAC[UAU| Ribossomo Mensageiro Ribossomo Movimento do RNA Figura 3-9 Uma fita de RNA mensageiro move-se através de dois ribossomos. Para cada "códon” que passa, um aminoácido é adicionado à crescente cadeia de proteína, que é mostrada no ribossomo à direita. A molécula de RNA de transferência trans porta um aminoácido específico à proteína em for mação. Aesculapius Capítulo 3 Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular 33 RNA mensageiro. D esta forma, os respectivos aminoáci- dos são alinhados um após o outro ao longo da cadeia de RNA mensageiro, estabelecendo-se, assim, a seqüência adequada de aminoácidos na molécula de proteína em formação. RNA Ribossômico O terceiro tipo de R N A na célula é o R N A ribossôm ico; ele constitui cerca de 60% do ribossom o. O restan te do ribossomo é form ado de pro teína; há cerca de 75 tipos de proteínas que são tan to pro teínas estru turais quanto enzimas necessárias para a síntese de m oléculas de proteína. O ribossomo é a estrutura física no citoplasma na qual as moléculas de proteína são realm ente sintetizadas. Porém, ele sempre funciona em associação com outros dois tipos de RNA: o R N A de transferência, que trans porta aminoácidos para o ribossomo para serem incorpo rados na molécula de proteína em formação, e o R N A mensageiro, que fornece a informação necessária para o seqüenciamento dos aminoácidos na ordem correta para cada tipo específico de proteína. Assim, o ribossomo age como uma fábrica na qual as moléculas de proteína são formadas. Formação dos Ribossomas no Nucléolo .Os genes para a for mação de RN A ribossômico estão localizados em cinco pares de cromossomos no núcleo, e cada um destes cro mossomos contém muitas duplicações desses genes, pois grandes quantidades de R N A ribossômico são necessá rias para a função celular. À medida que o RN A ribossômico se forma, ele é reu nido no nucléolo, uma estrutura especializada adjacente aos cromossomos. Quando grandes quantidades de RNA ribossômico estão sendo sintetizadas, como ocorre em células que fabricam grandes quantidades de proteína, o nucléolo é uma estrutura grande, enquanto nas células que sintetizam poucas proteínas o nucléolo eventualmente nem é visto. O RN A ribossômico é especialmente proces sado no nucléolo, onde se liga a “proteínas ribossômicas” para formar produtos de condensação granular que são subunidades primordiais dos ribossomos. Estas subunida- des são então liberadas do nucléolo e transportadas através de grandes poros do envelope nuclear para quase todas as partes do citoplasma. No citoplasma, as subunidades são montadas para formar ribossomos maduros e funcionais. Portanto, as proteínas são formadas no citoplasma da célula, e não no núcleo celular, pois o núcleo não contém ribossomos maduros. Formação de Proteínas nos Ribossomos — O Processo de “Tradução” Quando uma molécula de RN A mensageiro entra em contato com um ribossomo, a fita de RN A passa através do ribossomo, começando por uma extrem idade prede terminada especificada por um a seqüência de bases cha mada de códon de “iniciação de cadeia”. Então, como m ostra a Figura 3-9, enquanto o R N A m ensageiro a tra vessa o ribossomo, a m olécula de pro teína é form ada — um processo chamado de tradução. Assim, o ribossom o lê os códons do R N A mensageiro de form a parecida com a leitura de um a fita por meio da cabeça de reprodução de um gravador. Então, quando um códon de “parad a” (ou de “term inação de cadeia”) passa pelo ribossom o, o fim da molécula de proteína é sinalizado e a m olécula é libe rada no citoplasma. Polirribossomos. U m a única molécula de R N A m ensagei ro pode form ar moléculas de proteína em vários ribosso mos ao mesmo tempo, pois a extrem idade inicial do filam ento de R N A pode passar a ribossomos sucessivos depois de deixar o primeiro, como m ostrado na parte infe rior esquerda da Figura 3-9 e na Figura 3-10. As moléculas de proteína estão em diferentes estágios de desenvolvi m ento em cada ribossomo. Conseqüentem ente, agrupa m entos de ribossomos ocorrem com freqüência, com três a 10 ribossomos sim ultaneam ente ligados a um a única molécula de RN A mensageiro. Estes agrupam entos são cham ados de polirribossomos. É especialm ente im portante observar que um RN A mensageiro pode originar um a molécula de proteína em qualquer ribossomo; isto é, não há especificidade dos ribossomos para determ inados tipos de proteína. O ribos somo é simplesmente o local físico no qual as reações quí micas ocorrem. Muitos Ribossomos Aderem ao Retículo Endoplasmático. No Capítulo 2, foi observado que m uitos ribossom os ade rem ao retículo endoplasmático. Isto ocorre porque as extrem idades iniciais de muitas moléculas de proteína em formação possuem seqüências de am inoácidos que se ligam im ediatam ente a locais receptores específicos no retículo endoplasmático; isto faz com que essas moléculas atravessem a parede e entrem na m atriz do retículo endo plasmático. Isto dá um a aparência granular a estas partes do retículo onde as proteínas estão sendo form adas e introduzidas na matriz do retículo. A Figura 3-10 m ostra a relação funcional do RN A mensageiro com os ribossomos e a m aneira pela qual os ribossomos se ancoram à m em brana do retículo endo plasmático. Observe o processo de tradução de um m es mo filam ento de R N A ocorrendo em vários ribossomos ao mesmo tempo. Observe tam bém as recém -form adas cadeias de polipeptídeos (proteína) atravessando a m em brana do retículo endoplasm ático e entrando na m atriz endoplasmática. Deve-se ainda observar que exceto, nas células glandu lares, nas quais são form adas grandes quantidades de vesículas secretórias contendo proteínas, a m aioria das proteínas sintetizadas pelos ribossomos é liberada d ireta m ente no citosol, em vez de no retículo endoplasmático. Estas proteínas são enzimas e proteínas estruturais in ter nas da célula. Passos Químicos na Síntese de Proteínas. Alguns dos even tos químicos que ocorrem na síntese de um a molécula de proteína são m ostrados na Figura 3-11. E sta figura mostra reações representativas para três aminoácidos distintos, A Ai, A A 2 e A A 20. Os estágios das reações são os seguin tes: (1) Cada aminoácido é ativado por um processo quí mico no qual o ATP se combina com o aminoácido para Aesculapius 34 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral RNA RNA de transferencia mensageiro Subunidade Ribossomo pequena Estrutura física dos ribossomos e sua relação funcional com o RNA mensageiro, RNA de transferência e retículo endoplasm ático, durante a form ação de m oléculas de pro teína. (Cortesia do Dr. Don W. Faw cett, Montana). Figura 3-10 Arr noácído AA, ÍM << AA2o+ ATP 1 + ATP 1 + ATP 1 Aminoácido ativado A M P -A A , A M P -A A 2 AMP-AA2O Complexo RNA-aminoacil + tRNA-) 1 tR N A ,-AA, + tRNAj tRNA2-A A 2 + tRNA2o tRNA2o— AA20 + + RNA mensageiro Complexo entre 1RNA, RNA mensageiro eaminoácido Cadeia de proteína GCC UGU AAU CAU CGU AUG GUU I I I I I I I GCC UGU AAU CAU CGU AUG GUU! í í l 1 1 1 — ~ ~ 2 > 1 >> D Z> > > D z>o; I >> >> XI2> >> > « I >> D Z> >> |GTP|GTP|GTP jGTP |GTP|GTP |GTP A A , — A A 5 - A A 3 —1 AAg — A A r AA(3 AA20 Figura 3-11 Eventos químicos na formação de uma molécula de proteína. form ar o complexo monofosfato de adenosina com o ami- noácido, cedendo duas ligações de fosfato de alta energia no processo. (2) O aminoácido ativado, com excesso de energia, combina-se com o R N A de transferência especí fico para form ar o complexo aminoácido-tRNA e, ao mesmo tempo, libera o monofosfato de adenosina. (3) O RN A de transferência, que carrega o complexo de ami noácido, então faz contato com a molécula de RN A m en sageiro no ribossomo, onde o anticódon do RN A de transferência se une tem porariam ente ao códon especí fico do RN A mensageiro, assim alinhando o aminoácido na seqüência apropriada para form ar uma molécula de proteína. Então, sob a influência da enzima peptidiltrans- ferase (uma das proteínas no ribossomo), são formadas ligações peptídicas entre os sucessivos aminoácidos, com crescimento progressivo da cadeia de proteína. Estes eventos químicos requerem a energia de duas ligações adicionais de fosfato de alta energia, totalizando quatro ligações de alta energia para cada aminoácido adicionado à cadeia de proteínas. Assim, a síntese de proteínas é um dos processos que mais consomem energia na célula. Ligação de Peptídeos. Os sucessivos aminoácidos, na ca deia de proteínas, combinam-se entre si segundo a reação típica: NH9 O H R r ii i i R - C - C - O H + H - N - C - C O O H ------- NH7 O H R I II I I R - C - C - N - C - C O O H + H , 0 Aesculapius Capítulo 3 Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular 35 Nesta reação química, um radical hidroxila ( O H ) é removido do radical C O O H do prim eiro aminoácido, e um hidrogênio (H +) é removido do grupo N H 2 do outro aminoácido. Estes se combinam para form ar água, e os dois locais reativos restantes, nos dois aminoácidos suces sivos, se ligam um ao outro, resultando em um a única molécula. Este processo é chamado de ligação peptídica. Para cada aminoácido acrescentado, um a nova ligação peptídica é formada. Síntese de Outras Substâncias na Célula Milhares de enzimas protéicas, formadas da m aneira des crita anteriormente, controlam essencialmente todas as outras reações químicas que ocorrem nas células. Estas enzimas promovem a síntese de lipídios, glicogênio, puri- nas, pirimidinas, e de centenas de outras substâncias. Dis cutiremos muitos desses processos de síntese relacionados ao metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas nos Capítulos 67 a 69. E por meio de todas essas substâncias que as diversas funções das células são realizadas. Controle da Função do Gene e da Atividade Bioquímica nas Células Da nossa discussão até aqui, fica claro que os genes con trolam tanto as funções físicas quanto químicas das célu las. Entretanto, o grau de ativação dos respectivos genes deve ser também controlado; caso contrário, algumas par tes da célula poderiam crescer dem asiadam ente ou algu mas reações químicas exageradas poderiam até m atar a célula. Cada célula possui mecanismos poderosos defeed back interno para o controle que m antém as diversas ope rações funcionais da célula coordenadas. Para cada gene (mais de 30.000 genes no total), existe pelo menos um des ses mecanismos defeedback. Existem basicam ente dois m étodos pelos quais as ati vidades bioquímicas na célula são controladas. Um deles é a regulação genética, na qual o grau de ativação dos genes é controlado, e o outro é a regulação enzimática , na qual os níveis de atividade das enzimas já form adas na célula são controlados. Regulação Genética 0 “Opéron” da Célula e o Controle da Síntese Bioquímica — Função do Promotor. A síntese de um produ to bioquím ico celular norm alm ente requer um a série de reações, e cada um a dessas reações é catalisada por um a enzim a protéica especial. A form ação de todas as enzim as necessárias para o processo de síntese é freqüentem ente contro lada por um a seqüência de genes localizados em fila no mesmo filam ento de D N A cromossômico. E ste trecho da fita de D N A é cham ada de opéron, e os genes responsá veis pela formação das respectivas enzimas são cham a dos de genes estruturais. Na Figura 3-12, três genes estruturais são m ostrados em um opéron, e dem onstra-se que eles controlam a form ação de três enzimas respecti vas que, por sua vez, controlam a síntese de um produto intracelular específico. Observe na figura o segm ento na fita de D N A cha m ado de promotor. E ste é um grupo de nucleotídeos com afinidade pela RNA-polim erase, com o já foi discutido. A polimerase deve se ligar a este prom otor antes de percor rer o filamento de D N A para sintetizar o RN A . Portanto, o prom otor é um elem ento essencial para ativação do opéron. Controle do Opéron por uma “Proteína Repressora” — 0 “Ope rador Repressor” . Observe, tam bém na Figura 3-12, uma seqüência adicional de nucleotídeos no m eio do prom o tor. Esta área é chamada de operador repressor, pois um a proteína “reguladora” pode se unir neste local e im pedir a adesão da RNA-polimerase ao prom otor, bloqueando, dessa forma, a transcrição de genes deste opéron. E sta Figura 3-12 Função de um opéron no controle da síntese de um produto Intracelular, não-protéico, como um meta- bólito intracelular. Observe que o produto sinteti zado por feedback negativo inibe a função do opéron e, desta forma, automaticamente controla a própria concentração do produto. Operador Operador atívador repressor \ ~ h Opéron ? Gene Estru Gene Gene % f - Promotor tural A Estrutural B Estrutural C f I Inibição do operador I r I I \ I Enzima B \ Enzima A r~ Substratos (Feedback negativo) Enzima C t Produto sintetizado Aesculapius 36 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral proteína que faz regulação negativa é chamada de p ro teína repressora. Controle do Opéron por Uma “Proteína Ativadora” — 0 “Ope rador Ativador” . Observe na Figura 3-12, outro operador, chamado de operador ativador, que se encontra adjacente ao promotor, mas à frente dele. Q uando uma proteína regu ladora se une a este operador, e I a contrib ui para a 1 igação da RNA-pol ime rase ao promotor, desta form a at ivando o opé ron. Portanto, uma proteína reguladora deste tipo é cha mada de proteína ativadora. Controle de FeedbackHegalm do Opéron. Finalmente,obser ve na Figura 3-12 que a presença de uma quantidade crí tica de produto sintetizado na célula pode causar a inibição, por feedback negativo, do opéron que é respon sável por sua síntese. Isto pode se dar porque uma pro teína reguladora repressora se une ao operador repressor ou porque uma proteína reguladora ativadora se desliga do operador ativador. Em ambos os casos, o opéron torna se inibido. Portanto, uma vez que o produto sintetizado requerido o é em quantidade suficiente para a devida fun ção celular, o opéron torna-se dorm ente. Inversam ente, quando o produto sintetizado é degradado na cclula c sua concentração diminui, o opéron torna-se ativo. Desta forma, a concentração necessária do produto é contro lada autom aticam ente. Outros Mecanismos de Controle de Transição pelo Opéron. Foram descobertas variações no mecanismo básico de controle do opéron nas últimas duas décadas. Sem entrar mos em detalhes, listamos algumas delas: 1. U m opéron freqüentem ente é controlado por um gene regulador localizado em outro lugar no complexo genético do núcleo. Isto é, o gene regulador codifica uma proteína reguladora que, por sua vez, age como substância ativadora ou repressora para controlar o opéron. 2. Ocasionalm ente, muitos opérons diferentes são con trolados ao mesmo tem po pela mesma proteína regu ladora. Em alguns casos, a mesma proteína reguladora funciona como um ativador para um opéron e como um repressor para outro. Q uando diversos opérons são controlados sim ultaneam ente desta m aneira, todos os opérons que funcionam juntos são chamados de régulon. 3. Alguns opérons são controlados não no ponto de iní cio da transcrição na fita de D N A ,m as mais adiante, ao longo da fita. Às vezes, o controle não se dá nem mesmo na fita de DNA em si, mas durante o processa m ento das moléculas de RN A no núcleo, antes de serem liberadas para o citoplasma; raram ente, o con trole pode ocorrer no processo de formação da pro teína no citoplasma durante a tradução do RNA pelos ribossomos. 