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Texto: Sobre Bretton Woods (preciso achar o nome)
Autor: Barry Eichengreen
Resumo:
Aborda as características do Sistema Bretton Woods implementado no pós-Segunda Guerra
que contrasta com o Sistema Padrão Ouro que existiu até então. Depois aborda a agenda
liberalizante americana e o contexto histórico no qual o Sistema Bretton Woods se inseriu.
Características do Sistema Bretton Woods:
Sistema Padrão Ouro Dólar:
Após a guerra objetivou-se restaurar a conversibilidade entre moedas baseadas no dólar no
que seria conhecido como Sistema Padrão Ouro Dólar, para que isso acontece-se as economias
teriam de definir e manter um câmbio minimamente fixo, algo incentivado pelos EUA que teria
enorme vantagens sendo emissor da principal moeda global. Nesse SPOD apenas o dólar seria
lastreado diretamente no ouro.
O sistema Bretton Woods viu o surgimento do que é considerado o Padrão Ouro-Dólar, apenas
os dólares estavam lastreados no ouro, os bancos centrais no mundo que tinham reservas em
dólares podiam converter os dólares em ouro a taxa fixa determinada pelos EUA no FED. (O
dólar era tão bom quanto ouro.)
As mudanças que veremos a seguir ocorreram por conta da democratização das economias,
que não mais permitia certas políticas recessivas que eram implementadas em prol do
equilíbrio da balança comercial, como ocorreu durante a vigência do Padrão Ouro.
Ajustes na Taxas de Câmbio:
Taxas de câmbio fixas porem ajustáveis, não é mais um sistema binário, em que havia apenas
uma taxa de conversão binária, onde o país tinha que defender muito sua taxa de cambio.
Entretanto Eichengreen destaca que esses ajustes de taxas de câmbio que agora com BW se
tronaram possíveis eram limitados pelas consequências negativas em termos de credibilidade
que ele traria para o país. (profecias autorrealizáveis)
As paridades permaneciam fixas mas podiam ser alteradas. Isso significava que no caso de uma
eventual desvalorização de uma certa moeda países e indivíduos que detivessem reversas
daquela moeda perderiam dinheiro. O sistema na interpretava isso como uma “sacanagem”,
quem mudava a taxa de cambio provavelmente precisava e tinha um limite de mais ou menos
10% de flutuação, além disso a mudança deveria sempre ser notificada ao FMI. Desde que um
país estivesse passando por problemas fundamentais do balanço de pagamento ele poderia
alterar sua taxa de cambio segundo as regras definidas em Bretton Woods (o problema é que
essas regras ficaram propositalmente muito vagas o que abriu espaço para que essa prática
fosse abusada).
Controle dos Fluxos de Capitais:
Os países agora também podiam ter o controle sobre a conta de capitais abrindo espaço para a
realização da política monetária.
Após o fim da guerra (como já tínhamos visto com aquela história do Plano Marshall) havia
escassez de dólares e os países não tinham dinheiro para comprar produtos que precisavam de
forma que tinham que controlar a conta de capitais para evitar a saída de dólares (???).
Esse controle do fluxo de capitais vai perdurar até os anos 80.
OBS: Atualmente o fluxo de capitais é muito forte de forma que é impossível controlar
plenamente o capital então por isso a taxa de cambio também vai flutuar se quisermos manter
a política monetária ativa.
Novo Trilema Mundell-Fleming:
A partir da instauração do Sistema Bretton Woods o trilema de Mundell-Fleming ficou assim:
taxa de câmbio fixo (embora ajustável), controle sobre a política monetária, entretanto fluxos
de capitais são controlados e não livres (porque senão afetariam a taxa de cambio dos países
que tinha que ser fixo). Portanto abriu-se mão do vértice do controle do fluxo de capitais em
prol da capacidade de política monetária e taxa de câmbio fixo.
Fundo Monetário Internacional (FMI):
O surgimento do FMI foi também um marco importante após Bretton Woods. Ele atuava de
emprestador de última instancia para governos com problemas no balanço de pagamentos
que precisam de ajuda para financiar o déficit enquanto passam por ajustes. O FMI era uma
forma de escapar da sina de entrar no ciclo de recessão quando/ o balanço de pagamentos
estivesse em déficit. Era uma forma de escapar da camisa de força do padrão ouro, não ficando
mais refém dos fluxos de capitais.
