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aula 2 heg 2 (Long e Eichengreen) docx

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Resuminho Plano Marshall: (Mauricio)
Surgimento em paralelo dessa construção americana institucional do comercio mundial do
fenômeno da guerra fria. Ou seja, Plano Marshall faz sentido dentro da lógica de que URSS
eram uma ameaça aos seus interesses. Combinação dos problemas sociais e econômicos
dentro da URSS eram um ambiente perfeito pra propagação de ideias socialistas. Pra isso
também não acontecer no resto da Europa, Plano Marshall vem pra reerguer esse continente.
OBS: em termos de infra estrutura de produção e agropecuária, em 47 europa já estava
basicamente recuperada. Plano Marshall vem mais pro problema habitacional (que assolava
URSS, por exemplo) e de fornecimento de carvão.
Plano Marshall foi lançado em 1947 e vigoraria até 1951.
Programa de reajustes estruturais, típico do FMI, que é um conjunto de diretrizes
politico-economicos impostos, junto de ajudas, pra países em necessidades especiais a fim de
reestrutura-los. Então uma forma de ver o Plano Marshall é considera-lo um programa de
reajuste estrutural bem-sucedido, cuja diretriz imposta era a do embedded liberalism.
Plano Marshall não teria sido tão crucial no lado financeiro, pois europa já estava recuperada
quando ele surgiu, seu impacto maior, e decisivo, seria o de mudar a diretriz
politico-econômica dos países europeus. Não teria, portanto, acelerado tanto o crescimento
europeu também, nem tido seu ponto principal na reconstrução de infra de produção. Havia
poucos gargalos nas econs europeias e os seus mercados, em geral, seriam suficientes pra se
reestruturar. Plano Marshall, todavia, teve impacto decisivo nas econs e seus crescimentos
europeias na medida em que mudou a diretriz politico-economica dos países desse continente,
que tendiam a um bem menor liberalismo e que mudaram após a entrada no Plano Marshall.
Imagem popular do Plano Marshall é que seus recursos por si só teriam sido os responsáveis
pelo crescimento do PIB per capta europeu como o fez (relativamente muito).
Pontos sobre os recursos enviados no Plano Marshall:
Foram dados, não emprestados. Não foram tão maiores que os recursos que já eram dados
pros refugiados antes do plano. Foram dados em forma de produto, não dinheiro.
Como foi vendido o Plano Marshall dentro dos EUA? A ideia foi disseminada entre políticos e
empresários, pois o Plano se baseava em dar mercadorias/serviços comprados de empresas
americanas. Diz-se que ajudaria a combater o comunismo e a forma como a notícia foi dada fez
com que os americanos não prestassem atenção na ideia do plano, enquanto pros europeus a
notícia vinha como fato consumado nos EUA e, por ter virado fato consumado na Europa, se
tornou mais fácil de vender no congresso americano.
Em contrapartida, EUA exigiriam fundos em moeda local (do remetente), ou seja, o Plano não
era só dos EUA enviando recursos, mas precisava de um esforço fiscal dos países que
recebessem (em montante igual ao recebido). Além disso, precisava haver no país, antes de
começar a receber os recursos, estabilidade monetária, equilíbrio orçamentário, pboa gestão
do BC, quebrar carteis, acabar com tetos de preços, e todo tipo de ingerência que os europeus
criaram durante os anos 30, ou seja, forçando a Europa a adotar o modelo americano, muito
menos hostil ao mercado.
UK fica com ¼ dos recursos, depois vem frança, italia e Alemanha ocidental, que, como
exceção, teve que pagar os recursos recebidos.
Texto: The Marshall Plan: History’s Most Successful
Structural Adjustment
Autores: J. Bradford de Long e B.Eichengreen
Esse texto foi escrito pouco depois do colapso da União Soviética para saber se havia alguma
possibilidade de se propor algo parecido com o Plano Marshall para os ex-membros da URSS
que estavam em crise.
Para eles foi responsável o Plano Marshall foi responsável por uma importante restruturação
política e econômica na Europa, com o mercado ganhando eficiência.