4. E m células nucleadas, o DNA nuclear está em paco tado em unidades estruturais, os cromossomos. Em cada cromossomo, o DNA se enrola ao redor de pequenas proteínas, chamadas de histonas, que, por sua vez, são mantidas firm em ente unidas, em um estado compacto, por outras proteínas diferentes. E nquanto o DNA estiver neste estado compactado, ele não forma RNA. E ntretanto, diversos mecanismos de controle, recentem ente descobertos, podem fazer com que determ inadas áreas de cromossomos se descom pactem de form a que a transcrição parcial de RNA possa ocorrer. Mesmo então, algum “fator de transcri ção” específico controla a efetiva taxa de transcrição pelo opéron distinto no cromossomo. Assim, h ierar quias ainda mais altas de controle são em pregadas para estabelecer a devida função celular. Adicional mente, sinais no exterior da célula, tais como alguns dos horm ônios do organismo, podem ativar áreas cro- mossômicas específicas e fatores específicos de trans crição,dessa forma controlando a m aquinaria química de funcionam ento da célula. Como há mais de 30.000 diferentes genes em cada célula hum ana, o grande núm ero de form as pelas quais a atividade genética pode ser controlada não é surpreen dente. Os sistemas de controle de genes são especial m ente im portantes para o controle de concentrações intracelulares de am inoácidos,de derivados de aminoáci- dos e de substratos interm ediários e produtos do m etabo lismo de carboidratos, lipídios e proteínas. Controle da Função Intraceiuiar pela Regulação Enzimática Além do controle da função celular pela regulação gené tica, algumas atividades celulares são controladas por inibi dores ou ativadores intracelulares que agem diretam ente sobre enzimas intracelulares específicas. Dessa forma, a regulação enzimática representa uma segunda categoria de mecanismos pelos quais as funções bioquímicas das células podem ser controladas. Inibição Enzimática. Algumas substâncias químicas fo r m adas na célula têm efeitos diretos de feedback inibindo os sistemas de enzimas que as sintetizam . Q uase sem pre o produto sintetizado age na prim eira enzim a da seqüên cia, em vez dc nas enzimas subseqüentes; geralm ente, o produto liga-se d iretam ente à enzima, causando alosteri- cam ente um a alteração conform acional que a inativa. Pode-se prontam ente reconhecer a im portância de desa tivar a prim eira enzima: isto evita a form ação de p rodu tos interm ediários que não seriam usados. A inibição enzimática é outro exemplo de controle por feedback negativo; é responsável pelo controle das con centrações intracelulares de diversos aminoácidos, puri- nas, pirimidinas, vitaminas e outras substâncias. Ativação Enzimática. Enzimas que são norm alm ente ina tivas podem ser ativadas quando necessárias. Um exem plo disto se verifica quando da depleção dos estoques celulares de ATP. Neste caso, uma quantidade considerá vel de m onofosfato de adenosina cíclico (AM Pc) começa a ser formada como um produto da quebra do ATP; a p re sença deste AMPc, por sua vez, im ediatam ente ativa a enzima fosforilase que cliva o glicogênio fosforilase, libe rando moléculas de glicose que são rapidam ente m etabo- lizadas, fornecendo energia para repor os estoques de ATP. Assim, o AM Pc age como um ativador para a enzima Aesculapius V Capítulo 3 Controle Genético da Síntese de Proteínas, Funçao Celular e Reprodução Celular 37 fosforilase e, dessa forma, participa do controle da con centração intracelular de ATP. Outro exemplo interessante de inibição e ativação enzimáticas ocorre na formação de purinas e pirimidinas. Compostos destes grupos são necessários para a célula, em quantidades aproxim adam ente iguais, para a form a ção de DNA e RNA. Q uando as purinas são formadas, elas inibem as enzimas que são necessárias para a sua for mação adicional. E ntretanto, elas ativam as enzimas para a formação de pirimidinas. Inversam ente, as pirimidinas inibem suas próprias enzimas, mas ativam as enzimas da purina. D esta m aneira, há um a contínua interação dos sis temas de síntese dessas duas substâncias, e o resultado é a quantidade igual das duas substâncias nas células, em todos os momentos. Resumo. Em suma, existem dois m étodos principais pelos quais as células controlam as proporções e quantidades adequadas dos diferentes constituintes celulares: (1) o mecanismo de regulação genética e (2) o mecanismo de regulação enzimática. Os genes podem ser ativados ou inibidos, e, da mesma forma, os sistemas enzimáticos podem ser ativados ou inibidos. Estes mecanismos regu ladores geralmente funcionam como sistemas de controle por feedback que m onitoram continuam ente a composi ção bioquímica da célula e fazem correções quando necessário. Mas, ocasionalmente, substâncias externas à célula (especialmente alguns dos horm ônios discutidos ao longo deste texto) tam bém controlam as reações bio químicas intracelulares, ativando ou inibindo um ou mais sistemas de controle intracelulares. O Sistema Genético-DNA também Controla a Reprodução Celular A reprodução celular é outro exemplo do papel ubíquo que o sistema genético-DNA exerce em todos os proces sos da vida. Os genes e seus mecanismos reguladores determinam as características de crescimento das células e também quando ou se estas células se dividirão para for mar novas células. D esta forma, o sistema genético con trola cada estágio do desenvolvimento do ser humano, do ovo — uma única célula fertilizada — até o organismo completo. Assim, se existe algum tem a central da vida, este é o sistema genético-DNA. Ciclo de Vida da Célula. O ciclo de vida de um a célula é o período desde a reprodução celular até a próxima repro dução da célula. Q uando células de mamíferos não são inibidas e se reproduzem o mais rápido que podem , este ciclo de vida pode ser de apenas 10 a 30 horas. E encerrado por uma série de eventos físicos distintos, denominados mitose, que causam a divisão da célula em duas novas células-filhas. Os eventos da mitose são m ostrados na Figura 3-13 e são descritos mais adiante. O estágio de mitose, porém, dura cerca de 30 minutos, de form a que mais de 95% do ciclo de vida das células de reprodução rápida é representado pelo intervalo entre as mitoses, chamado de interfase. Centrômero Cromossomo C D H Figura 3-13 Estágios da reprodução celular. A, Be C, Prófase. D, Prometáfase. E, Metáfase. F, Anáfase. GeH, Telófase. (De Margaret C. G ladbach, Propriedade de Mary E. e Dan Todd, Kansas.) Exceto em condições especiais de rápida reprodução celular, fatores inibitórios quase sem pre to rnam lento ou cessam o ciclo de vida da célula. Portanto, d iferentes célu las do corpo têm períodos do ciclo de vida que variam de 10 horas, para células da m edula óssea altam ente estim u ladas, até o período de duração da vida do corpo hum ano para a maioria das células nervosas. A Reprodução Celular Começa com a Replicação do DNA Assim como em quase todos os outros eventos im portan tes na célula, a reprodução começa no próprio núcleo. O prim eiro passo é a replicação (duplicação) de todo o D N A dos cromossomos. Som ente depois desta é que a mitose pode acontecer. O DNA começa a se duplicar cerca de 5 a 10 horas antes da mitose, e se com pleta em 4 a 8 horas. O resultado da duplicação é a form ação de duas réplicas idênticas de todo o DNA. Estas réplicas se tornam o D N A das duas Aesculapius 38 Unidade I Inlroduçâo ã Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral células-filhas que serão formadas pela mitose. Depois da replicação do DNA, há outro período, de uma a duas horas, antes do início abrupto da mitose. Mesmo durante este período, alterações preliminares que levarão ao p ro cesso m itótico começam a ocorrer. Eventos Químicos e Físicos da Replicação de DNA. O DNA é replicado de maneira muito sem elhante à forma que o RN A é transcrito do DNA,exceto por algumas im portan tes diferenças: 1. A m bas as fitas de DNA, em cada cromossomo, são replicadas, não apenas uma delas. 2. Am bas as fitas inteiras da hélice de DNA são replica das de ponta a ponta, em vez de pequenas porções da mesma, como ocorre na transcrição do RNA. 3. As principais enzimas para a replicação do DNA for mam um complexo de múltiplas enzimas chamado de DNA-polimerase, que é comparável à RNA-polime- rase. Ela se adere e se move ao longo da fita molde de D N A ,enquanto outra enzim a,a DNA -ligase, catalisa a ligação dos sucessivos nucleotídeos de DNA uns aos outros, usando ligações fosfato de alta energia para energizarem estas ligações. 4. A formação de cada nova fita de DNA ocorre sim ulta neam ente em centenas de segmentos ao longo de cada um a das fitas da hélice, até que toda ela seja replicada. Então, as extrem idades das subunidades são unidas pela enzima DNA-ligase. 5. Cada fita de D N A recém -form ada perm anece aderida por pontes de hidrogênio ao filamento de DNA origi nai, que serviu como molde. As duas fitas, então, se enrolam em hélice. 6. Como as hélices de DNA em cada cromossomo têm aproxim adam ente 6 centím etros de com prim ento e milhões de voltas da hélice, seria impossível para as duas hélices de DNA recém -form adas se desenrola rem se não houvesse um mecanismo especial. Isto é conseguido por meio de enzimas que periodicam ente cortam cada hélice ao longo de seu comprimento, giram cada segmento o suficiente para causar a separa ção e, depois, em endam a hélice. Assim, as duas novas hélices ficam desenroladas. Reparo de DNA, “Leitura de Prova” de DNA e “Mutação. D u rante mais ou menos uma hora. entre a replicação do DNA e o início da mitose, há um período de reparo bas tante ativo e de "leitura de prova’" das fitas de DNA. Onde nucleotídeos inapropriados foram pareados aos nucleotídeos da fita molde original, enzimas especiais cortam as áreas defeituosas e as substituem por nucleotí deos com plem entares adequados. Isto é feito pelas m es mas DNA-polimerases e DNA-ligases que são usadas na replicação.O processo de reparação é cham ado de leitura de prova do D N A . Como conseqüência do reparo e da leitura de prova, o processo de transcrição raram ente comete um erro. Q uando o erro é cometido, tem-se uma mutação. A m uta ção causa a formação de proteína anormal na célula, subs tituindo a proteína necessária, geralmente levando ao funcionam ento anormal da célula e, às vezes, até mesmo à morte celular. Contudo, devido ao fato de existirem 30.000 ou mais genes no genoma humano e de que o período de uma geração hum ana é de cerca de 30 anos, esperar-se-ia até 10 ou mais mutações na passagem do genom a de pais para filho. Como proteção extra,entretanto , cada genoma humano contém dois conjuntos separados de crom osso mos com genes quase idênticos. Portanto, um gene funcio nal de cada par está quase sem pre disponível para o filho, a despeito das mutações. Cromossomos e suas Replicações A s hélices de D N A no núcleo são em pacotadas nos cro mossomos. A célula hum ana contém 46 cromossomos, dispostos em 23 pares. No par, a m aioria dos genes cm um dos cromossomos é idêntica ou quase idêntica aos genes do outro cromossomo; portanto, geralm ente se pode afir m ar que genes existem em pares,em bora nem sem pre seja este o caso. Além do DNA, há uma grande quantidade de pro te í nas no cromossomo, entre as quais predom inam várias pequenas moléculas de histonas, com cargas elétricas positivas. As histonas são organizadas em grande núm ero de estruturas em form a de carretel. Pequenos segm entos da hélice de DNA se enrolam seqüencialm ente nestas estruturas. As estruturas de histona desem penham um papel im portante na regulação da atividade do DNA, pois, en quanto o DNA estiver bem em pacotado, ele não poderá funcionar como molde para a form ação de RN A ou para a replicação de novo DNA. Algumas das proteínas regu ladoras são capazes de afrouxar o em pacotam ento do DNA pelas histonas do D N A e, assim, perm itir que pe quenos segm entos form em RNA. Várias outras proteínas que não as histonas tam bém são com ponentes im portantes dos cromossomos, funcio nando com o proteínas estruturais cromossômicas e, quando associadas à m aquinaria de regulação genética, como ativadores, inibidores e enzimas. A replicação com pleta dos cromossomos ocorre pou cos m inutos após a replicação das hélices de D N A ser con cluída; as novas hélices de DNA reúnem novas moléculas de proteína necessárias. Os dois cromossomos recém-for- m ados perm anecem aderidos um ao outro (até o m o m ento da m itose) por um ponto cham ado centrômero, localizado próxim o ao centro dos mesmos. Estes crom os somos duplicados, porém ainda aderidos, são chamados de cromátides. Mitose Celular O processo real pelo qual a célula se divide em duas novas células é cham ado de mitose. U m a vez que cada crom os somo tenha sido duplicado para form ar as duas crom áti des, em muitas células,a mitose se segue autom aticam ente em questão de um a ou duas horas. Aparelho Mitótico: Função dos Centríolos. Um dos prim ei ros eventos da mitose ocorre no citoplasma, durante a última parte da interfase, em pequenas estruturas deno minadas centríolos. Como m ostra a Figura 3-13,dois pares de centríolos ficam juntos, próximos a um dos pólos do Aesculapius Capítulo 3 Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular 39 núcleo. (Estes centríolos, como o DNA e os cromossomos, também foram replicados durante a interfase, geralm ente logo antes da replicação do DNA.) Cada centríolo é um pequeno corpo cilíndrico de cerca de 0,4 m icrôm etro de comprimento e de 0,15 m icrôm etro de diâm etro; consiste principalmente em nove estruturas tubulares paralelas, organizadas em form a de cilindro. Os dois centríolos de cada par formam ângulos retos entre si. Cada par de cen tríolos, juntam ente com o m aterial pericentriolar aderido, é chamado de centrossomo. Pouco antes que a mitose ocorra, os dois pares de cen tríolos começam a se separar um do outro. Isto é causado pela polimerização de m icrotúbulos de proteína que crescem entre os respectivos pares de centríolos e por fim os separa. A o mesmo tempo, outros m icrotúbulos cres cem radialm ente de cada par de centríolos, form ando uma estrela espinhosa, denom inada áster, em cada extre midade da célula. Alguns dos espinhos da áster penetram na membrana nuclear e aj udam a separar os dois conjuntos de cromátides durante a mitose. O complexo de m icrotú bulos, que se estende entre os dois novos pares de cen tríolos, é chamado de fuso , e o conjunto com pleto de microtúbulos mais os dois pares de centríolos é cham ado de aparelho mitótico. Prófase. O prim eiro estágio da mitose, cham ado de pró- fase, é m ostrado na Figura 3-13^4, B e C. Enquanto o fuso está se formando, os cromossomos do núcleo (que na interfase consistem em fitas frouxam ente enroladas) se condensam em cromossomos bem definidos. Prometáfase. D urante este estágio (Fig. 3-13D), os espi nhos de microtúbulos, crescendo da áster, fragm entam o envelope nuclear. A o mesmo tempo, múltiplos m icrotú bulos da áster aderem às crom átides nos centrômeros, região em que os pares de crom átides ainda estão ligados entre si; os túbulos então puxam um a crom átide de cada par em direção a um pólo celular e sua parceira para o pólo oposto. Metáfase. D urante a m etáfase (Fig. 3-13E), as duas ásteres do aparelho mitótico são empurradas, separando-se. A cre dita-se que isto ocorre porque os espinhos m icrotubulares das duas ásteres, onde eles se interdigitam para form ar o fuso mitótico,se em purram e se separam. Existem motivos para se acreditar que minúsculas moléculas de proteína contráteis, chamadas de “moléculas m otoras”, talvez com postas da proteína actina,se estendam entre os respectivos fusos e, em uma ação de “passos” semelhante à que ocorre no músculo, fazem os espinhos deslizar um sobre o outro em direções opostas. Simultaneamente, as cromátides são firmemente puxadas pelos microtúbulos a elas aderidos para o próprio centro da célula, alinhando-se para formar a placa equatorial do fuso mitótico. Anáfase. D urante esta fase (Fig. 3-13F), as duas crom áti des de cada cromossomo são separadas no centrôm ero. Todos os 46 pares de crom átides são separados, for mando dois conjuntos distintos de 46 cromossomos- filhos. Um desses conjuntos é puxado em direção a uma áster mitótica e o outro é puxado em direção à outra áster, enquanto os dois pólos da célula em divisão são em purrados, separando-se. Telófase. Na telófase (Fig.3-13G e H ),os dois conjuntos de cromossomos-filhos estão com pletam ente separados. Então, o aparelho mitótico se dissolve, e nova m em brana nuclear se desenvolve ao redor de cada conjunto de cro mossomos. Esta m em brana é form ada de partes do re tí culo endoplasmático que j á estão presentes no citoplasma. Logo após, a célula se acintura em duas m etades entre os dois núcleos. Isto é causado pela form ação de um anel con- trátil de microfilamentos, compostos de actina e provavel m ente de miosina (as duas proteínas contráteis dos músculos) na região em que a célula se dividirá, e que acaba por separá-las nas duas células-filhas. Controle do Crescimento e da Reprodução Celular Sabemos que certas células crescem e se reproduzem sempre, tais como as células da m edula óssea que form am as células sangüíneas, as células das camadas germinati- vas da pele e as do epitélio do intestino. M uitas outras células, entretanto, tais como as células de músculo liso, podem não se reproduzir por m uitos anos. U m as poucas células, tais como os neurônios e a m aioria das células do músculo estriado, não se reproduzem durante a vida inteira de um a pessoa, exceto durante o período original de vida fetal. Em certos tecidos, um a insuficiência de alguns tipos de células faz com que estas cresçam e se reproduzam rapi dam ente até que a quantidade delas seja apropriada no vamente. Por exemplo, em alguns animais jovens, sete oitavos do fígado podem ser rem ovidos cirurgicam ente e as células rem anescentes crescerão e se dividirão até que a massa hepática retorne ao normal. O m esm o ocorre em muitas células glandulares e na m aioria das células da m e dula óssea, tecido subcutâneo, epitélio intestinal e quase em qualquer outro tecido, com exceção das células alta m ente diferenciadas, como as nervosas e musculares. Sabemos pouco sobre os mecanismos que m antêm os núm eros adequados dos diferentes tipos de células no corpo. E ntretanto , experim entos dem onstraram pelo m e nos três formas pelas quais o crescim ento pode ser con trolado. Primeiro, o crescim ento geralm ente é controlado por fatores de crescimento que advêm de outras partes do corpo. Alguns deles circulam no sangue, mas outros se ori ginam nos tecidos adjacentes. Por exemplo, as células epi- teliais de algumas glândulas, como o pâncreas, não conseguem crescer sem um fator de crescim ento derivado do tecido conjuntivo da própria glândula. Segundo, a maioria das células norm ais pára de crescer quando não existe mais espaço para o crescimento. Isto ocorre quando as células crescem em culturas de tecidos; as células cres cem até o contato com um objeto sólido, e então o cresci m ento pára. Terceiro, células em cultura geralm ente param de crescer quando minúsculas quantidades de suas próprias secreções se acumulam no meio de cultura. Isto tam bém poderia constituir um meio de controle de cres cimento por feedback negativo. Aesculapius 40 Unidade I introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Regulação do Tamanho da Célula. O tam anho da célula é determ inado quase que totalm ente pela quantidade de DN A que está funcionando no núcleo, Se a replicação do DNA não ocorre, a célula cresce até um determ inado tam anho e nele permanece. Inversamente, c possível, pelo uso do composto colchiána, prevenir a formação do fuso m itótico e assim evitar a mitose, em bora a replicação do DNA continue. Neste caso, o núcleo contém quantidades de D N A maiores que a normal, e a célula cresce propor cionalmente mais. Presume-se que isto resulte simples m ente do aum ento de produção de RNA e dc proteínas celulares, que, por sua