Os países tiveram de comunicar uma nova taxa de câmbio ao FMI após o fim da guerra.
Keynes defendendo os interesses britânicos queria que países deficitários pudessem sacar
dinheiro do FMI, e que tivessem nos EUA (superavitário) um grande contribuinte aos recursos
de Fundo e um comprador de ultima instancia para a exportação dos países deficitários. Para
ele além dos EUA todos os países superavitários teriam de ajudar com a compra de
exportações. Os Britânicos queriam isso, mas efetivamente a resposta dos EUA a essas
demandas da potência decadente não foram atendidas com tanto rigor assim.
Banco de reconstrução (Banco Mundial):
Foi criada para financiar a reconstrução Europeia, mas não serviu seu papel porque ele tinha
pouco dinheiro e já havia ajudado o Plano Marshall. Se reinventou depois com uma verdadeiro
Banco Mundial (mudou de nome).
A Agenda Liberalizante Americana e o Contexto Histórico do SPW:
Restaurar Conversibilidade da Libra Esterlina e outras moedas:
A libra esterlina assim como todas as moedas era inconversível durante a guerra. OS EUA
tinham um sonho de restaurar a conversibilidade da libra e outras moedas pelos motivos já
descritos mais acima.
Abertura Financeira e Comercial Global:
A depender dos EUA após o fim da guerra o mundo abririam suas economias criando um
mundo livre de barreiras tarifarias e com fluxos livres de capitais. A ambição Americana era que
os países Europeus fossem capazes de manter liberdade comercial e financeiro. Mas foi um
erro de cálculo acreditar que isso pudesse acontecer devido à escassez do problema de
escassez de dólares que motivou o controle de capitais.
O resultado da Agenda Americana pelo lado financeiro e comercial:
Os EUA foram mais bem-sucedido em trazer ao seu plano liberalizante para os países Europeus
eventualmente. (Que depois romperiam com isso com a CE).
Do ponto de vista do pós-guerra estamos olhando para lado financeiro quando falamos de
Bretton Woods, mas em paralelo a Agenda Liberalizante dos EUA incentivou também o lado
comercial com a redução de barreiras comerciais, as rodadas GATT e eventualmente a
formação da OMC. Bretton Woods trata de aspectos financeiros. Entretanto os países Europeus
e Japoneses só tornariam completamente livres os fluxos comercias nos anos 50.
Bretton Woods-aspectos financeiros
GATT (depois OMC) -aspectos comercias
Fracasso na Restauração da Conversibilidade:
A reconversão das moedas (conversibilidade não com ouro, mas entre moedas) também não
deu certo. As taxas de câmbio declaradas ao FMI para restaurar a conversibilidade foram
consideradas muito valorizadas e insustentáveis por países Europeus por conta dos problemas
no pós-guerra de escassez de dólares. Houve um movimento de desvalorização do câmbio em
toda Europa liderada pela Inglaterra e os países Europeus não abriram mão do controle da
conta de capitais para segurar o dólar (???).
Conclusões e Consequências das falhas no SBW:
Conclusão de Villela a respeito de Bretton Woods:
A conclusão de Villela é que o período de Bretton Woods foi um meio termo entre o controle
total do pós-guerra e o livre comércio defendido pelos EUA, portanto um período de
re-globalização tímida.
Conclusões de Eichengreen a respeito do SPOD:
O ponto do texto de Eichengreen é mostrar que o Sistema de Bretton Woods ainda era frágil,
assim como o SPO o SPOD estava vulnerável a corridas bancarias, (agora seriam crises de
bancos centrais indo buscar ouro nos EUA), o que eventualmente levou ao colapso desse
sistema em 1971 (fim do Sistema Bretton Woods) -1973. Eichengreen diz que é uma surpresa
ele não ter colapsado antes. A mesma falha do SPO ainda está lá: O problema com o lastro em
ouro (agora apenas do dólar) é que embora garanta estabilidadedas moedas não há ouro o
suficiente para ser distribuído para todo mundo que queira converter seu papel moeda,
enquanto o papel moeda é multiplicável e obedece uma taxa que não é de um para um o ouro
tem estoque fixo.