A principal ideia apresentada pelos autores é de que o Plano o Marshall teria sido
bem-sucedido em reformar o sistema político de países (o que era de fato algo de interesse
para os para os ex-membros da União Soviética dada a sua situação política caótica que foi
gerada com o fim do bloco comunista). Entretanto, os países que haviam contratados a
pesquisa ficaram um pouco surpresos com a conclusão dos autores. Como já foi dito Long e
Eichengreen ambos acharam o Plano Marshall positivo, mas não pelo seu impacto econômico
no curto prazo como dita o main-stream.
Visão dos autores x Visão Popular:
Críticas à visão popular:
Os autores vão dizer que a ideia popular de que o Plano Marshall teria envolvido um enorme
número de recursos mobilizados para Europa e que se não fossem esses recursos a Europa
teria afundado na crise e no extremismo (comunista) no pós-guerra é extremamente
exagerada. De fato, em valores reais ele envolveu algo como 200 bilhões (aos preços de hoje)
ao longo de quatro anos. Eram recursos que tinham destinações e limitações pré-definidos.
Quase um quarto dos recursos foi para a Inglaterra. O suprimento de carvão aço e cimento foi
um ponto importante do Plano, a Segunda Guerra foi muito mais custosa que a primeira em
todos os sentidos, e mesmo assim a Europa se recuperou mais rapidamente (4 anos) que na
primeira guerra (6 anos). Os autores destacam que isso foi um ‘super’ crescimento, dado o
contexto da época.
O volume de recursos do plano Marshall não era suficientemente grande para estimular a
economia Europeia e expandir a taxa de investimento que cresceu bastante depois da Guerra
por outros motivos, portanto. Também não foi tão importante na recuperação da
infraestrutura publica, porque a Europa tinha um volume satisfatória de recursos para realizar
seus próprios investimentos. Sua infraestrutura estava quase reconstruída ao final dos anos 40
quando começam a chegar os recursos desse plano.
Os autores mostram que os investimentos privados na Europa e as mudanças estruturais
quase não se alterariam se a ajuda Americana. O plano foi importante por outros motivos.
Investimento Privado e o Plano Marshall: (Para os autores também pouco impacto absoluto)
Obviamente há sempre um trade-off entre o consumo de coisas e o investimento. Havia um
padrão mínimo de vida na Europa que estava muito fragilizado à época. Se quisessem subir o
investimento privado haveriam prejuízos de bem-estar para pessoas que seriam forçadas a
substituir/abrir mão de consumo logo após uma guerra muito abaladora (o que os autores
reconhecem que poderia agravar a instabilidade política). Entretanto em termos reais a Europa
tinha total capacidade de realizar essa contração de consumo para investir mais.
Portanto, em termos de investimento talvez o máximo que possa ser atribuído ao Plano
Marshall é o fato de ter reduzido a necessidade de contração desse consumo para aumentar o
investimento.
Contudo, mesmo assim os efeitos do Plano Marshall sobre o Investimento Privado foram
relativamente pequenos e não explicam o milagre econômico Europeu. Seria difícil atribuir um
efeito significativo do Plano Marshall no crescimento sólido do investimento privado em países
Europeus, (contrariando a visão popular sobre o plano). Para se ter ideia, a ajuda para
investimentos representava menos de 3% da ajuda para países Europeus e menos de 20% do
volume do investimento privado dos países Europeus.
*Similarmente os autores também descartam os efeitos do Plano Marshall sobre os
investimentos públicos na Europa.
O Verdadeiro Papel do Plano Marshall:
O Plano Marshall de fato teve um papel importante em eliminar alguns gargalos das economias
europeias, como a escassez de dólares ( Existia a necessidade de gastar dólares Europeus para
comprar produtos dos EUA. O plano Marshall trouxe produtos dierto dos EUA e assim os
Europeus não tinham que esgotar seus dólares para comprar produtos essências que a Europa
não estava em conduções de oferecer). Nesse contexto a escassez de carvão e alimentos
também foi solucionada com os suprimentos americanos.
LiberalizaçãoEuropeia:
Além desses motivos mais específicos, o Plano Marshall encorajou a redução dos gastos
garantindo equilíbrio orçamentário e o relaxamento de controles que preveniam o bom
funcionamento do mercado na alocação de recursos que possibilitou abrir as economias
Europeias à troca (mercado de capitais, trabalho e produto).
(Os EUA queriam que o funcionamento de mercados Europeus se aproximasse do deles.)