vez, fazem com que a célula fique maior. Diferenciação Celular Uma característica especial do crescimento e da divisão celulare s é a diferenciação celular, qu e s ign if ica a Ite raçõe s nas propriedades físicas e funcionais das células, à medida que elas proliferam no embrião, para form ar diferentes estruturas e órgãos corpóreos. A descrição de um experi m ento especialm ente interessante que ajuda a explicar esses processos é dada a seguir. Q uando o núcleo de um a célula da mucosa intestinal de sapo é cirurgicamente im plantado em um óvulo de sapo do qual o núcleo original foi removido, o resultado é geralm ente a formação de um sapo normal. Isto dem ons tra que mesmo a célula da mucosa intestinal, que é uma célula bem diferenciada,carrega toda a informação gené tica necessária para o desenvolvimento de todas as estru turas necessárias para o corpo do sapo. Portanto, fica claro que a diferenciação resulta não da perda dc genes, mas da repressão seletiva de diferentes opérons genéticos. Na verdade, micrografias eletrônicas sugerem que alguns segmentos das hélices de DNA enro lados ao redor de centros de histonase tornam tão conden sados que não mais se desenrolam para formar moléculas de RNA. Uma explicação para isto é a seguinte: supõe-se q ue o genoma cel ular comece, em um de te rm i nado est ágio da diferenciação celular, a produzir uma proteína regula dora que reprime para sem pre um dado grupo de genes. Os genes reprimidos nunca mais funcionam. Independen tem ente do mecanismo.células humanas maduras produ zem de 8.000 a 10.000 proteínas, em vez das possíveis 30.000 ou mais se todos os genes estivessem ativos. Experim entos embriológicos m ostram que certas cé lulas de um em brião controlam a diferenciação de células adjacentes. Por exemplo, a corda- mesodermeprimordial é chamada de organizador primário do em brião porque forma um foco ao redor do qual o em brião se desenvolve. E la se diferencia em eixo mesodérmico, que contem somi- tos segmentalmente organizados e, como resultado de induções nos tecidos circundantes, causa a form ação de, essencialmente, todos os órgãos do corpo. O utro exemplo de indução ocorre quando as vesículas do olho em desenvolvimento entram em contato com o ecloderm a da cabeça e fazem com que o ectoderm a se espesse em uma placa de lente, que se dobra para dentro para form ar o cristalino ocular. Portanto,um a grande par te do em brião se desenvolve em decorrência de tais indu ções, um a parte do corpo afetando a outra. Assim, em bora nosso entendim ento da diferenciação de células ainda seja incom pleto,conhecem os muitos dos m ecanismos de controle pelos quais a diferenciação pode ocorrer. Apoptose — Morte Programada das Células Os 100 trilhões de células do corpo são m em bros de um a comunidade altam ente organizada na qual o núm ero total de células é regulado não apenas pelo controle da taxa de divisão celular, mas tam bém pelo controle da taxa de m orte celular, Q uando as células não são mais necessárias ouse tom am u m a am eaça para o organismo, elas com etem algo como um suicídio, que é a morte celular programada ou apoptose. Este processo envolve uma cascata proteolí- tica especifica que faz com que a célula m urche e con dense, desm ontando seu citoesqueleto e alterando sua superfície celular de forma que uma célula fagocítica ao seu redor, um macrófago, por exemplo, possa aderir à m em brana celular e digerir a célula. Em contraste com a m orte program ada, as células que m orrem em conseqüência de um a lesão aguda geral m ente incham e se rom pem devido à perda de integridade da m em brana celular, um processo cham ado necrose ce lular. A s células necróticas espalham seus conteúdos, cau sando inflamação e lesão das células ao seu redor. A apoptose, entretanto, é a m orte ordenada da célula, que resulta da desm ontagem e fagocitose da célula antes que qualquer vazam ento de seus conteúdos ocorra, e as célu las ao redor norm alm ente perm anecem saudáveis, A apoptose é iniciada pela ativação de um a família de proteases cham ada caspases. Estas enzimas são sintetiza das e arm azenadas na célula como pró-caspases inativas. Os mecanismos dc ativação das caspascs são complexos, mas, uma vez ativadas, as enzimas clivam e ativam outras pró-caspases, deflagrando um a cascata que rapidam ente quebra as proteínas da cclula. A célula, então, se des m onta e seus restos são rapidam ente digeridos pelas célu las fagocíticas na região. U m a imensa quantidade de apoptose ocorre em teci dos que estão sendo rem odelados durante o desenvolvi mento. M esmo em hum anos adultos, bilhões de células m orrem a cada hora em tecidos com o o intestino e a m edula óssea e são substituídas por novas células. A m or te program ada das células, entretanto, é precisam ente equilibrada pela formação de células novas em adultos saudáveis. D o contrário, os tecidos do corpo encolheriam ou cresceriam excessivamente. Estudos recentes sugerem que anorm alidades na apoptose podem desem penhar um papel-chavc cm doenças neurodegenerati vas, tais com o o mal de Alzheimer, bem como no câncer e em distúrbios auto-imunes. Alguns m edicam entos que têm sido utiliza dos com sucesso na quim ioterapia parecem induzir a apoptose das células cancerosas. Câncer O câncer é causado em todos, ou em quase todos os casos, por mutação ou por alguma outra ativação anorm al de genes que controlam o crescim ento e a m itose celulares. Aesculapius Controle Genético da Síntese de Proteínas, Função Celular e Reprodução Celular 41Capítulo 3 Os genes anormais são chamados de oncogenes. A té 100 diferentes oncogenes já foram descobertos. Também presentes em todas as células estão os antionco genes, que suprimem a ativação de oncogenes específicos. Portanto, a perda ou a inativação de antioncogenes pode permitir a ativação de oncogenes que levam ao câncer. Apenas uma reduzida fração das células que sofrem mutação no corpo leva ao câncer. Há várias razões para isto. Em prim eiro lugar, a maioria das células alteradas possui uma capacidade m enor de sobrevivência do que as células normais, e simplesmente m orrem. Em segundo lugar, apenas poucas dessas células alteradas, que conse guem sobreviver, se tornam cancerosas, pois mesmo a maioria das células m utantes ainda possui controles de feedback normais que previnem o crescimento excessivo. Em terceiro lugar, as células potencialm ente cancero sas são freqüentem ente destruídas pelo sistema imune do organismo antes que formem um tumor. Isto ocorre da seguinte maneira: a maioria das células m utantes forma proteínas anormais em conseqüência de seus genes alte rados, e estas proteínas ativam o sistema imune do corpo, e este forma anticorpos ou linfócitos sensibilizados que reagem contra as células cancerosas, destruindo-as. A rea ção imune é evidenciada pelo fato de que as pessoas cujos sistemas imunes foram suprimidos por medicamentos imunossupressores após transplante de rins ou de cora ção têm a probabilidade de desenvolvimento de um cân cer multiplicada por cinco. Em quarto lugar, geralm ente diversos oncogenes de vem ser ativados sim ultaneam ente para causar um cân cer. Por exemplo, um desses genes poderia prom over a rápida reprodução de uma linhagem de células, mas o cân cer ocorre porque não há um gene m utante para form ar os vasos sangüíneos necessários. Mas o que causa a alteração dos genes? Considerando que vários trilhões de novas células são form adas a cada ano nos humanos, um a pergunta m elhor seria “Por que nem todos nós desenvolvemos milhões ou bilhões de células mutantes cancerosas?” A resposta é a incrível p re cisão com que as moléculas de DNA cromossômico são replicadas em cada célula, antes que a mitose ocorra, e também o processo de leitura de prova que corta e repara filamentos de DNA anormais, antes que o processo mitó- tico prossiga. Contudo, a despeito de todos estes sistemas de segurança estabelecidos na evolução, provavelm ente uma célula recém-formada em alguns milhões ainda tem características mutantes significativas. Assim, como as mutações ocorrem ao acaso, pode-se supor que um grande núm ero de cânceres é o resultado da má-sorte. Entretanto, a probabilidade de mutações pode ser aumentada muitas vezes quando o organismo é exposto a fatores químicos, físicos ou biológicos, incluindo os seguintes: 1. E bem sabido que a radiação ionizante, como raios X, raios gama e radiação emitida por substâncias radioa tivas, e mesmo a luz ultravioleta, podem predispor um indivíduo ao câncer. Os íons formados nas células de tecidos sob a influência de tal radiação são altam ente reativos e podem rom per filamentos de DNA, cau sando diversas mutações. 2. Certas substâncias químicas aum entam a probabili dade de mutações. Descobriu-se há m uito tem po que vários derivados do corante anilina podem causar cân cer, de form a que trabalhadores da indústria química que produzem estas substâncias, se não estiverem pro tegidos, têm um a predisposição m aior para o câncer. Substâncias químicas que podem causar m utação são chamadas de carcinógenos. Os carcinógenos que atualm ente causam o m aior núm ero de m ortes são os da fumaça do cigarro. Eles causam cerca de um quarto de todas as m ortes por câncer. 3. Irritantes físicos tam bém podem levar ao câncer, tais como a abrasão contínua dos revestim entos do trato intestinal por alguns tipos de alimentos. O dano aos tecidos leva à rápida substituição m itótica das células. Q uanto mais freqüente a mitose, m aior a probabili dade de mutação. 4. Em m uitas famílias, existe um a forte tendência heredi tária ao câncer. Isto resulta do fato de que a m aioria dos cânceres requer não apenas um a mutação, mas duas ou mais para que surja o tumor. Nas famílias que são p a r ticularm ente predispostas ao câncer, presum e-se que um ou mais genes cancerosos já se encontrem a lte ra dos no genom a herdado. Portanto, muito m enos m u ta ções adicionais são necessárias para o crescim ento do câncer. 5. Em animais de laboratório, certos tipos de vírus podem causar alguns tipos de câncer, incluindo a leucemia. Isto acontece por um a de duas maneiras. No caso de vírus de DNA, a fita de DNA do vírus pode se inserir diretam ente em um dos cromossomos e dessa form a causar uma m utação que leva ao câncer. No caso de vírus de RNA, alguns deles carregam consigo um a enzima cham ada transcriptase reversa, que faz com que o D N A seja transcrito do RNA. O D N A transcrito en tão se insere no genom a da célula do animal, levando ao câncer. Características Invasivas da Célula Cancerosa. As princi pais diferenças entre a célula cancerosa e a célula norm al são as seguintes: (1) A célula cancerosa não respeita os limites normais de crescimento celular; a razão é que estas células presum ivelm ente não requerem todos os fatores de crescimento que são necessários para o crescim ento de células normais. (2) As células cancerosas geralm ente aderem umas às outras m uito m enos do que as células normais. Portanto, elas têm a tendência de vagar pelos tecidos e entrar na corrente sangüínea, pela qual são transportadas para todo o corpo, onde form am focos de crescimento canceroso. (3) Alguns cânceres tam bém pro duzem fatores angiogênicos que fazem com que novos vasos sangüíneos cresçam no tum or, suprindo os nu trien tes necessários para o crescim ento do câncer. Por que as Células Cancerosas Matam? A resposta desta pergunta norm alm ente é simples. O tecido canceroso compete com os tecidos normais pelos nutrientes. Pelo fato de as células cancerosas proliferarem continuamente, o núm ero delas se multiplica dia após dia; as células cance rosas logo dem andam praticam ente todos os nutrientes disponíveis para o organismo ou para uma parte essencial do corpo. Conseqüentem ente, os tecidos normais gradati- vamente sofrem morte por desnutrição. Aesculapius 42 Unidade I Introdução à Fisiologia: A Célula e Fisiologia Geral Referências Alberts B, Johnson A, Lewis J, et al: Molecular Biology of the Cell. New York: Garland Science, 2002. Aranda A, Pascal A: Nuclear hormone receptors and gene expression. Physiol Rev 81:1269,2001. Balmain A, Gray J, Ponder B:The genetics and genomics of cancer. Nat Genet 33(Suppl):238,2003. Bowen ID, Bowen SM, Jones AH: Mitosis and Apoptosis: Matters of Life and Death. London: Chapman & Hall, 1998. Burke W: Genomics as a probe for disease biology. N Engl J Med 349:969,2003. Caplen NJ, Mousses S: Short interfering RNA (siRNA)-medi- ated RNA interference (RNAi) in human cells. Ann N Y Acad Sei 1002:56,2003. Cooke MS, Evans MD, Dizdaroglu M, Lunec J: Oxidative DNA damage: mechanisms, mutation, and disease. FASEB J 17:1195,2003. Cullen BR: Nuclear RNA export. J Cell Sei 116:587,2003. Fedier A, Fink D: Mutations in DNA mismatch repair genes: implications for DNA damage signaling and drug sensitiv ity. Int J Oncol 24:1039,2004. Hahn S: Structure and mechanism of the RNA polymerase II transcription machinery.Nat Struct Mol Biol 11:394,2004. Hall JG: Genomic imprinting: nature and clinical relevance. Annu Rev Med 48:35,1997. Jockusch BM. Hiittelmaier S, Illenberger S: From the nucleus toward the cell periphery: a guided tour for mRNAs. News Physiol Sei 18:7,2003. Kazazian HH Jr: Mobile elements: drivers of genome evolution. Science 303:1626,2004. Lewin B: Genes IV. Oxford: Oxford University Press, 2000. Nabel GJ: Genetic, cellular and immune approaches to disease therapy: past and future. Nat Med 10:135,2004. Pollard TD, Earnshaw WC: Cell Biology. Philadelphia: Elsevier Science, 2002. Aesculapi U N I D A D E I I Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo 4. 0 Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular 5. Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação 6. Contração do Músculo Esquelético 7. Excitação do Músculo Esquelético: Transmissão Neuromuscular e Acoplamento Excitação-Contração 8. Contração e Excitação do Músculo Liso Aesculapius C A P I T U L O O Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular A Figura 4-1 apresenta as concentrações aproximadas de im portantes eletrólitos e de outras substâncias nos líquidos extra e intracelular. N ote que o líquido extra- celular contém grande quantidade de sódio, mas som ente um a pequena quantidade de potássio. O oposto é exatam ente válido para o líquido intracelular. O líquido extracelular contém, também, grande quan tidade de íons cloreto, ao passo que o líquido intracelu lar contém uma quantidade muito pequena. Porém, as concentrações de fosfato e de proteínas no líquido intracelular são consideravelm ente maiores do que no líquido extracelular. Essas diferenças são muito im portantes para a vida das células. O pro pósito deste capítulo é explicar como essas diferenças são produzidas pelos mecanis mos de transporte das m em branas celulares. A Barreira Lipídica da Membrana Celular e as Proteínas de Transporte da Membrana Celular A estrutura da m em brana que reveste externam ente cada célula do corpo é discu tida no Cap. 2 e m ostrada nas Figura 2-3 e 4-2. Essa m em brana consiste quase que inteiramente em um a bicamada lipídica, contendo tam bém grande núm ero de m olé culas de proteínas, incrustadas nos lipídios, muitas delas penetrando por toda a espessura da mem brana, como m ostra a Figura 4-2. A bicamada lipídica não é miscível nos líquidos extra e intracelular. Assim, ela constitui um a barreira para os movimentos das moléculas de água e de substâncias hidrossolúveis entre os com partim entos dos líquidos intra e extracelulares.Todavia, como dem onstrado na Figura 4-2, pela seta da extrem a esquerda, algumas substân cias podem atravessar essa bicam ada lipídica dispersando-se diretam ente através da substância lipídica; isso ocorre, principalm ente, com substâncias lipossolúveis, como descritas adiante. As moléculas de proteína na m em brana apresentam propriedades totalm ente diferentes para o transporte de substâncias. Suas estruturas moleculares interrom pem a continuidade da bicam ada lipídica, representando uma via alternativa através da m em brana celular. A maioria das substâncias protéicas, por essa razão, pode fun cionar como proteínas transportadoras. D iferentes proteínas funcionam de modos distintos. Algumas contêm espaços aquosos por toda a extensão da molécula, perm i tindo o livre m ovimento da água, bem como de íons ou de moléculas selecionados; elas são referidas como proteínas canais. Outras, conhecidas como proteínas trans portadoras, se ligam às moléculas ou aos íons a serem transportados; alterações estruturais nas moléculas da proteína, então, movem a substância através dos inters tícios da proteína até o outro lado da m em brana. Tanto as proteínas canais como as proteínas transportadoras são, via de regra, extrem am ente seletivas para os tipos de moléculas ou de íons que serão perm itidos atravessar a mem brana. “Difusão” versus “Transporte Ativo.” O transporte através da m em brana celular, tanto diretam ente, através da bicamada lipídica, como por meio de proteínas, ocorre por um de dois processos básicos: difusão ou transporte ativo. Em bora existam muitas variações desses mecanismos básicos, difusão significa o movimento molecular aleatório de substâncias, molécula a molécula, através dos espaços intram oleculares da m em brana ou em combinação com proteína transpor- 45 Aesculapius 46 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo LÍQUIDO EXTRACELULAR LIQUIDO ' INTRACELULAR .142 mEq/l . . J. . . .10 mEq/iNa- ......... K- .....................4 m E q /l___I _____ 140 mEq/l C a " .................2 ,4mEq/l _____ 0,0001 mEq/l Mg*' .................1,2 mEg/! . . ____58 mEq/l Cl- ...................103m E q /l.. ___ 4 mEq/l H C tV ...............2 8 mEq/l ...............10mEq/l Fosfaios .......... 