Japão no início da década de 60 é o primeiro a desconfiar da capacidade de real
conversibilidade dos EUA. Também na Europa já havia acumulo de dólar (em contraste com a
escassez de dólares do final da guerra), e essa recuperação de reservas de dólar na Europa
gerou desconficança na paridade entre ouro e dólar os EUA conseguem acalmar isso até o meio
dos anos 60 com a geração de um superavit, depois da metade da década a desconfiança
cresce com o déficit crescente nos EUA devido a guerra no Vietnã gerou a desconfiança de que
os EUA não teriam ouro para garantir a conversibilidade, foi ficando evidente que isso era
praticamente impossível.
A morte do SBW e do SPOD:
Os EUA tentaram garantir a conversibilidade acumulando dólares também e tentando tira-lo
dos Europeus, mas inevitavelmente a especulação crescente e corrida por ouro obrigou a
suspensão da conversibilidade no auge da crise (1971), representando o fim do Sistema
Bretton Woods e a morte final do Padrão Ouro em sua forma hibrida o SPOD.
Porque houve corrida bancária (explicação mais detalha):
O que minou cada vez mais a credibilidade do Sistema do Padrão Ouro Dólar foi a constante
desvalorização do dólar frente ouro praticada pelos EUA, o que era um calote em todos os
países que tinham reservas em dólar, e ainda implicava na fuga de capitais para esses países
porque os EUA aumentavam sua competividade (na década de sessenta). Acho que isto está
errado porque entra em contradição com o cambio fixo e o dólar valorizado que veremos a
seguir.
A suspensão do SPOD:
A manutenção da paridade fazia com que o dolar estivesse muito valorizado, o que diminuía a
competitividade dos produtos norte-americanos, bem como tornava as viagens dos
americanos para outros lugares do mundo muito baratas, o que aumentou ainda mais o déficit
da balança comercial dos EUA. Tal fato fez com que os empresários norte-americanos
pressionassem o governo pelo fim da taxa de câmbio fixa, o que ocorreu em 1971.
Acontece em 1971, mas isso é claro não muda nada no trilema apenas para de garantir a
conversibilidade em ouro, somente me 1973, após o choque do petróleo efetivamente os
países ricos abandonam suas taxas fixas no dólar passam a flutuar o câmbio.
Inflação na Europa por causa da inflação nos EUA:
*outro motivador do fim do SBW
Na década de 1960 a subida nos indicies de preços nos EUA geravam perdas reais de riqueza
que não eram refletidas em termos nominais na taxa de cambio dos EUA (porque o câmbio era
fixo), as pessoas e investidores então pegavam esse câmbio e gastavam na Europa
Superavitária e no resto do mundo onde não tinham perdas em termos reais. A inflação
comparativamente mais alta nos EUA, portanto levou a uma entrada de dólares na Europa e, os
bancos centrais de lá tinham duas opções, ou compravam esse dólar que entrava (emitindo a
moeda nacional e “importando inflação”) deixavam entrar cada vez mais dólar apreciando o
seu cambio. Portanto ou faziam a manutenção do crescimento (recessão) ou a manutenção
da inflação. A maioria dos BCs da Europa toma a decisão de comprar esses dólares gerando,
portanto, inflação sem abdicar do crescimento. Note que a partir daqui que a inflação que se
instalou na Europa (Alemanha é o exemplo de onde ela se instalou já que tinham países na
Europa que não tinham uma gestão de cambio e inflação tão estável já sofriam com esse
problema, ex Italia e Inglaterra) geraria perdas reais assim como gerou nos EUA, mas ninguém
na Europa estava disposto a deixar isso acontecer (isso acaba levando a sair do Sistema Bretton
Woods com a instalação do câmbio flexível em 1973).