Os EUA condicionaram a ajuda que davam à defesa dos preceitos econômicos (liberais) que
defendiam no pós-guerra. (So ajudavam as pessoas mediante o respeito das leis dos mercados.
Lembre-se de que havia uma guerra ideológica em curso com a URSS.) É claro que esse
liberalismo defendido pelos EUA era meio que um embedded liberalism e não um liberalismo
exacerbado tal como o da época do Laissez-Faire, ele estava dentro de uma cultura política que
dava mais peso ao EUA e o bem-estar do que ideias do Laissez-faires.
Politicos na época do pos 2GM estavam pre dispostos a regulação e a intervenção estatal, por
medo dos problemas e falhas de mercado do liberalismo clássico (grande depressão ainda
estava na memoria). Ou seja, na ausência do Plano, provavelmente a Europa teria seguido um
curso muito menos liberal e pior. Sistema de econ politica liberal no estilo americano, pro
mercado mas com algum estado, seria imposto pelo Plano e isso teria sido o causador dos
crescimentos econômicos dos anos seguintes.
Com o Plano Marshall, países na Europa se tornaram mais liberais economicamente enquanto
que seus Estados aumentavam de tamanho e se consolidava o ideal de Bem-Estar social junto
de uma liberalização dos mercados que tinham um papel também mais significativo. As
capacidades econômicas dos Europeus cresceram no Pós-Guerra, para Villela e os autores foi
sim devido a essa liberalização dos Mercados.
Os EUA incentivavam essa liberalização a partir de um sistema de contrapartidas em que os
recursos americanos forneciam maquinas, alimentos,... que só chegavam mediante um
planejamento/projeto bem estruturado pré-existente de empresários Europeus que envolviam
gastos do próprio governo local e tinham nítida viabilidade econômica. Essa exigência
americana de contrapartidas foi o que garantiu que países Europeus passassem por mudanças
estruturais que melhorassem o funcionamento dos mercados.
Portanto para os autores foi a remontagem do contrato social (com empresários, governos,
sindicatos trabalhando “juntos” por interesse mútuo e para satisfazer as demandas dos EUA)
dentro da Europa provendo estabilidade política e uma ambiente mais market-friendly que
permitiu o boom de crescimento Europeu no pós-guerra. Os autores fazem um contraste com a
situação Argentina no pós-guerra, oposta a esse cenário Europeu.
OBS: No contexto do surgimento da Guerra Fria, com ideias socialistas em alta, o Plano
Marshall visava (e fez) um contraponto a esse novo grupo que se formava.
O caso Argentino:
Os autores vão contrastar a recuperação Europeia continua depois da guerra versus o fracasso
Argentino. Olhando para a Argentina, que tinha um padrão de vida semelhante ao da europa
ocidental e que não aderiu ao Plano, o seu desempenho econômico foi aquém aos seus
semelhantes até então. Argentina fez algo que muito provavelmente seus semelhantes teriam
feito: maior intervenção do gov na alocação de recursos, piorando tal alocação e impedindo
funcionamento mais eficiente dos mercados.
Europa no pós 2GM era de grande regulação governamental, forte nacionalismo econômico e
classe trabalhadora muito militante. Nesse contexto entra o papel de fato do Plano, pelo lado
estrutural, de mudança da politica econ da europa, que estava mais pra Argentina peronista,
pra um viés mais americano.
Países europeus passaram a crescer acima de sua tendência histórica enquanto que a
Argentina acabou sofrendo com a perda de crescimento. Na Argentina o excesso de regulação
e leis populistas levou à degradação da situação econômica. Para os autores isso também
poderia ter acontecido nos países Europeus logo após o fim da Segunda-Guerra que podiam ter
seguido o exemplo Argentino (até então um país de primeiro mundo). Se eles tivessem seguido
esse caminho haveria rejeição do estimulo a mercados livres e eficientes (dado o ambiente
militante e com tendências esquerdistas e populistas no fim da guerra como aconteceu na
Argentina).
Contudo, os países europeus passaram a situação de economia mistas, com políticas sócias de
redistribuição construídas em cima e não como substituição da alocação pelos mercados de
bens e fatores.
Os autores vão discorrer sobre 3 maneiras como o Plano Marshall ajudou no resgate Europeu:
Estabilização da Moeda:
Os EUA exigiram que os países estabilizassem sua moeda como pré-condição para o
recebimento da ajuda.