4 m E q /l______ . . . .75 mEq/l SOj“ .................1 m E q /l_______. . . .2 mEq/l G lico se ............ 90 mg/dl . . . J . . . .0 a 20 mg/dl Aminoácidos . .30 mg/dl . . . J . . . .200 mg/dl ? | Colesterol ^ 0,5 g/dl--------- f — 2 a 95 g/dlFosfolipídios Gordura neutra P O j......................35 mm Hg PCOj . . . . ___ 46 mm Hg pH .....................7,4 . . . . . 1___ 20 mmHg? . . . .50 mmHg ? ,0 . I . . . .ou 1. 7,0 , , .16Proteínas ....... 2 g/dl ___\ . . . 16 g/dl (5 mEq/l) mEq/l) Figura 4-1 Composição química dos líquidos extra e intracelular. Proteínas transportadoras Difusão Transporte ativo Figura 4-2 Vias de transporte através da membrana celular e seus mecanis mos básicos de transporte. tadora. A energia causadora da difusão é a energia da movim entação cinética normal da matéria. Como contraste, transporte ativo significa o movi m ento dos íons ou de outras substâncias, através da m em brana em combinação com uma proteína transportadora, de m odo tal que a proteína transportadora faz com que a substância se mova em direção oposta à de um gradiente de energia, como passando de estado de baixa concentra ção para um estado de alta concentração. Esse movi m ento requer um a fonte adicional de energia, além da energia cinética. A seguir é apresentada uma explicação Figura 4-3 Difusão em líquido molecular durante um milésimo de segundo. mais detalhada da física básica e da físico-química desses dois processos. Difusão Todas as moléculas e íons no corpo, inclusive as moléculas de água e as substâncias dissolvidas nos líquidos corpo rais, estão em constante movimento, cada partícula m o vendo-se por seu m odo distinto. A m ovim entação dessas partículas é o que os físicos cham am de “calor” — quanto m aior a movimentação, m aior a tem peratura — e o m ovi m ento nunca cessa, sob qualquer circunstância, a não ser à tem peratura do zero absoluto. Q uando um a molécula em movimento, A, se aproxim a de molécula estacionária, B, a força eletrostática e outra força nuclear da molécula A repelem a m olécula B, transferindo parte da energia do m ovimento da m olécula A para a molécula B. Conse qüentem ente, a m olécula B ganha a energia cinética do movimento, enquanto a molécula A passa a se m over mais lentam ente, perdendo parte de sua energia cinética. Desse modo, como m ostrado na Figura 4-3, um a só m olé cula em solução colide violentam ente com as outras m o léculas, prim eiro em um a direção, e, depois, em outra, e assim por diante, sem pre aleatoriam ente, colidindo m i lhares de vezes a cada segundo. Esse m ovim ento contínuo de moléculas, umas contra as outras, nos líquidos ou nos gases, é cham ado difusão. Os íons difundem -se da mesma m aneira que as m olé culas inteiras, e até m esm o partículas coloidais em sus pensão difundem-se de m odo sem elhante, a não ser pelo fato de a dispersão dos colóides ser bem mais lenta do que a das substâncias moleculares, por eles serem maiores. Difusão Através da Membrana Celular A difusão através da m em brana celular é dividida em dois subtipos, chamados difusão simples e difusão facilitada. A difusão simples significa que o m ovim ento cinético das moléculas ou dos íons ocorre através de um a abertura na m em brana ou através dos espaços interm oleculares, sem que ocorra qualquer interação com as proteínas transpor- Aesculapius Capítulo 4 O Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular 47 tadoras da mem brana. A intensidade da difusão é deter minada pela quantidade de substância disponível, pela velocidade do m ovimento cinético, e pelo núm ero e tam a nho das aberturas na m em brana, através das quais as moléculas e os íons podem se mover. A difusão facilitada requer a interação com um a p ro teína transportadora. A proteína transportadora ajuda a passagem das moléculas ou dos íons, através da m em brana, por meio de ligação química com eles, transpor tando-os dessa form a em movimento de vaivém — como o de ponte aérea — através da mem brana. A difusão simples pode ocorrer através da mem brana celular por duas vias: (1) pelos interstícios da bicamada lipídica, no caso da substância que se difunde ser liposso- lúvel, e (2) pelos canais aquosos que penetram por toda a espessura da m em brana, por meio de alguma das grandes proteínas transportadoras, como m ostrados à esquerda da Figura 4.2. Difusão das Substâncias Lipossolúveis Através da Bicamada Lipídica. Um dos fatores mais im portantes que determ i nam quão rapidam ente um a substância se difunde pela bicamada lipídica é a lipossolubilidade da substância. As lipossolubilidades do oxigênio, do nitrogênio, do dióxido de carbono e do álcool, p. ex., são altas, assim, todas elas podem se dissolver diretam ente na bicam ada lipídica e se difundir através da m em brana celular, do mesmo m odo como ocorre a difusão hidrossolúvel nas soluções aquo sas. Por razões óbvias, a velocidade de difusão de cada uma dessas substâncias através da m em brana é d ireta mente proporcional à sua lipossolubilidade. De m odo especial, grandes quantidades de oxigênio podem ser transportadas dessa maneira; por essa razão, o oxigênio pode ser levado para o interior das células quase como se não existisse a m em brana celular. Difusão das Moléculas de Água e Outras Moléculas Insolú veis em Lipídios Pelos Canais Protéicos. A inda que a água seja extremamente insolúvel nos lipídios da m em brana, ela passa com facilidade pelos canais das moléculas de proteínas ou penetram por toda a espessura das m em bra nas. A rapidez com que as moléculas de água podem se deslocar através da m aioria das m em branas celulares é impressionante. Como exemplo, a quantidade total de água que se difunde em cada direção pelas m em branas das hemácias a cada segundo é cerca de 100 vezes m aior que o volume da própria hemácia. Outras moléculas insolúveis em lipídios podem passar pelos canais dos poros das proteínas do mesmo m odo que as moléculas de água, caso sej am hidrossolúveis e suficien temente pequenas. Todavia, à medida que suas dimensões aumentam, sua penetração diminui rapidamente. Por exemplo, o diâm etro da molécula da uréia é somente 20% maior que o da água, e mesmo assim sua penetração atra vés dos poros da m em brana celular é cerca de 1.000 vezes menor que a da água. A inda assim, considerando-se a incrível velocidade de penetração da água, essa intensi dade da penetração da uréia ainda perm ite o rápido trans porte da uréia através da m em brana em poucos minutos. Difusão Pelos Canais Protéicos e as “Comportas” Desses Canais As reconstruções tridimensionais computadorizadas dos canais protéicos dem onstraram vias tubulares por toda a espessura da m em brana entre os líquidos extra e intrace lular. Por conseguinte, substâncias podem se deslocar por difusão simples d iretam ente através desses canais de um lado ao outro da m em brana. As proteínas canais são dis tinguidas por duas características im portantes: (1) elas em geral são seletivam ente perm eáveis a certas substân cias, e (2) muitos dos canais podem ser abertos ou fecha dos por comportas. Permeabilidade Seletiva das Proteínas Canais. Muitas das proteínas canais são altam ente seletivas para o transporte de um ou mais íons ou moléculas específicas. Isso resulta das características do canal propriam ente dito, como seu diâ metro, sua forma, e a natureza das cargas elétricas e das liga ções químicas ao longo de suas superfícies internas. Para dar um exemplo, uma das mais importantes proteínas canais, o conhecido canal de sódio, tem apenas 0,3 por 0,5 nanôm etro de diâmetro, mas, o que é mais im portante, a superfície interna desse canal tem forte carga negativa, como mostrado pelos sinais negativos no interior da proteína canal no pai nel superior da Figura 4.4. Essas fortes cargas negativas podem puxar os íons sódio desidratados para dentro desses canais, na verdade afastando os íons sódio das moléculas de água que os hidratam. U m a vez no canal, os íons sódio se dis persam em qualquer direção, de acordo com as leis usuais de difusão. Desse modo, o canal de sódio é especificamente seletivo para a passagem de íons sódio. D e modo distinto, outro grupo de proteínas canais é seletivo para o transporte de potássio, como m ostrado no painel inferior da Figura 4-4. Estes canais são pouco m enores do que os canais de sódio, com diâm etro de ape nas 0,3 por 0,3 nanôm etro mas eles não têm cargas negati vas e suas ligações químicas são diferentes. Assim, não existem fortes forças atrativas para puxar esses íons para dentro dos canais, e os íons potássio não são separados das moléculas de água que os hidratam . A form a hidratada do íon potássio é consideravelm ente m enor que a form a Exterior Comporta N + fechada , n r r o T m m à i Na* t Comporta í aberta Interior Exterior Interior Comporta fechada K* Comporta aberta K* Figura 4-4 Transporte de lons sódio e potássio através das proteínas canais. Também são mostradas as mudanças conformacionaís nas molé culas de proteína para abrir e fechar as "comportas" dos canais. Aesculapius 48 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo hidratada do sódio, porque o íon sódio atrai m uito mais moléculas de água do que o do íon potássio. Portanto, os menores íons hidratados de potássio podem passar com facilidade por esse estreito canal, enquanto os maiores íons sódio hidratados são rejeitados, prom ovendo, dessa form a, a perm eabilidade seletiva para um íon específico. As Comportas das Proteínas Canais. As com portas das pro teínas canais fornecem um meio para controlar a perm ea bilidade iônica dos canais. Isso é m ostrado nos dois painéis da Figura 4.4 para os controles da seletividade dos íons potássio e sódio. A credita-se que algumas dessas comportas sejam extensões da molécula — como se fos sem comportas — sem elhantes às das proteínas transpor tadoras que podem ocluir a abertura de um canal ou podem ser retiradas dessa abertura por alteração da con formação da própria molécula de proteína. A abertura e o fecham ento desses canais podem ser controlados por dois modos: 1. Por variações da voltagem. Nesse caso, a conformação molecular do canal ou das suas ligações químicas reage ao potencial elétrico através da membrana celular. Por exemplo, no painel superior da Figura 4-4, se existir forte carga negativa no lado interno da membrana celular, presumivelmente as aberturas externas do ca nal do sódio permanecerão fechadas; de modo inverso, se o lado interno da membrana perdesse sua carga negativa, essas aberturas poderiam, de modo abrupto, se abrir, permitindo que grande quantidade de sódio entrasse na célula, passando pelos poros de sódio. Esse é o mecanismo básico para a geração de potenciais de ação nas fibras nervosas responsáveis pelos sinais ner vosos. No painel inferior da Figura 4-4, as comportas para o potássio ficam localizadas na extremidade intra celular dos canais de potássio, e abrem-se quando a parte interna da membrana celular fica positivamente carregada. A abertura desses canais é responsável, em parte, pelo término do potencial de ação, como discu tido com mais detalhes no Capítulo 5. 2. Por controle químico (por ligantes). Algumas compor tas das proteínas canais dependem da ligação de subs tâncias químicas (ou ligante) com a proteína; isso causa alteração conformacional da proteína ou de suas liga ções químicas na molécula da proteína que abre ou fecha sua comporta. Esse tipo é conhecido como con trole químico ou como controle por ligante. Um dos mais importantes exemplos de controle químico é o efeito da acetilcolina no chamado canal de acetilcolina. A acetilcolina abre esse canal,formando um poro nega tivamente carregado, com diâmetro de cerca de 0,65 nanômetro, que permite a passagem de moléculas sem carga ou de íons positivos menores que seu diâmetro. Esse tipo de comporta é extremamente importante para a transmissão dos sinais nervosos de uma célula nervosa para outra (Cap. 45) e das células nervosas para as células musculares, para causar a contração muscular (Cap. 7). Estado Aberto versus Estado Fechado dos Canais com Controle. A Figura 4-5A mostra uma característica espe cialm ente interessante da maioria dos canais controlados por voltagem. Essa figura mostra dois registros da cor rente elétrica que flui por canal único (isolado) de sódio, sob um gradiente de potência aproximado de 25 milivolts, através da m em brana. Observe que o canal conduz ou não conduz corrente elétrica, ou seja, é do tipo “tudo ou - Canal de sódio abs ; J W L ............ ' X r u L - - HLm.Ü 1 I 1 ] 0 2 4 6 8 10 Milissegundos B Figura 4-5 A, Registro do fluxo de corrente por um canal de sódio, ligado à vol tagem isolada, demonstrando o princípio “tudo ou nada" da aber tura e do fechamento do canal. 6, O método de “fixação de p lacas” (patch-clamp) para o registro do fluxo corrente através de um canal protéico isolado. À esquerda, o registro é realizado em uma “p laca” da membrana celular viva. À direita, o registro é em placa de mem brana retirada da célula. nada”. Isto é, a com porta do canal abre de estalo e, em seguida, fecha tam bém de estalo, com cada período do estado aberto do canal durando apenas uma fração de milissegundo a vários milissegundos. Isso dem onstra a extrem a rapidez com que as alterações podem ocorrer Aesculapius Capitulo 4 O Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular 49 durante a abertura e o fecham ento das com portas mole culares dos canais da proteína molecular. Em determ i nado potencial de voltagem, o canal pode perm anecer fechado por todo o tempo, ou por quase todo o tempo, enquanto em outro nível de voltagem pode perm anecer aberto por todo o tempo, ou por quase todo o tempo. Em voltagens intermediárias, como m ostradas na figura, o canal tende a abrir e fechar subitam ente de m odo interm i tente, resultando em fluxo médio da corrente que se situa entre os valores mínimo e máximo. Método da Fixação de Placa (Patch-Clamp) para Registrar a Corrente lônica que Flui por Cada Canal. Pode-se indagar como é possível reg istrar a co rren te iônica que flui por cada um dos canais protéicos, com o m ostrado na Figura 4- 5 A Isso foi realizado pelo m étodo da “fixação de p laca” (patch-clamp), ilustrado na Figura 4-5.B. D e form a m uito simplificada, um a m icropipeta com d iâm etro de apenas 1 ou 2 m icrôm etros é colocada sobre a pa rte ex terna da m em brana celular. Em seguida, é feita sucção pela p ipeta, para aspirar a m em brana con tra a pon ta da p ipeta. Isso cria um a selagem en tre a pon ta da p ipeta e a m em brana celular. O resu ltado é p laca d im inuta de m em brana que se “fixa” na p o n ta da p ipeta , po r onde o fluxo de co rren te e lé trica pode ser registrado. A lternativam ente, com o m ostrado à d ireita na Figura 4-5S, a pequena p laca de m em brana celular na po n ta da pipeta pode ser rem ovida da célula. A p ipeta com a placa selada é en tão colocada em solução livre. Isso perm ite que as concentrações iônicas den tro da m icropipeta na solu ção ex terna possam ser m odificadas à vontade — i. é, a vol tagem está “fixada” (clamped) em determ inado valor. Foi possível a ob tenção de placas suficientem ente pequenas p ara só con ter um canal p ro téico único na m em brana a ser estudada. Por m eio da variação da concen tra ção de d iferentes íons, bem com o da voltagem através da m em brana, podem -se dete rm inar as características do transporte de um canal isolado e tam bém as p ropriedades de suas com portas. Difusão Facilitada A difusão facilitada é tam bém conhecida como difusão mediada p or transportador, porque a substância que é transportada por esse processo se difunde através da membrana usando um a proteína transportadora especí fica para auxiliar. Isto é, o transportador facilita a difusão da substância para o outro lado. A difusão facilitada difere, de modo im portante, da difusão simples pela seguinte maneira: A pesar da veloci dade da difusão simples através de um canal aberto aumentar em proporção direta à concentração da subs tância difusora, na difusão facilitada a velocidade da difu são tende a um máximo, designado como Vmáx, à medida que a concentração da substância difusora aum enta. Essa diferença entre a difusão simples e a difusão facilitada é demonstrada na Figura 4-6. Essa figura m ostra que, en quanto a concentração da substância difusora aum enta, a intensidade da difusão simples continua a aum entar p ro porcionalmente, mas na difusão facilitada a velocidade da difusão não pode aum entar acima do nível do Vmáx O que limita a velocidade da difusão facilitada? A res posta provável é o mecanismo ilustrado na Figura 4-7. Essa figura mostra a proteína transportadora com um poro sufi cientemente grande para transportar a molécula específica Figura 4-6 Efeito da concentração de uma substância sobre a velocidade de difusão através da membrana, por difusão simples e por difusão facilitada. A figura mostra que a difusão facilitada tende para uma veiocidade máxima, chamada Vm .