Irritação da Europa com alterações da taxa de câmbio nos EUA:
*outro motivador do fim do SBW
Após o fim da Segunda Guerra os EUA foram se tornando deficitários, a partir de 1970 já estava
com déficit no BP, porque o dólar estava valorizado em termos reais (???) e os americanos
tinham passado a viajar e investir fora dos EUA, portanto levando dólar liquidamente para
outros países) (isso os incentiva a desvalorizar o dólar também.) Eichengreen reforça que os
países europeus até estavam dispostos a tolerar o desequilíbrio fiscal americano e mudanças
na taxa de câmbio enquanto o aumento de gastos nos EUA fosse realizado para proteger a
Europa do comunismo com a OTAN, mas quando esses gastos passam a ser motivados pela
guerra do Vietnã eles não estão mais dispostos a sofrer perdas com os ajustes do dólar.
Dificuldade crescente de controlar fluxos de capitais:
*outro motivador do fim do SBW
A segunda coisa que Eichengreen destaca é que manter o câmbio fixo com a alta mobilidade de
capitais vai ficando mais difícil para os BCs. (Isso reaparece em 1990 no Brasil, Asia,...eles
tinham que evitar ataques especulativos)
Licão do dia:
O que minava o Sistema Internacional financeiro era o lastro no padrão ouro, porque nunca
ouve a capacidade de garantir essa conversibilidade gerando inicialmente SPO original, corridas
bancarias internas com a população buscando converter seus dólares em ouro junto às
autoridades monetárias e no Sistema Padrão Ouro Dólar corrida bancárias dos bancos centrais
junto aos Estados Unidos.
Lições de Bretton Woods:
1. Havia dificuldade de manter câmbio fixo com a volatilidade crescente do capital
2. Num contexto de re-globalização tímida no pós-Segunda Guerra com a recuperação
dos capitais privados e liberalização do comércio internacional houve a
institucionalização da cooperação de governos e BCs no Sistema Econômico
Internacional porque era necessário estar integrado. Isso ficou de legado de Bretton
Woods e acontece principalmente através do FMI, Banco Mundial... O segundo
fenômeno de globalização tem suas raízes já na segunda guerra mundial. A cooperação
acontece porque com a re-globalização as decisões de um país afetavam muito os
outros.
3. A cooperação e apoio de um sistema cambio de fixo terá relação com as vantagens de
cada nação.
4. Quando não existe interesse econômico ou político de uma nação em segurar seu
cambio de se adequar a esse sistema a nação não o fará (e a conclusão da lição 3 e foi
o que levou ao colapso em última instancia do SBW)
Villela mostra que não havia duas variações de regime cambial existiam gradações da
liberdade da taxa de cambio e a Europa e EUA após a queda de Bretton Woods tendeu a
adotar um maior grau de liberdade cambial (cambio passou a ser considerado “flutuante”).
O pós-SBW:
OS anos 70 são uma fase de transição entre as taxas de câmbio fixas e as taxas de câmbio
flutuando livremente. A partir de 1973, a maioria das moedas se apreciaram em relação ao
dólar (como o marco alemão), contudo a lira italiana e a libra esterlina se depreciaram em
relação ao dólar.
Quando os países abandonam o câmbio fixo, os que tinham uma gestão boa da inflação
liberaram o câmbio e sofreram apreciação, enquanto que países como Itália e Inglaterra que
historicamente não se importavam tanto com a inflação sofreram com uma leve depreciação
cambial. Os EUA também sofrem com a depreciação cambial desde a liberação do câmbio.
Não há uma relação causal entre crescimento econômico e taxas de câmbio flexível.
Com o choque do petróleo, já com as moedas flutuantes aumentam as receitas dos países
produtores do petróleo que foram repassados a bancos de investimento nos EUA e investidos
em diversas áreas, inclusive no terceiro mundo que se endividava com os petrodólares.
Existiam clausulas que indexavam a dívida desses países na taxa de juros dos EUA. Junto com o
endividamento desses países no final da década de 70 (1979) surge a preocupação dos EUA
com a depreciação cambial acompanhada por uma inflação perigosa que estava ocorrendo e
Paul Volcker decide dobrar os juros nos EUA para controlar essa inflação gerando uma recessão
nosEUA e no mundo todo no final da década de setenta.