Mecanismo de ajuda dentro do Plano:
EUA faziam acordo país a país e pra poder aderir ao Plano, tinham que acabar com o controle
de preços, deixar cambio flutuar (não foi o que prevaleceu, mas a principio era a diretriz),
abdicar de politicas protecionistas e nacionalista e fazer os governos atuarem na mediação
entre capital e trabalho. Ideia de que sindicatos abririam mao de fazer greves em troca da
garantia de pleno emprego e reinvestimento na ampliação da capacidade, melhoria de salários
(compatível com aumento de produtividade) e treinamento de pessoal. Seria a forma, então,
dos EUA influenciarem a economia politica dentro da Europa.
Outro ponto importante no longo prazo para o sucesso da econ europeia foi que os EUA
estimularam a intensificação do comercio dentro da europa, eles deram fundos (união de
pagamentos europeus), de forma que os países europeus deveriam fazer comercio entre eles,
com um arranjo do tipo escambo, ou seja, vc valora a mercadoria em marco alemão, trocado
por mercadoria italiana em lira, em certo período vao se acumulando liras ou marcos em favor
de um dos dois países e, com o tempo, o deficitário poderia pegar dinheiro do fundo pra
equilibrar suas contas. Então a ideia de criar isso foi de intensificar o comercio dentro da
europa que estaria na origem de outro arranjo, em 1957, da Comunidade Econ Europeia.
Americanos concordaram em abrir uma enorme exceção pelo lado do comércio de uma das
suas políticas mais caras que era a do multilateralismo, em troca da esperança de gerar um
crescimento mais rápido da econ europeia (como de fato correu).
Efeitos indiretos do Plano foram, portanto, mais significativos que os diretos. Uma forma de
olhar para o arranjo do pós 2GM é contrasta-lo com o do período entre guerras e com a
questão do problema de coordenação. O capital, o trabalho e o gov da europa poderia de fato
tentar maximizar sua fatia da renda nacional, como ocorreu no entre guerras; a inflação,
greves, desarranjo financeiro, instabilidade cíclica e problemas de produtividade, podem ser
vistos como consequência desse equilíbrio perverso e sem coordenação. Alternativamente, as
partes poderiam tentar trocar retornos correntes por crescimento no longo prazo maior e
padrões de vida mais elevados, (mesmo em termos de valores presente). Os trabalhadores
poderiam atenuar suas demandas por aumentos salarias e os capitalistas suas demandas por
produtos, os governos concordaram em utilizar políticas de direcionamento da demanda para
manter o pleno emprego em troca de moderação salarial por parte dos sindicatos,
investimentos mais altos e crescimento maior da produtividade poderiam ocorrer
eventualmente tornando todas as três partes melhores.
Esse arranjo gestado nos pós 2GM entre gov, patrões e trabalhadores seria o sucesso do caso
europeu no período e teriam sido estimulados pelo Plano.
O Novo Contrato Social:
● Cooperação
● Proteção Social
Para reduzir a inflação e equilibrar o orçamento, todo mundo teria que aceitar as perdas e
custos da guerra (população pagando mais e recebendo menos, empresários reduzindo lucros
e mantendo empregos, governo garantindo proteção social e donos de títulos e capital
aceitando as suas perdas em valores de títulos coma guerra. Teria que haver uma distribuição
cabível dos ônus da guerra. Foi esse pacto que garantiu a sustentação do crescimento nessa
época. Ele não eliminou as divergências apenas a suavizou, e o que esteve por trás da formação
desse contrato foi justamente o Plano Marshall.
O neoliberalismo seria o novo liberalismo atualizado com as realidades dos anos 30 que exigia
mais atenção social do Estado. No pós-Segunda Guerra países como Alemanha botaram em
pratica essas ideias que já vinham desde dos anos 30 com o Contrato Social que foi descrito,
em parte por conta própria para melhorar a coordenação da sociedade no pós-guerra. Segundo
os autores o Plano Marshall reforçou o Contrato Social (que já estava na base do Partido Social
Democrata em poder) e permitiu que ele se espalhasse para o resto da Europa.
A política do governo Americano incentivou os países europeus a perisiguiram políticas
investment friendly, esse contrato Social se tornou a norma para o resto da Europa a medida
que a Alemanha e outros países que o adotavam se recuperavam.