^ Molécula transportada T , o r DOOL >000: Local de ligação MMMòòA V'S's'- Proteína transportadora e alteração estruturai O Q O Q O Q Q Q ü 9 CX300000Ò 0 Liberação da ligação Figura 4-7 Mecanismo postulado para a difusão facilitada. por parte de seu trajeto. M ostra tam bém um “receptor” de ligação na parte interna da proteína transportadora. A molécula a ser transportada entra no poro e torna-se ligada. Então, em um a fração de segundos, ocorre alteração conformacional ou química na proteína transportadora, de forma que o poro, agora, se abre para o lado oposto da membrana. Em razão de a ligação do receptor ser fraca, a movimentação térmica da molécula ligada faz com que esta se separe e seja liberada no lado oposto da membrana. A velocidade com que moléculas podem ser transportadas Aesculapius 50 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo por esse mecanismo nunca pode ser maior do que a veloci dade com que a molécula de proteína transportadora pode se alterar entre suas duas conformações. Não obstante, note, especificamente, que esse mecanismo permite que a molécula transportada se mova — ou seja, “se difunda” — em qualquer direção através da membrana. E ntre as substâncias mais im portantes que atravessam a m em brana das células por da difusão facilitada estão a glicose e a maioria dos aminoácidos. No caso da glicose, a m olécula transportadora já foi descoberta, e tem peso molecular em torno de 45.000; essa molécula pode, tam bém, transportar vários outros m onossacarídeos com estruturas semelhantes à da glicose, incluindo a galactose. A insulina tam bém pode aum entar por 10 a 20 vezes a velocidade da difusão facilitada da glicose. Esse é o prin cipal mecanismo pelo qual a insulina controla o uso da gli cose pelo organismo, como discutido no Capítulo 78. Fatores Que Afetam a Velocidade Efetiva da Difusão Exterior Interior A té agora, já ficou evidente que muitas substâncias podem se difundir através da m em brana celular. O que, em geral, é mais im portante, é a velocidade efetiva da difusão da substância em uma determ inada direção desejada. Essa velocidade efetiva é determ inada por diversos fatores. 0 Efeito da Diferença de Concentração sobre a Velocidade Efetiva da Difusão Através da Membrana. A Figura 4-8A m ostra a m em brana celular com uma substância com m aior concentração no lado externo e concentração mais baixa no lado interno. A velocidade com que a substância vai se difundir para o lado interno é proporcional à con centração das moléculas no lado externo, porque essa concentração determ ina quantas moléculas atingem a parte externa da m em brana a cada segundo. A o contrário, a velocidade com que as moléculas se difundem para o lado externo é proporcional à sua concentração no lado interno da mem brana. Por essa razão, a velocidade efetiva da difusão para dentro da célula é proporcional à concen tração externa menos a concentração interna, ou: Difusão efetiva <* (Ce- Q ) onde Ceé a concentração externa e Q é a concentração interna. Efeito do Potencial Elétrico da Membrana sobre a Difusão dos íons — 0 “Potencial de Nernst.” Se um potencial elétrico for aplicado através da mem brana, como m ostrado na Figura 4-85, a carga elétrica dos íons faz com que eles se movam através da m em brana mesmo que não exista dife rença de concentração para provocar esse movimento. Assim, no painel esquerdo da Figura 4-85, a concentração iônica negativa é a mesma em ambos os lados da mem brana, mas aplicou-se uma carga positiva ao lado direito da m em brana e uma carga negativa ao lado esquerdo, criando um gradiente elétrico através da membrana. A carga positiva atrai os íons negativos, ao passo que a carga negativa os repele. Assim, a difusão efetiva ocorre da esquerda para a direita. Depois de algum tempo, grandes quantidades de íons negativos se moveram para a direita, criando a condição m ostrada no painel direito da Figura 4- > I Pistão 1 p1 ------------ ^W Ê Ê Ê Figura 4-8 Efeito da diferença de concentração {A), diferença do potencial elé trico afetando os íons negativos (6), e da diferença de pressão (C) para causar a difusão das moléculas e íons através da membrana celular. 8B, na qual se desenvolveu um a diferença da concentra ção iônica na direção oposta à diferença de potencial elé trico. Agora, a diferença de concentração tende a m over os íons para a esquerda, enquanto a diferença elétrica tende a movê-los para a direita. Q uando a diferença da concen tração aum enta o bastante, os dois efeitos se contrabalan çam. Na tem peratura norm al do corpo (37°C), a diferença elétrica que vai calibrar um a dada diferença de concentra ção de íons univalentes — como íons sódio (N a+) — pode ser determ inada pela fórmula a seguir, cham ada de equa ção de Nernst: E M F (em m illivolts) = ± 61 log — na qual EM F é a força eletrom otriz (voltagem ) entre o lado 1 e o lado 2 da m em brana, Q é a concentração no la do 1, e C2 é a concentração no lado 2. Essa equação é extre m am ente im portante para a com preensão da transm issão dos impulsos nervosos e é discutida com mais detalhes no Cap.5. Efeito da Diferença de Pressão Através da Membrana. A lgu mas vezes, diferenças consideráveis de pressão se desen volvem entre os dois lados de m em brana difusível. Isso Aesculapius Capítulo 4 O Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular 51 ocorre, p. ex., na m em brana capilar sangüínea em todos os tecidos do corpo. A pressão é cerca de 20 mm Hg, m aior dentro do capilar do que fora. Pressão, na verdade, significa a soma de todas as forças das diferentes moléculas que se chocam com uma determ i nada área de superfície em um certo instante. Então, quando a pressão é maior em um lado da m em brana do que no outro lado, isso significa que a soma de todas as for ças das moléculas se chocando contra o canal em um lado da membrana é maior que do outro lado. Na maioria das vezes, isso é causado por grande núm ero de moléculas se chocando a cada segundo com um dos lados da membrana, do que no outro lado. O resultado é uma quantidade maior de energia disponível para causar o movimento efetivo das moléculas do lado de alta pressão para o lado de m enor pressão. Esse efeito é dem onstrado na Figura 4-8C, que mostra um pistão desenvolvendo alta pressão de um lado do“poro”, desse m odo fazendo com que mais moléculas se choquem contra um lado do poro e, assim, mais moléculas “se difundam” para o outro lado. Osmose Através de Membranas Seletivamente Permeáveis — “Difusão Efetiva” de Á gua De longe, a substância mais abundante que se difunde através da m em brana celular é a água. A água se difun de usualmente nas duas direções, através da m em brana das hemácias, a cada segundo, em um volume correspon dente a cerca de 100 vezes o volume da própria célula. Todavia, nas condições normais, a quantidade que se difunde nas duas direções é equilibrada tão precisa mente que o m ovim ento efetivo da água que ocorre é zero. Conseqüentem ente, o volume da célula perm anece constante. E ntretanto , sob certas circunstâncias, pode-se desenvolver diferença da concentração da água através de uma membrana, do mesmo modo como as diferenças de concentração podem ocorrer para outras substâncias. Quando isso ocorre, passa a existir m ovim ento efetivo de água através da m em brana celular, fazendo com que a célula inche ou encolha, dependendo da direção do movimento da água. Esse processo efetivo de movi mento da água causado por sua diferença de concentra ção é designado como osmose. Para dar um exemplo de osmose, vamos assumir as condições mostradas na Figura 4-9, com água pura de um lado da m em brana celular e solução de cloreto de sódio do outro lado. As moléculas de água passam facilmente através da m em brana celular para o outro lado, enquanto os íons sódio e cloreto só passam com dificuldade. Assim, a solução de cloreto de sódio é, na verdade, um a mistura de moléculas de água permeáveis e de íons sódio e cloreto não-permeáveis, sendo a m em brana tida como seletiva mente permeável para a água, mas bem menos para os íons sódio e cloreto. Contudo, a presença do sódio e do cloreto deslocou parte das moléculas de água do lado da m em brana, no qual estão presentes esses íons, e, por conse guinte, reduziu a concentração de moléculas de água para menos do que a concentração da água pura. Como resul tado, no exemplo da Figura 4-9, mais moléculas de água se chocam com os canais do lado esquerdo, onde está a água pura, do que do lado direito, onde a concentração de água Água Solução de NaCl -------------------► Osmose Figura 4-9 A osmose na membrana celular, quando a solução de cloreto de sódio é co locadaem um lado dam em branae aáguaé colocada do outro lado. foi reduzida. Dessa m aneira, o m ovim ento efetivo de água ocorre da esquerda para a direita — ou seja, ocorre os mose da água pura para a solução de cloreto de sódio. Pressão Osmótica Se, na Figura 4-9, fosse aplicada pressão sobre a solução de cloreto de sódio, a osmose da água para essa solução poderia diminuir, parar, ou até mesmo se inverter. A quantidade exata de pressão necessária para in terrom per a osmose é conhecida como pressão osmótica da solução de cloreto de sódio. O princípio de diferença de pressão contrária à osmose é dem onstrado na Figura 4-10, a qual m ostra um a m em brana seletivam ente perm eável separando duas colunas de líquido, um a contendo água pura e a ou tra contendo a solução de água e qualquer soluto que não possa penetrar a m em brana. A osmose de água da coluna B para a coluna A faz com que o nível do líquido nas colunas fique cada vez mais diferente até que eventualm ente a diferença de pressão desenvolvida entre os dois lados da m em brana seja suficientem ente intensa para se opor ao efeito osmó- tico. A diferença de pressão através da m em brana nesse ponto é igual à pressão osmótica da solução que contém o soluto não-difusível. A Importância do Número das Partículas Osmóticas (Concen tração Molar) na Determinação da Pressão Osmótica. A pressão osmótica exercida pelas partículas em solução, sejam elas moléculas ou íons, é determ inada pelo número dessas partículas por unidade de volume de líquido, e não pela massa das partículas. A razão para isso é que cada partícula em solução, independente de sua massa, exerce, em média, a mesma quantidade de pressão contra a mem brana. Isto é, partículas grandes, com mais massa (m) do que as pequenas partículas, movem-se com velocidade m enor (v). As partículas pequenas movem-se com maior Aesculapius 52 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo Figura 4-10 Demonstração da pressão osmótica causada por osmose em uma membrana semipermeável. velocidade, de m odo tal que suas energias cinéticas médias (k), determ inadas pela equação , m v2 são as mesmas para cada pequena partícula, bem como para cada partícula maior. Conseqüentem ente, o fator que determ ina a pressão osmótica de uma solução é a con centração da solução em term os de núm ero de partículas (que é o mesmo que a concentração molar, no caso de uma molécula não dissociada), e não em term os de massa do soluto. “Osmololidade” — 0 Osrnol. Para expressar a concentra ção de um a solução em term os do núm ero de partículas, a unidade, cham ada osmol, é usada no lugar de gramas. Um osmol é o peso de 1 molécula grama de soluto osm oticam ente ativo. Desse modo, 180 gramas de glicose, que correspondem a 1 molécula grama de glicose, é igual a 1 osmol de glicose porque a glicose não se dissocia em íons. D e m odo contrário, caso um soluto se dissocie em dois íons, 1 molécula grama desse soluto vai corresponder a 2 osmóis, porque o núm ero de partículas osmoticamente ativas é agora duas vezes maior do que para o soluto não dissociado. Assim, quando totalm ente dissociado, 1 m olé cula grama de cloreto de sódio, 58,5 gramas, é igual a 2 osmóis. Nesse caso, a solução que contém 1 osmol de soluto dis solvido em cada quilograma de água é conhecido por ter osmololidade de 1 osmol por quilograma, e a solução com 1/1.000 osmol dissolvido por quilograma tem osmololi dade de 1 miliosmol por quilograma. A osmolalidade nor mal dos líquidos extra e intracelular é de cerca de 300 miliosmóis p or quilograma de água. Relação entre a Osmolalidade e a Pressão Osmótica. Na tem peratura normal do corpo, 37°C, a concentração de 1 osmol por litro vai causar 19.300 m m H g de pressão osm ó tica na solução. Da mesma m aneira, a concentração de 7 m iliosm ol por litro é equivalente a 19,3 m m Hg de pressão osmótica. A o se multiplicar esse valor pela concentração de 300 miliosmóis dos líquidos do corpo, obtém-se a pres são osmótica total dos líquidos corporais, calculada como sendo de 5.790 mmHg. O valor medido é, no entanto, em média, de cerca de 5.500 mmHg. A razão para essa dife rença é que muitos dos íons nos líquidos do corpo, como os íons sódio e cloreto, são m uito atraídos uns pelos outros; conseqüentem ente, eles não podem se m over de forma intim am ente livre, sem qualquer restrição, nesses líquidos e gerar sua pressão osmótica potencial total. Por essa razão, em média, a pressão osmótica real dos líquidos corporais fica em cerca de 0,93 vez o valor calculado. 0 Termo “Osmolaridade”. Em função da dificuldade de se medir os quilogramas de água em uma solução, o que é necessário para determinar sua osmolalidade, o termo osmolaridade, que é a concentração osmolar expressa em osmóis por litro de solução, em vez de osmóis por quilo grama de água, é então utilizado. Apesar de, em termos precisos, serem os osmóis por quilograma de água (osmo lalidade) que determinam a pressão osmótica para solu ções diluídas, como as existentes no corpo, a diferença quantitativa entre osmolalidade e a osmolaridade é de menos de 1 %. Em razão de ser bem mais prático se medir a osmolaridade do que a osmolalidade,ela é mais utilizada na maioria dos estudos fisiológicos. “Transporte Ativo” de Substâncias Através das Membranas As vezes, é necessária grande concentração de um a subs tância no líquido intracelular, em bora o líquido extracelu- lar só contenha baixa concentração. Isso é válido, p. ex., para os íons potássio. De m odo contrário, é im portante m anter baixas concentrações de outros íons dentro das células, mesmo que sua concentração no líquido extracelu- lar seja alta. Isto é especialmente válido para os íons sódio. Nenhum desses dois efeitos pode ocorrer por difusão sim ples, porque a difusão simples, com o passar do tempo, equi libra a concentração nos dois lados da membrana. Assim, alguma fonte de energia deve causar maior deslocamento dos íons potássio para o interior da célula e deslocamento mais intenso dos íons sódio para fora das células. Q uando a mem brana celular transporta as moléculas ou íons “para cima”, contra um gradiente de concentração (ou “para ci m a”, contra um gradiente elétrico ou de pressão), o pro cesso é chamado de transporte ativo. As diversas substâncias que são ativam ente transpor tadas através das m em branas de pelo menos algumas células incluem muitos íons (sódio, potássio, cálcio, ferro, hidrogênio, cloreto, urato), vários açúcares diferentes e a maioria dos aminoácidos. Aesculapius Capítulo4 O Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular 53 Transporte Ativo Primário e Transporte Ativo Secundário. O transporte ativo é dividido em dois tipos, de acordo com a fonte de energia usada para causar o transporte: o trans porte ativo primário e o transporte ativo secundário. No transporte ativo primário, a energia é derivada d ireta mente da degradação do trifosfato de adenosina (ATP) ou de qualquer outro composto de fosfato com alta ener gia. No transporte ativo secundário, a energia é derivada secundariamente da energia arm azenada na forma de diferentes concentrações iônicas de substâncias m olecu lares secundárias ou iônicas, entre os dois lados da m em brana da célula, gerada originariam ente por transporte ativo primário. Nos dois casos, o transporte depende de proteínas transportadoras, que penetram por toda a m em brana celular, como ocorre na difusão facilitada. E n tre tanto, no transporte ativo, as proteínas transportadoras funcionam de m odo distinto daquelas da difusão facili tada, pois são capazes de transferir energia para a subs tância transportada para movê-la contra o gradiente eletroquímico. A seguir estão alguns exemplos de trans porte ativo primário e transporte ativo secundário, com explanações mais detalhadas dos seus princípios de fun cionamento. Transporte Ativo Primário Bomba de Sódio-Potássio Entre as substâncias que são transportadas por trans porte ativo prim ário estão o sódio, o potássio, o cálcio, o hidrogênio, o cloreto e alguns outros íons. O mecanismo de transporte ativo, estudado em m aio res detalhes, é a bomba de sódio-potássio (N a+-K+), um processo de transporte que bom beia íons sódio para fora, através da m em brana celular de todas as células, e, ao mesmo tempo, bom beia íons potássio de fora para dentro. Essa bomba é a responsável pela m anutenção das dife renças de concentração entre o sódio e o potássio, através da membrana celular, bem como pelo estabelecim ento da voltagem elétrica negativa dentro das células. D e fato, o Capítulo 5 m ostra que essa bom ba é tam bém a base para função nervosa, transm itindo sinais nervosos por todo o sistema nervoso. A Figura 4-11 m ostra os com ponentes físicos básicos da bomba de N a+-K+. A proteína transportadora é um complexo de duas proteínas globulares separadas: a maior é chamada de subunidade a , com peso molecular em torno de 100.000, e a m enor é cham ada de subunidade (3,com peso molecular em torno de 55.000. A pesar da fun ção da proteína m enor não ser conhecida (a não ser que, talvez, fixe esse complexo protéico à m em brana lipídica), a maior proteína (subunidade a ) apresenta três caracte rísticas específicas im portantes para o funcionam ento da bomba: 1. Ela contém três locais receptores para a ligação de íons sódio na porção da p ro te ína que se p ro je ta para den tro da célula. 2. E la contém dois locais receptores para os íons potássio na sua porção externa. 3. A porção in terna dessa pro te ína , perto do local de liga ção do sódio, tem atividade ATPase. Para se ter um a visão global dessa bomba: quando dois íons potássio se ligam à parte externa da proteína trans- Exterior r a m ™ f m m Interior Figura 4-11 2K+ ■ ATPase ADP + Pi Mecanismo postulado para a bomba de sódio-potássio. ADP, difos- fato de adenosina; ATP, trifosfato de adenosina; Pi, íon fosfato. portadora e três íons sódio se ligam à parte interna, a fun ção de ATPase da proteína torna-se ativada. Isso, então, cliva um a molécula de ATP, dividindo-a em difosfato de adenosina (A D P) e liberando um a ligação fosfato de alta energia. Acredita-se que essa energia liberada cause alte ração química e conformacional da m olécula da proteína transportadora, extrudando os três íons sódio para fora e os dois íons potássio para dentro. D o mesmo modo como outras enzimas, a bom ba de N a+-K+ATPase pode funcionar de form a inversa. Caso os gradientes eletroquímicos para N a+ e K + forem experi m entalm ente aumentados o suficiente, de form a tal que a energia arm azenada em seus gradientes seja m aior que a energia química da hidrólise da ATP, esses íons vão bai xar seus gradientes de concentrações e a bom ba de N a+- K+ vai sintetizar o ATP a partir de A D P e de fosfato. A form a fosforilada da bom ba de N a+-K+, por conseguinte, pode tanto doar seu fosfato para o ADP, para produzir ATP, quanto usar a energia para m udar sua estru tura e bom bear N a+ para fora da célula e o K+ para dentro da célula. As concentrações relativas da ATP, A D P e fosfato, assim como os gradientes eletroquím icos de N a+ e K + , determ inam a direção da reação das enzimas. Para algu mas células, como as células nervosas eletricam ente ati v a s s e 60% a 70% das necessidades de energia das células talvez sejam direcionadas para bom bear o N a+ para fora da célula e o K* para dentro. A Importância da Bomba de Na*-K* no Controle do Volume Celular. U m a das mais im portantes funções da bom ba de N a+-K+ é controlar o volume de cada célula. Sem a função dessa bomba, a m aioria das células de corpo incharia até estourar. O mecanismo para controlar o volume celular é o seguinte: dentro da célula, existe grande núm ero de p ro teínas e de outras moléculas orgânicas que não podem sair das células. A m aioria delas tem carga negativa, atraindo grande núm ero de potássio, sódio e outros íons positivos. Todas essas moléculas e íons vão provocar a osmose de água para o interior da célula. A m enos que essa osmose seja interrom pida, a célula irá inchar até estourar. O m ecanismo norm al para im pedir que isso Aesculapius 54 Unidade li Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo ocorra é o da bom ba de Na+-K" . Note, de novo, que esse mecanismo bom beia três íons Na+ para fora da célula a cada dois íons de K* que são bombeados para o interior da célula. A m em brana, também, é bem menos permeável aos íons e sódio do que aos íons potássio; desse modo, uma vez que os íons sódio estão do lado de fora, eles apresen tam forte tendência a perm anecerem ali. Portanto, isso representa uma perda real de íons para fora da célula, o que inicia a osmose da água para fora da célula. Caso uma célula comece a inchar por alguma razão, isso autom aticam ente ativa a bomba de N a+-IC, transfe rindo ainda mais íons para fora da célula e conseqüente mente carregando mais água com eles. Por essa razão, a bomba de N a l-K ' exerce um papel de vigilância contínua para m anter o volume norm al da célula. Natureza Eletrogênica da Bomba de Na^ -K*. O fato de a bomba de Na+-K~ transferir três íons Na* para o exterior da célula e ao mesmo tempo dois íons K~ para o seu inte rior, significa que, na realidade, apenas uma carga positiva é transportada do interior da célula para o exterior, a cada ciclo da bomba. Isso resulta em positividadc do lado externo da célula mas cria um déficit interno de íons posi tivos. Conseqüentemente, o bombeamento de Na'-K' é dito ser eletrogênica por produzir um potencial elétrico através da membrana celular. Como discutido no Capítulo 5, esse potencial elétrico é um requisito básico, nas fibras musculares e nervosas, para a transmissão dos sinais mus culares e nervosos. Transporte Ativo Primário dos íons Cálcio O utro mecanismo im portante de transporte ativo prim á rio é o da bom ba de cálcio. Os íons cálcio são. nas condi ções normais, m antidos em concentração extrem am ente baixa no citosol intracelular de, virtualm ente, todas as células do corpo, concentração essa que é cerca de 10.000 vezes m enor do que no líquido extracelular. Essa situa ção resulta, em grande parte, do transporte ativo prim á rio por duas bombas de cálcio. U m a está na m em brana celular, transportando cálcio para o exterior. A outra bom beia os íons cálcio para dentro de um a ou mais orga- nelas vesiculares intracelulares da célula, como o retículo sarcoplasm ático das células m usculares e as mitocôn- drias de todas as células. Em cada um desses casos, a pro teína transportadora atravessa a m em brana e atua como enzima ATPase, tendo a mesma capacidade de clivar o ATP como a ATPase da proteína transportadora do sódio. A diferença é que esta proteína contém um local de ligação extrem am ente específico para o cálcio, em vez de para o sódio. Transporte Ativo Primário dos íons Hidrogênio Em dois locais no corpo, o transporte ativo prim ário dos íons hidrogênio é muito im portante: (1) nas glândulas gástricas do estômago e (2) nos túbulos distais finais e nos duetos coletores corticais dos rins. Nas glândulas gástricas, as células parietais das camadas mais profundas apresentam o mecanismo ativo primário mais potente para transportar os íons hidrogênio de qual quer parte do corpo. Ele é a base para a secreção de ácido clorídrico das secreções digestivas do estômago. Nas extrem idades secretoras das células parietais da glân dula gástrica, a concentração de íons hidrogênio aum enta por até um milhão de vezes, sendo, então, libe rada no estômago, jun to com íons cloreto, para form ar o ácido clorídrico. Nos túbulos renais, existem células intercaladas espe ciais, nos túbulos distais finais e nos duetos coletores cor ticais, que tam bém transportam íons hidrogênio por transporte ativo primário. Nesse caso, grandes quantida des de íons hidrogênio são secretadas do sangue para a urina, para prom over a eliminação do excesso de íons hi drogênio dos líquidos corporais. Os íons hidrogênio po dem ser secretados na urina contra um gradiente de concentração de cerca de 900 vezes. Energética do Transporte Ativo Primário A quantidade de energia necessária para transportar ativa mente uma substância através da mem brana é determinada pela concentração da substância durante o transporte. Comparada com a energia necessária para concentrar a substância por 10 vezes, para poder concentrá-la em 100 vezes será preciso duas vezes mais energia, e para concen trá-la 1.000 vezes será preciso três vezes mais energia. Em outras palavras, a energia necessária é proporcion al ao loga ritmo do grau de concentração da substância, como expressa pela seguinte fórmula: Q Energia (em calorias p o r osm ol) = 1.400 log - ~ C 7 Desse modo, em term os de calorias, a quantidade de ener gia necessária para concentrar 1 osmol da substância por 10 vezes é de cerca de 1.400 calorias; para concentrá-la por 100 vezes, 2.800 calorias. Pode-se no tar que o consumo de energia para concentrar substâncias no in terior das célu las ou para rem over substâncias das células contra um gradiente de concentração pode ser m uito grande. A lgu mas células, como as que revestem os túbulos renais e várias outras células glandulares, consomem, apenas para essas atividades, cerca de 90% de sua energia. Transporte Ativo Secundário — Co-transporte e Contratransporte Q uando o sódio é transportado para fora da célula por transporte ativo primário, em geral forma-se grande g ra diente de concentração dos íons sódio através da m em brana celular — alta concentração fora da célula e concentração interna m uito baixa. Esse gradiente rep re senta um reservatório de energia, porque o excesso de sódio, do lado dc fora da m em brana celular, está sem pre tentando se difundir para o interior. Sob condições apro priadas, essa energia de difusão do sódio pode em purrar outras substâncias, junto com o sódio, através da m em brana celular. Esse fenôm eno é referido com o co-trans- porte; é uma forma de transporte ativo secundário Para o sódio levar consigo outras substâncias, é neces sário um mecanismo de ligação. Esse mecanismo é alcan çado por meio de outra proteína transportadora na m em brana celular. O transportador, neste caso, atua como local de ligação para o íon sódio e para a substância a ser co-transportada. Um a vez em que ambos estejam ligados, o gradiente de energia do íon sódio faz com que o íon sódio e a outra substância a ser transportada entrem para o interior da célula. Aesculapius Capítulo4 O Transporte de Substâncias Através da Membrana Celular 55 No contratransporte, os íons sódio tentam outra vez se difundir para o interior da célula, devido a seu grande gra diente de concentração. Entretanto , dessa vez, a substân cia a ser transportada está na parte interna da célula e deve ser transportada para o lado externo. Por essa razão, o íon sódio se liga à proteína transportadora onde se pro jeta para o exerior da m em brana, enquanto a substância a ser contratransportada se liga à projeção da proteína transportadora para o interior da célula, U m a vez que ambos já se ligaram, ocorre alteração conform acional,e a energia liberada pelo sódio em sua difusão para dentro da célula faz com que a outra substância seja transportada para o exterior. Co-transporte de Glicose e Aminoácidos junto com os íons Sódio A glicose e muitos aminoácidos são transportados para dentro das células contra grandes gradientes de concen tração; o mecanismo para isso é, em sua totalidade, o de co-transporte, como m ostra a Figura 4-12. N ote que a pro teína transportadora tem dois locais de ligação em seu lado externo, um para o sódio e o outro para a glicose. Também, a concentração dos íons sódio é m uito alta do lado externo e m uito baixa no lado interno da m em brana, o que fornece energia para o transporte. U m a pro priedade especial da proteína transportadora é que a alteração conformacional, para perm itir que o sódio se movimente para o interior, não ocorre até que a molécula da glicose também se ligue. Q uando ambos estão ligados, a alteração conformacional se dá de forma automática, com o sódio e a glicose sendo transportados para a parte interna da célula a um só tempo. Por isso, esse é o m eca nismo de co-transporte sódio-glicose. O co-transporte do sódio dos aminoácidos ocorre da mesma maneira que para a glicose, a não ser que dele par ticipa um conjunto diferente de proteínas transportado ras. A té o presente, já foram identificadas cinco proteínas transportadoras de aminoácidos, cada um a delas sendo responsável pelo transporte de um subgrupo de am inoá cidos com características moleculares específicas. O co-transporte do sódio da glicose e dos aminoácidos ocorre de modo especial nas células epiteliais do trato intestinal e dos túbulos renais, para prom over a absorção dessas substâncias pelo sangue, como discutido em capí tulos adiante. Glicose Local de ligação de Na Local de ligação da glicose ÏÏÏÏÏÏMÎÏÏ A WWWÏÏÏÏ rnmurn v m w m\ //\/ \ Na+W ^G lic o s e Figura 4-12 Mecanismo postulado para o co-transporíe de sódio-glicose, O utro im portante mecanismo de co-transporte em pelo menos algumas células inclui o co-transporte dos íons clo reto, íons iodo, íons ferro e íons urato. Contratransporte do Sódio e íons Cálcio e Hidrogênio Dois importantes mecanismos de contratransporte (trans porte na direção oposta à do íon primário) são os contra transportes de sódio-cálcio e de sódio-hidrogênio. O contratransporte de sódio-cálcio ocorre através de todas ou quase todas as m em branas celulares, com os íons sódio se movendo para o in terior e os íons cálcio para o exterior, ambos ligados à m esm a pro teína transporta dora, no m odo de contratransporte. Isso acontece em adi ção ao transporte ativo prim ário de cálcio que ocorre em algumas células. O contratransporte de sódio-hidrogênio ocorre em vários tecidos. Um exemplo especialmente im portante é o que ocorre nos túbulos proximais dos rins, onde os íons sódio se movem do lúmen dos túbulos para o interior da célula tubular, enquanto os íons hidrogênio são contra- transportados para o lúmen dos túbulos. Como mecanismo para concentrar os íons hidrogênio, o contratransporte sódio-hidrogênio é bem menos potente que o transporte ativo primário dos íons hidrogênio dos túbulos renais mais distais, que é extrem am ente potente mas pode transportar uma quantidade muito grande de íons hidrogênio, sendo, assim, uma etapa im portante no controle dos íons hidrogê nio nos líquidos corporais, como discutido em detalhes no Capítulo 30. Transporte Ativo Através das Camadas Celulares Em vários locais do corpo, as substâncias devem ser transportadas através de toda a espessura das cam adas de células, em vez de, simplesmente, através da m em brana celular. Esse tipo de transporte ocorre através dos epité- lios (1) intestinal, (2) tubular renal, (3) de todas as glându las exócrinas, (4) da vesícula biliar e (5) da m em brana do plexo coróide do cérebro e outras membranas. O mecanismo básico de transporte de um a substância através da cam ada celular é (1) transporte ativo através da m em brana celular de um lado das células transportadoras nas cam adas e então (2) difusão simples ou difusão facili tada através da m em brana no lado oposto da célula. A Figura 4-13 m ostra o mecanismo para o transporte dos íons sódio através da cam ada epitelial dos intestinos, da vesícula biliar e dos túbulos renais. Essa figura m ostra que as células epiteliais são fortem ente conectadas perto de seus pólos luminais, por meio de junções chamadas “beijos”. A borda em escova da superfície luminal das células é perm eável tanto aos íons sódio quanto à água. Portanto, o sódio e a água se difundem prontam ente do lúmen para o interior da célula. Então, nas m em branas basais e laterais da célula, os íons sódio são ativam ente transportados para o líquido extracelular do tecido con juntivo circundante e para os vasos sangüíneos. Isso cria um forte gradiente de concentração para os íons sódio através destas membranas, que, por sua vez, provocam osmose da água. Desse modo, o transporte ativo dos íons sódio pelas superfícies basolaterais das células epiteliais Aesculapius 56 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo Borda em Membrana escova basal Figura 4-13 Mecanismo básico do transporte ativo através das camadas celulares. resulta em transporte não apenas dos íons sódio como tam bém da água. Esses são os mecanismos pelos quais a maioria dos nutrientes, dos íons e de outras substâncias é absorvida para o sangue pelo intestino; eles tam bém são o modo como as mesmas substâncias são reabsorvidas do filtrado glom erular pelos túbulos renais. Por todo este texto, existem vários exemplos dos dife rentes tipos de transporte discutidos neste capítulo. Referências Agre P, Kozono D: Aquaporin water channels: molecular mechanisms for human diseases. FEBS Lett 555:72,2003. Benos DJ, Stanton BA: Functional domains within the degenerin/epithelial sodium channel (Deg/ENaC) super family of ion channels. J Physiol 520:631,1999. Caplan MJ: Ion pump sorting in polarized renal epithelial cells. Kidney Int 60:427,2001. Decoursey TE: Voltage-gated proton channels and other proton transfer pathways. Physiol Rev 83:475,2003. De Weer P: A century of thinking about cell membranes. Annu Rev Physiol 62:919,2000. Dolphin AC: G protein modulation of voltage-gated calcium channels. Pharmacol Rev 55:607,2003. Jentsch TJ, Stein V, Weinreich F, Zdebik AA: Molecular struc ture and physiological function of chloride channels. Physiol Rev 82:503,2002. Kaupp UB, Seifert R: Cyclic nucleotide-gated ion channels. Physiol Rev 82:769,2002. Kellenberger S, Schild L: Epithelial sodium channel/ degenerin family of ion channels: a variety of functions for a shared structure. Physiol Rev 82:735,2002. MacKinnon R: Potassium channels. FEBS Lett 555:62,2003. Peres A, Giovannardi S, Bossi E, Fesce R: Electrophysiologi- cal insights into the mechanism of ion-coupled cotrans porters. News Physiol Sci 19:80,2004. Philipson KD, Nicoll DA, Ottolia M, et al: The Na+/Ca2+ exchange molecule: an overview. Ann N Y Acad Sci 976:1, 2002. Rossier BC, Pradervand S, Schild L, Hummler E: Epithelial sodium channel and the control of sodium balance: interac tion between genetic and environmental factors. Annu Rev Physiol 64:877,2002. Russell JM: Sodium-potassium-chloride cotransport. Physiol Rev 80:211,2000. Aesculapius C A P I T U L O Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação Existem potenciais elétricos em todas as membranas de virtualm ente todas as células do corpo. Além disso, algumas células, como as células nervosas e as dos mús culos, são capazes de gerar impulsos eletroquímicos que se modificam com grande rapidez em suas mem branas, e esses impulsos são usados para transm itir sinais por toda a m em brana dos nervos e músculos. A inda, em outros tipos de células, como, por exemplo, as células glandulares, os macrófagos e as células ciliadas, alterações locais dos potenciais de m em brana tam bém ativam muitas funções celulares. A presente dis cussão é sobre os potenciais de m em brana gerados tanto durante o repouso quanto durante a atividade das células nervosas e musculares. Física Básica dos Potenciais de Membrana Potenciais de M em brana C ausados peia D ifusão “Potencial de Difusão” Causado pela Diferença entre as Concentrações lônicas nos Dois Lados da Membrana. Na Figura 5-L4, a concentração de potássio é m aior no lado interno da m em brana da fibra nervosa, mas bastante baixa na sua face externa. Vamos então assumir que a m em brana, nesse instante, é perm eável aos íons potás sio e a mais nenhum outro íon. Por causa do alto gradiente de concentração do potás sio de dentro para fora, existe um a forte tendência para que um m aior núm ero de íons potássio se difunda para fora, através da mem brana. Q uando o fazem, eles levam cargas elétricas positivas para o exterior, criando, assim, eletropositividade do lado externo da m em brana e eletronegatividade interna, por causa dos ânions nega tivos que perm anecem no lado interno, não se difundindo para fora com o potássio. Em cerca de um milissegundo, a diferença de potencial entre as partes interna e externa, chamada potencial de difusão, torna-se suficientem ente grande para blo quear a difusão efetiva do potássio para o exterior, apesar do alto gradiente de con centração dos íons potássio. Nas fibras nervosas normais de mamíferos, a diferença de potencial necessária é de cerca de 94 milivolts, com negatividade no lado interno da membrana. A Figura 5-1R m ostra o mesmo fenôm eno que a Figura 5-1/1, só que, dessa vez, com alta concentração de íons sódio fora da m em brana e baixa quantidade de sódio do lado de dentro. Esses íons têm tam bém carga positiva. Nesse instante, a m em brana é muito permeável aos íons sódio, mas impermeável a todos os outros íons. A difu são dos íons sódio, positivamente carregados, para a parte interna, cria um potencial de membrana com polaridade oposta à da Figura 5-L4, com negatividade externa e positividade interna. Novamente, o potencial de m em brana aum enta o suficiente, dentro de milissegundos, para bloquear a difusão efetiva dos íons sódio para dentro; entretanto, a esse tempo, nas fibras nervosas de mamíferos, o potencial fica em torno de 61 milivolts, positivo dentro da fibra. Desse modo, nas duas partes da Figura 5-1, vê-se que as diferenças entre as con centrações iônicas nos dois lados de uma m em brana seletivam ente permeável, pode, sob condições apropriadas, criar um potencial de mem brana. Nas seções seguintes deste capítulo, mostrarem os que muitas variações rápidas dos potenciais de m em brana durante a transmissão dos impulsos nervosos e musculares resultam da ocor rência dessas rápidas variações dos potenciais de difusão. 57 Aesculapius 58 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo (Anions)" + POTENCIAIS DE DIFUSÃO Fibra nervosaFibra nervosa (Âníons)' - N+~ + — ( -9 4 mV) + — + - -K+ (Anions)' _ * (Ãnions)'* ' ' í - í oi N a *-« ---— Na+ ' '■ V í ' — + (+61 mV) — + - + três fatores: (1) a polaridade das cargas elétricas de cada íon, (2) a perm eabilidade da m em brana (P ) para cada íon e (3) as concentrações (C) dos respectivos íons no lado interno (i) e no lado externo (e) da m em brana. Assim, a seguinte fórmula, referida como equação de Goldman ou como equação de Goldman-Hodgkin-Katz, dá o potencial calculado do lado interno da m em brana quando dois íons positivos univalentes, sódio (N a+) e potássio (K+) e um íon univalente negativo, cloreto (Cl-), estão envolvidos. EM F (milivolts) -61 ■ log c p + c p + c p Na , N a + K + T ^ C 1 „ C T c P +C P + C P N a +0 N a + T ' ^ K „ K + Cl ' A, O estabelecimento do potencial de “difusão” através da mem brana da fibra nervosa, causado pela difusão dos íons potássio de dentro da célula para fora, através da membrana que é seletiva mente permeável somente ao potássio. 6, 0 estabelecimento de “potencial de difusão" quando a membrana da fibra nervosa só é permeável aos íons sódio. Note que o potencial de membrana interno é negativo quando os íons potássio se difundem e positivo quando os íons sódio se difundem, em razão dos gradientes de concentração opostos desses dois íons. Relação do Potencial de Difusão com a Diferença de Concen tração — 0 Potencial de Nernst. O nível do potencial de difusão em toda a m em brana que se opõe exatam ente ao da difusão efetiva de um íon em particular, através da m em brana, é conhecido como potencial de Nernst para esse íon, term o já introduzido no Capítulo 4. A grandeza desse potencial de Nernst é determ inada pela proporção entre as concentrações desse íon específico nos dois lados da m em brana. Q uanto m aior essa proporção, m aior será a tendência para que o íon se difunda em uma direção, e, por conseguinte, maior o potencial de Nernst necessário para evitar difusão efetiva adicional. A equação a seguir, cham ada de equação de Nernst, pode ser usada para o cál culo do potencial de N ernst para qualquer íon univalente, na tem peratura norm al do corpo de 37°C: Concentração interna EM F (milivolts) = ± 61 log — Concentração externa onde EM F é a força eletrom otiva. Q uando se usa essa fórmula, em geral se assume que o potencial no líquido extracelular, por fora da mem brana, perm anece no potencial zero, e o potencial de Nernst é o potencial no lado interno da mem brana. Também, o sinal do potencial é positivo (+) se o íon, difundindo-se de den tro para fora, for um íon negativo, e negativo (-) se o íon for positivo. Dessa maneira, quando a concentração dos íons positivos de potássio, na parte interna, for 10 vezes m aior que na parte externa, o log de 10 é 1, de m odo que o potencial de Nernst é calculado como -61 milivolts no lado in terno da membrana. Cálculo do Potencial de Difusão Quando a Membrana é Permeável a Vários íons Diferentes Q uando a m em brana é perm eável a vários íons diferen tes, o potencial de difusão que se desenvolve depende de Vamos estudar a im portância e o significado dessa equação. Primeiro, os íons sódio, potássio e cloreto são os íons mais im portantes envolvidos no desenvolvim ento dos potenciais de m em brana nas fibras m usculares e ner vosas, bem como nas células neuronais do sistema ner voso. O gradiente de concentração de cada um desses íons, através da m em brana, ajuda a determ inar a volta gem do potencial de m em brana. Segundo, o grau de im portância de cada um desses íons na determ inação da voltagem é proporcional à perm eabi lidade da m em brana para cada íon em particular. Isto é,se a m em brana tiver perm eabilidade zero para os íons potássio e cloreto, o potencial de m em brana passa a ser totalm ente dom inado pelo gradiente de concentração dos íons sódio, e o potencial resultante será igual ao potencial de N ernst para o sódio. O mesm o acontece para cada um dos outros dois íons, se a m em brana ficar seleti vam ente perm eável som ente para um ou para outro. Terceiro, um gradiente positivo de concentração iônica de dentro para fora da m em brana causa eletronegatividade no lado de dentro da membrana. A razão para isso é que o excesso de íons positivos se difunde de fora quando sua concentração é maior dentro do que fora. Isso leva cargas positivas para fora mas deixa os ânions negativos não-difu- síveis na parte interna, criando, assim, eletronegatividade na parte interna. O efeito oposto ocorre quando existe um gradiente para um íon negativo. Isto é, um gradiente de íon cloreto da parte externa para a parte interna causa eletrone gatividade dentro da célula porque o íon cloreto, com car gas negativas, difunde-se para dentro, deixando os íons positivos não-difusíveis do lado de fora. Q uarto, com o explicado adiante, a perm eabilidade dos canais de sódio e potássio passa por rápidas alterações durante a transm issão dos impulsos nervosos, enquanto a perm eabilidade dos canais de cloreto não tem grandes alterações durante esse processo. Assim, rápidas a ltera ções da perm eabilidade do sódio e do potássio são prim a riam ente responsáveis pela transm issão de sinais nos nervos, o que é o objeto do restante deste capítulo. Medida do Potencial de Membrana O método para medir o potencial de membrana é simples na teoria mas em geral complicado na prática, em razão das pequenas dimensões da maioria das fibras. A Figura 5-2 mostra uma pequena pipeta cheia com solução eletrolítica. Aesculapius Capítulo 5 Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação 59 Figura 5-2 Medida do potencial de membrana da fibra nervosa usando um microeletrodo. A pipeta é introduzida, através da membrana celular, para o interior da fibra. Então, outro eletrodo, chamado “ele trodo indiferente”, é colocado no líquido extracelular, e a diferença potencial entre as partes interna e externa da fibra é medida usando-se um voltímetro apropriado. Esse voltímetro é um aparelho eletrônico altamente sofisticado que é capaz de medir voltagens muito pequenas, apesar da extremamente alta resistência ao fluxo elétrico da ponta da micropipeta, aqualtemumlúmende diâmetro geralmente menor que 1 micrômetro e resistência maior que um mi lhão de ohms. Para registrar as rápidas alterações do poten cial de membrana durante a transmissão dos impulsos nervosos, o microeletrodo é conectado a um osciloscópio, como explicado adiante, neste capítulo. A parte inferior da Figura 5-3 mostra o potencial elé trico que é medido em cada ponto ou próximo da mem brana da fibra nervosa, começando do lado esquerdo da figura e passando para o direito. Enquanto o eletrodo está do lado externo da membrana, o registro do potencial é zero, que é o potencial do líquido extracelular. Então, con forme o eletrodo que está registrando passa através da área de variação da voltagem na membrana celular (cha mada camada do dipolo elétrico),o potencial passa, abrup tamente, para -90 milivolts. Ao se mover o microeletrodo para o centro da fibra, o potencial permanece no nível constante de -90 milivolts, mas volta de novo a zero no ins tante em que passa através da membrana para o lado oposto da fibra. Para criar um potencial negativo dentro da membrana, devem ser transportados para o exterior somente íons positivos suficientes para desenvolver a camada do dipolo elétrico na própria membrana. Todos os íons que perma necem dentro da fibra nervosa podem ser positivos ou negativos, como mostra o painel superior da Figura 5-3. Por essa razão, um número inacreditavelmente pequeno de íons precisa ser transferido através da membrana para estabelecer o “potencial de repouso” normal de -90 mili volts dentro da fibra nervosa; isso significa que somente 1/3.000.000 a 1/100.000.000 da carga positiva total dentro da fibra precisa ser transferido. Também, um número igualmente pequeno de íons positivos movendo-se de fora Fibra nervosa + - + + — + - + ---- + + - + + - + H-----+ — + — + + - + + — + + --- b — 4*------+ + — + + - + + --- + - + ----- + + -^- - ^ ■ - + - + - + —+ —+ —+ - + - + + --- + - + ----- + + - + S -90 -o. Figura 5-3 A distribuição dos íons com cargas positivas e negativas no líquido extracelular, em volta da fibra nervosa, e no líquido dentro da fibra; observe o alinhamento das cargas negativas ao longo da superfí cie interna da membrana e das cargas positivas pela superfície externa. O painel inferior mostra as alterações abruptas no poten cial de membrana que ocorrem nas membranas nos dois lados da fibra. para dentro da fibra pode inverter o potencial de -90 mili volts para o máximo de +35 milivolts, dentro de apenas 1/10.000 de segundo. A rápida alternância de íons, dessa maneira, causa os sinais nervosos discutidos nas seções seguintes deste capítulo. Potencial de Repouso das Membranas dos Nervos O potencial de repouso das m em branas das fibras nervo sas mais grossas, quando estas não estão transm itindo sinais nervosos, é de cerca de -90 milivolts. Isto é, o po ten cial dentro da fibra é 90 milivolts mais negativo do que o potencial no líquido extracelular, do lado de fora da fibra. Nos próximos parágrafos, iremos explicar todos os fato res que determ inam esse nível do potencial de repouso mas, antes disso, precisam os descrever as propriedades de transporte da m em brana nervosa em repouso para o sódio e para o potássio. Transporte Ativo dos íons Sódio e Potássio através da Mem brana — A Bomba de Sódio-Potássio (Na -K ). Primeiro, vamos recordar, do Capítulo 4, que todas as membranas celulares do corpo contêm um a forte bom ba de N a+-K+ que transporta continuam ente íons sódio para fora da célula e íons potássio para dentro da célula, como ilus trado no lado esquerdo na Figura 5-4. A lém disso, note que essa é um a bom ba eletrogênica, porque mais cargas positivas são bom beadas para fora que para dentro (três íons N a+para fora, a cada dois íons K+ para dentro), dei xando um déficit real de íons positivos na parte de dentro; Aesculapius 60 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo Exterior 3Na* 2K* 1 \ * V 11 1 1 1 1 1 » f i f t y 1 * f » — V o ó o o ATP Na* K* ADP Bomba de Na'-K* Na % K ' JUG \ f ‘ I • I •l ■ l »*I \ : \ \ Na* K* Canais de "exlravasamento" K‘ -Na‘ Figura 54 Características funcionais da bomba de Na'-K* e os canais de "exlravasamento" de K '-Na‘ ADP. difosfato de adenosina; ATP, tri- fosfato de adenosina. K+ 4 mEq/L O O O O K+ 140 mEq/L (-94 mV) (-94 mV) Na* K+ 142 mEq/L 4 mEq/L O - O O O O Na* K* 14 mEq/L 140 mEq/L (-86 mV) (+61 mV) (-94 mV) isso gera um potencial negativo no lado de dentro das membranas celulares. A bomba de Na*-K* produz, também, grande gra diente de concentração para o sódio e para o potássio, através da membrana nervosa em repouso. Esses gradien tes são os seguintes: Na* (externo): Na* (interno): K' (externo): K' (interno): l42mEq/l 14 mEq/l 4mEq/l 140 mEq/l As proporções en t re esses dois íon s respectivos, de de n I ro para fora. são- NaT ■/Na’, ^ mlcrn. ;k -c mo = 0,1 , = 35,0 Extravasamento do Potássio e do Sódio através da Membra na Nervosa. O lado direito da Figura 5-4 m ostra um canal protéico na m em brana nervosa, pelo qual íons potássio e sódio podem extravasar, referido como canal de “extrava sam ento” depotássio-sódio (Na*-K+). A ênfase é no extra vasam ento de potássio porque, em média, os canais são muito mais permeáveis ao potássio do que ao sódio, nor m alm ente cerca de 100 vezes mais permeáveis. Como dis cutido adiante, esse diferencial na perm eabilidade é muito im portante na determ inação do nível do potencial de repouso normal da membrana. Difusão Na+^ - bomba Na* l42m Eq/L + l4m E q/L + - + - Drfusão K* bomba +■ — 4 mEq/L + _ 140 mEq/L * ” (-90 mV) + 1 — (Âníons)“ + _ (Anions)' Figura 5-5 O estabelecimento do potencial de repouso da membrana nas fibras nervosas sob três condições: A, quando o potencial de mem brana é causado somente pela difusão do potássio; B, quando o potencial de membrana é causado pela difusão de ambos os íons, potássio e sódio; e C, quando o potencial de membrana é causado tanto pela difusão dos íons potássio e sódio mais o bombeamento desses dois íons pela bomba de Na*-K*. Origem do Potencial de Repouso Normal da Membrana A Figura 5-5 m ostra os fatores im portantes para o estabe lecim ento do potencial de repouso norm al da m em brana em -90 milivolts. Eles são os seguintes. Contribuição do Potencial de Difusão do Potássio. Na Fi gura 5-5/4, admite-se que o único movimento iônico atra vés da m em brana é o de difusão dos íons potássio, como dem onstrado pelos canais abertos entre os símbolos de potássio (K*) dentro e fora da mem brana. Por causa da alta proporção dos íons potássio dentro e fora, 35:1, o potencial de N ernst correspondente a essa proporção é de -94 milivolts, porque o logaritmo de 35 é 1,54, que, m ulti plicado por -61 milivolts, dá -94 milivolts. Portanto, se os íons de potássio fossem os únicos fatores causadores do potencial de repouso, o potencial de repouso dentro da fibra seria igual a -94 milivolts, como m ostra a figura. Contribuição da Difusão do Sódio através da Membrana Ner vosa. A Figura 5-5B mostra a adição da pequena perm ea bilidade da m em brana nervosa aos íons sódio causada pela difusão dim inuta dos íons sódio pelos canais de extra- Aesculapius Capítulo 5 Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação 61 vasamento de Na+-K+. A proporção entre os íons sódio, através da membrana, de dentro para fora, é de 0,1, o que corresponde ao potencial calculado de Nernst no lado de dentro da membrana de +61 milivolts. Mas tam bém é mos trado, na Figura 5-5B, o potencial de Nernst para a difusão do potássio, que é de -94 milivolts. Como eles interagem entre si e qual será o potencial resultante? Essas perguntas podem ser respondidas pela equação de Goldman, des crita anteriormente. Intuitivamente, pode-se observar que se a membrana for muito permeável ao potássio mas ape nas pouco permeável ao sódio, é lógico que a difusão do potássio contribuirá m uito mais para o potencial de mem brana do que para a difusão do sódio. Na fibra nervosa nor mal, a permeabilidade da m em brana ao potássio é cerca de 100 vezes maior do que sua perm eabilidade ao sódio. A o usar este valor na equação de Goldman, será obtido o po tencial do lado de dentro da m em brana de -86 milivolts, que se aproxima do potencial de potássio m ostrado na figura. Contribuição da Bomba de Na+-K+. Na Figura 5-5C, a bom ba Na+-K+ é m ostrada como contribuindo, adicionalmente, para o potencial de repouso. Nessa figura, ocorre bom- beamento contínuo de três íons sódio para o exterior para cada dois íons potássio bom beados para o interior da membrana. O fato de mais íons sódio serem bom beados para fora do que íons potássio para dentro produz perda contínua de cargas negativas pelo lado interno da m em brana; isso cria um grau adicional de negatividade (em torno de -4 milivolts adicionais) no lado interno, além da produzida pela difusão. Por essa razão, como m ostra a Figura 5-5C, o potencial de m em brana efetivo, com todos esses fatores atuantes ao mesmo tempo, é de cerca de -90 milivolts. Em resumo, os potenciais de difusão causados pela difusão do sódio e do potássio atuando isoladamente, produziriam um potencial de m em brana de cerca de -86 milivolts, quase todo determ inado pela difusão do potás sio. Então, -4 milivolts adicionais são somados ao poten cial de m em brana pela bom ba eletrogênica contínua de Na+-K+, resultando no potencial de m em brana efetivo de -90 milivolts. Potencial de Ação dos Nervos Os sinais nervosos são transmitidos por potenciais de ação, que são rápidas alterações do potencial de m em brana que se propagam com grande velocidade por toda a m em brana da fibra nervosa. Cada potencial de ação começa por uma alteração súbita do potencial de m em brana nor mal negativo para um potencial positivo, terminando, então, com retorno quase tão rápido para o potencial negativo. Para conduzir um sinal nervoso, o potencial de ação se desloca ao longo da fibra nervosa até sua extremi dade final. O painel superior da Figura 5-6 m ostra as alterações que ocorrem na m em brana durante o potencial de ação, com a transferência de cargas positivas para o interior da fibra, no seu início, e o retorno das cargas positivas para o exterior, a seu término. O painel inferior mostra, grafica mente, as sucessivas alterações do potencial de m em brana, por poucos décimos de milésimos de segundo, Figura 5-6 Potencial de ação típico registrado pelo método mostrado no painel superior da figura. ilustrando o início explosivo do potencial de ação e sua quase idêntica recuperação. Os estágios sucessivos do potencial de ação são os seguintes. Estágio de Repouso. É o potencial de repouso da m em bra na, antes do início do potencial de ação. Diz-se que a m em brana está “polarizada” durante esse estágio, em razão do potencial de m em brana de -90 milivolts nega tivo existente. Estágio de Despolarização. A esse tempo, a m em brana fica subitam ente m uito perm eável aos íons sódio, perm itindo que grande núm ero de íons sódio, positivam ente carrega dos, se difunda para o interior do axônio. O estado norm al de “polarização” de -90 milivolts é, de imediato, neu trali zado pelo influxo dos íons sódio com carga positiva, com o potencial aum entando, rapidam ente, para um valor positivo. Isso é referido como despolarização. Nas fibras nervosas de m aior calibre, o grande excesso dos íons sódio positivos que se deslocam para o interior da fibra faz com que o potencial de m em brana “ultrapasse” (overshoot) rapidam ente o nível zero e torne-se positivo. E m algumas Aesculapius 62 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo fibras delgadas, bem como em muitos neurônios do sis tem a central, o potencial de m em brana simplesmente se aproxima do nível zero, não o ultrapassando para chegar ao estado positivo. Estágio de Repolarização. Em alguns décimos de milési mos de segundo após a m em brana ter ficado muito per meável aos íons sódio, os canais de sódio começam a se fechar e os canais de potássio se abrem mais que o normal. Então, a rápida difusão dos íons potássio para o exterior restabelece o potencial de repouso negativo da mem brana. Isso é referido como repolarização da mem brana. Para explicar com mais detalhes os fatores causadores da depolarização e da repolarização, precisamos descre ver as características especiais dos dois outros tipos de canais de transporte através das mem branas nervosas: os canais de sódio e potássio regulados pela voltagem. Os Canais de Sódio e Potássio Regulados pela Voltagem O agente necessário para provocar a depolarização e a repolarização das m em branas nervosas durante o poten cial de ação é o canal de sódio regulado pela voltagem. O canal de potássio regulado pela voltagem tam bém tem participação m im portante, por aum entar a rapidez da repolarização da m em brana. Esses dois canais regulados pela voltagem atuam, deform a adicional, com a bomba de N a+-K+ e com os canais de extravasamento de K +-Na+. Comporta de ativação _ J k V . ÏÏTO ■ ffîffî ? Na* Na* I u A Comporta de inatívação Repouso (-90 mV) T O ! XXM ■ ooo ■ To M M T Ativado {-90 a +35 mV) Inativado (+35 a -9 0 mV, demorado) I y Repouso Dentro ^ O m V ) Figura 5-7 Ativação lenta (+35 a -9 0 mV) Características dos canais regulados pela voltagem de sódio (acima) e potássio {abaixo), mostrando sucessivas ativações e ina- tivações dos canais de sódio e a ativação dem orada dos canais de potássio, quando o potencial de membrana foi alterado do valor normal negativo de repouso para um valor positivo. O Canal de Sódio Regulado pela Voltagem — Ativação e Inatívação do Canal O painel superior da Figura 5-7 m ostra o canal de sódio regulado pela voltagem em três estados distintos. Esse canal tem duas comportas — uma perto da abertura externa do canal, referida como comporta de ativação, e a outra perto da abertura interna do canal, referida como comporta de inatívação. A parte superior esquerda da figura m ostra o estado dessas duas comportas na mem brana normal em repouso, quando o potencial de m em brana é -90 milivolts. Nessa condição, a com porta de ativação está fechada, im pedindo a entrada, por m enor que sej a, de íons sódio para o interior da fibra através des ses canais de sódio. Ativação do Canal de Sódio. Q uando o potencial de m em brana se torna menos negativo que durante o estado de repouso, aum entando de -90 milivolts até zero, ele atinge a voltagem — em geral, de cerca de -70 a -50 milivolts — o que provoca alteração conformacional abrupta da com porta de ativação, fazendo com que o canal fique total m ente aberto. Essa condição é referida como estado ativado; durante esse estado, os íons sódio podem se der ram ar pelo canal, aum entando a perm eabilidade da m em brana ao sódio por 500 a 5.000 vezes. Inatívação do Canal de Sódio. A parte superior direita da Figura 5-7 m ostra o terceiro estado do canal de sódio. O mesmo aum ento da voltagem que faz com que a com porta seja ativada tam bém faz com que essa com porta seja ina- tivada. A com porta é desativada em poucos décimos de milésimos de segundo após ter sido ativada. Isto é, a alte ração conform acional que provoca o fecham ento da com porta de ativação é um processo mais lento que a a ltera ção conform acional que abre a com porta de ativação. Assim, após o canal de sódio ter perm anecido aberto por alguns décimos de milésimos de segundo, o canal é inati vado e se fecha, e os íons sódio não podem atravessar a m em brana. Nesse m om ento, o potencial de m em brana começa a re to rnar ou se aproxima de seu estado norm al de repouso, que é o processo de repolarização. O utra característica im portante do processo de inati- vação do canal de sódio é que a com porta inativada só vai reabrir quando o potencial de m em brana re to rnar ou se aproxim ar do potencial de repouso na condição original. Por essa razão, usualm ente, não é possível para o canal de sódio voltar a abrir sem que a fibra nervosa seja prim eiro repolarizada. O Canal de Potássio Regulado pela Voltagem e Sua Ativação O painel inferior da Figura 5-7 mostra o canal de potássio regulado pela voltagem em dois estados: duran te o estado de repouso (à esquerda), e durante o final de um potencial de ação (à direita). D urante o estado de repouso, a com porta do canal de potássio está fechada, e os íons potássio são impedidos de passarem , através desse canal, para o exterior. Q uando o potencial de m em brana aum enta, de -90 milivolts para zero, essa variação da voltagem pro voca a abertura conform acional da com porta, perm itindo aum ento da difusão de potássio para fora, por meio des ses canais. E ntretanto, devido ao pequeno retardo na abertura dos canais de potássio, em sua m aioria eles só abrem exatam ente no mesmo m om ento em que os canais Aesculapius Capítulo 5 Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação 63 de sódio estão começando a se fechar, em função de sua inativação. Assim, a redução da entrada de sódio na célula e o aumento simultâneo da saída de potássio da célula fazem com que o processo de repolarização seja acele rado, levando à completa recuperação do potencial de repouso da m em brana dentro de poucos décimos de milé simos de segundo. Método de Pesquisa para Medir o Efeito da Voltagem sobre a Abertura e o Fechamento dos Canais Controlados por Volta gem — 0 “Grampo da Voltagem”. A pesquisa original que levou ao entendimento quantitativo dos canais de potás sio e de sódio foi tão engenhosa que os cientistas respon sáveis, Hodgkin e Huxley, ganharam o Prêmio Nobel. A essência desses estudos é mostrada nas Figuras 5-8 e 5-9. Figura 5-8 0 método do "grampo de voltagem” para estudar o fluxo dos íons através de um canal específico. — Canal de Na* -----Canal de 1C Figura 5 Alterações típicas da condutância dos canais dos íons e sódio e potássio, quando o potencial de membrana aumenta abrupta mente do valor de repouso normal de -90 milivolts para o valor posi tivo de +10 milivolts por 2 milissegundos. Esta figura mostra que os canais de sódio abrem (ativados) e, em seguida, fecham (inativa- dos) antes do final desses 2 milissegundos, enquanto os canais de potássio só abrem (ativados), e a velocidade é bem mais lenta do que a da abertura dos canais de sódio. A Figura 5-8 mostra a montagem experimental, cha mada de grampo de voltagem (ou de fixação da voltagem), utilizada para medir os fluxos iônicos pelos diferentes canais. Para se usar essa montagem, dois eletrodos são in seridos na fibra nervosa. Um deles é para medir a volta gem do potencial de membrana, e o outro é para conduzir corrente elétrica para dentro ou para fora da fibra ner vosa. Essa montagem é utilizada da seguinte maneira: o pesquisador decide qual a voltagem que ele deseja estabe lecer dentro da fibra nervosa. O componente eletrônico da montagem é então ajustado para a voltagem desejada, e isso automaticamente injeta eletricidade positiva ou negativa por meio do eletrodo de corrente, na intensidade que seja necessária para fixar a voltagem, como medida pelo eletrodo de voltagem, no nível estabelecido pelo ope rador. Quando o potencial de membrana é repentina mente alterado por esse grampo de voltagem, de -90 milivolts para zero, os canais de potássio e sódio regulados pela voltagem se abrem, e os íons sódio e potássio come çam a fluir por esses canais. Para contrabalançar os efeitos desses fluxos iônicos sobre os valores fixados da voltagem intracelular, corrente elétrica é injetada automaticamente por meio dos eletrodos dos grampos de voltagem, para manter a voltagem intracelular no nível zero constante que é necessário. Para isso, a corrente injetada deve ser igual, só que com polaridade oposta ao fluxo efetivo de corrente que flui pelos canais. Para se medir a intensidade de fluxo que está ocorrendo a cada instante, o eletrodo de corrente é conectado a um osciloscópio que registra o fluxo corrente, como mostra a tela do osciloscópio na Figura 5-8. Por fim, o pesquisador altera as concentrações iônicas intra-e extracelulares para valores diferentes dos normais, e repete a medida. Isso pode ser feito facilmente quando se usam fibras nervosas bastante calibrosas, obti das de alguns crustáceos, de modo especial o axônio gi gante da lula, que em alguns desses animais pode ter 1 milímetro em diâmetro. Quando o sódio é o único íon per- meante nas soluções intra- e extracelular do axônio da lula, o grampo de voltagem só mede o fluxo corrente pelos canais de sódio. Quando o potássio é o único íon per- meante, só o fluxo corrente pelos canais de potássio é medido. Outra maneira de se estudar o fluxo iônico por meio de um tipo individual de canal é pelo bloqueio de um tipo de canal por vez. Por exemplo, os canais de sódio podem ser bloqueados pela toxina chamada tetrodotoxina, apli cando-a na parte externa da membrana celular, onde a comporta de ativação do sódio está situada. Alternativa mente, o íon tetraetilamônio bloqueia os canais de potássio quando aplicado no interior da fibra nervosa. A Figura 5-9 mostra as variações típicas da condutân cia dos canais de sódio e potássio regulados pela voltagem, quando o potencial de membrana é repentinamente alte rado pelo uso do grampo de voltagem, de -90 milivolts para +10 milivolts, e, então, 2 milissegundos depois, de volta para -90 milivolts. Note a abertura abrupta dos canais de sódio (o estágio de ativação) em uma pequena fração de milissegundo, após o potencial de membrana ser elevado para o valor positivo. Entretanto, durante os pró ximos milissegundos, os canais de sódio automaticamente se fecham (o estágio de inativação). Note a abertura (ativação) dos canais de potássio. Eles se abrem lentamente, atingindo seu estado de abertura total somente depois que os canais de sódio se tenham fechado quase completamente. Além disso, uma vez tendo ocorrido a abertura dos canais de potássio, eles permane cem abertos durante todo potencial positivo de mem brana e não se fecham de novo até que o potencial de membrana retorne a um valor negativo. Aesculapius 64 Unidade II Fisiologia da Membrana, Nervo e Músculo Resumo dos Eventos Causadores do Potencial de Ação A Figura 5-10 resume os eventos seqüenciais que ocor rem durante e logo após o potencial de ação. A parte de baixo da figura m ostra as alterações na condutância da m em brana para os íons sódio e potássio. D urante o período de repouso, antes que o potencial de ação se ini cie, a condutância para os íons potássio é cerca de 50 a 100 vezes m aior que a condutância para os íons sódio. Isso é causado pelo m aior extravasam ento dos íons potássio que dos íons sódio, através dos canais de extravasamento. Todavia, com o desencadeam ento do potencial de ação, o canal de sódio instantaneam ente torna-se ativado, perm i tindo um aum ento de até 5.000 vezes da condutância do sódio. Então, o processo de inativação fecha os canais de sódio em um a fração de milissegundo. O desencadea m ento do potencial de ação causa tam bém a regulação pela voltagem da abertura dos canais de potássio, fazendo com que ela ocorra mais lentam ente, em um a fração de milissegundo após a abertura dos canais de sódio. A o final do potencial de ação, o retorno do potencial de m em brana ao estado negativo faz com que os canais de potássio se Milissegundos Figura 5-1 OH Alterações da condutância de sódio e potássio durante o curso do potencial de ação. A condutância do sódio aumenta por vários milhares de vezes durante os estágios iniciais do potencial de ação, enquanto a condutância do potássio só aumenta cerca de 30 vezes durante os estágios finais do potencial de ação e por um pequeno período após. (Essas curvas foram construídas da teoria apresen tada em artigos por Hodgkin e Huxley, mas transpostas do axônio da lula para se aplicar ao potencial de membrana das fibras nervo sas mais grossas dos mamíferos.) fechem novam ente, voltando ao seu estado original mas, de novo, som ente após um retardo adicional de um milis segundo ou mais. A parte média da Figura 5-10 m ostra a proporção entre as condutâncias do sódio e do potássio a cada instante, durante o potencial de ação, e, logo acima, é m ostrado o potencial de ação propriam ente dito. D urante a parte ini cial do potencial de ação, a proporção entre as condutân cias do sódio e potássio aum enta mais de 1.000 vezes. Por isso, muito mais íons sódio fluem para o in terior da fibra do que íons potássio para o exterior. Essa é a causa do potencial de m em brana ficar positivo no início do poten cial de ação. Em seguida, os canais de sódio com eçam a se fechar e os canais de potássio a se abrir, de m odo que a proporção entre as condutâncias varie para o predom ínio da condutância do potássio, aum entando em m uito a con dutância do potássio e reduzindo a condutância do sódio. Isso perm ite perda m uito rápida dos íons potássio para o exterior, mas, virtualm ente, fluxo nulo de íons sódio para o interior. C onseqüentem ente, o potencial de ação rap i dam ente re torna ao seu nível basal. Os Papéis de Outros íons no Potencial de Ação Até este ponto, consideramos apenas a participação dos íons sódio e potássio na geração do potencial de ação. Pelo menos dois outros tipos de íons devem ser considerados: os ânions negativos e os íons cálcio. íons (Ânions) Impermeantes com Carga Negativa no Interior do Axônio. Nos axônios existem muitos íons com carga negativa que não podem passar pelos canais da membrana. Dentre eles estão os ânions das proteínas moleculares e de muitos compostos orgânicos de fosfato, compostos de sul fato e assim por diante. Como esses íons não podem sair do axônio, qualquer déficit de íons positivos no lado de dentro da membrana cria excesso desses ânions impermeantes negativos. Por conseguinte, esses íons impermeantes nega tivos são responsáveis pela carga negativa dentro da fibra, quando existe um déficit real de íons potássio com carga positiva e de outros íons positivos. íons Cálcio. A membrana de quase todas as células do corpo contém uma bomba de cálcio semelhante à bomba de sódio, e o cálcio, em algumas células, junto com (ou no lugar do) sódio, causa a maior parte do potencial de ação. Como a bomba de sódio, a bomba de cálcio transfere os íons cálcio do interior da membrana celular para o exte rior (ou para o retículo endoplasmático da célula), criando gradiente iônico de cálcio de cerca de 10.000 vezes. Isso deixa concentração celular de íons cálcio em torno de 10"7 molar, em contraste com a concentração externa de cerca de 10"3 molar. Além disso, existem canais de cálcio regulados pela voltagem. Esses canais são ligeiramente permeáveis aos íons sódio, assim como aos íons cálcio; quando se abrem, os íons cálcio e os íons sódio fluem para o interior da fibra. Assim, esses canais são conhecidos como canais de Ca++- Na*. Os canais de cálcio são de lenta ativação, necessi tando de 10 a 20 vezes mais tempo para serem ativados do que os canais de sódio. Por essa razão, eles são chamados de canais lentos, em contraste com os canais de sódio, que são chamados de canais rápidos. Aesculapius Capítulo 5 Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação 65 Os canais de cálcio são muito numerosos no músculo cardíaco e no músculo liso. Na verdade, em alguns tipos